A Expo Shanghai, os chineses e o Brasil

Antes de falar na Expo Shanghai 2010 (aqui se escreve assim), algumas conclusões sobre os chineses que encontrei pelo caminho: as mulheres odeiam sol e andam sempre de sombrinha; nenhum deles respeita sinais de trânsito e muito menos faixa de segurança; um dos esportes preferidos deles é a furação de fila; ao entrar em um dos ônibus que circulam na Expo (ela é tão imensa que foi preciso fazer um túnel de mais de 300 metros sob um rio para que esses ônibus pudessem ir para o outro lado da feira), eles não esperam os passageiros descerem para tentar entrar.

Mas agora, vamos à Expo Shangai em si. Além dos pavilhões de todos os países do mundo, existem pavilhões especiais, entre eles o de “melhores práticas urbanas”. É nesse espaço que estão duas cidades da América Latina: Porto Alegre, com o seu case “Governança Solidária e Social”, e São Paulo, com o “Cidade Limpa”. Ambos são interativos, mas confesso que gostei mais da proposta paulista (com projeto de Daniela Thomas) onde, entre outras coisas, painéis giratórios que parecem livros formam paredes que lembram como a cidade era e como ficou depois que foram proibidos outdoors e outras interferências publicitárias.

O painel paulista projetado por Daniela Thomas / Paula Taitelbaum

O de Porto Alegre também é legal, com um jogo social interativo que parece um grande video-game circular (é difícil de explicar, então se contentem com essa explicação mesmo). E preciso confessar que foi graças à agilidade do pessoal do espaço gaúcho – que entrou em contato com os outros pavilhões – que não precisei entrar em filas que chegavam a até quatro horas de espera. Com certeza, se eu tivesse que enfrentar essas filas, não teria achado a Expo tão incrível. E provavelmente só teria conseguido visitar uns poucos pavilhões. Aliás, é impossível visitar todos, porque são duas centenas e alguns deles são enormes. Como quero falar um pouco sobre cada um dos que eu visitei, o assunto terá que render mais de um post.

Só para explicar melhor, cada país construiu seu próprio pavilhão e colocou lá dentro o que considerou melhor para “se vender”. Obviamente, alguns investiram mais e outros menos, alguns bem menos. Quem investiu mais milhões foi a Arábia Saudita. Mas esse só vi por fora. Visitei os do Brasil, Canadá, Colômbia, México, Estados Unidos, Finlândia, Alemanha, Japão, China e Itália (fotos acima). Hoje, vou falar somente sobre o pavilhão do Brasil e do sentimento que tive ao entrar lá: vergonha, muita vergonha. Por fora, ele já de chorar, com o logotipo formado por duas bananas e forrado de ripas de madeira pintadas de verde que não causam efeito nenhum além da sensação de que o país é uma pobreza até em termos de criatividade.

Ao entrar, um túnel de imagens de baixa definição, em plena era HD 3D – será que era um VHS? Depois, telões que contavam as histórias de quatro brasileiros, mas que, na verdade, mais pareciam (e eram) comerciais institucionais da Petrobras e da Vale – patrocinadores do espaço. Só para você ter uma ideia, há uma cena em que um dos personagens vai ao posto BR e fica lá abastecendo intermináveis três minutos. Não há nada ali que pudesse levar um Chinês a apostar um ramebi que visitar o Brasil vale a pena. E olha que os chineses adoram uma aposta. Outra vergonhosa constatação: ao contrário de todos os outros pavilhões, não havia nenhum brasileiro para dar informações. Não estive no do Cazaquistão, mas acredito que até ele estava melhor, ainda que o Borat não estivesse lá. Por falar nisso, se visitasse o pavilhão brasileiro, Borat já teria assunto para um próximo filme. Só o bar e a lojinha já renderiam boas piadas. Depois que eu contar o que vi nos outros, vai dar pra entender melhor o porquê da vergonha. Pensando bem, pior só o da Venezuela, que foi montado e nem abriu.

Livro que Washington retirou de biblioteca é devolvido mais de 200 anos depois

Em 5 de outubro de 1789, George Washington foi a biblioteca de Nova York e retirou um exemplar de “A Lei das Nações”. Na semana passada, em 19 de maio de 2010, ele foi finalmente devolvido. Uma associação que cuida da propriedade de Mount Vernon, que pertencia a Washington, descobriu que o livro nunca havia retornado à biblioteca e comprou na internet um outro exemplar da mesma edição por U$12 mil. Dos males o menor: se alguém fosse pagar a multa, teria que desembolsar cerca de U$300 mil.

Parabéns ao Drácula

Como todos vocês certamente leram nosso site hoje,  já sabem que há exatos 113 anos era publicada a primeira edição de Drácula, clássico de Bram Stoker. E desde aquele longínquo 26 de maio de 1897, o “vampiro original” ganhou pelo menos dez adaptações para o cinema. Separamos três delas para que vocês se divirtam comparando a evolução do primeiro Drácula cinematográfico, de 1931,  ao último, do ano 2000. Entre eles está o de 1992, dirigido por Francis Ford Coppola.

Drácula (1931)

Drácula de Bram Stoker (1992)

Drácula 2000 (2000)

Filme mostrará relacionamento extraconjugal de Dickens

A BBC está começando a produzir um filme sobre o caso que Charles Dickens manteve por 15 anos com uma jovem atriz chamada Nelly Ternan. O roteiro é baseado em “The Invisible Woman” (A mulher invisível), de Claire Tomalin. No livro, publicado em 1991, Tomalin dá detalhes do relacionamento do casal. Quando eles se conheceram Dickens tinha 45 anos e Nelly, 18. A esposa do escritor, Catherine, descobriu o caso do marido quando um bracelete que ele havia encomendado para a amante foi entregue por engano no endereço de sua casa. O produtor Stewart Mackinnon disse que “o filme fará com que as pessoas vejam Dickens de uma maneira diferente. Vai mostrá-lo como um ser humano com todas as suas fragilidades”.

Xangai é um barato

Chineses de cara fechada, em seus uniformes militares, com perguntas como “o que você pretende fazer na China, sua capitalista?”. Juro que achei que meu desembarque na terra de Mao seria assim. No lugar, encontrei uma alfândega com jovens e sorridentes atendentes em um aeroporto totalmente futurista. Mas vou poupar os detalhes e fazer um pequeno álbum de retratos falados das minhas primeiras impressões de Xangai, cidade onde me encontro nesse exato momento. Xangai parece estar à frente de nós.  Não só porque aqui é sempre a manhã do dia seguinte – enquanto na maioria do mundo ainda é a noite do dia anterior -, mas porque seus prédios fabulosos dão a impressão de estarmos na cidade da família Jetson.


No Bud, bairro antigo, edifícios com mais de cem anos convivem com torres com mais de cem andares. Há lojas chiques e famosas como Hermés, Fendi, Louis Vitton, Cartier, Vertu (que vende celulares de dez mil euros) e do outro lado da calçada há lojinhas com todos os níveis de artigos falsificados. No calçadão da Nanjing Road passam milhões de pessoas em um só dia. À noite, os neons iluminam todos os prédios, as árvores ganham lanternas coloridas, os chineses vão todos para as os bares beber e conversar. Chineses modernos, com cabelos e roupas da moda, unhas coloridas e nenhum medo aparente de ser feliz. Dá vontade de morar em Xangai. Principalmente porque tudo é muito lindo, muito limpo, muito organizado e muito, mas muito, mas muito barato mesmo (a não ser que você queira comprar alguma coisa muito verdadeira). Um detalhe, porém: vi apenas uma livraria em Xangai e nenhuma pessoa com um livro na mão. Bem, mas melhor assim do que o tempo em que todos os chineses eram obrigados a carregar o livro vermelho de Mao.

* Paula está na China fazendo pesquisas para um livro. Nos próximos 20 dias ela vai compartilhar no blog suas impressões sobre o país mais populoso do mundo.

Lembrem sempre de Josué Guimarães


Ivan Pinheiro Machado

Quando Josué Guimarães morreu num domingo ensolarado, no dia 23 de março de 1986, seus leitores, amigos e admiradores perdiam não só o grande escritor, cheio de planos, mas perdiam também uma referência. Para todos nós, Josué era um exemplo de coerência e postura moral. Um humanista ferrenho, incapaz – mesmo diante das grandes dificuldades materiais que viveu – de capitular com a ditadura que vigorava da época. Josué era perseguido pela polícia política e, por consequência, ignorado pela elite cultural que dava as cartas na época. Salvo exceções, é claro.

A L&PM Web TV está apresentando o único depoimento audiovisual existente de Josué Guimarães. Na forma como exibimos aqui, ele está editado com imagens de referência e foi apresentado na TV COM em Porto Alegre, por ocasião da dramatização de A Ferro e Fogo sua obra mais conhecida (aproveito a ocasião para agradecer à RBS, na pessoa de Alice Urbim, que gentilmente nos cedeu esta cópia restaurada e editada). O vídeo original da entrevista foi produzido em maio de 1984 pela L&PM Vídeo, empresa da L&PM Editores. A produção foi do Paulo de Almeida Lima, minha e do jornalista Marcelo Lopes, já falecido. O entrevistador foi o jornalista José Antonio Pinheiro Machado, que hoje faz grande sucesso como Anonymus Gourmet. E a entrevista foi feita na casa de Josué na rua Riveira, no bairro Petrópolis em Porto Alegre

Logo depois da abertura democrática, no final dos anos 80, este vídeo foi emprestado para a TV Educativa de Porto Alegre, que queria fazer uma cópia e colocar no ar. Nós emprestamos o material, sem problemas. Com o passar do tempo e a “reabilitação” pós-ditadura de Josué, a TVE, através de alguns de seus ex-dirigentes, arrogou-se a autoria do vídeo, o que foi rapidamente desmentido pelas imensas evidências da nossa produção. Josué era um homem de idéias claras e de uma coerência absoluta – repito. Ele jamais colocou os pés na TVE. Para ele, a TV estatal era um braço do regime ditatorial. Portanto, o que os nossos internautas podem assistir aqui é uma raridade.

Além deste depoimento gravado em vídeo, a equipe editorial da L&PM fez uma grande entrevista que foi publicada em mais de 40 páginas na saudosa revista Oitenta, nos idos de 1983. Esta entrevista estará disponível no nosso site em breve. E nada mais foi feito além do que a L&PM, que foi sua principal editora, realizou.

Suas firmes posições de resistência democrática custaram a Josué Guimarães a indiferença de seus contemporâneos. Este é o trágico da ditadura; ela espalha o medo, o pânico. E aqueles que estavam “bem postos” jamais se aproximavam de um perseguido político. Hoje, ninguém mais se lembra dos apaniguados do regime militar que ditavam as regras da época. Mas Josué ficou. Sua permanência se deve a sua enorme dimensão como pessoa e pela sua obra poderosa que se projeta no tempo encantando gerações após gerações.

Autobiografia de Mark Twain finalmente será publicada

Antes de morrer em 1910, Mark Twain pediu que a autobiografia escrita nos últimos dez anos de sua vida só fosse publicada 100 anos após a sua morte. Se você tem conhecimentos básicos de matemática, já entendeu: esse ano será lançada a autobiografia do autor de O príncipe e o mendigo. Ou pelo menos parte dela. São aproximadamente cinco mil páginas que devem ser divididas em três volumes pela Universidade de Berkeley, na Califórnia, onde os originais estavam guardados. No livro, Twain fala sobre o relacionamento escandaloso que teve com Isabel Van Kleek Lyon, sua secretária que, dizem as más (ou boas) línguas, chegou até a lhe dar brinquedinhos sexuais. Ele revela também que tinha reservas quanto à ação americana em Cuba, Porto Rico e nas Filipinas. As críticas de cunho político são, aliás, um dos motivos apontados para o “atraso” na publicação da obra. O lançamento do primeiro volume está previsto para novembro.

Dalai Lama responde perguntas via twitter

Pois não é que enquanto falávamos sobre o Dalai Lama na semana passada ele se preparava para dialogar com seus seguidores (literalmente) via twitter? Sua Santidade respondeu em 140 caracteres algumas das mais de mil perguntas que recebeu pela página de Wang Lixiong, um crítico chinês do regime comunista. Em uma das respostas ele disse que “em um futuro não muito distante, haverá mudanças e os problemas se resolverão (no Tibet)”.
Aos inocentes que resolverem acessar o twitter de Lixiong para ver todas a entrevista na íntegra, avisamos que o máximo que encontrarão é isso:


Ou seja, a não ser que você entenda chinês, é mais fácil acessar direto a versão em inglês aqui.

Insultos shakespereanos


Você é daqueles estressadinhos que se irritam por qualquer coisa? Já usou todos os xingamentos que conhecia e está a procura de novidades? O site Shakespearean Insulter certamente pode te ajudar. Clicando em “Taunt me a second time” você será ofendido um sem fim de vezes apenas com insultos retirados das obras do dramaturgo inglês.

*O Shakespearean Insulter foi descoberta do ótimo Desculpe a Poeira