Os céus de Monet sob o céu de Paris

Quem está indo para Paris, já tem programa obrigatório. Desde 22 de setembro, quarta-feira, o magnífico Grand Palais, à beira do Sena, exibe a maior exposição de pinturas de Claude Monet (1840 – 1926) jamais realizada. Vindos dos museus franceses, de grandes museus do mundo inteiro e de coleções particulares, cerca de 200 quadros de Monet cobrem as paredes deste que é o grande palco de exposições em Paris. A mostra irá até 24 de janeiro de 2011.

Esta exposição já é a “vedete” do calendário cultural parisiense de 2010 e busca reunir toda a obra deste que é um dos fundadores do Impressionismo. Aliás, um quadro seu, “Impressão, sol nascente” deu origem ao nome da escola que revolucionou a história da arte. Estão expostos seus principais quadros, desde as paisagens da Normandia, que ele pintou quando jovem, até a célebre série dos jardins da sua casa em Giverny. Como a exposição seguirá até início de 2011, ainda dá tempo de você programar uma viagem à Cidade Luz.

A L&PM publica Impressionismo na coleção L&PM Pocket, série Encyclopaedia.

Confissões de sexta-feira

Angélica Seguí*

Sinto saudades do velho. O safado exercia sobre mim uma espécie de “domínio fatal”. Se é que isso é possível. Não era um domínio sexual, nem apenas intelectual. Era paixão. Pura e avassaladora. Por alguns anos foi assim. Ele e eu. Eu e Ele. Com eventuais traições com algum jornalista americano ou poeta uruguaio. Mas foram poucas…

Foi por meu velho que virei noites e noites, bocejei nas aulas mais divertidas sobre teorias de Roland Barthes e discuti, a ponto de quase pegar na faca, quando alguém quis ofender o velho. Foram bons anos.

Precisava devorá-lo diariamente. Os encontros eram cada vez mais frenquentes. Em casa, na faculdade, no ônibus, em praças, cafés, bares. Naquele tempo, ninguém conseguia prender minha atenção como ele.

Os amigos avisavam: “Larga esse velho! Você merece mais! Ele é um desbocado. Tem que voltar aos clássicos ou conhecer um europeu.” Eu ficava triste. Sentia que podiam ter razão. Mas, que mal poderia haver em gostar de um homem pobre, safado e bêbado? Que moça de família não havia amado alguém assim?

Depois de muitos anos juntos percebi que estava me entregando demais. Toda mulher deve se entregar por inteiro a uma paixão, pero no mucho.

Acordei numa manhã gelada de inverno, com a ressaca habitual de nossos encontros, e decidi: era o dia do fim.

Toda paixão acaba um dia. Ou se transforma.  Charles Bukowski foi uma grande paixão. Mas precisava conhecer outras pessoas.

Por que me apaixonei? Além da realidade crua com que me deparava em cada linha, havia algo mais naqueles livros. Bukowski quis ser escritor. E se entregou. E foi.

Hoje cuido bem do “nosso amor” relendo de tempos em tempos um dos seus livros ou poemas. Vibro com cada novo lançamento e quero, sinceramente, que conquiste outras moças.

Ele me ensinou muito sobre o pensamento masculino. Dos safados, é claro.

Para quem nunca leu, recomendo iniciar com Notas de um velho safado, Ao sul de lugar nenhum e Pulp.

Depois disso? Pare se for capaz…

Na Web TV L&PM tem uma entrevista fantástica com o Buk!

*jornalista e blogueira. Editora online da L&PM

Charlie Brown, quem diria, nas ruas da China!

A paixão dos fãs por tirinhas do maestro Charles M. Schulz não se resume a comprar livros, revistas e souvenirs com os personagens criados por ele. As declarações de amor estão espalhadas pelos quatro cantos do mundo em diversas formas e lugares.

Há alguns meses, postamos por aqui o Diário de Xangai onde a nossa colega Paula Taitelbaum compartilhou as suas descobertas pelas ruas chinesas. Foi ela quem clicou esta placa do Café inspirado na turma do Minduim numa avenida em Hong Kong.

O pequeno Charlie dá as boas vindas na entrada do café…

Como já falamos aqui no blog, dia 2 de outubro Charlie Brown completa 60 anos de vida. Além dos três volumes de Peanuts Completo que a L&PM já lançou e das também das tirinhas em pocket, estamos preparando outras surpresas para comemorar a data.

60 anos de preguiça e sátira

“Uma jornada de mil milhas começa com o primeiro passo, dizem, mas tome cuidado com este primeiro passo; é um dos grandes. Começar uma história em quadrinhos é como dar um passo no escuro. Quem sabe onde você vai parar? Eu não sabia.”

É desta forma que o cartunista americano Mort Walker introduz o livro O melhor do Recruta Zero, criação que completou 60 anos de existência este mês. Walker certamente não imaginava onde o Recruta Zero iria parar. O HQ é publicado atualmente em 1.800 jornais ao redor do mundo.

O jornalista Renato Félix, do Correio da Paraíba, realizou uma entrevista especial com Mort Walker. Veja aqui:

A L&PM publica em pocket O MELHOR DO RECRUTA ZERO com tradução de Marco Aurélio Poli.

Estreia amanhã, nos EUA, filme sobre o Uivo de Allen Ginsberg

Atenção  fãs de Allen Ginsberg, o tão esperado Howl (Uivo) está prestes a entrar em cartaz nas telas de cinema dos Estados Unidos. Para os que não leram nossos posts anteriores sobre o filme, ele gira em torno do profético Uivo, de Allen Ginsberg,  lançado em 1956 e que, sob a acusação de se tratar de uma obra obscena,   foi apreendido pela polícia de San Francisco. Depois de um tumultuado julgamento, o poema foi liberado pela Suprema Corte americana e vendeu milhões de exemplares. Dirigido por Rob Epstein e Jeffrey Friedman, o filme conta esse trecho da vida de Ginsberg e mostra o surgimento da cultura beat. No elenco estão, entre outros,  James Franco (Homem Aranha e Milk) no papel do poeta, Jon Hamm,  Mary-Louise Parker e Jeff Daniels. Torcemos para que o filme venha “uivar” no Brasil. Veja aqui seu trailer oficial.

Na Coleção L&PM POCKET, o longo poema Uivo é acompanhado do também famoso e magistral “Kaddish” e de outros poemas. Na edição em formato convencional, há um ensaio do tradutor e poeta Claudio Willer sobre Uivo que é, sem dúvida, o melhor texto de iniciação ao célebre poema. Willer dissecou os versos com a ajuda do próprio  Allen Ginsberg com quem manteve intensa correspondência.

Um livro que discute um dos mais poderosos mitos do Rio Grande

Para os brasileiros de todas as latitudes entenderem o assunto deste post:

Houve entre 1835 e 1845, no Rio Grande do Sul, a famosa “Guerra dos Farrapos”, onde o exército Farroupilha, chefiado pelo general Bento Gonçalves proclamou a República de Piratini, separando o Rio Grande do Brasil. Os motivos alegados eram econômicos, ou seja, má distribuição de impostos, etc. Embora sem a adesão da capital, Porto Alegre, a República existiu e resistiu ao poder do Império durante 10 anos. Duque de Caxias, chefe do exército imperial, comandou o final da revolução e promoveu uma espécie de “paz honrosa” com o comando rebelde. 20 de setembro de 1845 foi o dia em que assinou-se esta paz e a data é hoje conhecida como o “dia dos gaúchos”. 

Muito se falou e estudou sobre a revolução, principalmente após os anos 1920, quando foi iniciada uma espécie de “culto” político que servia às oligarquias no poder. O mito do gaúcho guerreiro aqueceu lendas e, de certa forma, estimulou o caudilhismo como uma maneira de fazer política no Brasil. A partir do golpe militar de 1964, 20 de setembro passou a ser feriado regional. A Revolução Farroupilha, apesar de servir de “modelo a toda a terra” como diz o hino riograndense composto pelo maestro Medanha, têm sido objeto de vários estudos nos últimos 20 anos. Muitos deles discutem verdades “indiscutíveis” com conceituados intelectuais levantando a cortina de fumaça que faz com este episódio seja praticamente intocável no Rio Grande do Sul.

Juremir Machado da Silva pesquisou durante três anos as causas e o processo da guerra Farroupilha. Estudou 15 mil documentos com a ajuda de mais 10 pesquisadores. O resultado foi História regional da infâmia, um livro que desnuda a Revolução Farroupilha do manto de mitos que a envolve. É um ensaio, ao mesmo tempo, sobre a história da revolta e sobre ‘a questão do mito’. Há no livro um estudo minucioso sobre o célebre combate de Porongos, onde foram massacrados mais de 100 soldados que faziam parte do batalhão dos lanceiros negros. Juremir alimenta a discussão sobre se houve ou não traição em Porongos. História regional da infâmia é um livro ímpar pela profundidade com que ataca assuntos considerados tabus no Rio Grande. É a história contada na contramão do mito. O famoso “contraditório” que estabelece a polêmica e enriquece o debate. (IPM)

Kristen Stewart na pele de Marylou Moriarty

A Bella da Saga Crepúsculo de repente se transforma na beat Marylou de On the Road. Kristen Stewart está loira, com cabelos mais volumosos, fumando e quase sempre de óculos escuros anos 50. Sob o comando de Walter Salles, a atriz gravou cenas no Canadá e foi fotografada fumando e comendo banana no set de filmagem. Em uma entrevista recente, Kristen afirmou: “Eu interpreto Marylou e eu estou enlouquecendo graças a isso. Ninguém nunca tentou fazê-la (…). On the Road é meu livro favorito, um amigo me apresentou a ele quando eu tinha 14 anos e eu já li um monte de vezes.” Mesmo assim, os amantes do clássico beat de Jack Kerouac torceram o nariz para a atriz. Se ela foi (ou não) uma boa escolha para viver a insaciável mulher de Dean Moriarty só o filme poderá dizer. Façam suas apostas.

Moleskine nos 60 anos de Peanuts

Mais uma marca célebre juntou-se às comemorações dos 60 anos de Charlie Brown e sua turma (que acontece oficialmente no dia 2 de outubro). A Moleskine, marca do mais legendário e desejado caderno de notas do planeta, acaba de lançar uma edição limitada que traz, além dos personagens de Peanuts na capa, seus gostos, afetos e desafetos na parte interna. Pra completar, vem acompanhado de uma cartela de adesivos e uma árvore genealógica que une os personagens entre si. Por enquanto, esses caderninhos especiais estão à venda no Japão, mas a Moleskine promete que logo eles chegarão em outros mercados via Amazon. Até porque, se não for assim, vai ter gente cometendo “harakiri”.

A partir de hoje em NY, a exposição sobre o homem que inventou a literatura americana

Vai a Nova York até o final deste ano? Então inclua na sua to do list a exposição sobre a vida de Mark Twain. Em cartaz até dezembro, e com uma programação diversificada, a mostra está na The Morgan Library & Museum. O material reunido na exposição ajudará você a entender o imaginário do americano que, em grande medida, é criado por Twain, através de sua literatura. William Faulkner foi categórico em seu julgamento: este foi “o primeiro escritor verdadeiramente americano, e todos nós, desde então, somos seus herdeiros”. Mark Twain foi escritor, romancista, ensaísta e mestre da sátira. Nasceu em Missouri, na Flórida, e foi lá que o escritor angariou as histórias de seus livros mais conhecidos. Viajante inveterado, Twain cruzou o Atlântico mais de uma dúzia de vezes. Visitou a Turquia, Palestina, Hawaii, Austrália, Índia e África do Sul. A exposição inclui, além dos manuscritos, uma numerosa quantidade de fotografias e desenhos para Sequência do Equador, um de seus livros. Na mostra, estão presentes também quatro páginas do maior trabalho de Twain, As Aventuras de Huckleberry Finn, chamado por Ernest Hemingway de “a fonte da literatura moderna americana”. A exposição é complementada com as cartas e correspondências, desenhos e ilustrações para as edições impressas, fotografias e objetos que pertenceram ao autor, entre outros, de O príncipe e o mendigo (Coleção L&PM POCKET).

Dentro da programação, no dia 25 de setembro, será exibido The Adventures of Mark Twain, filme de 1944. Confira, abaixo, o trailer (só para deixar você com vontade de assistir!). Para ver a programação completa, clique aqui.

Para Woody Allen, não há diferença entre um biscoito da sorte e as religiões organizadas

Saiu no jornal The New York Times dessa semana: questionado se era apropriado lhe desejar um feliz Ano Novo Judaico, Woody Allen disse “Não, não, não” com uma risada. “Isso é para o seu povo” falou ele ao jornalista. E completou “Eu não a sigo. Eu até gostaria. Seria uma grande ajuda nas noites escuras”. A religião, no entanto, está mais presente do que nunca no seu mais recente filme: “You Will Meet a Tall Dark Stranger”, que será liberado pela Sony Pictures na semana que vem. Nele, quando o casamento de um casal londrino (Anthony Hopkins e Gemma Jones) se desfaz, a mulher procura conforto no sobrenatural, o que acaba trazendo consequências imprevisíveis sobre o casamento de sua filha (Naomi Watts) e seu marido (Josh Brolin). Em uma conversa com Dave Itzkoff, Woody Allen falou sobre o filme (leia aqui a entrevista no The New York Times) e sobre suas crenças: “Pra mim, não há diferença real entre uma cartomante, um biscoito da sorte ou qualquer uma das religiões organizadas. Eles são todos igualmente válidos ou inválidos. E igualmente úteis.”

Cena de "You Will Meet a Tall Dark Stranger" com Gemma Jones e Naomi Watts - Keith Hamshere/Sony Pictures Classics

De Woody Allen, a L&PM publica em pocket Adultérios, Cuca fundida, Que loucura! e Sem plumas.