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O primeiro manuscrito de Shakespeare

O americano Henry Clay Folger (1857 – 1930) adquiriu seu primeiro original de Shakespeare em 1893. É isso mesmo, você não leu errado: estamos falando dos manuscritos originais das peças de um dos maiores dramaturgos de todos os tempos! Depois de ter em mãos o primeiro, conseguir os outros virou obsessão. Durante 35 anos, Folger conseguiu juntar cerca de 82 originais dos 232 que se tem notícia, e agora eles estão em exposição na Folger Shakespeare Library, espaço fundado por ele em Washington para abrigar suas relíquias.

Sala de leitura da Folger Shakespeare Library

O curador Owen Williams examina os demais manuscritos guardados em um cofre no subsolo da Folger Shakespeare Library

Além dos 82 originais de Folger (entre eles o primeiríssimo fólio de Shakespeare), outras 10 peças originais que pertencem a outro colecionador também fazem parte da exposição Fame, Fortune & Theft: The Shakespeare First Folio, que vai até o dia 3 de setembro.

O primeiro fólio de Shakespeare em exibição

Não fosse por estes colecionadores ávidos como Henry Clay Folger e outros que o antecederam, talvez não conheceríamos hoje obras como A tempestade, Macbeth, Noite de Reis e Júlio César.

Leia mais sobre o acervo e outros detalhes da exposição no jornal The New York Times.

“Gre-Nal é Gre-Nal”, uma minissérie baseada nos textos de David Coimbra

Por Ivan Pinheiro Machado

Você que é brasileiro e curte futebol, obviamente já ouviu falar em Gre-Nal. É o chamado “clássico local”, que reúne – numa histórica rivalidade – os dois maiores times do Rio Grande do Sul, o Grêmio Futebol Portoalegrense e o Esporte Clube Internacional. Há alguns gaúchos que dizem que é a maior rivalidade do Brasil. Na minha opinião isto é apenas um bairrismo a mais. A rivalidade entre os dois times é do tamanho das rivalidades entre Bahia e Vitória, Figueirense e Avaí, Coritiba e Atlético Paranaense, São Paulo e Corinthians, Palmeiras e Corinthians, São Paulo e Palmeiras, Vasco e Flamengo, Flamengo e Fluminense, Goiás e Atlético, Atlético e Cruzeiro, Santa Cruz e Náutico, Remo e Paissandu, CSA e CRB e por aí vai. Portanto, os seguidores deste blog dos mais distantes quadrantes deste país entendem o que é um Gre- Nal.

David Coimbra é um jornalista gaúcho que é também um grande escritor brasileiro. Seus livros “Cris, a fera”, “Jogo de Damas”, “Pistoleiros também mandam flores”, “A cantada infalível / A mulher do centroavante”, “Canibais”, entre outros, são apreciados em todo o Brasil. Toda a sua obra é publicada pela L&PM Editores nos formatos convencional e em pocket. Seu texto é tido pela crítica especializada como um dos melhores do país. Ele escreve tanto romance histórico, como novelas de mistério, amor e sexo. Ironia, bom humor e contundência são as marcas do escritor. A sua atividade jornalísitica, rendeu vários livros de reportagem e, juntamente com Nico Noronha, Carlos André Moreira e Mário Marcos, escreveu a história do clássico gaúcho no livro “A história dos Grenais“.

Pois a RBS TV, que retransmite a TV Globo no Rio Grande do Sul, começará a exibir neste sábado, 09 de julho, depois do programa Jornal do Almoço, uma minissérie em quatro capítulos chamada “Gre-Nal é Gre-Nal” que, de forma muito bem-humorada, tratará desta rivalidade futebolística. O roteiro será baseado nos textos que David Coimbra escreveu sobre futebol em livros e no jornal Zero Hora.

Pra sentir o clima, veja um dos teasers que estão sendo exibidos:

O livro que inspirou Woody Allen a escrever “Meia noite em Paris”

Woody Allen é um intelectual europeu. Sempre foi. E a prova disso é seu culto à Nova York, a menos americana de todas as cidades americanas. Quem leu “Cuca Fundida”, “Sem Plumas”, e todos os contos e peças de Allen, poderá constatar que ele não é um cineasta americano. É um cineasta internacional. Nos últimos tempos, Woody Allen escancara esta condição ao fazer filmes que contemplam cidades cosmopolitas do mundo e personagens com diferentes sotaques. Tenho ouvido pessoas tentando criticar “Meia noite em Paris”, dizendo que é um filme de clichês, uma visão americanizada da cultura européia. Não acho. Esta, na verdade, é a nossa visão. Mesmo porque, a impressão que nós temos da Europa é aquecida pelo ponto de vista que os americanos têm do Velho Mundo. E quem disse que esta é uma falsa visão?

Se você ainda não leu, leia o livro de Gertrude Stein Autobiografia de Alice B. Toklas. É escancaradamente uma das inspirações para o roteiro de “Meia noite em Paris”. Você vai entender porque Paris era o paraíso dos intelectuais e artistas na primeira metade do século XX. Na verdade, Paris era o paraíso de TODOS os artistas. Se ficou esta ideia de uma “visão americana” da Paris, é porque os americanos Hemingway, Fitzgerald, Henry Miller, Gertrude Stein, T. S. Eliot, sem dúvida nenhuma escreviam bem melhor do que os outros… (Ivan Pinheiro Machado)

Veja alguns trechos do livro que certamente inspirou Woody Allen:

“A casa da Rue de Fleurus, número 27, se compunha, tal como hoje, de um minúsculo pavilhão de dois andares com quatro pecinhas, cozinha e banheiro, e um vasto ateliê anexo. (…) Toquei a campainha do sobrado e fui levada ao minúsculo vestíbulo e depois à pequena sala de refeições forradas de livros. No único espaço livre, as portas, havia desenhos de Picasso e Matisse presos por tachinhas.”

“Eliot [T.S. Eliot] e Gertrude Stein mantiveram uma conversa solene, principalmente a respeito de infinitivos separados por preposições e outros solecismos gramaticais e por que motivos Gertrude Stein gostava de usá-los.”

“A primeira coisa que aconteceu quando regressamos a Paris foi encontrar Hemingway com uma carta de recomendação de Sherwood Anderson. Eu me lembro muito bem da impressão que tive de Hemingway naquela primeira tarde. Era um rapaz extraordinariamente bonito, de vinte e três anos de idade. Faltava pouco tempo para todo mundo ter vinte e seis…”

“Getrude Stein e Fitzgerald são muito estranhos na relação que mantêm entre si. Gertrudes Stein tinha ficado impressionadíssima com Ths Side of Paradise. Leu quando saiu e antes de conhecer qualquer escritor da nova geração americana. Disse que considerava o livro como a primeira manifestação pública da nova geração. E nunca mais mudou de opinião.”

Gertrude Stein (de cabelo preso à direita) e sua companheira Alice Toklas na casa de Paris em 1923

Pinóquio em stop-motion

Você sabe como foi que “um pedaço de madeira que chorava e ria como um menino” – e que daria origem à Pinóquio – chegou à casa de Gepeto? Pois esta história está logo no início do livro de Carlo Collodi (Coleção L&PM POCKET) e talvez também seja contada em “Pinocchio”, filme que será produzido a partir da narrativa original e de desenhos feitos por Gris Grimly. A animação em stop-motion está prevista para estrear em 2014 e foi uma ideia do cineasta mexicano Guillermo Del Toro, que assina o roteiro. O projeto vai usar como referências as ilustrações de Grimly, que além de participar do roteiro, também assina a direção ao lado de Mark Gustafson, diretor da animação “O Fantástico Sr. Raposo”. Del Toro já afirmou há alguns meses atrás que sua versão será bem mais sombria e surreal do que a clássica animação da Disney, algo mais no estilo Tim Burton. Para completar, o roqueiro Nick Cave foi chamado para fazer a consultoria musical do projeto. E deve ser tudo verdade ou… o nariz de alguém já teria crescido a esta altura.

Os bonecos que farão parte do filme de Guillermo del Toro (clique para ampliar)

Os desenhos de Gris Grimly (clique para ampliar)

“A madeira da qual Pinóquio foi esculpido é a própria humanidade.” (Benedetto Croce)

Independence Day ao som de Jimi Hendrix

4 de julho é um dia que a maioria de nós já ouviu falar. E isso, claro,  não só pelo apreço do mundo ocidental à história, mas também graças ao poder de Hollywood – que eternizou  o  “Independence Day” através da lente de diferentes diretores. 4 de julho de 1776 foi o dia em que as treze colônias que se revoltaram contra a Inglaterra fizeram dos Estados Unidos uma nação independente. Hoje, 235 anos depois, poucos se consideram tão “livres” quanto eles.

Em 1969, no Festival de Woodstock, o grande Jimi Hendrix tocou “Star Spangled Banner”, o hino norteamericano, misturado ao som de bombardeios, o que fazia uma referência direta à Guerra do Vietnã. O resultado, ainda hoje, é bombástico.

 

“Cândido” de luxo e ilustrado

Uma das sátiras mais famosas da literatura mundial, escrita em 1759 pelo filósofo francês Voltaire, ganhou uma edição limitada de luxo digna de colecionador. A editora The Folio Society fez uma tiragem de apenas 1.000 exemplares de Cândido ou O otimismo ilustrada com cerca de 50 desenhos de Quentin Blake, autor e ilustrador de mais de 300 livros infantis.

Todos os livros trazem a assinatura original do artista, que conseguiu captar o espírito horrível e, ao mesmo tempo, cômico da obra de Voltaire e traduzi-lo em desenhos.

E é claro que isso tudo tem um preço: cada exemplar é vendido a 195 libras! Achou meio salgado? A edição de Cândido ou O otimismo da Coleção L&PM Pocket custa apenas R$11 ou R$ 10 na versão digital.

Smurfs no livro dos recordes

O mundo nunca viu tantos Smurfs juntos! Em 25 de junho, dia do aniversário do desenhista Peyo, o criador das adoráveis criaturinhas, 4.891 pessoas pintadas de azul da cabeça aos pés saíram às ruas para homenageá-lo e também para comemorar o Dia Mundial dos Smurfs. Era tanta, mas TANTA gente reunida que a mobilização chamou a atenção do Guiness World que registrou um novo recorde: o de maior número de pessoas vestidas de Smurfs durante 24h no mundo.

Smurfs em Londres no dia 25 de junho. Foto: Guiness World Records

A mobilização no Reino Unido foi intensa! Foto: Guiness World Records

Smurfs na Bélgica, terra natal de Peyo. Foto: Guiness World Records

E o Brasil não fica fora dessa festa! Até o fim de julho, a L&PM lança o álbum O Smurf Repórter, que conta a história do pequeno Smurf que decide abrir um jornal. Não dá pra perder 🙂

Woody Allen à moda italiana

Antes do seu encontro com os estudantes, Woody Allen posa ao lado da foto da atriz italiana Anna Magnani

Depois de Paris, a Itália é o próximo destino de Woody Allen. “Bop Decameron” começa a ser filmado no dia 11 de julho em Roma e Lazio. Para alegria dos fãs, o diretor fará novamente parte do seu próprio elenco e atuará ao lado de nomes como Ellen Page (de Juno), Jesse Eisenberg (de Facebook), Alec Baldwin, Penélope Cruz e os italianos Roberto Benigni e Ornella Muti. Semana passada, vestindo calça bege e chapeuzinho verde, junto com uma pequena equipe de colaboradores, Allen percorreu alguns pontos turísticos para escolher as locações do filme. Segundo a imprensa italiana, ele ficou bastante interessado no Capitólio e em um “gueto judeu” localizado no centro de Roma. Como o título indica, “Bop Decameron” será livremente inspirado em “Decamerão” de Boccaccio. Woody Allen ficará na Itália até o final de agosto quando as filmagens serão concluídas. Há uma semana atrás, ele visitou o Centro Experimental de Cinematografia, onde aconselhou os jovens alunos a deixarem de lado as regras e seguirem seu instinto. Mas parece que, em “Bop Decameron”, além do “feeling”, Allen também usará sua vontade de prestar uma homenagem a Fellini e outros grande diretores italianos. Pelo menos foi isso o que ele falou há um tempo atrás.

Mas enquanto o novo filme não chega, além de assistir a “Meia-noite em Paris” (em cartaz em todo os Brasil), os amantes da sétima arte “woodyalleniana” podem aproveitar seu estilo nos livros da Coleção L&PM POCKET.

Baker Street, 221b

Por Paula Taitelbaum

Se você sabe um pouco sobre Sherlock Holmes, já deve ter ouvido falar no endereço Baker Street, 221b em Londres. Criado por Sir Arhur Conan Doyle, o número da morada do grande detetive e de seu fiel amigo Dr. Watson era, em princípio, fictício. A rua Baker era real, mas o 221b tinha sido inteiramente criado por ele. No entanto, tudo mudou em 27 de março de 1990 quando então o número passou a existir de verdade. Neste dia, o endereço mundialmente conhecido foi inaugurado em uma casa construida em 1815 para abrigar um museu que quer mostrar a casa de Sherlock Holmes exatamente como ela é descrita nos livros de Conan Doyle. Até os 17 degraus que levam ao piso superior estão lá.

Segundo manda a cartilha de Sherlock Holmes, ele e Watson viveram entre 1881 e 1904 no andar de cima da residência vitoriana que pertencia à Sra. Hudson. Hoje, os dois continuam lá em forma de esculturas, bonecos, souvenires e até de um ator que representa Holmes – e que concede a cada visitante uma conversa de cinco minutos. Pena que o ator, no caso, não é o Robert Downey Jr., mas nem tudo é perfeito, meu caro…

Vale dizer ainda que Sherlock Holmes não está apenas na sua casa, mas subindo pelas paredes da estação de metrô Baker Street (os azulejos têm a silhueta dele!), em uma estátua de bronze em frente à estação e também nos corações de seus tantos fãs, é claro. E por falar em fãs, no museu, você recebe um panfleto onde está escrito “antes de entrar na casa, pergunte-se em qual dessas categorias de visitante você se enquadra: a) Você já ouviu falar sobre Sherlock Holmes e já asssitiu um ou dois filmes sobre suas façanhas, mas ainda sabe muito pouco sobre o grande detetive. Você está visitando a casa por curiosidade. b) Você sabe muito sobre Sherlock Holmes! Você leu a maioria das histórias, viu todos os seus filmes na TV e é um admirador do famoso detetive. Você gostaria de visitar os aposentos para ver se eles são como você imaginou. c) Você é um perito – uma autoridade sherlockiana absoluta! Você pode discutir e debater sobre ele, pois leu e releu todas as sessenta histórias originais escritas por Sir Arthur Conan Doyle e aquelas escritas por outras pessoas – você inclusive pode ter escrito uma história de Sherlock.

Em qual destas categoria você se encaixa? Independente dela, o museu avisa que a visita será memorável e que é permitido tirar fotografias. A seguir, portanto, um álbum com as fotos que fizemos por lá. Entre nele e fique à vontade (e o melhor é que você nem precisará pagar os 6 pounds do museu por esta visita).

A L&PM publica quinze livros com a histórias do detetive Sherlock Holmes.

“Matadouro 5”: a trágica comédia da guerra sem glamour

Matadouro 5” de Kurt Vonnegut é um clássico. Antes de ser um livro “pacifista”, ele é um livro engraçado e sobretudo dolorido, muito longe da glamourização da guerra feita por Hollywood. O centro de tudo é a desastrada participação de Billy Pilgrin na guerra. Foi para o combate, acabou preso pelos alemães e foi testemunha – desde o porão numero 5 de um matadouro – do pior bombardeio da Segunda Guerra; a destruição da bela cidade de Dresden pela força aérea norte-americana. Foi lá que os aliados resolveram fazer uma “operação exemplar” contra os alemães. O resultado foi a morte de 135 mil pessoas, a esmagadora maioria mulheres, velhos e crianças. Havia poucos soldados em Dresden, pois era tida como “cidade aberta”, nome que se dava às cidades que, pelos seus tesouros arquitetônicos, os dois lados concordavam em não bombardear. Mas mesmo assim ela ficou igual à superfície da lua. Afinal, a guerra não tem regulamento, não tem dó nem piedade. Em “Matadouro 5” o gênio de Vonnegut faz com que a história fuja sempre do melodrama. Ele é irônico, tragicômico, satírico e delirante. Seu personagem voa pelo tempo, circula pela guerra, pelo american way of life e pelo planeta de Tralfamador que fica a 717.960.000.000.000.000 km da Terra. A maestria narrativa de Vonnegut põe o leitor em alerta máximo permanente. A morte circunda a história até quase perder a importância. O livro é inundado pela doentia solidão de Billy Pilgrin, o homem que estava em Dresden. Coisas da vida, como ele costuma dizer no livro, sempre que fala da morte.

Quando se chega ao fim, temos a noção muito clara do que é a grande literatura. Sob o clima satírico, quase humorístico, tudo é amargo. E Vonnegut chega à dolorosa conclusão de que o ser humano é inviável e não há heróis quando se matam pessoas. Não importa o lado em que elas estejam. (Ivan Pinheiro Machado)

Em 1972, “Matadouro 5” – cujo título original é Slaughterhouse-Five – foi adaptado para o cinema com direção de George Roy Hill (o mesmo de “Butch Cassidy an the Sundance Kid”) e ganhou três Globos de Ouro na época. Veja o trailer: