Palmas para Peanuts Completo. O quarto álbum com as tiras originais de Charlie Brown e sua turma foi mais uma vez responsável pela L&PM Editores levar o Troféu HQMix, o Oscar dos quadrinhos no Brasil na categoria “Publicação de Clássico”.
A 23ª edição do evento aconteceu na sexta-feira, 16 de setembro, tendo Serginho Groisman como mestre de cerimônias. Foram 45 categorias e cada vencedor recebeu como troféu uma escultura de Geraldão, personagem do saudoso Glauco, falecido em 2010. A criação da peça foi de Olintho Tahara que, além de tridimensionalizar Geraldão, ainda deu movimento a suas pernas e braços.
O premiado e seu prêmio
A entrega dos troféus, que aconteceu no Sesc Pompeia em São Paulo, reuniu muita gente do meio cultural brasileiro que foi receber seus prêmios e aplaudir os vencedores. Os premiados que não puderam estar presentes enviaram vídeos de agradecimento. Veja o nosso:
Hoje é o “Dia do Gaúcho” ou, para aqueles que vivem mais acima do mapa do Brasil, a data que marca a Revolução Farroupilha, conflito que durou dez anos e que começou em 20 de setembro de 1835 numa oposição ao império de Dom Pedro II.
Neste dia, no Rio Grande do Sul, feriado regional, alguns vestem a bombacha, o lenço vermelho e empunham seu chimarrão pelas ruas. Outros, ao contrário, não são tão fanáticos assim. Como Mario Quintana. Veja a história contada no livro Ora Bolas – O humor de Mario Quintana:
SEM FANATISMO
Os TRADICIONALISTAS, essa turma que acha que inventou o cavalo e o campo, nunca conseguiram cooptar Mario Quintana. Temendo suas tiradas mortais, sempre se mantiveram a uma distância respeitosa. Mas ele não tinha por que pagar imposto ao altar da tradição e escrevia coisas do tipo: “Lembro que certa vez me encontrei com seu Zé na rua. Como bons gaúchos, paramos, relichamo-nos, abraçamo-nos…”
Mesmo assim, não faltavam incautos que vinham cobrar posições. Em um dia de boa paciência, Mario deu a um deles uma explicação sociológica:
– Eu não sou gaúcho fanático. Não sou porque meu pai nasceu no Mato Grosso, estudou no Rio de Janeiro, era farmacêutico e, para ele, o mate de boca em boca era uma coisa anti-higiênica.
Quem nunca leu um Bestseller? Velho conhecido do público leitor, ele significa, literalmente, “Melhor vendido” ou, num português mais sonoro, o livro “Mais vendido”. O termo foi registrado pela primeira vez em 1889 pelo jornal norteamericano “The Kansas Times & Star”, mas o fenômeno da popularidade imediata de um livro é bem anterior a isso.
Os primeiros Bestsellers que se têm notícia eram, em sua maioria, religiosos. E não estamos falando da Bíblia que, quando começou a ser vendida, era considerada uma publicação “cara”. Para figurar no topo da lista, era fundamental que um livro fosse pequeno e, portanto, barato. Versões em pocket do Apocalipse, por exemplo, eram muito populares e vendidas em larga escala num formato que era chamado de “block-book”.
Na lista dos maiores bestsellers da história estão A Tale of Two Cities (Um conto de duas cidades) de Charles Dickens, publicado originalmente em 1859 e que vendeu mais de 200 milhões de cópias. Também está lá O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien que, lançado em 1954, teve venda superior a 150 milhões de livros. O sonho da câmera vermelha, de Cao Xueqin, originalmente lançado em chinês, vendeu mais de 100 milhões. Nesta faixa, aparece também Agatha Christie cujo maior sucesso, O caso dos dez negrinhos(que a L&PM publica em quadrinhos)também chegou aos 100 milhões de livros vendidos. Claro que aqui não estamos contando a Bíblia, o Alcorão e outros do gênero que já venderam bilhões pelo mundo afora.
E por falar em Bestseller, Feliz por nada, de Martha Medeiros, está mais uma vez no topo da lista dos mais vendidos da Revista Veja desta semana. Uma notícia que é… “the best” pra nós.
Uma viagem lisérgica, libertária, lendária, hippie, beat… “Magic Trip” é isso. Na verdade, mais do que isso. O filme de Alex Gibney e Alison Ellwood é o resgate de uma viagem real, liderada por Ken Kensey, autor de “One Flew Over the Cuckoo’s Nest (Voando Sobre Um Ninho de Cucos)”. Em 1964, Kensey botou o pé na estrada, num ônibus embalado por LSD, e na companhia de “The Merry Band of Pranksters”, um grupo de renegados da contracultura que estava em busca da “verdade”. O grupo incluía Neal Cassady, o companheiro de Jack Kerouac em On the road. Cassady não apenas ajudou a pintar o ônibus psicodélico, como também dirigiu o veículo. Kesey e os Pranksters gravaram toda a viagem com uma câmera 16mm, pois pretendiam fazer um documentário. Mas o filme nunca foi terminado e as imagens ficaram praticamente perdidas. Até agora. Gibney e Ellwood tiveram acesso exclusivo a este material bruto através da família de Kesey. Eles trabalharam com a Fundação de Cinema e História da “UCLA Film Archives” para restaurar mais de 100 horas de filme e áudio e conseguiram moldar um documento de valor inestimável. O filme “Magic Trip“, que conta ainda com a participação de Jack Kerouac e Allen Ginsberg, estreou no circuito underground americano em agosto deste ano. Vamos ficar torcendo pra que ele participe de algum festival de cinema alternativo por aqui também.
Clique sobre a imagem e assista ao trailer legendado pela L&PM WebTV:
O artista japonês Yoshiteru Otani ficou famoso por fazer um grande mural no Schulz Museum, na Califórnia, usando 3.588 tirinhas (algo perto do número total de tirinhas dos 4 volumes de Peanuts Completo) impressas em azulejos de 5 x 20 cm. Mas o trabalhão que ele teve valeu a pena! A cena que mostra Charlie Brown e Lucy jogando futebol ficou perfeitamente reproduzida na parede do museu e impressiona todo mundo que visita o lugar.
No site do Schulz Museum, estão as fotos que mostram o passo a passo da montagem do mural, feita sob o olhar atento de Jean Schulz, ex-esposa do criador de Peanuts, que também colocou a mão na massa:
As tirinhas foram impressas em azulejos de 5 x 20cm
Jean Schulz também colocou a mão na massa
As tirinhas com fundo preto foram usadas para desenhar os personagens
Por Anonymus Gourmet (José Antonio Pinheiro Machado)*
Anonymus Gourmet, que sobreviveu ao regime militar, inclui entre suas vaidades favoritas a tolerância amável ao direito das minorias. Ele sempre esteve do lado mais difícil, orgulha-se Madame Queiroz, testemunha daqueles tempos. Ela gosta de repetir a frase de Borges (ele, sempre ele): A um verdadeiro cavalheiro só podem interessar causas perdidas. Houve um tempo em que os vegetarianos não passavam de uma minoria ridicularizada. Anonymus, então, não hesitou em empunhar alfaces e cenouras como se fossem estandartes que não poderiam ser calados. Hoje, a carne a carne vermelha como dizem aqueles que desejam estigmatizar nossos bifes, diz a solidária Madame Queiroz é o alvo da Inquisição.
– Ainda bem que os Torquemadas ainda não estão incendiando açougues! – constata Anonymus.
Em pleno mês Farroupilha (no início, era a “data”, com o tempo virou “Semana Farroupilha”, agora é o setembro inteiro), Madame Queiroz gosta de lembrar um dos maiores escritores do Rio Grande, o inesquecível Athos Damasceno: “Ao passo que o Norte flutuava numa doce enseada de calda, nós aqui singrávamos num mar vermelho de sangue – sangue de boi, de ovelha e de carneiro. E não raro, até sangue de homem, tanto nos custou, em diferentes épocas, levantar uma barreira de peitos contra a cobiça dos espanhóis e suas pretensões territoriais”.
Tudo isso adverte que o churrasco dominical rio-grandense tem raízes profundas. Anonymus gosta de lembrar que o gado bovino chegou ao Rio Grande do Sul no século 17, mostrando o recorte já amarelado de uma antiga revista Claudia, no texto excelente da querida amiga Adélia Porto. Era o chamado gado xucro ou gado chimarrão, que vivia à solta, sem cerca e sem controle, caçado pelos índios charruas, nativos da região, que se tornaram grandes mestres da arte do churrasco. Adélia conta que a habilidade e o apetite dos índios espantaram o padre Antônio Seppé, que esteve por aqui em 1691. Seppé escreveu um livro, Viagem às Missões Jesuítas e Trabalhos Apostólicos, onde se lê: “Impossível dizer-se com que perícia e rapidez os índios pegam uma rês, derrubam-na, tiram-lhe o couro e esquartejam-na. Mas muito mais rápidos ainda são no comer”. Perplexo, o padre fala de um casal de índios que, sentindo fome, interrompeu a lavração de uma roça e devorou um dos bois de serviço, utilizando o arado, que era de pau, para principiar o fogo – um insólito churrasco de emergência. Depois dos índios, vieram os comerciantes de couros e os tropeiros, que recolhiam gado para São Paulo e Minas Gerais. Eram os primeiros gaúchos, gente rude, sem governo, que “morava na sua camisa, debaixo do chapéu”.
Se você conhece as capas dos livros de Agatha Christie, deve ter notado que elas seguem um mesmo padrão gráfico, com um design meio retrô. Pois o responsável pela criação desta série de capas é o ilustrador e artista inglês David Wardler. David desenhou as capas para a HarperCollins, editora britânica que publica Agatha Christie em pocket na Inglaterra. Elas foram compradas pela L&PM Editores e agora chamam a atenção por aqui. Conversamos por email com David para saber como este trabalho começou e qual a sua capa favorita. Infelizmente, a preferida do artista ainda não está entre os 42 títulos já publicados na Coleção L&PM POCKET. Pelo menos não por enquanto…
L&PM: Quando você começou a desenhar as capas dos livros de Agatha Christie?
David:Eu comecei a trabalhar para a HarperCollins assim que saí da Universidade. Trabalhei por seis anos com uma ampla gama de capas, fazendo parte do time “da casa”. Antes de virar freelancer, mudei-me para outra editora. Alguns anos depois de ter virado free, a HarperCollins ligou-me perguntando se eu estaria interessado em fazer as capas da metade dos títulos de Agatha Christie que eles tinham no catálogo.
L&PM: Quantas capas de livros da Agatha você já criou? David:No total, trabalhei em aproximadamente 45 títulos da autora. Eu já havia trabalhado em brandings para os títulos da Agatha Christie quando ainda estava na HarperCollins, mas eram projetos menores de dois ou três títulos, edições especiais e de aniversário.
L&PM: Você tem alguma capa favorita? David:Minha favorita é The Hollow.
L&PM: Você certamente leu os livros antes de fazer o design das capas. Você tem algum título favorito? David:Acho que o meu livro favorito é o clássicoAssassinato no Expresso do Oriente.
L&PM: Você já era um leitor e/ou fã dos livros da Agatha antes de ser contratado para fazer as capas? David: Não me descreveria como um grande fã, mas sempre estive bem ciente dos livros e das inúmeras adaptações feitas para TV e cinema. Eu também estava bem atento às fantásticas capas feitas para a primeira edição dos livros da Agatha Christie.
L&PM: Você teve alguma inspiração especial para criar o design dessas capas?
David:Eu gosto muito de antigos cartazes ferroviários e pôsteres undergrounds dos anos 1950, que eram muito populares aqui no Reino Unido. Ilustrações de pessoas como Walter Spadberry.
15 de setembro foi o aniversário de Agatha Christie (121 aninhos!) e fizemos uma votação no QG do blog L&PM para ver quais eram as favoritas do pessoal. Aqui estão elas (clique para ampliar e ver melhor todos os detalhes):
“Adeus, amigos! Vou para a glória!” foram as últimas palavras que Isadora Duncan disse em 14 de setembro de 1927, pouco antes de embarcar no carro que a matou. Sua echarpe ficou presa em uma das rodas do conversível, estrangulando-a. E assim termina a biografia da mulher de espírito revolucionário e apaixonado que reinventou a arte da dança e lutou até o fim da vida por um mundo melhor.
Descendente de escoceses e irlandeses, Isadora nasceu em São Francisco, nos Estados Unidos, no dia 27 de maio de 1877. Ficou na “Bay Area” até 1896, quando saiu para ganhar o mundo. Passou por Chicago, Nova York, Inglaterra, França, Grécia, Alemanha e Rússia, onde se envolveu com a revolução e os ideais comunistas.
Em sua autobiografia, escrita coincidentemente no ano em que morreu, ela conta que sua mãe tricotava roupas para vender e fazer algum dinheiro extra para o sustento dos quatro filhos, que criava sozinha. Vendo o desespero da mãe que não conseguia sequer comprar comida, a pequena Isadora resolveu vestir um gorro vermelho e ajudar nas vendas de porta em porta como narra Isadora – Fragmentos Autobiográficos, um dos primeiros livros da Coleção L&PM POCKET:
“De casa em casa, apresentei minhas mercadorias. Algumas pessoas eram bondosas, outras grosseiras. De modo geral, tive sucesso, mas foi o primeiro despertar, em meu peito infantil, da consciência da mosntruosa injustiça do mundo. E aquele pequeno gorro vermelho que minha mãe tricotara era o gorro de uma criança bolchevique.”
Isadora recorda em sua autobiografia que a dança faz parte de sua vida desde muito cedo, só que não da forma clássica, como na vida das meninas que frequentaram aulas de balé, mas da forma mais natural, intuitiva e libertária:
“Na infância, não tive brinquedos ou brincadeiras de criança. Muitas vezes fugia sozinha para as florestas ou à praia junto do mar, e lá dançava. Sentia que meus sapatos e roupas apenas me estorvavam. Meus sapatos pesados eram como correntes; minhas roupas eram minha prisão. Por isso eu tirava tudo. E sem olhos me espiando, inteiramente só, eu dançava nua diante do mar. E parecia-me que o mar e todas as árvores dançavam comigo.”
Vários anos mais tarde, em 1915, Isadora repete o feito da infância no Metropolitan, em Nova York. Nua e descalça, vestida apenas com um xale vermelho, ela surpreende o público e encerra seu espetáculo dançando o hino nacional francês, numa tentativa intensa e desesperada de sensibilizar os americanos e chamar atenção para os efeitos da Primeira Guerra Mundial que devastava a Europa.
Mas seus ideais e sua arte nem sempre foram compreendidos – quiçá bem aceitos – pelo público. E não era pra menos! Muito antes do surgimento dos movimentos feministas, ela já se posicionava a favor da emancipação da mulher e criticava a instituição sagrada do matrimônio. E, em 1916, quando resolveu repetir o maravilhoso feito do Metropolitan num café em Buenos Aires, foi quase deportada em nome da moral, dos bons costumes e dos sagrados símbolos pátrios.
Diante desta história, Eduardo Galeano não poderia deixar de falar de Isadora Duncan em seu livro Mulheres. O texto que leva seu nome traduz a alma radical e libertária de uma das maiores dançarinas de todos os tempos, que se transformou em exemplo para aqueles que sonham com um mundo melhor e que, para realizar este sonho, não medem consequências:
Isadora
Descalça, despida e envolvida apenas pela bandeira argentina, Isadora Duncan dança o hino nacional.
Comete esta ousadia numa noite de 1916, num café de estudantes de Buenos Aires, e na manhã seguinte todo mundo sabe: o empresário rompe o contrato, as boas famílias devolvem suas entradas ao Teatro Colón e a imprensa exige a expulsão imediata desta pecadora norte-americana que veio à Argentina para macular os símbolos-pátrios.
Isadora não entende nada. Nenhum francês protestou quando ela dançou a Marselhesa com um xale vermelho como traje completo. Se é possível dançar uma emoção, se é possível dançar uma ideia, por que não se pode dançar um hino?
A liberdade ofende. Mulher de olhos brilhantes, Isadora é inimiga declarada da escola, do matrimônio, da dança clássica e de tudo aquilo que engaiole o vento. Ela dança porque dançando goza, e dança o que quer, quando quer e como quer, e as orquestras se calam frente à música que nasce de seu corpo.
Em 1996, a L&PM publicou Isadora – Fragmentos autobiográficos, com tradução de Lya Luft, mas infelizmente o livro está esgotado. A autobiografia completa de Isadora Duncan está no livro Minha vida.
Sete horas da manhã do dia 13 de setembro de 1906. Dividido em duas partes, o 14-Bis é levado pelas ruas até o campo de Bagatelle. Mais uma vez, a imprensa encarregou-se de tomar “instantâneos fotográficos” de cada detalhe da operação. Uma das partes, composta pelas asas, o motor e a barquinha, desliza sobre rodas de bicicleta. A fuselagem, com sua extremidade em forma de uma grande caixa oca, segue carregada por operários. Alguns curiosos acompanham o estranho cortejo. No meio deles, vestindo um terno escuro impecável, com o grande chapéu branco puxado sobre as sobrancelhas, caminha Alberto Santos Dumont. Poderia ter ido de automóvel, mas preferira, como era do seu feitio. Participar de todos os momentos da grande prova. Chegando ao campo de Bagattelle, vem a seu encontro um grande automóvel fumacento, o Mors de Ernest Archdeacon. (…) Archdeacon, embora tivesse oferecido três mil francos do seu bolso para o vencedor daquela façanha, não acreditava, como depois confessou à imprensa, que um aparelho pesado se erguesse no ar. E essa era a opinião da maioria das pessoas que olhavam para o estranho “bicho” já reunido em um único corpo. No outro extremo do campo, Santos Dumont subiu na barquinha, ligou o motor e consultou seu relógio de pulso: 7h50. Com um gesto imperativo, fez com que todos se afastassem. O 14-Bis começou a rodar, daquela maneira estranha, com a fuselagem voltada para frente, e ganhou velocidade. Mas não ergueu vôo. Sentindo que o motor falhava, Alberto teve que parar no extremo sul da clareira, limitada por algumas árvores. (…) Às 8h40, a estranha aeronave corre novamente pelo gramado a uns trinta quilômetros por hora. Todos os olhos, principalmente os dos jurados, estão fixos nas rodas, para ver se conseguem erguer-se e girar no vazio. E isso acontece, por alguns segundos, antes que o 14-Bis perca as forças e caia pesadamente no chão. O chassi afunda e a hélice rompe-se em pedaços, sem parar de girar. Os jurados cercam Santos Dumont e o felicitam. E Archdeacon pronuncia uma frase de efeito, que seria transcrita pelos jornais: – Você voou! Uns poucos centímetros acima do solo, mas voou! (Trecho de “Santos Dumont“, de Alcy Cheuiche*, Série Encyclopaedia)
Há 105 anos, Santos Dumont voou baixo, mas voou
No mês seguinte, em 23 de outubro daquele mesmo ano, o 14-Bis finalmente conseguiria voar de verdade.
*Alcy Cheuiche acaba de lançar “Com sabor de terra” que terá sessão de autógrafos no próximo final de semana.
Não basta ler Bukowski. Desafiamos os fãs do velho Buk a cantar uma música chamada… “Bukowski”. Em alemão! Basta dar play e acompanhar a letra de Kamil Szlachta que está no CD “Kosten und Wahrheit”. Fizemos uma tradução – mas não nos comprometemos com o resultado, ok?
BUKOWSKI, Kamil Szlachta
Ich bin Bukowski nach seinem letzten Roman,
bin der Säufer, der plötzlich nicht mehr trinken kann.
Ich bin Sysiphos, und sie nahmen mir den Stein.
Wie kann es sein, dass sie mir so sehr fehlt?
Ich bin der Sonnenstrahl, der nie hinterm Berg hervorkommt
und der Albino, der vergeblich versucht sich zu sonnen.
Bin das Kind, das sich schon zum x-ten mal verbrennt.
was jeder kennt, wird mich schon nicht umbringen.
Wer ich auch bin, es macht keinen Sinn,
hab schon jede Verkleidung probiert.
Und jedes mal krieg ich eine aufs Kinn,
wie der Clown der alle amüsiert.
Zieh meinen Hut und mach
Gute Miene
zum bösen Spiel,
diesem bösen Spiel.
Ich bin der, dem man nachsagt, eine Grube zu graben.
Bin Dr. Faustus und hör nicht auf Mephisto zu fragen,
ob ich Gretchen noch einmal in die Arme schließen kann,
ich bin wohl der Mann, der nicht lernen will.
Ich bin fort wenn ich da bin, und ich hab mich verlaufen.
Mit falscher Währung will ich Landkarten kaufen.
Mir ist schwindlig, ich glaub ich sollte besser mal liegen,
ne Wegbeschreibung zu kriegen, nützt jetzt doch auch nichts mehr.
Was ich auch tu, es lässt mir keine Ruh,
dass ich will und doch niemals kann.
Mit weisem Lächeln schau ich mir selber zu
Ich schmiede schon den nächsten Plan
Ich nehm meine Knarre
und verharre nur kurz
bevor ich dann abdrück und geh
bevor ich für immer geh
Und wenn einer glaubt, er müsse sich um mich sorgen,
weil ich jetzt so traurig bin,
dem sag ich, wart nur und finde mich morgen
wie ich auf der nächsten Bühne sing.
Ich bin und bleib euer Barde
und zeig Euch wie die Welt funktioniert.
Wie diese Welt funktioniert.
Eu sou Bukowski após seu último romance, sou o bêbado que, de repente, não pode beber mais. Eu sou Sísifo, e eles tiraram minha pedra do caminho. Como pode ela sentir tanto a minha falta?
Eu sou o raio de sol que nunca sai de trás da montanha e o albino, que tenta em vão se bronzear. Sou a criança que se queima pela enésima vez. e que todo mundo sabe, não vai se matar já.
Quem eu sou, não faz o menor sentido, já tentei todos os disfarces. E cada vez que recebo uma de direita no queixo, é como o palhaço com que todos se divertem. Puxam o meu chapéu e fazem Uma cara boa Para o jogo mau este jogo mau.
Eu sou aquele que se diz apto para cavar um poço. Sou Dr. Faustus e não param de me pedir por Mephisto, se Gretchen eu posso abraçar de novo, eu sou provavelmente o homem que não quer aprender.
Eu fui embora quando estava lá e eu perdi meu caminho. Eu quero comprar os mapas errados com moedas falsas. Estou tonto, acho que devem ser estes tempos melhores, Nós precisamos achar uma boa direção agora, e nada mais.
O quer que eu faça, ele não me dá paz, o que eu quero eu nunca posso. Com um sorriso sábio, eu olho para mim mesmo Já estou pronto para o próximo plano Vou levar a minha arma ficar aqui, apenas brevemente em seguida, dar a impressão, antes de eu partir Antes de eu partir para sempre.
E se alguém acha que tem que se preocupar comigo porque eu estou tão triste agora, então eu digo, é só esperar para me encontrar amanhã Quando eu estiver cantando a próxima fase. e eu for consistente como um bardo e mostrar como o mundo funciona. Como o mundo realmente funciona.