Mario Quintana Nasceu em Alegrete, RS, “filho do Freud com a rainha Vitória”, segundo ele mesmo disse, com a proverbial síntese e graça. O fato, acontecido num “solar de leões”, com sótão, porão, corredores e escadarias, mais assustador do que o mundo, foi comemorado pelos irmãos com a compra de duas rapaduras de quatro vinténs. Começava a noite de 30 de julho de 1906. Fazia um grau abaixo de zero.
Assim o escritor Ernani Ssó começa seu “Ensaio bio-bibliográfico” sobre Mario Quintana, publicado no livro Ora bolas (Coleção L&PM Pocket). Ora bolas é uma bem humorada coletânea de 130 histórias protagonizadas por Quintana e registradas pelo jornalista Juarez Fonseca que entrevistou amigos, familiares e conhecidos do poeta. São histórias como esta:
Gagá
Festas pelos setenta anos. A TV Globo mandou do Rio de Janeiro uma repórter para entrevistá-lo. Ingênua e desinformada, tratou-o como um velho gagá, cheia de diminutivos e perguntas bobas. Mario ficou uma fera. Mais tarde, conversando com a amiga Madalena Wagner, desabafou:
– Veio aqui hoje uma moça me entrevistar. Não entendeu que estou meio surdo mas que minha cabeça está ótima. E ela, em plena posse de suas faculdades mentais, nem desconfia que já nasceu morta…












