A desobediência civil de Thoreau

“Todos os homens reconhecem o direito de revolução, isto é, o direito de recusar lealdade ao governo, e opor-lhe resistência, quando sua tirania ou sua ineficiência tornam-se insuportáveis.”

“Não brigo com inimigos distantes mas com aqueles que, aqui perto, cooperam com os que estão longe e cumprem suas ordens, e sem os quais os últimos seriam inofensivos.”

“O Estado nunca enfrenta intencionalmente a consciência intelectual ou moral de um homem, mas apenas seu corpo, seus sentidos. Não está equipado com inteligência ou honestidade superiores, mas com força física superior. Não nasci para ser forçado a nada. Respirarei a meu próprio modo. Vejamos quem é o mais forte. Que força tem uma multidão?”

“Agrada-me imaginar um Estado que, afinal, possa permitir-se ser justo com todos os homens e tratar o indivíduo com respeito, como seu semelhante; que consiga até mesmo não achar incompatível com sua própria paz o fato de uns poucos viverem à parte dele, sem intrometer-se com ele, sem serem abarcados por ele, e que cumpram todos os seus deveres como homens e cidadãos.”

Trechos de “A desobediência civil“, de Henry David Thoreau, publicada originalmente em 1848 e que faz parte da Coleção L&PM Pocket.

Thoreau

Henry David Thoreau

Tatiana Belinky vai deixar saudades

Tatiana Belinky nasceu em São Petesburgo, na Rússia, e chegou no Brasil com 10 anos. Aqui, viveu oito décadas de muita produção. Ao todo, escreveu mais de 250 livros infantojuvenis, muitos deles agraciados com prêmios educacionais. Também trabalhou como atriz de peças infantis, apresentou um programa na extinta TV Tupi e junto com o marido, Julio de Gouveia, foi responsável pela primeira adaptação para a televisão de “O Sítio do Pica Pau Amarelo”, de Monteiro Lobato.

Tatiana Belinky também traduziu muito. A corista e outras histórias, de Tchékhov, Senhor e servo & outras histórias, de Tolstói e Primeiro amor, de Ivan Turguêniev são títulos da Coleção L&PM pocket que foram traduzidos por ela.

Tatiana tinha 94 anos e seu corpo foi enterrado no domingo, 16 de junho, no Cemitério Israelita da Vila Mariana em São Paulo.

Assista aqui o pequeno trecho de uma entrevista feita com ela:

Scliar e o Rio Grande

Luiz Antonio de Assis Brasil*

O Rio Grande do Sul é, desde suas primeiras representações simbólicas, uma metáfora e uma alegoria intelectuais que se organizam a partir da evocação de um antigo tipo luso-platino-rural, que acabou por suplantar as outras vertentes constitutivas de sua presente identidade. Como qualquer construção validada pelos extratos dominantes, essa alegoria teve, até pouco, sua hegemonia incontestada, havendo raro espaço de diálogo com outras representações concomitantes, nomeadamente as que decorrem dos surtos imigratórios dos séculos 19 e 20.

Nesse conjunto de fatores superpostos – e, não raro, conflitantes –, a obra de Moacyr Scliar avulta por ser aquela que optou por uma via alternativa que instituiu entre nós uma reflexão a que não estávamos acostumados: a de que somos humanos, antes de gaúchos.

Alguma crítica por vezes diz que o componente judaico seja a face mais visível e representativa de sua obra; trata-se, esta, de uma visão pobre, porque, antes de tudo, Scliar traz para nossa literatura uma via inesperada que aparece não como contraponto, mas como justaposição ao tipo hegemônico. Ambas são perspectivas construídas e, por isso, habitam a mesma legitimidade.

Outro viés referido pela crítica como essencial é o veio fantástico de seus romances, novelas e contos. Na verdade, trata-se de outra dicção para a mesma universalidade. Se nosso fantástico está presente já desde Lendas do Sul, este mesmo fantástico é um dado previsto pela cultura e pela mitologia; já o fantástico de Scliar é criação pura, isto é, provém de uma fabulação exclusiva e que não se confunde com qualquer outra preexistente mitologia.

Essas duas circunstâncias temáticas de Scliar – a judaica e a fantástica – significam, no cerne, o alargamento ontológico de uma literatura que se debatia entre seus que-fazeres irremediáveis e miúdos, vítima da estéril dicotomia pampa-cidade.

A obra de Scliar talvez seja a mais feliz investida nos domínios de uma universalidade moderna, embora tardia em termos regionais, e que precisou desse escritor de exceção para impor-se como possibilidade estética.

O constructo intelectual que é o Rio Grande, dessa forma, adquirirá, de agora em diante, uma obrigatória nuança, não a desfazê-lo, mas a matizá-lo. Com isso ganha-se em colorido e diversidade, até que outras obras surjam a transformar esse quadro pois, como sabemos, a cultura e a literatura se definem como processo que estará sempre descontruindo o que antes construiu.

*Luiz Antonio de Assis Brasil é escritor e Secretário de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul. Este texto foi publicado originalmente no Segundo Caderno do Jornal Zero Hora em 17 de junho de 2013.

Freud explica a psicologia das massas

O Brasil amanheceu estampando, em todas as capas de seus jornais, alguma imagem do tumulto que se formou nesta quinta-feira, 13 de junho, nas ruas centrais de São Paulo e de outras capitais, a partir do protesto contra o aumento das tarifas dos ônibus. Mas o que pensa e como age uma massa psicológica? Freud explica… Em Psicologia das massas e análise do eu, que acaba de chegar à Coleção L&PM Pocket – com tradução direta do alemão -, Freud cita outros autores, como Le Bon, e explica com detalhes como funcionam os grandes grupo.

Passo a palavra agora a Le Bon. Ele afirma: “O que há de mais singular numa massa psicológica é o seguinte: quaisquer que sejam os indivíduos que a compõem, por mais semelhantes ou dessemelhantes que sejam seus modos de vida, suas ocupações, seu caráter ou sua inteligência, a mera circunstância de sua transformação numa massa lhes confere uma alma coletiva, graças à qual sentem, pensam e agem de modo inteiramente diferente do que cada um deles sentiria, pensaria e agiria isoladamente. Há ideias e sentimentos que só surgem ou se transformam em ações nos indivíduos ligados numa massa. A massa psicológica é um ser provisório constituído por elementos heterogêneos que por um momento se ligaram entre si, exatamente como por meio de sua união as células do organismo formam um novo ser com qualidades inteiramente diferentes daquelas das células individuais”.

(…)

Na massa, opina Le Bon, apagam-se as aquisições dos indivíduos, e com isso desaparecem suas singularidades. O inconsciente racial vem ao primeiro plano, o heterogêneo se perde no homogêneo. Diríamos que a superestrutura psíquica, que se desenvolveu de maneira tão diversa nos indivíduos, é removida, enfraquecida, e o fundamento inconsciente, semelhante em todos eles, se torna visível (ativo).

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O ator Jeremy Irons lê Fernando Pessoa em português

O ator britânico Jeremy Irons confessou ser fã dos versos de Fernando Pessoa em um programa da TV portuguesa. Foi quando o apresentador insistiu para que Irons lesse um poema de Álvaro de Campos (um dos heterônimos de Pessoa) em português. O resultado foi hilário:

Abaixo, o poema “Ai Margarida” completo, do livro Poemas de Álvaro de Campos (Coleção L&PM Pocket)

Ai, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que farias tu com ela?
— Tirava os brincos do prego,
Casava c’um homem cego
E ia morar para a Estrela.

Mas, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que diria tua mãe?
— (Ela conhece-me a fundo.)
Que há muito parvo no mundo,
E que eras parvo também.

E, Margarida,
Se eu te desse a minha vida
No sentido de morrer?
— Eu iria ao teu enterro,
Mas achava que era um erro
Querer amar sem viver.

Mas, Margarida,
Se este dar-te a minha vida
Não fosse senão poesia?
— Então, filho, nada feito.
Fica tudo sem efeito.
Nesta casa não se fia.

Comunicado pelo Engenheiro Naval
Sr. Álvaro de Campos em estado
de inconsciência
alcoólica.

Para comemorar os 125 anos de Pessoa

Às três horas e vinte e quatro minutos da tarde do dia 13 de junho de 1888, no quarto andar de um casarão no centro de Lisboa, Fernando António Nogueira Pessoa veio ao mundo.

Para comemorar os 125 anos do nascimento de Fernando Pessoa – e também de Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto Caeiro e Bernardo Soares, seus heterônimos – o ator Alexandre Borges preparou uma festa para hoje à noite. Se você estiver no Rio de Janeiro, não pode perder.

Alexandre fará duas apresentações gratuitas de um projeto criado por ele e batizado de Poema Bar. Às 19h e às 21h, no Teatro dos Anônimos, da Fundição Progresso, na Lapa, o ator fará a leitura de poemas de Pessoa, acompanhado pelas cantoras Mariana Moraes (neta do mestre Vinicius de Moraes) e a portuguesa Sofia Vitória, enquanto João Vasco ficará responsável por musicar os poemas de Ricardo Reis, um dos heteronômios mais conhecidos do poeta. 

“É esta viagem, que tantas viagens contém, que evocaremos nessa celebração dos 125 anos do nascimento de Fernando Pessoa”, adiantou Alexandre Borges ao Jornal do Brasil.

Fica a dica para quem não estiver no Rio: que tal reunir os amigos, abrir um bom vinho e recitar versos de Fernando Pessoa para comemorar o nascimento do maior poeta da língua portuguesa? Ele merece.

Alexandre Borges lê Fernando Pessoa no aniversário do grande poeta

Alexandre Borges lê Fernando Pessoa no aniversário do grande poeta

Os escritores e seus amores

Neste Dia dos Namorados, compartilhamos algumas fotos de escritores e seus amores. E que elas inspirem todos os apaixonados. Hoje e sempre.

Bukowski e Linda

Bukowski e Linda

Peter Orlowski e Allen Ginsberg

Peter Orlowski e Allen Ginsberg

Neal Cassady e Carolyn

Neal Cassady e Carolyn

Gertrude Stein e Alice Toklas

Gertrude Stein e Alice Toklas

Pablo Neruda e Matilde

Pablo Neruda e Matilde

Oscar Wilde e Lorde Alfred Douglas

Oscar Wilde e Lorde Alfred Douglas

Sartre e Simone

Sartre e Simone

Virginia Woolf e Vita

Virginia Woolf e Vita

Um manuscrito inédito de Charlotte Brontë

Depois de uma campanha para arrecadação de fundos, a Brontë Society finalmente conseguiu comprar o manuscrito com o texto “L’Amour Filial” escrito em francês por Charlote Brontë, por volta de 1840.

Portrait of Charlotte Bronte

O manuscrito fazia parte de uma coleção particular até dezembro do ano passado, quando foi descoberto pela Brontë Society. O teste de caligrafia comprovou a autenticidade do manuscrito, que preenche os dois lados de uma única folha e fala sobre o amor dos filhos por seus pais de forma dramática. Segundo a jovem Charlotte (ela tinha algo em torno de 20 anos quando escreveu o texto) “um filho que trata seu pai sem amor é como um assassino aos olhos de Deus”. Para os estudiosos da obra de Charlotte Brontë, este texto confirma a devoção e o profundo respeito que a autora tinha por seu pai, já que perdeu a mãe aos 5 anos de idade.

A L&PM está preparando uma surpresa para os fãs da autora: no segundo semestre, será lançada uma edição de Jane Eyre, o romance mais célebre de Charlotte Brontë, na Coleção L&PM Pocket.

via The Guardian

Andy Warhol sem máscaras

Andy Warhol foi o único convidado que compareceu sem máscara à famosa festa “Black and White Ball” de Truman Capote, realizada em 28 de novembro de 1966 no Plaza Hotel em Nova York. Nesta foto, o próprio anfitrião aparece na frente dele devidamente mascarado.

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A amizade entre os dois durou décadas e boa parte dela está registrada nos Diários de Andy Warhol da Coleção L&PM Pocket.