Arquivo mensais:maio 2011

O escondidinho dos sonhos

A receita de hoje é de baixas calorias e está no livro Cardápios do Anonymus Gourmet, do José Antonio Pinheiro Machado, o próprio Anonymus Gourmet.

ESCONDIDINHO
Ingredientes:
2kg de aipim, 1kg de carne, 1 tomate, 1 cebola, 3 dentes de alho, 1 copo de suco de laranja, 1 copo de caldo de carne, 2 colheres de farinha de trigo, 3 colheres de massa de tomate, 1 maça, ½ copo de requeijão, 100g de queijo ralado, sal e azeite
Modo de Preparo:

1 – Comece pelo aipim, ou macaxeira, ou mandioca. Coloque-o em uma panela com água e leve ao fogo até  cozinhar bem. Deixe quase se desmanchar.
2 – Depois espere esfriar um pouco e bata no liquidificador pedaços de aipim, um pouco de água do cozimento e o requeijão. Bata todo o aipim e arrume tudo em uma vasilha. Misture bem e acerte o sal.
3 – Agora vamos ao refogado. Corte a carne em pedaços pequenos. Esquente uma panela e acrescente um pouco de óleo. Em seguida entre com os dentes de alho picados. Misture rapidamente.
4 – Acrescente a carne picada. Misture novamente e espere dourar. Em seguida espalhe a farinha de trigo por cima de tudo e misture rapidamente.
5 – Só então adicione a cebola e o tomate picados, a massa de tomate e a maçã também picada. Misture.
6 – Agora entram os líquidos, o caldo e o suco. Mexa bem, tampe a panela e deixe refogar até secar o molho.
7 – Unte um refratário grande. Coloque o refogado de carne e cubra tudo com o purê de aipim.
8 – Para finalizar espalhe o queijo ralado por cima e leve ao forno preaquecido por 30 minutos, ou até dourar o queijo.

Sábado tem sempre uma “Receita do dia” vinda diretamente dos livros da Série Gastronomia L&PM.

As ilustrações raras de Huckleberry Finn

Durante uma faxina no antigo escritório do pai, o falecido editor de livros infantis e didáticos Anthony Beal, suas filhas encontraram a coleção completa de 37 desenhos feitos por Edward Ardizzone, um dos maiores ilustradores de livros infantis dos Estados Unidos, para o livro As aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain. Publicadas em 1961, as ilustrações nunca mais foram vistas pelo público desde então.

As filhas de Beal resolveram compartilhar o achado e os 37 desenhos estão expostos na galeria Illustration Cupboard, em Londres. Veja alguns:

As aventuras de Huckleberry Finn é um dos próximos lançamentos da Coleção L&PM Pocket e deve chegar em breve!

O furioso fax de Hunter S. Thompson

No dia 22 de janeiro de 2001, Hunter S. Thompson enviou um fax para Holly Sorenson, a produtora executiva de cinema indie do estúdio Shooting Gallery – que havia adquirido os direitos de filmagem de  Rum: diário de um jornalista bêbado (Rum Diary), de Thompson. O processo para dar o start no filme mostrou-se lento e confuso e, lá pelas tantas, o escritor explodiu. Não adiantou… No final daquele ano, o estúdio faliu e Thompson acabou morrendo sem ver Rum adaptado para as grandes telas.

Alguns anos depois, outra produtora adquiriu os direitos e o filme agora está quase pronto, com Johnny Depp no papel principal. Abaixo, uma foto do fax e, a seguir, uma livre tradução do seu furioso conteúdo.

O furioso e desbocado fax que Hunter S. Thompson enviou à produtora de "Rum Diary"

Querida Holly

Okay, sua cadela preguiçosa, tô ficando cheio dessa encheção de linguiça desmiolada que você está fazendo com Rum Diary.

Nós não estamos nem mesmo dando uma largada agressiva. É como se todo projeto tivesse virado um daqueles zumbis que moram em caixas de papelão embaixo da Freeway de Hollywood…. Eu pareço ser a única pessoa que está fazendo alguma coisa pra que este filme exista. Eu já cerquei Depp, Benicio Del Toro, Brad Pitt, Nick Nolte & um ótimo roteirista da Inglatera chamado Michael Thomas, que é um garoto muito esperto com o qual até agora tem sido um prazer conversar e conspirar…

Então aqui está a porra desse seu Script & tudo o que você tem que fazer agora é agir como uma profissional & pagá-lo. O que diabo você pensa que é fazer um filme? Ninguém precisa mais ficar ouvindo essa lenga-lenga sobre o seu novo Mercedes ou sobre as suas viagens para esquiar & quão irreparavelmente falida a Shooting Gallery se encontra. Se você está tão cagada de pobre deveria se mandar do negócio do cinema. Isso aqui não é um lugar para Amadores & Diletantes que não querem fazer nada além de almoços de negócios & gastar o tempo de pessoas sérias.

Foda-se tudo isso. Nós temos um bom escritor, nós temos o elenco principal já escolhido & temos um filme bastante comercializável que nem vai ser tão difícil assim de fazer…

E você não passa um maldita “aspone”, fazendo sugestões estúpidas & dando palpite furado aqui e ali como se fosse uma menininha mais ou menos brilhante, mas sem dinheiro, sem energia & sem foco, exceto nas suas próprias tetas… Eu tô de saco cheio de ficar ouvindo sobre Cuba & os japoneses & os seus parceiros de yo-yo que querem mudar a história porque a violência deixa eles fartos.

Merda pra eles. Eu prefiro lidar com um olho do cu vivo do que com um verme morto sem luz nos olhos… Se vocês não querem fazer nada com esse filme, abram mão da opção & eu vou falar com outras pessoas. A única coisa que vocês vão conseguir por ficarem se enrolando em posição fetal é ódio e constrangimento intermináveis e a única coisa que vocês não terão é diversão…

Okay, essa é a minha explosão de hoje. Vamos ver se ela faz alguém tomar alguma atitude. E se você não fizer algo RÁPIDO você vai destruir uma ótima ideia e eu tô pronto pra decepar a porra das suas mãos.

R.S.V.P.

(Signed)

HUNTER

Cc:

Depp

Benicio

M. Thomas

Nolte

Shapiro

Andy Warhol, a arte e o dinheiro

Já imaginou como seria o leilão da Monalisa? E se um ricaço arrematasse o quadro e resolvesse exibi-lo apenas na sala de sua casa, para seu exclusivo deleite estético? E mais: não há seguro que compense possíveis danos a uma obra como La Gioconda, única no mundo. Portanto, ela permanece no Louvre, longe da badalação dos leilões e sem valor monetário algum. Ou seja, dependendo do ponto de vista, a Monalisa não vale nada.

Algo totalmente diferente acontece com os quadros de Andy Warhol. “Making money is art and working is art and good business is the best art”, disse ele certa vez. A regra é reproduzir, replicar, distribuir, vender. A factory não para. No leilão realizado pela Christie’s na noite desta quarta-feira, um autorretrato do pai da pop art realizado em 1964 sobre fotografias trabalhadas em variações de azul atingiu o valor mais alto do pregão: US$ 38,4 milhões – e se tornou seu autorretrato mais caro.

Mas aqui na L&PM é diferente. Chega no segundo semestre o volume Andy Warhol na Série Biografias e deve custar bem menos do que seus quadros, algo em torno de R$ 20 😉

Première de Woody Allen na abertura do Festival de Cannes

Quem não queria ter o privilégio de, na abertura do Festival de Cannes 2011, assistir ao novo filme de Woody Allen em sessão fechada? “Midnight in Paris” (Meia noite em Paris) abriu a 64ª edição do Festival que começou hoje. Quem assistiu, afirmou que, desde “Matchpoint”, Woody Allen não fazia um filme tão requintado, onde é possível ver uma “Paris idílica de cores quentes”.

O novo longa de Allen traz Owen Wilson no papel de um escritor roteirista que vaga pela noite da Cidade Luz até entrar em um carro antigo que o transporta para a Paris dos anos 1920, povoada de personalidades da literatura, artes plásticas e música. Até Picasso e Salvador Dalí cruzam o caminho do roteirista. “Midnight em Paris” traz ainda Rachel McAdams como a noiva do personagem de Owen e Carla Bruni-Sarkozy como uma funcionária do Museu Rodin. Carla, aliás, não esteve presente na première e alegou motivos “profissionais” e “pessoais” para a ausência. Segundo a revista francesa Gala, a primeira-dama francesa está mesmo grávida e dará à luz em Outubro.

“Midnight in Paris” estreará no Brasil em 17 de junho. Mas enquanto ele não chega, vale assistir ao trailer legendado, acompanhar o Festival de Cannes no site oficial do evento e, claro, ler Woody Allen. Pra começar, sugerimos os livos AdultériosCuca fundida, Sem plumasQue loucura!.

Woody Allen e o elenco de "Midnight in Paris"

E depois de “Midnight em Paris”, virá mais Woody Allen por aí. Há dois dias atrás, o cineasta declarou em uma entrevista que, para o próximo filme, vai escalar o seu ator preferido: ele mesmo. A nova película, ainda sem nome, será filmada em Roma e deve ser lançada no ano que vem. Além de Allen, o elenco terá Penélope Cruz, Ellen Page, Alec Baldwin e o italiano Roberto Benigni.  Mas esse já é outro assunto…

Odisseias de Filmagens

Por Goida*

O enunciado da obra assusta um pouco. Mark Harris se propõe a analisar a partir de cinco filmes que concorreram ao Oscar em 1967 – Bonnie and Clyde, No Calor da Noite, Adivinhe Quem Vem Para o Jantar, A Primeira Noite de um HomemO Fantástico Dr. Dolittle – o nascimento da nova Hollywood. Em mais de 400 páginas ele conta as fases de realização de cada uma destas produções. Apesar da limitação quase total ao quinteto citado, o livro nos fascina. As coisas não foram fáceis. Por exemplo, os trabalhos com o roteiro de Bonnie and Clyde começaram em 1962. Entre os diretores que foram contatados para realizarem a fita, apareceram até dois franceses, François Truffaut e Jean Luc Godard. Para se chegar ao até “tudo pronto” de A Primeira Noite de um Homem houve brigas, buscas intermináveis de intérpretes, o encontro e a aposta em Dustin Hoffman e muitas outras coisas mais. É com que se frise, Hollywood vivia uma época em que todos olhavam com um pouco de inveja o que estava vindo da Europa. Os filmes da “Nouvelle Vague” francesa. As obras-primas de Fellini, Visconti e Antonioni. O “Free Cinema” da Inglaterra, revelando nomes como Tony Richardson, Karel Reisz, John Schlesinger e Richard Lester. O novo mundo se curvava à velha cultura europeia. Mais ainda: filmes de baixo custo, libertários, revolucionários, sem nenhum problema com a censura. Hollywood ainda estava aprisionada ao código de produção da MPAA (Motion Picture Associaton of America), que cortava as asas de qualquer um que tentava fugir da gaiola.

Vindos de uma Nova York um pouco mais liberal começaram a se destacar em Los Angeles figuras como Mike Nichols e Arthur Penn. Stanley Kramer, produtor e diretor junto com alguns outros veteranos mais iluminados, queria fugir dos padrões superados e tirar o público da apatia reinante. Os cinco filmes recordados no livro de Harris não poderiam ser melhor escolhidos. As fases que passaram, até a estreia, são incrivelmente ricas em situações às vezes próximas ao ataque de nervos. Cenas de uma Revolução, ao narrar esta busca de um novo cinema, nos faz acompanhar verdadeiras odisseias. Contra os Ulisses de uma nova era, há de tudo para impedi-los chegarem até o sucesso. Sereias, gigantes de um olho só (os executivos presos à artificialidade do cinema de então) e outros tipos de monstros e obstáculos praticamente intransponíveis. Estas odisseias são repletas de casos e personagens variados. Destaco o capítulo onde Jane Fonda, vinda da Europa com Vadim, dá uma festança na sua casa beira mar, reunindo ao mesmo tempo a velha e a nova Hollywood. E a narrativa onde se conta a derradeira cena de Spencer Tracy para Adivinhe Quem Vem Para Jantar. Com a saúde em pandarecos, Spencer fez chorar todos que estavam no set. E a gente também, mesmo a distância, já que se sabe que Tracy morreu três dias depois.

Pois é, quase tudo assim. Um testemunhal vivo e rico sobre aquela fase de transição difícil. Você vai começar a leitura e só parar no “The End”.

* Goida é jornalista, pesquisador e autor, entre outros, de Enciclopédia dos quadrinhos que será relançado pela L&PM em setembro deste ano. Este texto foi especialmente escrito para o Blog L&PM.

Sid Vicious não era brincadeira

O modelo clássico, quase fiel ao original

Apesar de ter menos de vinte anos quando entrou na roda punk londrina, Sid Vicious não era exatamente alguém que estivesse a fim de brincar, como mostra o depoimento de Jim Marshall no livro Mate-me por favor (Please Kill me): “Todo mundo sabia que Sid Vicious estava no Hurrah´s naquela noite. Quando alguém famoso como Sid está num lugar, você sabe onde ele está, você fica dando umas olhadinhas por cima do ombro, só pra ficar de olho nele pra ver se ele vai fazer alguma coisa bárbara, e, é claro, vi Sid dar uma garrafada em Todd Smith, irmão de Patti Smith”.

Se vivo fosse, Sid Vicious estaria comemorando 54 anos hoje. Nascido John Simon Ritchie-Beverly, foi baterista do Siouxsie & The Banshees e baixista da banda Sex Pistols. Filho de um ex-guarda com uma hippie, aos vinte anos, conheceu Nancy, a namorada que ele acabaria matando em meio a um delírio de drogas. Mas se a vida de Sid não foi exatamente uma brincadeira, isso não é motivo para que não existam muitos bonecos punks para homenageá-lo. Escolha o seu preferido e brinque com ele se for capaz…

Sid com ares de Elvis, mas o olhinho fechado não deixa dúvidas...

Esse é o único jeito de Sid Vicious ser fofo

É um boneco? Uma escultura? Ou Sid João Bobo?

Sid Toy Art parece um Playmobil Punk

27. A última enciclopédia da era pré-Google

Por Ivan Pinheiro Machado*

O Jorge Furtado todo mundo conhece. Além de festejado roteirista e diretor de TV, é um dos grandes cineastas brasileiros, autor de “Meu tio matou um cara”, “Era uma vez dois verões”, “O homem que copiava”, o clássico curta-metragem “Ilha das Flores”, entre tantos outros trabalhos importantes. O Giba Assis Brasil é outro homem de cinema, exímio montador, parceiro de Jorge Furtado em praticamente todos os seus trabalhos, sócio dele na Casa de Cinema de Porto Alegre – que tem ainda Carlos Gerbase, Nora Goulart, Luciana Tomasi e Ana Luiza Azevedo como sócios. Ambos foram responsáveis pelo projeto de uma grande enciclopédia da cultura brasileira que a L&PM planejava executar e publicar. Se você perguntar ao Jorge ou ao Giba porque não saiu este que foi um dos projetos mais carinhosamente acalentados pela L&PM na época, eles dirão: “em poucos anos os caras estariam inventando o Google, e então…”.

Giba Assis Brasil e Jorge Furtado, atualmente

Tudo começou em 1981. O escritor Josué Guimarães entrou na nossa sala (o Lima e eu trabalhávamos na mesma sala) e declarou solenemente: “Não tenho mais tempo nem saco para ir nas escolas dar palestras para os estudantes. Me perdoem, tenho cinco livros pra escrever e a partir de agora vou me dedicar somente aos meus livros e ao meu trabalho na Folha de S. Paulo”. Dito isto, o Josué sorriu e completou: “Mas eu tenho uma ideia”. Foi assim que nasceu a L&PM Vídeo, uma ideia do Josué Guimarães. Seria assim: nós gravaríamos o depoimento dos autores da editora com um roteiro baseado nas questões que costumeiramente são postas pelos estudantes nas escolas. Então, em vez do autor, iriam até as escolas um operador, um aparelho de TV e o vídeo.

Contratamos o jornalista Marcelo Lopes para tocar a nova empresa. Depois vieram trabalhar no projeto Jorge Furtado, Giba Assis Brasil e José Pedro Goulart, que foi parceiro de Jorge e Giba em vários curta-metragens consagrados. Entre outros trabalhos, produzimos o único depoimento que Josué Guimarães deixou para a posteridade, já que morreria pouco tempo depois, em 1986. Gravamos ainda vários autores e especialmente um precioso vídeo que mostra o pintor Iberê Camargo executando diante das câmeras um retrato do escultor Xico Stockinger.

A verdade é que fizemos uma produtora de vídeos culturais muito antes de existir mercado e viabilidade econômica. Tudo era ainda muito precário, o equipamento caríssimo, não havia patrocínio e nós não conseguimos descobrir uma forma de ganhar algum dinheiro com aquilo. Passado o entusiasmo, faltou o dinheiro. Então, caímos na realidade, vendemos o equipamento e fechamos a produtora. E o Jorge e o Giba ficaram desempregados.

Foi aí então que resolvemos recontratar a dupla, já que eles estavam interessados em fazer a nossa tão sonhada “Enciclopédia da Cultura Brasileira” – uma grande enciclopédia que reuniria todos os nomes importantes da cultura brasileira, incluindo (apenas) cinema, literatura, música, artes plásticas, teatro, arquitetura e jornalismo. Mas… depois de 3.000 fichas prontas com os dados completos de pessoas e principais fatos da cultura brasileira em todos os tempos, os dois rapazes desapareceram. Antes que enlouquecessem, foram fazer seus filmes, seguir sua vocação. Durante muito tempo eu guardei as fichas em enormes caixas de papelão. Eu me divertia especialmente quando encontrava o Giba que, envergonhadíssimo, queria nos indenizar por não ter concluído o projeto… Mas a verdade é que, poucos anos depois, o mundo mudou. E, caso tivéssemos levado o projeto adiante, o Google certamente passaria como uma patrola sobre a nossa enciclopédia…

*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o vigésimo sétimo post da Série “Era uma vez… uma editora“.

Luís XVI no trono da França

Ele ainda nem havia completado 20 anos quando, no dia 10 de maio de 1774, foi coroado soberano absoluto da França. Luís XVI, marido de Maria Antonieta, não tornou-se tão grandioso quanto seu avô, Luís XV, mas entrou para a história como o monarca que perdeu a cabeça para a Revolução Francesa.

O corpo do rei não passa de uma carapaça de feridas endurecidas que o recobrem por inteiro, inclusive suas pálpebras, e dão a seu rosto acobreado, quase enegrecido, o aspecto de uma “cara de mouro”. Luís XV expirou no dia seguinte, 10 de maio, por volta das dezesseis horas, depois de uma noite de sufocamentos e estertores. (…) Luís Augusto e Maria Antonieta, que estavam refugiados na outra ponta do castelo, souberam da morte do rei pela boca do mestre de cerimônias. Assim que o óbito foi anunciado, o delfim “soltou um grande grito”, mas não teve tempo de cair em lágrimas, pois ao mesmo tempo espalhou-se pelo castelo “um ruído terrível e absolutamente semelhante ao do trovão”: era a turba de cortesãos que, depois de desertar a antecâmera do soberano falecido, vinha com toda a pressa saudar o novo mestre da França. A condessa de Noailles foi a primeira a lhe conferir o título de Majestade. Abatido de tristeza, mas comovido, ou constrangido, por tanta solicitude, o novo rei não pode evitar dizer num suspiro: “Que fardo! E não me ensinaram nada” Parece que o universo vai cair sobre mim!”  (Trecho de Luís XVI – Série Biografias L&PM)

Na ausência de um soberano enérgico, as rédeas do poder flutuam. Nascido em 1754, vítima de uma educação desastradamente fenelonista para um futuro rei, o neto de Luís XV carece cruelmente de vontade e de autoconfiança. Benevolente, generoso, de uma piedade exemplar, preocupado em fazer tudo de forma correta, sobe ao trono a contragosto em 1774, com 19 anos. Passado o primeiro entusiasmo, causa decepção. Suas aspirações ao mesmo tempo conservadoras e progressistas se traduzem por constantes oscilações entre firmeza e fraqueza, o que encoraja intrigas no seio do ambiente político do qual sofre a influência e padece com as mesquinharias. (Trecho de Revolução Francesa – Série Encyclopaedia L&PM) 

Ele era o rei da França, 16º com o nome de Luís, herdeiro de uma linhagem que há mais de dez séculos edificara e governara o reino da flor-de-lis e que, pela graça de Deus, tornara-o um dos mais poderoso do mundo. Seus reis eram de direito divino; a França era a filha mais velha da Igreja, e um Luís, o IX, morto em uma cruzada, se tornara São Luís. No entanto, naquela manhã de segunda-feira, 21 de setembro de 1792, enquanto um nevoeiro gelado paralisa Paris e abafa o rufar dos tambores que batem sem interrupção, Luís XVI é apenas Luís Capeto, ex-rei da França, ex-rei dos franceses. Seu corpo será cortado em dois, e assim será separado o corpo do rei do da nação. (Trecho de Revolução Francesa Vol. I – O povo e o rei, de Max Gallo)

 

Mãe de escritor só tem uma

No clima do Dia das Mães, aí vai uma homenagem a mulheres sem as quais algumas das pessoas mais admiráveis do mundo não existiriam: 

Gabrielle, mãe de Jack Kerouac

Clara, mãe de Agatha Christie

Amalie, mãe de Freud

Jane, mãe de Mark Twain

Clélia, mãe de Castro Alves

Maria Magdalena, mãe de Fernando Pessoa

Katharina, mãe de Charles Bukowski