Luís XVI no trono da França

Ele ainda nem havia completado 20 anos quando, no dia 10 de maio de 1774, foi coroado soberano absoluto da França. Luís XVI, marido de Maria Antonieta, não tornou-se tão grandioso quanto seu avô, Luís XV, mas entrou para a história como o monarca que perdeu a cabeça para a Revolução Francesa.

O corpo do rei não passa de uma carapaça de feridas endurecidas que o recobrem por inteiro, inclusive suas pálpebras, e dão a seu rosto acobreado, quase enegrecido, o aspecto de uma “cara de mouro”. Luís XV expirou no dia seguinte, 10 de maio, por volta das dezesseis horas, depois de uma noite de sufocamentos e estertores. (…) Luís Augusto e Maria Antonieta, que estavam refugiados na outra ponta do castelo, souberam da morte do rei pela boca do mestre de cerimônias. Assim que o óbito foi anunciado, o delfim “soltou um grande grito”, mas não teve tempo de cair em lágrimas, pois ao mesmo tempo espalhou-se pelo castelo “um ruído terrível e absolutamente semelhante ao do trovão”: era a turba de cortesãos que, depois de desertar a antecâmera do soberano falecido, vinha com toda a pressa saudar o novo mestre da França. A condessa de Noailles foi a primeira a lhe conferir o título de Majestade. Abatido de tristeza, mas comovido, ou constrangido, por tanta solicitude, o novo rei não pode evitar dizer num suspiro: “Que fardo! E não me ensinaram nada” Parece que o universo vai cair sobre mim!”  (Trecho de Luís XVI – Série Biografias L&PM)

Na ausência de um soberano enérgico, as rédeas do poder flutuam. Nascido em 1754, vítima de uma educação desastradamente fenelonista para um futuro rei, o neto de Luís XV carece cruelmente de vontade e de autoconfiança. Benevolente, generoso, de uma piedade exemplar, preocupado em fazer tudo de forma correta, sobe ao trono a contragosto em 1774, com 19 anos. Passado o primeiro entusiasmo, causa decepção. Suas aspirações ao mesmo tempo conservadoras e progressistas se traduzem por constantes oscilações entre firmeza e fraqueza, o que encoraja intrigas no seio do ambiente político do qual sofre a influência e padece com as mesquinharias. (Trecho de Revolução Francesa – Série Encyclopaedia L&PM) 

Ele era o rei da França, 16º com o nome de Luís, herdeiro de uma linhagem que há mais de dez séculos edificara e governara o reino da flor-de-lis e que, pela graça de Deus, tornara-o um dos mais poderoso do mundo. Seus reis eram de direito divino; a França era a filha mais velha da Igreja, e um Luís, o IX, morto em uma cruzada, se tornara São Luís. No entanto, naquela manhã de segunda-feira, 21 de setembro de 1792, enquanto um nevoeiro gelado paralisa Paris e abafa o rufar dos tambores que batem sem interrupção, Luís XVI é apenas Luís Capeto, ex-rei da França, ex-rei dos franceses. Seu corpo será cortado em dois, e assim será separado o corpo do rei do da nação. (Trecho de Revolução Francesa Vol. I – O povo e o rei, de Max Gallo)

 

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