“Guernica” em 3D

E se fosse possível “entrar” na Guernica e ter a sensação de participar da cena que inspirou Picasso a pintar o quadro? Os objetos ganhariam volume e você teria a certeza de poder tocá-los. Pelo menos é esta a expectativa com o lançamento do 3D Art Book, de Tristan Eaton, que traz, além da Guernica de Picasso, obras de arte de diversos artistas como Kenzo Minami e Gary Taxali.

Quem tiver em casa um óculos de lentes azul e vermelha, pode começar agora mesmo:

"Guernica", de Picasso. (clique para ampliar)

Quadro do artista Kenzo Minami (clique para ampliar)

Peças de Gary Taxali (clique para ampliar)

Via Zupi.

Música com inspiração literária

Quem é fã, acaba se tornando especialista sobre o ídolo. Vive à caça de referências, obras raras e informações e, sempre que possível, não poupa homenagens: dá o nome do ídolo a animais de estimação, objetos, filhos e – por que não? – projetos profissionais. É o caso dos integrantes da banda russa Agatha Christie:

No site oficial da banda, todas as músicas estão disponíveis para streaming em vídeo.

Além da Rainha do Crime, o autor de On the road também ganhou versão musical: a banda inglesa Kerouac lançou no ano passado o EP Cold and Distant, Not Loving.

Para completar o setlist literário, aí vai uma sugestão para quem gosta de rock inglês dos anos 80: Virgínia Wolf (assim mesmo, com apenas um “o”). Veja o clipe oficial da música Waiting for your love, do álbum Push (1987):

Quem nunca confundiu Líbia com Líbano?

O pessoal do Jornal Nacional já trocou a bandeira da Líbia pela do Líbano no programa ao vivo, forçando o apresentador William Bonner a se desculpar em público. Apesar do nome parecido, eles ficam bem distantes no mapa – um na África, outro na Ásia.

A Líbia não sai do noticiário. Já o Líbano está na Série Quadrinhos da L&PM. O livro Valsa com Bashir conta a história de um veterano de guerra que tenta recuperar fragmentos perdidos de suas lembranças da Guerra do Líbano nos anos 80, e para isso, sai procurando seus velhos colegas para entrevistas cheias de remorso e catarse. Veja o teaser do livro em vídeo:

O “Frankenstein” de Tim Burton

Em 1984, quando era apenas um estudante do Instituto de Artes da Califórnia, Tim Burton produziu e filmou o curta Frankenweenie, uma paródia do filme Frankenstein, de 1931. No entanto, a criação do jovem cineasta não agradou. Na época, ele trabalhava na Walt Disney Company como aprendiz de animação e a empresa ainda financiava seus estudos. Mas após a estreia do curta, Tim Burton foi demitido sob a alegação de que não valia a pena investir em alguém que fazia filmes como Frankenweenie, considerado muito assustador e inadequado para a época.

Quase três décadas depois, eis que Frankenweenie é recuperado pela mesma Walt Disney Company e vai virar um longa-metragem em stopmotion sob a batuta do próprio Tim Burton – que hoje é um diretor pra lá de reconhecido. A estreia está prevista para março de 2012.

Enquanto o novo filme não fica pronto, assista à primeira parte do curta renegado pela Disney em 1984 e crie suas próprias expecativas.

A L&PM publica a história de Frankenstein em versão pocket e no volume Clássicos do Terror, da série Ouro.

Será que teremos Lovecraft em 3D?

15 de março é o aniversário de morte de H. P. Lovecraft. Nesse dia, em 1937, com apenas 46 anos, o escritor se foi depois lutar quase um ano contra um câncer de intestino. Lovecraft morreu praticamente sem dinheiro e foi enterrado no jazigo da família no Swan Point Cemetery. Segundo testemunhas, apenas um pequeno grupo compareceu ao funeral: alguns amigos, seu editor, a ex-esposa, vizinhos e um casal de parentes distantes. Mas ao longo dos anos, no entanto, outros tantos vieram e, agora, são muitos os fãs e admiradores do autor de A tumbaO caso de Charles Dexter Ward e Nas montanhas da loucura que visitam o local, deixando pequenos presentes e fazendo com que o lugar pareça uma espécie de memorial.

Com seu estilo gótico e fantástico de escrever, Lovecraft talvez tenha sido mais famoso após a sua morte do que era em vida. Entre seus confessos admiradores, estão Tim Burton e o diretor mexicano Guillermo Del Toro (não confundir com Benício Del Toro!). Este último, aliás, declarou que está preparando a filmagem de Nas Montanhas da Loucura em 3D. O diretor de Hellboy sonha alto e já declarou que o filme baseado no livro de Lovecraft seria para sua carreira o que Titanic foi para James Cameron. Questionado pela revista Empire sobre as dificuldades na adaptação, Del Toro declarou que está reescrevendo sem parar: “Sigo reescrevendo, não por questões de orçamento, mas criativas (…) Lovecraft é dificílimo de adaptar. Ele é o mestre da ambigüidade e o cinema é uma questão de especificidade.”

Guillermo del Toro conseguirá filmar "Nas montanhas da loucura"? (Imagem via Live for Films)

As filmagens estavam previstas para junho de 2011, mas há poucos dias, a Universal, que bancaria o projeto de 150 milhões de dólares, deu para trás e cancelou a participação. O motivo seria a provável classificação “R” que o filme receberia – isso baseado no conteúdo do livro, uma obra de terror. “R” é o certificado que torna a película suscetível a receber censura acima de 17 anos nos EUA, o que faria com que ele fosse menos “comerciável”. Mesmo assim, Del Toro declarou que ainda tem esperanças de retomar com a Universal, principalmente agora que Tom Cruise teria confirmado sua participação no elenco.

Digamos que o suspense está no ar… Façam suas apostas.

19. O perigoso ofício de editor

Por Ivan Pinheiro Machado*

Todo editor com alguma presença no mercado sofre um assédio diário por parte de escritores novos ou nem tanto. É um lado estranho da profissão, pois temos que administrar a absoluta impossibilidade de publicar 99,9% do que nos é oferecido, tendo o cuidado de não fulminar sonhos, ilusões e, por que não, vocações. As editoras mais atuantes do mercado, sem exceção, têm o seu projeto editorial. Em cada uma delas, há um grupo de profissionais que faz a prospecção de novos títulos. Sempre dentro de uma ideia de conjunto de lançamentos e respeitando as séries, as grandes coleções e finalmente aquilo que chamamos a “cara” da editora ou, falando sério, a filosofia da editora. Ou seja, não se faz uma projeto de programação anual esperando que chegue algum original genial pelo correio ou, modernamente, num PDF via e-mail. Não. O projeto editorial de uma editora de respeito é sempre previamente traçado e a busca de títulos obedece a critérios rigorosos, tanto comerciais, como culturais. E isto, obviamente, não impede que sejam descobertos autores inéditos.

Mas há, de parte de muita gente, a ideia de que o editor TEM que ler o seu livro, TEM que publicar seus primeiros poemas. Alguns autores não admitem a recusa. Acham que uma editora comercial é uma fundação sem fins lucrativos. Enquanto que, na verdade, uma editora é um negócio como outro qualquer; tem dezenas, às vezes centenas, de funcionários, investe em matéria-prima, equipamento, tecnologia, marketing dos autores, prestadores de serviço, etc, etc. Ou seja, uma editora tem que ter resultado comercial para poder pagar seus escritores, fornecedores e sobreviver como negócio. Dito isto, vou contar uma pequena fábula sobre o perigosíssimo ofício de editor:

Um punhal surge do escuro

Foi lá pelo começo dos anos 1990. Um jovem poeta, conhecido meu e filho de uma pessoa de muito prestígio na cidade, ligava insistentemente pedindo para falar comigo. Eu, sabendo o motivo do telefonema, instruía minha secretária a dizer que não estava para ver se o cara percebia que eu não queria falar. Mas ele insistiu, insistiu tanto, que eu acabei atendendo. Ele queria publicar os seus poemas para a Feira do Livro de Porto Alegre daquele ano. Eu expliquei que não estávamos fazendo livros de poesia, que a Feira do Livro estava muito em cima da hora (dois meses) e que – ele me perdoasse – mas era comercialmente muito complicado publicar poetas estreantes, etc. etc. Então ele pediu que, pelo menos, eu lesse os poemas dele. E se despediu bastante aborrecido. Prometi que leria seu precioso livro. E cumpri. Li os primeiros três poemas. Eram tão primários, infantis (o cara tinha uns 35 anos) que parei de ler e esqueci do assunto. Nossa sede era um sobrado na aprazível rua Nova York no bairro Higienópolis em Porto Alegre. Um dia de inverno, fiquei trabalhando até mais tarde e fui o último a sair, já noite fechada. Meu carro estava estacionado em frente à editora. Distraído, eu fechava o portão, quando uma sombra saltou de trás de uma árvore. Meu coração disparou, pois imaginei um assalto. O vulto aproximou-se e a luz do poste de iluminação da rua fez com que rebrilhasse uma faca com uma lâmina de mais ou menos um palmo de comprimento. Parei aterrorizado. Quando consegui tirar os olhos da faca e olhar na cara do sujeito vi que era ninguém menos do que… o poeta. Seus olhos faiscavam. “Agora terás que me dizer por que não vais publicar meus poemas!!!”

Dei dois passos para trás. Fiquei com vontade de correr, afinal, como dizia o personagem de Albert Finney em “À sombra do vulcão”(de John Huston), aquela seria “uma forma estúpida de morrer”. Mas correr seria uma imensa humilhação. Aos poucos, retomei a coragem e falei mansamente, sempre cuidando aquela lâmina ameaçadora. “Calma fulano (perdoem, mas não posso dizer o nome do cara), quem é que disse que eu não vou publicar o teu livro?”. Ele parou, fez um ar de espanto e deixou cair os braços. Ficou olhando aparvalhado para a faca e dizia baixinho: “o que que eu estou fazendo”. Enquanto ele fazia esta reflexão, eu saltei prá dentro do meu carro e saí cantando pneu. O coração batia na boca. Nunca mais vi o poeta. Pra dizer a verdade, nunca mais ouvi falar do poeta. Mas, para todos os efeitos, sempre que saio da editora mais tarde, anoitecendo – até hoje – sempre olho para os lados. Pode aparecer um assaltante, é verdade, mas aprendi a tomar cuidado, sobretudo, com os poetas incompreendidos.

Para ler o próximo post da série “Era uma vez uma editora…” clique aqui.

A estrada que trouxe a foto de “On the Road”

Por Paula Taitelbaum

Não me pergunte como cheguei até Walter Salles. Foi uma espécie de estrada, trilhada pelos caminhos virtuais da internet, e que fizeram com que o endereço de email dele estacionasse na minha caixa de entrada. Com a bênção de Jack Kerouac, Walter respondeu à primeira mensagem que enviei, e que pedia uma pequena entrevista para o site da L&PM sobre On the Road, livro publicado por aqui e cuja história ele estava rodando na época. Aliás, não falei: isso foi há quase um ano. Em janeiro de 2011, enviei um novo e-mail elogiando as primeiras fotos divulgadas do filme e, de carona, comentei o quanto o “still” do Garrett Hedlund, um dos atores principais, havia feito sucesso entre as garotas do Núcleo de Comunicação L&PM. Walter, num misto de gentileza e provocação, enviou-me então duas fotos P&B que mostravam o galã Garrett na pele de Dean Moriarty, dançando num inferninho do México. Assim que eu abri os anexos, foi uma gritaria geral na sala (ok, exagerei, não gritamos, só suspiramos, vá lá…). A questão é que não podíamos mostrar as imagens pra ninguém. Muito menos passar adiante. E isso ele nem precisou dizer. Fotos como estas necessitam de uma autorização formal para serem usadas. Nada a fazer a não ser suspirar, portanto… E ali ficaram as imagens guardadas em uma pasta do meu computador.

Com a proximidade do aniversário de Jack Kerouac, 12 de março, comecei a pensar em como poderíamos fazer algo especial para comemorar a data. Será que não haveria a possibilidade de liberarem uma das fotos? Afinal, publicamos On the Road – o manuscrito original. Diante da minha pergunta, Walter foi novamente de uma gentileza ímpar e prometeu falar com a produtora, a francesa MK2, sobre a possibilidade de nos liberar uma das imagens, inédita no mundo. Depois do Carnaval, a resposta chegou: podíamos escolher uma das fotos. A MK2 escaneou a imagem (a  foto era em papel!) feita por Gregory Smith, nos mandou em alta, e autorizou a publicação no site da L&PM. Foi assim que, na sexta, dia 11 de março, um dia antes do aniversário de Kerouac, começamos a divulgar, através das redes sociais da editora, que a foto seria publicada em primeira mão no sábado ao meio-dia.

Sábado de manhã, o  Twitter mostrou o seu poder, fazendo com que a notícia se espalhasse rapidamente pelo mundo: começaram a chegar mensagens vindas da Europa, Ásia e EUA. Sites e blogs internacionais de fãs de Garrett Hedlund, Kristen Stewart, Jack Kerouac e On the Road também trataram de ajudar espontaneamente na divulgação. Quando a foto foi ao ar, os acessos saltaram. Muitos agradeceram o presente. Outros tantos disseram que Kerouac estava devidamente homenageado. Vários se mostraram ansiosos pela chegada do filme. E nós seguimos suspirando. Imagine quando o filme estreiar…

 

Nossa estante de poesia

O dia do aniversário de Castro Alves, 14 de março, é também o Dia Nacional da Poesia no Brasil. O autor de Espumas flutuantes e Os escravos divide não só o aniversário, mas também a nossa estante de poesia com diversos outros autores do gênero como Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Olavo Bilac, Mario Quintana, Millôr Fernandes, Martha MedeirosPaula Taitelbaum e Affonso Romano de Sant’Anna.

Junto com os brasileiros, os portugueses Fernando Pessoa e Florbela Espanca e o chileno Pablo Neruda também marcam presença. Mas estes a gente deixa pra homenagear na próxima segunda, 21 de março, quando comemoramos o Dia Internacional da Poesia.

Instante decisivo

Uma fotografia é um registro que ultrapassa o próprio momento e imprime o olhar do fotógrafo.  Henry Cartier Bresson dizia que uma fotografia era um “instante decisivo”. Não é a toa que uma fotografia faz com que viajemos nos tempo, nos remetamos a idas épocas, nos aproximemos de pessoas a que nunca teríamos conhecido o rosto.

As fotografias abaixo são decisivas: um convite para uma viagem no tempo/espaço. Veja Picasso tocando trompete, Marilyn Monroe de ponta-cabeça e Woody Allen com uma boneca inflável. Veja!

Pablo Picasso

Marilyn Monroe

Andy Warhol e Michael Jackson

Woody Allen

Salvador Dalí

 Via This is not porn

10.000 mulheres na cama de Simenon

Quantas mulheres você conheceu biblicamente?
SIMENON – Falaram em dez mil.

E você, o que diz?
SIMENON – Talvez uma a mais, ou uma a menos.

Profissionais ou amadoras?
SIMENON – Muitas jovens atrizes e bailarinas.

As perguntas e respostas acima fazem parte de uma entrevista que o escritor Georges Simenon concedeu ao italiano Roberto Gervaso e que foi publicada na íntegra pela Revista Oitenta, editada pela L&PM em 1984. Anos antes, em uma outra conversa com o cineasta Frederico Fellini, Simenon já havia declarado publicamente que dormira com dez mil mulheres (Renato Gaúcho morreria de inveja!). Um comportamento que, cá entre nós, é inversamente proporcional ao de Maigret, o famoso personagem criado pelo escritor. Bem-comportado e fiel à sua esposa, o comissário Maigret  pulou a cerca apenas uma vez e só teria feito isso para conseguir uma informação importante de uma prostituta. Criador e criatura, portanto, não poderiam ser mais diferentes.

E não restam mesmo dúvidas de que Simenon era um conquistador (um garanhão?) e que amava o sexo oposto. Tanto que, no final da década de 40, viveu com três mulheres sob o mesmo teto: a oficial e mais duas amantes. Uma delas, Denise Ouimet, viria a ser sua segunda esposa. E foi Denise que, décadas mais tarde, ao se divorciar de Simenon, declararia que o ex-marido não era tudo isso: “Georges não dormiu com 10.000 mulheres, foram apenas 1.200” disse ela. Como um autor que escreveu centenas de livros conseguiu ter tempo para tantas aventuras é a pergunta que não quer calar.

Simenon e Denise que, após o divórcio, declararia: "Foram apenas 1.200 mulheres"