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Há oito anos, morria Cartier-Bresson, o olhar do século 20

Um dia, ficamos sabendo: ‘Henri Cartier-Bresson está morto e enterrado’. Na hora, ninguém duvida da notícia, como é costume acontecer quando se trata de grandes personagens; a precaução é supérflua, pois a maneira como desapareceu de nosso campo de visão foi típica sua. (…) Esse homem, chamado com razão de ‘o olhar do século’, pousou pela última vez seu olhar sobre o mundo. Depois, fechou-se a cortina. Mais do que cansado, estava exausto. Ele se apagou suavemente. 

 Dali a poucos dias, ele festejaria 96 anos. Morreu no dia 3 de agosto de 2004, em sua casa no Luberon. Foi sepultado em Montjustin, seu vilarejo de eleição na Haute-Provence, em presença de uma dezena de pessoas. Os moradores de Montjustin plantaram uma oliveira aos pés de sua tumba, e os fotógrafos da Magnum fizeram o mesmo à cabeceira. 

(Trecho do capítulo “O olhar se fecha sobre o século, do livro Cartier-Bresson: O olhar do século )  

Cartier-Bresson jamais andava sem a sua Leica

Cartier-Brasson morreu em 03 de agosto de 2004. Responsável por imagens emblemáticas, que marcaram o século 20, o fotógrafo capturou momentos, olhares, gestos, luzes e sombras. Marilyn Monroe, Jean-Paul Sartre, Coco Chanel, William Faulkner, Samuel Beckett e Albert Camus foram alguns dos famosos clicados por ele. Mas sua câmera, sempre à tiracolo, não fotografava só celebridades. A Guerra Civil Espanhola, a Alemanha em ruínas, a libertação de Paris, os funerais de Churchill e Gandhi. Tudo isso ficou eternizado em belíssimas e marcantes imagens que vieram do talento de Cartier-Bresson.    

No livro Cartier-Bresson: O olhar do século (Coleção L&PM Pocket), Pierre Assouline resgata a trajetória do homem que mudou a fotografia, do início ao fim de sua vida. E faz isso com um texto realmente envolvente.  

Assouline, biógrafo de personalidades como o escritor Georges Simenon, traçou o perfil do grande artista, revelando a parceria histórica de Cartier-Bresson e sua inseparável Leica e mostrando que o olhar do fotógrafo não tinha limites, refletindo o caráter universal da natureza humana. 

Cartier-Bresson fotografou de tudo. De crianças em escombros de guerra...

...a celebridades como Marilyn Monroe

Já tem programa pro final de semana?

Além de sugerir a leitura de um bom livro, a gente dá a dica de algumas exposições e de uma peça de teatro.

QUERO SER MARILYN MONROE em São Paulo – Esta exposição começa neste domingo, 4 de março, na Cinemateca Brasileira em São Paulo. Serão 125 obras de 50 artistas distribuídas nos 500 m² da mostra. Uma oportunidade imperdível para ver de perto as imagens do maior mito do cinema feitas por mestres como Cartier-Bresson, Andy Warhol, Douglas Kirkland, Cecil Beaton, Milton H. Greene, Richard Lindner, Kim Dong-Yoo, entre outros.  Quem não puder ir até lá, a dica é ler a excelente biografia de Marilyn escrita por Anne Plantagenet.

MODIGLIANI: IMAGENS DE UMA VIDA no Rio de JaneiroEm exposição no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, é a maior mostra do pintor italiano no Brasil. Ficará no Rio até final de março e, a partir de abril, vai para o Masp, em São Paulo. O curador de Modigliani: imagens de uma vida é Christian Parisot, autor do volume Modigliani na Série Biografias L&PM e presidente do Modigliani Institut Archives Légalés.

FREDERICO GARCÍA LORCA, PEQUENO POEMA INFINITO em Porto Alegre –  José Mauro Brant e Antonio Gilberto assinam o roteiro da peça Federico García Lorca – Pequeno Poema Infinito, uma biografia teatral deste que é considerado um dos maiores dramaturgos e poetas da língua espanhola.  A montagem propõe uma viagem sensorial, onde a palavra e a música recriam no imaginário do ouvinte, os perfumes e a “luz antiga das horas mortas” nas ruas de Granada, berço de Lorca. No Teatro do Sesc de hoje a domingo

SOB A LUZ DE HENRI CARTIER-BRESSON em Curitiba – Inspirado no estilo do fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson, Marcelo Buainain expõe montou uma mostra com suas fotos chamada “Sob a Luz de Henri Cartier-Bresson”, em cartaz na Galeria da Escola Portfolio, em Curitiba, até 27 de março. São 18 fotos com diversas paisagens, feitas por Buainain durante viagens pela França, Índia e Brasil, entre outros países. Cartier Bresson: o olhar de um século, aliás, é um dos livros que acaba de chegar na coleção L&PM Pocket.

Um retrato “rasgado” de Cartier-Bresson

No prefácio do livro Cartier-Bresson – o olhar do século, que acaba de chegar à Coleção L&PM Pocket, o biógrafo Pierre Assouline não se constrange em assumir publicamente sua paixão pelo biografado. E diferente do que podem pensar os mais puristas, isto não é demérito algum. Pelo contrário: ele consegue contaminar o leitor, que embarca numa instigante viagem pela vida de um dos maiores fotógrafos que o mundo já conheceu.

Sob o título “Quando o herói se torna um amigo”, o prefácio de Pierre começa descrevendo como foi seu primeiro encontro com Cartier-Bresson em 1994 e segue dando pistas da personalidade que ele ajudou a desvendar nas páginas que seguem, deixando o leitor com água na boca. Bem no início, ainda é possível identificar algum compromisso com a objetividade exigida de um jornalista em relação a seu objeto de trabalho. Mas depois de alguns parágrafos, ele sucumbe à emoção:

É curioso bater nas costas de um mito, insólito contradizer uma lenda, estranho interpelar uma instituição, arriscado criticar um clássico, audacioso corrigir um monumento… No Japão, diriam que ele é um tesouro nacional vivo. Com um levantar de ombros, um gesto da mão, Henri Cartier-Bresson liquida esse falso problema. Considera todas essas palavras verdadeiros palavrões. Até mesmo o suave nome de “artista” o exaspera, tanto vê nele uma noção burguesa herdada do século anterior.

Apesar do encanto, é impossível não mencionar o já conhecido temperamento difícil do mestre da fotografia como traço marcante de sua personalidade:

Cartier-Bresson é a impaciência em pessoa, mas também a curiosidade, a indignação, o entusiasmo e a cólera. Esse meditativo frenético não para no lugar, incapaz de dominar seu próprio temperamento, como se a verdadeira vida estivesse sempre no movimento. Sua intranquilidade acaba por perturbar a paisagem. Ele é daqueles que devem sua nobreza à excentricidade. Nada o deixa mais secretamente feliz do que fazer um uso deliberado do aristocrático prazer de desagradar. Quando pensamos em tudo o que seus olhos viram, sentimos vertigens.

Assouline finaliza sua longa e rasgada introdução preparando o leitor para as páginas que vêm a seguir:

Se quisermos entender Henri Cartier-Bresson, precisamos nos desfazer da concepção tradicional de tempo e assimilar outra, às vezes anacrônica, em que o calendário dos fatos não necessariamente coincide com o das emoções. Precisamos também levar em conta que o tempo do relógio não é o mesmo do homem, que cada um tem sua mística interior e que contar os acontecimentos de uma vida sem levar em conta a própria lógica seria tão inútil quanto lembrar uma ópera por seu libreto. Proust disse tudo isso, e mais: “Há dias montanhosos e árduos que levamos um tempo infinito a escalar, e dias de declive que se deixam percorrer a toda velocidade, cantando”.

Cartier-Bresson passou sua vida assim. Ele não viajou, ele morou no exterior sem se perguntar quando voltaria. Mais do que uma sutileza, trata-se de outra compreensão do mundo. Sua obra é prova disso.

Cartier-Bresson – o olhar do século foi publicado pela primeira vez pela L&PM em 2003, em formato convencional, e agora chega à Coleção L&PM Pocket com o mesmo conteúdo da edição anterior, encarte com fotos e tudo mais, só que em formato de bolso. (Nanni Rios)

Instante decisivo

Uma fotografia é um registro que ultrapassa o próprio momento e imprime o olhar do fotógrafo.  Henry Cartier Bresson dizia que uma fotografia era um “instante decisivo”. Não é a toa que uma fotografia faz com que viajemos nos tempo, nos remetamos a idas épocas, nos aproximemos de pessoas a que nunca teríamos conhecido o rosto.

As fotografias abaixo são decisivas: um convite para uma viagem no tempo/espaço. Veja Picasso tocando trompete, Marilyn Monroe de ponta-cabeça e Woody Allen com uma boneca inflável. Veja!

Pablo Picasso

Marilyn Monroe

Andy Warhol e Michael Jackson

Woody Allen

Salvador Dalí

 Via This is not porn