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Os últimos dias de Tolstói

Em 1910, Leon Tolstói já contava 82 anos. Mas nem a idade avançada e a saúde frágil o fizeram perder de vista a coerência entre seu modo de vida e seus ideais. Apesar da pressão de sua esposa para que lhe deixasse em testamento os direitos sobre sua obra, ele resolveu fazer o que achava certo: modificou seu testamento sem que ela soubesse. Para garantir que sua obra se tornasse pública após sua morte, todos os direitos foram deixados como herança para um de seus discípulos mais fiéis.

Feito isto, o melhor a fazer era abandonar tudo e fugir em busca de uma vida diferente. Ao deixar a mansão na calada da noite para uma longa viagem de trem, Tolstói renunciava definitivamente à família, à propriedade, mas também à própria vida. O frio, a fumaça e as péssimas acomodações dos vagões da terceira classe (já que luxo e conforto não estavam em acordo com a vida simples que buscava) lhe renderam uma penumonia, que se agravou rapidamente e culminou em sua morte no dia 20 de novembro de 1910, aos 82 anos, numa modesta estação de trem em Astapovo, cercado de curiosos, seguidores fanáticos, e de uma das filhas, a única da família que aderiu à sua cruzada.

A saga dos últimos meses de vida do autor de Guerra e paz está contada no filme A última estação (2009), do diretor Michael Hoffman, lançado em 2009. Emocionante e intenso, o longa traz Christopher Plummer no papel de Tolstói e Dame Helen Mirren como sua esposa Sofia. Veja o trailer:

Aristocrata russo, filho do conde Nicolau Ilich Tolstói e da princesa Maria Nikolayevna Volkonski, Leon Tolstói teve uma infância carente e complicada. Sua mãe morreu quando ele tinha dois anos e seu pai foi vítima fatal de uma apoplexia antes do pequeno Leon completar dez anos. Ele e os três irmãos foram criados por parentes próximos na província de Kazan. Já adulto e incentivado por seu irmão, o tenente Nicolai Tolstói, Leon alistou-se no exército e participou da guerra da Turquia e da guerra da Criméia, onde conheceu profundamente a vida militar, os horrores e os heroísmos de uma guerra. Quando finalmente desligou-se do exército, já com 30 anos, ele conheceu a bela e moscovita Sofia, com quem se casou e teve 13 filhos. Foi neste período que ele escreveu suas obras mais conhecidas: Guerra e paz e Anna Karenina.

Anarquista convicto, Tolstói era admirado pelo filósofo Joseph Proudhon, cujas ideias coincidiam com a filosofia que ele difundia entre seus empregados e vizinhos. Seus escritos foram aplaudidos também por seus contemporâneos russos Fiódor Dostoiévski, Ivan Turguêniev e Anton Tchékhov e festejados por Gustave Flaubert, que comparou-o a William Shakespeare.

No final de sua vida, trocou intensa correspondência com Mahatma Ghandi, cuja teoria de resistência não-violenta tinha muito em comum com suas teses, inclusive as que ficaram imortalizadas no tratado pacifista Guerra e paz, uma das maiores obras da literatura mundial – não só em volume de páginas mas também em excelência literária.

Na apresentação da edição de bolso de Guerra e Paz publicada pela L&PM em 4 volumes, o editor Ivan Pinheiro Machado faz a seguinte comparação: “Guernica de Pablo Picasso está para o povo espanhol assim como Guerra e paz de Leon Tolstói está para o povo russo”.

Já não resta dúvidas de que este livro é leitura obrigatória, né? 🙂

Woody Allen: um documentário

Woody Allen é mais do que diretor, roteirista e ator. Woddy Allen é… Woody Allen. E é justamente para contar a história de como ele virou o que virou que Woody Allen: A Documentary foi concebido. O documentário, do premiado diretor de TV Robert Weide, será exibido pela primeira vez em 20 e 21 de novembro, dividido em duas partes, pelo canal norteamericano PBS.

Weide teve um acesso sem precedentes ao trabalho de Woody Allen e acompanhou o diretor durante um ano e meio, das filmagens de “Você vai conhecer o homem dos seus sonhos” até a estreia de “Meia-noite em Paris” no Festival de Cannes. Em seu documentário, Weide apresenta a infância de Woody Allen no Brooklyn, fala de seus primeiros shows profissionais na adolescência, analisa desde os filmes mais antigos até os mais recentes, observa os hábitos do “cineasta independente” e seu relacionamento com seus atores, aborda as peças escritas por Allen e mostra os shows de jazz clandestinos em que ele toca seu clarinete. Entre os que deram seus depoimentos, estão Diane Keaton, Martin Scorsese, Scarlett Johansson, Sean Penn, Antonio Banderas e Penélope Cruz.

Segundo o produtor Brett Ratner, o plano é exibir o documentário também nos cinemas, em versão reduzida, mas nenhuma data foi definida ainda. Ficamos torcendo para que Woody Allen: A Documentary chegue logo por aqui, pois pelo trailer, parece ser imperdível:

Conheça os livros de Woody Allen publicados na Coleção L&PM Pocket.

Onde está o Wilde?

Ontem, no seriado A Grande Família da Globo, Marco Nanini levou um dos nossos para a cama. Não sabemos se foi uma escolha dele ou da produção, mas adoramos ver o nosso Oscar Wilde da Série Biografias nas mãos do grande Nanini. Veja alguns frames que pegamos no episódio chamado “Vide Bula” e clique aqui para assistir à cena completa que já está disponível no Youtube:

A Ilha do Tesouro para todos os públicos

A Ilha do Tesouro acaba de ser lançado em uma bela edição com capa dura na série Clássicos da Literatura em Quadrinhos. Escrito em 1883 por Robert Louis Stevenson, o livro conta a história do jovem Jim Hawkins que, ao encontrar o mapa do Capitão Flint, sai à caça do tesouro dos piratas. Uma história que já foi adaptada para o cinema e para a televisão pelo menos 25 vezes. A primeira produção que se tem notícia na TV é uma série de 26 episódios, produzida em 1955 com o nome de “The Adventures of Long John Silver” (o pirata Long John Silver é um dos personagens principais da história). Na grande tela, a obra de Robert Louis Stevenson foi adaptada pela primeira vez em 1918 para o cinema mudo. Em 1934, veio a primeira versão para o cinema falado. Entre as produções seguintes, o destaque é o filme de 1972 que apresentava Orson Welles no papel de Long John Silver.

Orson Welles na versão pirata da perna de pau

Este ano, mais dois filmes de A Ilha do Tesouro começaram a ser produzidos e uma nova minissérie estreia na TV,  no canal inglês Sky1, em 25 de dezembro. A minissérie “Treasure Island” é uma superprodução que traz no elenco nomes como Elijah Wood (o Frodo de O Senhor dos Anéis) e Donald Sutherland na pele do Capitão Flint. Ela tem dois episódios de 120 minutos que provavelmente serão exibidos pelo mercado internacional com quatro episódios de uma hora de duração.

O elenco da nova minissérie de "A Ilha do Tesouro" que estreia no dia de Natal na Inglaterra (clique para ampliar)

Infelizmente, “Treasure Island” ainda não tem previsão de quando será exibida no Brasil. Mas os livros da L&PM estão aí, em pocket e agora em quadrinhos, para você ir conhecendo esta incrível história que foi a primeira da literatura a mostrar um mapa do tesouro (marcado com um X) e um pirata com a perna de pau e um papagaio no ombro.

O espírito de Will Eisner em São Paulo

Depois de passar pelo festival Rio Comicon em outubro, a exposição O espírito vivo de Will Eisner acaba de chegar na capital paulista e fica até o dia 18 de dezembro no Centro Cultural São Paulo. A mostra traz 106 desenhos originais do artista, além de uma estátua de 38cm do Spirit, o personagem mais famoso de Will Eisner, fundida em bronze a partir de um molde em cera do artista Peter Poplaski.

Exposição O ESPÍRITO VIVO DE WILL EISNER

Spirit forjado em bronze

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Parte dos originais de "Um contrato com Deus"

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O espírito vivo de Will Eisner em São Paulo

Quer ver mais fotos da exposição? No Flickr tem várias 🙂

Nascido no Brooklyn, em Nova York, Will Eisner começou a publicar as primeiras histórias na revista WOW What a Magazine! em 1936 e, em 1940, criou o Spirit, uma série de tiras de quadrinhos que era publicada como suplemento de um jornal dominical. Os enquadramentos inovadores e os efeitos de luz e sombra davam um quê de film noir para as aventuras do detetive mascarado Denny Colt.

Além da qualidade do roteiro e da arte, a presença de belas mulheres, cenas hilariantes, melodramáticas, mas que enfatizavam sobretudo o aspecto humano dos personagens fizeram da série Spirit um ícone na história das graphic novels no mundo. A L&PM publicou cinco álbuns da série em meados dos anos 80.

Marvel procura desenhistas de HQs no Brasil

Você se considera um bambambãn dos quadrinhos no Brasil? Um ilustrador nato? Um desenhista talentosíssimo que ainda não foi reconhecido? Então trate de tentar encontrar C. B. Cebulski, o vice-presidente e caça-talentos da Marvel mundial que está em terra brasilis pela primeira vez.

Em entrevista ao caderno Ilustrada da Folha de S. Paulo de 15 de novembro, ele disse que “Entrar no mercado de quadrinhos é como sair da cadeia. Uma vez que você descobre como, o caminho está livre”. Na semana passada, Cebulski participou da 7ª edição do FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos), em Belo Horizonte. Mas antes passou por São Paulo e avaliou portfólios na escola Impacto Quadrinhos.

O Brasil, ele avalia, está enfim no ponto certo. Nos anos 90, era comum encontrar “mulheres hiperssexualizadas e homens másculos”, dois grandes clichês da HQ nacional. Hoje, no entanto, a pluralidade é bem maior e prova disso é a diversidade encontrada nos traços de Fábio Moon e Gabriel Bá, Rafael Grampá e Luke Ross.

Mas Cebulski avisa: não adianta achar que vai ser contratado de cara para desenhar a prata da casa, como Homem-Aranha e Wolverine. “É como os grandes times de futebol. Sendo realista, tem de começar nos times de base.”

O vice-presidente e caça-talentos da Marvel está no Brasil, alguém se habilita?

E por falar nisso, você já deu uma olhada na nova Enciclopédia dos Quadrinhos?

Jane Austen envenenada por arsênico?

A morte prematura da escritora Jane Austen, com apenas 41 anos, já foi atribuída a muitas coisas: doença de Addison, câncer, linfoma de Hodgkin, tuberculose bovina e doença de Brill-Zinsser. Mas agora, quase 200 anos depois de sua morte, ocorrida em 1817, uma nova e inquetante tese surgiu. A escritora britânica de novelas policiais Lindsay Ashford defende que a causa mortis de Austen foi a ingestão prolongada de arsênico. Os passos que levaram Ashford a esta conclusão começaram em 2008, quando seu companheiro arranjou em um emprego em Chawton House, uma bela mansão rural na região de Hampshire que, coincidência ou não, pertenceu a um irmão de Jane Austen, Edward. Em 1809, quando o pai de Jane morreu, a romancista, sua irmã Cassandra e sua mãe foram viver no pequeno solar que Edward possuía no parque de sua propriedade. E foi justamente esta casa, que hoje pertence a um descendente dos Austen, que Ashford alugou.

O projeto inicial da novelista era apenas o de escrever mais uma história policial, eventualmente protagonizada pela sua habitual heroína, a psicóloga Megan Rhys. Mas ninguém  habita impunemente a casa onde morou e trabalhou Jane Austen e certa manhã, quando lia um dos volumes da correspondência de Jane Austen, Ashford deparou-se com uma carta que ela escrevera, poucos meses antes de morrer, à sua sobrinha Fanny Knight, explicando que se sentia melhor e que estava recuperando o seu aspecto habitual. Parecendo referir-se ao seu rosto – já que usa a expressão my looks –, Austen escreve na carta que tivera a pele manchada de “negro, branco e de todas as cores erradas”.

Como Ashford pesquisa modernas técnicas forenses e os efeitos de certos venenos no corpo para escrever seus livros, ela logo percebeu que os sintomas citados na carta de Jane Austen pareciam muito com a pigmentação causada pelo consumo de arsênico, onde aparecem manchas na pele que variam de marrom a preto, passando pelo branco.

Pouco depois, a novelista conheceu o ex-presidente da Jane Austen Society of North America, que lhe disse que havia uma mecha de cabelo de Jane Austen em exibição num museu nas proximidades. A mecha, que fora comprada em 1948 por um casal já falecido, tinha sido testada por eles para arsênico com resultado positivo.  Mas é bom lembrar, no entanto, que o arsênio era um dos ingredientes da solução de Fowler que, na época, usava-se como tratamento para tudo, desde o reumatismo – algo que se queixaram de Austen em suas cartas – até sífilis.

“Depois de todas as minhas pesquisas eu acho que é muito provável que ela recebeu um medicamento que contém arsênico. Quando você olha para sua lista de sintomas e os compara à lista de sintomas de arsênico, há uma correlação surpreendente”, disse Ashford ao jornal britânico The Guardian. “Eu não acho que o assassinato está fora de questão”, disse ela. “Muita coisa não foi revelada e poderia ter havido um motivo para o homicídio.”

Este, aliás, é o tema do novo romance de Lindsay Ashford, “The Mysterious Death of Miss Austen” (A misteriosa morte de Miss Austen), lançado há poucas semanas em Londres.

A professora Janet Todd, de Cambridge, e especialista em Jane Austen, disse que assassinato é pouco provável. “Eu duvido muito que ela tenha sido envenenada intencionalmente. Mas a possibilidade que tenha sido tratada com arsênico para o reumatismo, por exemplo, é bastante provável”, disse a professora.

Embora Ashford esteja interessada em ver ossos da autora de Orgulho e Preconceito, Persuasão e A abadia de Northanger analisados pela medicina forense moderna, ela sabe que isso dificilmente vai acontecer. Talvez certas coisas não precisem ser desenterradas…

A autobiografia de Alice B. Toklas: Paris, Picasso, Matisse e a “Geração Perdida”

Gertrude Stein voltou com tudo em 2011. Primeiro, no mega sucesso internacional de Woody Allen, o filme “Meia noite em Paris”, onde ela e sua famosa casa na rue Fleurus 27,  em Paris, são protagonistas. E depois pela maravilhosa exposição “Matisse, Cézanne, Picasso: l’aventure des Stein”  no Grand Palais, em Paris, inaugurada dia 5 de outubro e que vai até 15 de janeiro de 2012.

Esta “A autobiografia de Alice B. Toklas” explica tudo. Alice foi a companheira de Gertrude pela vida inteira. E juntas foram testemunhas oculares do nascimento da arte moderna. Ela conta a sua história pela boca de Alice; no tempo em que Paris era uma festa e Picasso, Matisse, Cézanne e toda a arte moderna pintavam, amavam, se divertiam, sofriam e passavam fome na capital de todas as revoluções. Mais tarde nos anos 20, Gertrude trocou os pintores pelos escritores. Inventou a célebre expressão “Geração Perdida” para os jovens autores americanos que ela havia descoberto pelas ruas de Paris; Ernest Hemingway e Francis Scott Fitizgerald.

Enfim. “A autobiografia de Alice B. Toklas” é uma reedição importantíssima (foi lançado pela L&PM pela primeira vez no Brasil em 1984). Um livro imperdível, onde o você, leitor, através do talento de Gertrude Stein conhecerá a intimidade, os fatos, as histórias e as lendas de um período fundamental na história da arte e da literatura. (Ivan Pinheiro Machado)  

Alice e Gertrude, em 1944, no interior da França

Gertrude e Alice foram companheiras até o fim da vida

Gertrude e Alice foram companheiras até o fim da vida

Gertrude ajudou muitos artistas a alçarem vôos maiores

Alice e Gertrude na sua casa em Paris (clique para aumentar)

Coleção L&PM Pocket é uma das 115 razões para amar Porto Alegre

Uma edição especial encartada na Revista Veja desta semana, 14 de novembro, apresenta uma lista com as 115 razões para amar a cidade de Porto Alegre. Há parques, personalidades, recantos, refúgios, restaurantes, centros culturais, museus e até escritores nascidos na capital gaúcha como Moacyr Scliar, Caio Fernando Abreu, Martha Medeiros e Luiz Antonio de Assis Brasil. E, para nossa surpresa, entre os adoráveis motivos, estão também os pockets da L&PM:

Nas páginas da edição especial de Veja: nascida em Porto Alegre, a Coleção L&PM Pocket está no Brasil inteiro

Olinda ou Ouro Preto: escolha seu destino literário

Começam nesta sexta-feira, dia 11 de novembro, dois festivais literários – e felizes daqueles que puderem aproveitar suas programações. Em Olinda, Pernambuco, tem início a sétima edição da Fliporto (Festa Literária Internacional de Pernambuco) que, este ano, homenageia a literatura do Oriente e o sociólogo Gilberto Freyre. A programação da Fliporto inclui uma conferência de abertura, hoje, às 19h com o indiano Deepak Chopra e segue até terça com nomes como antilhano Derek Walcott (Prêmio Nobel de Literatura de 92), o angolano Gonçalo M. Tavares, o paquistanês Tariq Ali e o libanês Joumana Haddad. A Fliporto, que encerra na terça, dia 15 de novembro, espera receber 80 mil visitantes.

Olinda é palco da Fliporto

Já o Fórum das Letras, em Ouro Preto, também acontece de hoje à terça, das 9h e 21h (e também está em sua sétima edição!). Em parceria com a Revista Bravo!, a programação mineira destaca a participação da companhia americana Living Theatre que, em 1971, passou por Ouro Preto e acabou sendo notícia mundial quando 21 integrantes do grupo acabaram presos pelo Dops. Quarenta anos depois, o Living Theatre volta ao Brasil (mas sem a sua fundadora, Judith Malina, que cancelou sua presença na última hora). Mas mesmo sem Judith os integrantes prometem realizar uma apresentação “histórica” neste final de semana.

Em Ouro Preto acontece o Fórum das Letras