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Nada de dar meias pro seu pai!

Ainda não sabe o que dar de presente para o seu pai? Meias, cuecas, pantufa e pijama nem pensar! Gravata também não parece ser uma boa ideia. Garrafa de vinho você já deu no ano passado. Caneta seu pai já tem várias. Celular novo ele ganha de presente da operadora. IPad ainda está meio caro. Então, quem sabe… livros! E nem venha dizer que ele é do tipo que não lê. Até porque, aqui na L&PM, tem livros até para pais que preferem histórias em quadrinhos e receitas. Vale tudo. Só não vale esquecer dele.

CENAS DE UMA REVOLUÇÃO – Um livro perfeito para pais que gostam de cinema. Escrito pelo jornalista Mark Harris, Cenas de Uma Revolução conta a história de cinco filmes que concorreram ao Oscar 1967: Bonnie & Clyde, A primeira noite de um homem, O fantástico Doutor Dolittle, Adivinhe quem vem para o jantar e No calor da noite. A partir da história destas cinco produções, Harris traça um painel cultural do embate que estava acontecendo entre a velha e a nova Hollywood. Divertido e atual! (leia a crítica que o jornalista Goida escreveu sobre este livro)

AS VEIAS ABERTAS DA AMÉRICA LATINA – É muito provável que seu pai já conheça este livro de Eduardo Galeano. Mas talvez ele nunca tenha visto a nova edição publicada pela L&PM – em formato convecional e pocket – com nova capa e  introdução do autor, tradução de Sergio Faraco e índice analítico. As veias abertas da América Latina é repleto de humanismo e vendeu milhões de exemplares em todo mundo. Se o seu pai é de esquerda (ou simpatizante dela), não pense duas vezes: este é o presente para ele!

CAIXA ESPECIAL GASTRONOMIA – Pais que gostam de dar uma de cheff de cozinha (ou que pelo menos tentam cozinhar) com certeza vão curtir esta caixa que reúne dez livros da série Gastronomia L&PM. Tem de tudo: receitas de carnes, pescados, churrasco, molhos, pratos lights, patisseria, aves, arroz e muito mais. Sem contar que fica linda na cozinha.

PEANUTS COMPLETO 4 – Se o seu pai é do tipo descolado (ou adora o estilo vintage) ele vai achar o máximo este livro com capa dura e formato diferenciado. Peanuts completo: 1957- 1958 é o quarto volume desta série com as primeiras tiras que Charles Schulz desenhou com Charlie Brown, Linus, Lucy, Schroeder, Violet, Patty Pimentinha, Woodstock e, claro, o cão mais querido do planeta: Snoopy. Se achar que é pouco, você ainda pode optar pela caixa com dois volumes. Que puxa! Vai ser um presentão.

A ENTREVISTA DE MILLÔR FERNANDES – O que o seu pai andava fazendo lá pelos anos 80? Ok, ok, melhor nem perguntar… É que foi nesta época que Millôr Fernandes concedeu uma grande entrevista à Revista Oitenta. Entrevista que virou um livro com as grandes pérolas do pensamento de Millôr (“Agora, esse negócio de hippie dizer que vai destruir a família é besteira; a família é um nódulo eterno”). O longo, denso e divertido depoimento permanece atual e é um presente que dá o que falar (e o que pensar).

FELIZ POR NADA – Se o seu pai for um cara romântico, sensível, que gosta de pensar na vida, filosofar sobre o amor e valoriza a família e a amizade, provavelmente o mais recente livro de crônicas de Martha Medeiros será um ótimo presente pra ele. São mais de 80 crônicas que abordam assuntos atuais, de forma leve e muito próxima ao leitor. Feliz por nada tornou-se o livro mais vendido do Brasil na categoria “não ficção” e atualmente está no topo da lista da Revista Veja.

JÔ NA ESTRADA – Seu pai gosta de uma história picante? Se a resposta foi “sim”, aqui está o livro certo pra ele. Em Jô na Estrada, David Coimbra narra, em forma de folhetim, as aventuras da voluptosa Jô e seus “seios apontados para o céu, o bumbum impecável, as pernas longas, roliças, rijas”. E o melhor é que essa descrição vem acompanhada de muitos desenhos do ilustrador Gilmar Fraga – que tratou de fazer jus à personagem.

PERVERSAS FAMÍLIAS – Calma, não se assuste com o título. Seu pai com certeza é inteligente o suficiente para entender que você está dando a ele um ótimo livro e não uma mensagem subliminar. Perversas Famílias, de Luiz Antonio de Assis Brasil, é o primeiro livro da série “Um castelo no pampa” e narra a saga da família Borges da Fonseca e Menezes, que se confunde com a história do próprio Rio Grande do Sul. E vale dizer que seu pai nem precisa ser gaúcho para se emocionar com este romance. Um verdadeiro épico.

E claro que isso não é tudo. Outras sugestões são livros de Jack Kerouac, Woody Allen, Machado de Assis, Paris: biografia de uma cidade, além dos mais recentes títulos das séries Biografias e Encyclopaedia.

40. A volta da maior enciclopédia de quadrinhos do Brasil

Por Ivan Pinheiro Machado*

Goida é o codinome de Hiron Goidanich, um dos mais versáteis e respeitados intelectuais brasileiros. Além de grande boa praça, leitor compulsivo, publicitário, jornalista cultural com mais de meio século de atividades, Goida é um dos maiores arquivos deste país. Especialista em cinema e histórias em quadrinhos, Goida sabe, literalmente, tudo sobre estes assuntos. Aquela HQ que foi publicada somente durante 4 anos na década de 40 pela Ebal, ou o nome brasileiro de algum filme “B” americano da década de 50? Ele sabe.

Foi uma consultoria preciosa nos dois grandes projetos de dicionários de cinema que  fizemos aqui na L&PM. O primeiro, do francês Georges Sadoul e o segundo do também francês Jean Tulard. Eram milhares de filmes nos seus nomes originais. E tudo isto, obviamente, tinha que ser publicado com o título com que passou nas telas brasileiras. Como se sabe, as traduções no Brasil não são nem um pouco ortodoxas… Por exemplo, o clássico “Shane” virou “Os Brutos também amam”, “Annie Hall”, de Woody Allen, se transformou em “Noivo neurótico, noiva nervosa”, enfim, só um especialista abnegado, sábio e obcecado era capaz de enfrentar este desafio na era pré-Google. E Goida sempre fez isto com a maior naturalidade. Durante décadas, ele foi crítico de cinema do jornal Zero Hora de Porto Alegre. Na década de 80, baseado no seu acervo de HQs ele fez a maior enciclopédia brasileira de quadrinhos, publicada em 1990 pela L&PM. Este livro tornou-se um clássico, desapareceu das livrarias e passou a ser um “hit” no site “Estande virtual” de livros usados.

A capa da primeira edição da "Enciclopédia dos Quadrinhos", organizada por Goida

Agora, 21 anos depois, em colaboração com André Kleinert, ele concluiu a atualização dos verbetes e ampliou consideravelmente a “Enciclopédia dos quadrinhos”. Das 400 páginas originais da edição de 1990, a versão 2011 terá mais de 600 páginas e deverá ser lançada no final de setembro.

*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o quadragésimo post da Série “Era uma vez… uma editora“.

Woody Allen, câmera, ação!

O cara de camisa azul e calça bege da foto abaixo é ninguém mais, ninguém menos do que Woody Allen. O diretor foi clicado hoje no centro de Roma durante as filmagens de seu novo filme, Bop Decameron. Note que os inseparáveis óculos de aro preto não fazem parte da cena. Provavelmente porque, naquele momento, Woody usava outras lentes: as da câmera.

Woody Allen iniciou as filmagens de Bop Decameron no último domingo, dia 11 de julho. O diretor fará novamente parte do seu próprio elenco e atuará ao lado de nomes como Ellen Page (de “Juno”), Jesse Eisenberg (de “A Rede Social”), Alec Baldwin, Penélope Cruz e os italianos Roberto Benigni e Ornella Muti. Já estamos curiosos para conferir o resultado. Por enquanto, veja as primeiras fotos das gravações.

Peça “Adultérios”, de Woody Allen, estreia hoje em São Paulo

A cortina sobe num dia cinzento em Nova York. Pode haver até um pouco de nevoeiro. O ambiente sugere um ponto isolado próximo das margens do rio Hudson, onde as pessoas podem se apoiar sobre o parapeito, observar os barcos e ver a praia de New Jersey. Provavelmente entre as ruas 70 e 80 Oeste. Jim Swain, escritor, com idade entre quarenta e cinquenta anos, está esperando nervoso, conferindo o relógio, andando de um lado para outro, tentando ligar para um número no celular, sem resposta. Está claramente esperando por alguém. Esfrega as mãos, confere se está chovendo e talvez puxe a gola do casaco um pouco para cima ao sentir ao menos uma névoa úmida. Em seguida, um homem grande, sem-teto, com barba por fazer, um morador de rua mais ou menos da idade de Jim, passa meio que de olho nele. Seu nome é Fred. Fred acaba se aproximando de Jim, que está cada vez mais consciente da presença dele e que, embora não esteja exatamente com medo, fica desconfiado por estar numa região erma com um sujeito grande e mal-encarado. Acrescente-se a isso o fato de Jim querer que seu encontro com quem quer que ele esteja esperando seja muito em particular. Afinal, Fred puxa conversa.

Assim começa a primeira peça de Adultérios, livro de Woody Allen que apresenta três deliciosas e divertidas histórias que se passam em Nova York e seus arredores e trazem os mais legítimos personagens de Allen. Pois, hoje, 08 de julho,  estreia em São Paulo a montagem de Adultérios (cujo título original é Central Park West). É a primeira vez que este texto de Woody Allen é adaptado aos palcos brasileiros e marca o retorno de Fabio Assunção ao teatro. Além dele, estão no elenco Norival Rizzo e Carol Mariottini. O diretor Alexandre Reinecke optou por alternar Fábio Assunção e Norival Rizzo nos papéis do mendigo Fred e do escritor Jim Swain que, no início da peça, espera sua amante com a intenção de terminar o relacionamento com ela. Fred, esquizofrênico e inteligente, puxa conversa com ele e, lá pelas tantas, acusa Jim de ter roubado sua história para escrever o roteiro de seu filme (que é sucesso de bilheteria). Como essa história termina? Bom, nesse caso, só leia o livro e assistindo à peça. Ou melhor: fazendo os dois.

Os três atores de "Adultérios" em cena / Foto de divulgação

ADULTÉRIOS
Estréia:
8 de julho, sexta-feira, 21h30
Local: Teatro Shopping Frei Caneca (Rua Frei Caneca, 569 – 6º Andar)
Horários: Sextas, às 21h30 – Sábados, às 20h e às 22h – Domingos, às 19h.
Temporada: De 8 de julho a 25 de setembro de 2011
Preços: Sextas: R$ 50,00 – Sábados: R$ 70,00 – Domingos: R$ 60,00.
Duração: 60 minutos
Lotação: 600 lugares
Classificação Etária: 12 anos
Horário de funcionamento da bilheteria: terça à quinta, no 6º andar, das 13h às 19h; de sexta a domingo, no 6º andar, das 13h até o início dos espetáculos. Telefones da bilheteria: 3472.2229 e 3472.2230
Vendas pela Internet: www.ingressorapido.com.br e 11.4003.1212

O livro que inspirou Woody Allen a escrever “Meia noite em Paris”

Woody Allen é um intelectual europeu. Sempre foi. E a prova disso é seu culto à Nova York, a menos americana de todas as cidades americanas. Quem leu “Cuca Fundida”, “Sem Plumas”, e todos os contos e peças de Allen, poderá constatar que ele não é um cineasta americano. É um cineasta internacional. Nos últimos tempos, Woody Allen escancara esta condição ao fazer filmes que contemplam cidades cosmopolitas do mundo e personagens com diferentes sotaques. Tenho ouvido pessoas tentando criticar “Meia noite em Paris”, dizendo que é um filme de clichês, uma visão americanizada da cultura européia. Não acho. Esta, na verdade, é a nossa visão. Mesmo porque, a impressão que nós temos da Europa é aquecida pelo ponto de vista que os americanos têm do Velho Mundo. E quem disse que esta é uma falsa visão?

Se você ainda não leu, leia o livro de Gertrude Stein Autobiografia de Alice B. Toklas. É escancaradamente uma das inspirações para o roteiro de “Meia noite em Paris”. Você vai entender porque Paris era o paraíso dos intelectuais e artistas na primeira metade do século XX. Na verdade, Paris era o paraíso de TODOS os artistas. Se ficou esta ideia de uma “visão americana” da Paris, é porque os americanos Hemingway, Fitzgerald, Henry Miller, Gertrude Stein, T. S. Eliot, sem dúvida nenhuma escreviam bem melhor do que os outros… (Ivan Pinheiro Machado)

Veja alguns trechos do livro que certamente inspirou Woody Allen:

“A casa da Rue de Fleurus, número 27, se compunha, tal como hoje, de um minúsculo pavilhão de dois andares com quatro pecinhas, cozinha e banheiro, e um vasto ateliê anexo. (…) Toquei a campainha do sobrado e fui levada ao minúsculo vestíbulo e depois à pequena sala de refeições forradas de livros. No único espaço livre, as portas, havia desenhos de Picasso e Matisse presos por tachinhas.”

“Eliot [T.S. Eliot] e Gertrude Stein mantiveram uma conversa solene, principalmente a respeito de infinitivos separados por preposições e outros solecismos gramaticais e por que motivos Gertrude Stein gostava de usá-los.”

“A primeira coisa que aconteceu quando regressamos a Paris foi encontrar Hemingway com uma carta de recomendação de Sherwood Anderson. Eu me lembro muito bem da impressão que tive de Hemingway naquela primeira tarde. Era um rapaz extraordinariamente bonito, de vinte e três anos de idade. Faltava pouco tempo para todo mundo ter vinte e seis…”

“Getrude Stein e Fitzgerald são muito estranhos na relação que mantêm entre si. Gertrudes Stein tinha ficado impressionadíssima com Ths Side of Paradise. Leu quando saiu e antes de conhecer qualquer escritor da nova geração americana. Disse que considerava o livro como a primeira manifestação pública da nova geração. E nunca mais mudou de opinião.”

Gertrude Stein (de cabelo preso à direita) e sua companheira Alice Toklas na casa de Paris em 1923

Woody Allen à moda italiana

Antes do seu encontro com os estudantes, Woody Allen posa ao lado da foto da atriz italiana Anna Magnani

Depois de Paris, a Itália é o próximo destino de Woody Allen. “Bop Decameron” começa a ser filmado no dia 11 de julho em Roma e Lazio. Para alegria dos fãs, o diretor fará novamente parte do seu próprio elenco e atuará ao lado de nomes como Ellen Page (de Juno), Jesse Eisenberg (de Facebook), Alec Baldwin, Penélope Cruz e os italianos Roberto Benigni e Ornella Muti. Semana passada, vestindo calça bege e chapeuzinho verde, junto com uma pequena equipe de colaboradores, Allen percorreu alguns pontos turísticos para escolher as locações do filme. Segundo a imprensa italiana, ele ficou bastante interessado no Capitólio e em um “gueto judeu” localizado no centro de Roma. Como o título indica, “Bop Decameron” será livremente inspirado em “Decamerão” de Boccaccio. Woody Allen ficará na Itália até o final de agosto quando as filmagens serão concluídas. Há uma semana atrás, ele visitou o Centro Experimental de Cinematografia, onde aconselhou os jovens alunos a deixarem de lado as regras e seguirem seu instinto. Mas parece que, em “Bop Decameron”, além do “feeling”, Allen também usará sua vontade de prestar uma homenagem a Fellini e outros grande diretores italianos. Pelo menos foi isso o que ele falou há um tempo atrás.

Mas enquanto o novo filme não chega, além de assistir a “Meia-noite em Paris” (em cartaz em todo os Brasil), os amantes da sétima arte “woodyalleniana” podem aproveitar seu estilo nos livros da Coleção L&PM POCKET.

Duas visões sobre “Meia noite em Paris”, de Woody Allen

Assim que o novo filme de Woody Allen estreou no Brasil, na última sexta-feira, dia 17 de junho, corremos para as salas de cinema mais próximas para conferir o que prometia ser mais uma obra-prima de um dos nossos cineastas preferidos. E, mais uma vez, ele não decepcionou!

O editor Ivan Pinheiro Machado e a editora de vídeos da WebTV, Laura Linn, compartilham a seguir suas impressões sobre o filme.

Meia Noite em Paris: Cinema e literatura como metáfora

Por Ivan Pinheiro Machado

Digamos que você não seja um cinéfilo, um especialista em cinema. Mas mesmo assim gosta muito de cinema e procura acompanhar os lançamentos, vez que outra se aventura num filme de arte, mas também não despreza uma comédia romântica. Eu sou mais ou menos assim. Como, aliás, todo mundo. Adoro cinema. Afora os filmes violentos demais, com tiros demais, que eu abandonei definitivamente, eu vejo tudo.

E ontem vi um filme extraordinário: Meia noite em Paris, de Woody Allen. O filme é um tributo a duas coisas que são caras à muita gente: literatura e Paris.

Woody Allen, o velho bruxo, foi para frente do seu caldeirão fumegante e começou a desfiar seus sortilégios. Uma trama simples, descomplicada, vai tomando corpo tendo como pano de fundo uma cidade-espetáculo e a mitologia cultural gerada pelos anos 20.

Se você leu Autobiografia de Alice B. Toklas de Gertrude Stein (L&PM Pocket), então você é um privilegiado. Se também leu Salvador Dali (Coleção Pocket Plus), Jean Cocteau, se viu Belle de Jour, de Buñuel, se leu Grande Gatsby, de Fitzgerald e O Sol também se levanta, de Ernest Hemngway, se leu os poemas de T. S. Elliot e os livros do próprio Woody Allen publicados na coleção L&PM Pocket como Cuca Fundida, Sem Plumas, Adultérios, Que Loucura, se ouviu Cole Porter, se curte Picasso, Maitisse, Modigliani, então melhor ainda.

A maestria de Woody Allen faz com que os delírios de Gil, o escritor americano semi-frustrado de férias em Paris, fiquem absolutamente naturais. Mas eu não vou contar o filme. Vá ao cinema mais próximo e delicie-se com um mergulho nos velhos e bons tempos. Ajude a aquecer a doce lenda de que Paris foi e sempre será uma festa. E veja um Woody Allen puro sangue, daqueles em que ele acerta a mão e que dá vontade de aplaudir quando o filme acaba.

Meia noite em Paris, um hino de amor à Cidade Luz

Por Laura Linn*

Woody Allen revela todo o encanto da Cidade Luz, em seu novo filme, Meia noite em Paris, enfocando a magia, o charme e a beleza da eterna capital do romantismo. Um homem comum, despretencioso, que sonha em ser escritor e morar em uma Paris chuvosa dos anos 20, onde viveram grandes artistas e escritores como Ernest Hemingway, Gertrude Stein e Pablo Picasso. Allen homenageia a cidade utilizando o nonsense e o realismo fantástico que prende a atenção do espectador do começo ao fim. Une-se a fantasia à realidade, o passado ao presente com o desejo que as pessoas possuem de viver uma realidade diferente da sua.

Nos últimos anos, o diretor deixou sua amada Nova York e migrou para a Europa, realizando filmes maravilhosos como Match Point, Scoop, Vicky Cristina Barcelona, entre outros. Com diálogos divertidos, Woody Allen nos leva pelas ruas da cidade, mostrando o charme de Paris ao dia e a tranformação da cidade ao soar da meia noite. O espectador viaja no tempo, junto ao personagem, aos “loucos anos 20″e à “Belle Époque”, duas das mais marcantes décadas da capital francesa. A câmera passeia pela típica noite parisiense da época com seus cafés e bordéis, mulheres belíssimas e sedutoras, ao mesmo tempo em que encontra subitamente os maiores intelectuais da época, passando a conviver com ídolos na cidade de seus sonhos. Assim, vão desfilando a sua frente, Hemingway, Buñuel, Zelda e Scott Fitzgerald, Cole Porter e Salvador Dali. Sente-se uma vontade de viver aquela mesma história, encontrar esses grandes personagens da literatura, da música e das artes, apaixonar-se novamente.

Meia noite em Paris

Allen não é apenas um grande diretor, mas também um grande roteirista. São mais de 40 anos como cineasta e praticamente um filme realizado por ano. O que fascina nos filmes do diretor novaiorquino são os diálogos, a interpretação dos atores e a forma como ele mostra o cotidiano e o comportamento do ser humano na sociedade com romantismo, humor e drama. Meia noite em Paris é perpassado por um olhar crítico sobre a insatisfação das pessoas com a sua realidade. Com as belas paisagens de Paris, como pano de fundo, um humor sutil e atuações incríveis como de Marion Cottilard – que já ganhou um Oscar de Melhor Atriz como Piaf – o filme é um verdadeiro hino de amor à cidade.

*Laura Linn é editora de vídeos da L&PM WebTV e formada em Cinema pela PUC-RS.

Woody Allen de volta à Broadway

Em 1984, a L&PM publicou “Play it Again, Sam” ou, na tradução brasileira, “Sonhos de um sedutor”. O livro, hoje esgotado, traz o texto de uma peça que Woody Allen escreveu para a Broadway e que acabou virando filme. “Enquanto as luzes da platéia se apagam em resistência, ouvimos vozes de Humphrey Bogart e Mary Astor numa cena do filme “Relíquia Macabra”. No momento em que o pano sobe, Allan Felix está assistindo o filme na televisão na sala do seu apartamento, na rua 10 entre a Quinta e a Sexta Avenida, na cidade de Nova York”. Assim começa a peça que conta a vida de um típico personagem de Allen: com a cabeça cheia de neuroses, nervoso, tímido, inseguro e que sempre está recomeçando sua psicanálise. “Play it Again Sam” estreou no dia 12 de fevereiro de 1969, no Teatro Broadhurst em Nova York, com direção de Joseph Hardy e tendo o próprio Woody Allen no papel principal.

Pois eis que agora Allen retornará à Broadway. Se não como ator, novamente como escritor.  Ele é um dos autores de “Relatively Speaking”, uma comédia que será montada com três peças diferentes, cada uma delas com uma assinatura famosa. Junto com a peça “Honeymoon Motel”, de Woody Allen, estarão “Talking Cure” de Ethan Coen (um dos irmãos Coen) e “George is Dead” de Elaine May (roteirista duas vezes indicada ao Oscar). A montagem tripla terá direção do ator John Turturro. A pré-estreia está programada para setembro e a estreia oficial para outubro. Já é um bom motivo para visitar Nova York no outono, não?

Conheça aqui os livros de Woody Allen publicados pela L&PM.

Première de Woody Allen na abertura do Festival de Cannes

Quem não queria ter o privilégio de, na abertura do Festival de Cannes 2011, assistir ao novo filme de Woody Allen em sessão fechada? “Midnight in Paris” (Meia noite em Paris) abriu a 64ª edição do Festival que começou hoje. Quem assistiu, afirmou que, desde “Matchpoint”, Woody Allen não fazia um filme tão requintado, onde é possível ver uma “Paris idílica de cores quentes”.

O novo longa de Allen traz Owen Wilson no papel de um escritor roteirista que vaga pela noite da Cidade Luz até entrar em um carro antigo que o transporta para a Paris dos anos 1920, povoada de personalidades da literatura, artes plásticas e música. Até Picasso e Salvador Dalí cruzam o caminho do roteirista. “Midnight em Paris” traz ainda Rachel McAdams como a noiva do personagem de Owen e Carla Bruni-Sarkozy como uma funcionária do Museu Rodin. Carla, aliás, não esteve presente na première e alegou motivos “profissionais” e “pessoais” para a ausência. Segundo a revista francesa Gala, a primeira-dama francesa está mesmo grávida e dará à luz em Outubro.

“Midnight in Paris” estreará no Brasil em 17 de junho. Mas enquanto ele não chega, vale assistir ao trailer legendado, acompanhar o Festival de Cannes no site oficial do evento e, claro, ler Woody Allen. Pra começar, sugerimos os livos AdultériosCuca fundida, Sem plumasQue loucura!.

Woody Allen e o elenco de "Midnight in Paris"

E depois de “Midnight em Paris”, virá mais Woody Allen por aí. Há dois dias atrás, o cineasta declarou em uma entrevista que, para o próximo filme, vai escalar o seu ator preferido: ele mesmo. A nova película, ainda sem nome, será filmada em Roma e deve ser lançada no ano que vem. Além de Allen, o elenco terá Penélope Cruz, Ellen Page, Alec Baldwin e o italiano Roberto Benigni.  Mas esse já é outro assunto…

Woody Allen lê Machado de Assis

Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Woody Allen listou seus livros favoritos, que vão de J.D. Salinger a… Machado de Assis! Tamanha foi a nossa surpresa quando vimos o livro Memórias póstumas de Brás Cubas entre os preferidos do aclamado diretor de cinema, cujo próximo filme vai abrir o Festival de Cannes.

A qualidade da obra de Machado de Assis é indiscutível e elogios não são mais surpresa para ninguém. O surpreendente, na verdade, foi a forma como o livro do escritor carioca do século 19 chegou até Woody Allen: “Eu recebi pelo correio um dia. Algum estranho do Brasil me mandou e escreveu ‘você vai gostar disso’. Como é um livro fino, eu li. Se fosse grosso, eu teria descartado”, disse.

O diretor de Midnight in Paris não poupou elogios: “Fiquei chocado ao ver como é encantador. Não conseguia acreditar que ele viveu há tanto tempo, como ele viveu. Você pensaria que foi escrito ontem”. E o espanto não é pra menos: Memórias póstumas de Brás Cubas foi publicado originalmente em 1880.

No Brasil, Woody Allen está em casa – a mesma casa de Machado de Assis. Na Coleção L&PM Pocket, você encontra Adultérios, Cuca fundida, Que loucura! e Sem plumas.