Exposição sobre Kafka começa neste final de semana em São Paulo

Kafka_expo

A Casa Guilherme de Almeida, instituição da Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo, abre neste sábado, 18 de janeiro, a exposição “Franz Kafka e Praga”, que traz oito painéis biográficos do escritor tcheco (1883-1924), autor das obras A Metamorfose e O Processo. A mostra tem curadoria do Consulado Geral da República Tcheca e patrocínio da empresa brasileira BBZ. A exposição ficará em cartaz até 22 de fevereiro.

A exposição lembra os 130 anos do nascimento de Franz Kafka. As reproduções de fotos revelam diversos momentos de sua trajetória, desde a infância até seus últimos dias no sanatório. São mostradas imagens de lugares importantes de sua vida, de sua família e também de seus amores: Felice Bauer, Julie Wohryzek, Milena Jesenská e Dora Diamant.

Também figuram nos painéis capas das primeiras edições de seus livros, manuscritos e vários documentos. Cada painel é introduzido por um breve texto do próprio Kafka relacionado a algum momento de sua vida.

Palestra
Na data de abertura da exposição, dia 18, às 15h, o professor Helmut Galle dará uma palestra sobre Kafka e sua obra. Galle é graduado e doutorado pela Universidade Livre de Berlim e livre-docente em literatura alemã pela USP. Um de seus mais recentes trabalhos editados é o livro Fausto e a América Latina, do qual é organizador.

A Casa Guilherme de Almeida é administrada pela POIESIS Instituto de Apoio à Cultura, à Língua e à Literatura.

Serviço:
Exposição Franz Kafka e Praga
De 18 de janeiro a 22 de fevereiro

Casa Guilherme de Almeida
Rua Macapá, 187, Pacaembu
(11) 3673-1883 / 3672-1391
De terça a domingo, das 10h às 18h. Visitas espontâneas e agendadas.
Atende a escolas, mediante agendamento.
Entrada franca.
Site: www.casaguilhermedealmeida.org.br

Nos 450 anos de Shakespeare, artistas apontam quem foi influenciado por ele

A Folha de S. Paulo de hoje, 16 de janeiro, propôs a algumas pessoas do meio artístico que identificassem quais criações contemporâneas estão impregnadas pela obra de William Shakespeare, 450 anos depois do nascimento do autor inglês, – a serem  comemorados em 23 de abril deste ano.

Veja o resultado da brincadeira:

No vale a pena ver de novo

Walcyr Carrasco, escritor e autor de novelas, conta que criou os protagonistas da novela “O Cravo e a Rosa” a partir de uma releitura de “A megera domada”, comédia de Shakespeare. Os nomes dos personagens são iguais aos do original: Catarina, uma mulher que não se deixa subjugar pelos homens, e seu par romântico, Petruchio.

Na voz de Neil Young

O diretor Gerald Thomas cita Neil Young como uma possível versão de Hamlet, o príncipe dinamarquês que, reagindo à morte do pai, expõe a podridão por trás do mundo que o cerca. “Young é um grunge antes dos grunges e se mantém fiel aos seus princípios”, diz Thomas. A música Keep on Rockin’ in the Free World, para ele, quer dizer “não se intimidem, lutem por suas convicções”. Thomas lembra ainda que o filme “Ran”, de Akira Kurosawa (1910-98), tem como base a peça “Rei Lear”, sobre um rei dividindo suas terras entre as filhas.

Nos seriados americanos

Claire Underwood (atriz Robin Wright), mulher do protagonista no seriado “House of Cards”, é uma espécie de Lady Macbeth, sempre influenciando o marido inescrupuloso em suas decisões profissionais, considera o dramaturgo Sérgio Roveri. “Ela trama tudo para o marido conquistar o poder”, explica.

Em Guimarães Rosa

Há uma relação entre “Rei Lear” e o conto “Nada e a Nossa Condição”, do escritor mineiro, diz a atriz Giulia Gam. Ambas as histórias têm como centro um personagem velho que, na iminência da morte, começa a pensar na partilha de suas propriedades entre as filhas.

Em Beckett

“Rei Lear” de novo… Muita gente já fez essa mesma relação, entre o protagonista da obra de Shakespeare e Hamm, personagem também sujeito à decrepitude e à crise diante do fim na peça “Fim de Partida”, de Beckett (1906-89), como bem lembra o autor Samir Yazbek.

Em Batman

Para Claudia Shapira, diretora do grupo Bartolomeu de Depoimentos, que investiga intersecções entre teatro e arte de rua, Batman talvez tenha uma relação hamletiana com seu pai fantasma, além de usar uma “máscara da loucura” para desvendar “algo de podre”.

batman_hamlet

Na novela das nove

Félix, vilão da novela global “Amor à Vida”, pode muito bem ter encarnado um Iago, de “Otelo”. Ele é invejoso e “faz suas escolhas atropelando qualquer moral”, diz Marici Salomão, dramaturga e diretora da SP Escola de Teatro. Ela também vê Shakespeare nas “aterrorizantes imagens de personalidades históricas borradas de subjetividade pelas mãos de Francis Bacon”.

No movimento punk

O roqueiro Supla conta que assistiu a um show de David Bowie em 1983, na Alemanha, em que o cantor, empunhando um crânio, proferiu a frase mais conhecida do príncipe: “To be or not to be”. Também lhe vem à mente o documentário “O Lixo e a Fúria” sobre a banda Sex Pistols: em uma cena, o músico Johnny Rotten conta que contrariou um professor quando ele disse que todo mundo deveria conhecer a obra de Shakespeare.

Na melancolia russa

A diretora carioca Christiane Jatahy associa Solioni, personagem secundário da peça “As três irmãs”, de Tchékhov, a Lady Macbeth. “Ele passa a peça toda perfumando as mãos, quase como prenúncio do assassinato que vai cometer no final da peça. Assim como Lady Macbeth as lava para tirar o sangue”, compara.

Nos musicais

No teatro musical também há referências ao bardo. Duas das mais famosas: “West Side Story” é uma versão de “Romeu e Julieta”, como lembra Claudia Shapira. E “O Rei Leão”, em cartaz em São Paulo, também tem bastante da peça “Hamlet”. Mesmo sendo uma obra para crianças, não dispensa a cena de um assassinato cruel, em que o rei é vítima de seu próprio irmão, tio do personagem central.

O jogo proposto pela Folha acompanha uma onda de peças comemorativas que já estão em cartaz no Brasil:

SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO
QUANDO: sex., às 21h, sáb., às 17h e às 21h; e dom., às 17h e às 20h
ONDE: Cia. de Teatro Contemporâneo (r. Conde de Irajá, 253, Botafogo; tel.: 0/xx/21/2537-5204)
QUANTO: R$ 40
CLASSIFICAÇÃO: livre

RICARDO 3º
QUANDO: qua. a sáb., às 21h, e dom., às 19h30
ONDE: Espaço Sesc (r. Domingos Ferreira, 160, Copacabana, tel. 0/xx/21/2548-1088)
QUANTO: R$ 20
CLASSIFICAÇÃO: 12 anos

ÚLTIMA SESSÃO
QUANDO: qui., às 16h, sex. e sáb., às 21h, e dom., às 18h
ONDE: Teatro do Shopping Frei Caneca (r. Frei Caneca, 569, tel. 0/xx/11/3472-2229)
QUANTO: R$ 80
CLASSIFICAÇÃO: 12 anos

Veja aqui todas as obras publicadas na Série Shakespeare L&PM.

O monumental Nelson Mandela

Em 2012, o artista sul-africano Marco Cianfanelli ergueu um monumento em homenagem a Nelson Mandela para marcar os 50 anos de sua prisão, ocorrida em agosto de 1962 pela polícia do apartheid. Na obra, o perfil de Mandela surge a partir de 50 colunas de aço que medem cerca de 10 metros de altura, cada. Ancorada no chão a partir de uma base de concreto, a escultura representa os 27 anos de Mandela atrás das grades, boa parte deles na solitária. O monumento está perto de Howick, distrito no centro da cidade sul-africana Natal, e foi erguido no exato local onde o líder foi detido. De perto, a escultura parece apenas um punhado de hastes de aço negro de forma irregular que apontam para o céu, mas a medida que o observador se afasta da obra, surge o rosto de Mandela. Clique aqui para ver mais fotos.

A escultura vista de perto

A escultura vista de perto

mandela21

Ao nos afastarmos surge o rosto de Mandela – Foto Jonathan Burton

A escultura vista de longe - Foto Jonathan Burton

Quanto mais longe, maior o efeito – Foto Jonathan Burton

O vídeo abaixo, feito a partir de fotos do fotógrafo Jonathan Burton, mostra como a escultura foi erguida:

Para saber mais sobre a história do líder sul-africano, não deixe de ler Mandela – O homem, a história e o mito, de Elleke Boehmer (L&PM Editores).

Sartre fala sobre “O idiota da família”

Em 1967, Jean-Paul Sartre concedeu uma longa entrevista à Rádio Canadá que ficou conhecida como “Dossier Sartre-De Beauvoir”. Os entrevistadores foram Claude Lanzmann, redator da revista “Les Temps Modernes” e Madeleine Gobeil, professora da Universidade de Carlton. Abaixo, o trecho em que Lanzmann pergunta sobre Flaubert que, na época, estava sendo biografado por Sartre. A resposta é uma verdadeira aula:

 

Terry Gilliam segue tentando filmar Dom Quixote

Via Omelete – Por Thiago Romariz

The Man Who Killed Don Quixote | Terry Gilliam revela arte conceitual do filme

Financiamento do épico ainda não foi conseguido

Terry Gilliam revelou uma arte conceitual de The Man Who Killed Don Quixoteprojeto de longa data que ele tenta tirar do papel há anos. Confira a imagem abaixo:

DomQuixote_TerryGiliam

Ano passado, o filme parecia ter ganhado uma sobrevida, mas ainda não há nada confirmado sobre sua produção. No texto que publicou junto com a imagem, Gilliam fala sobre a sua vontade de fazer o filme. “Será que conseguimos colocar esse bastardo [Don] em cima do cavalo ainda esse ano? Sacrifícios humanos são bem-vindos”, escreveu em seu perfil no Facebook. A arte é da autoria de Dave Warren.

Da última vez que perdeu o financiamento, em 2010, Gilliam tinha Robert Duvall para o papel de Don Quixote e Ewan McGregor para o papel de Toby Grossini, publicitário lançado ao universo de Cervantes que seria interpretado por Johnny Depp na primeira tentativa da produção.

drama  do diretor em levar a sua versão de Don Quixote ao cinema foi retratado em 2002 no documentário Lost in La Mancha, que mostra como caças F16, um Quixote doente e uma tempestade destruíram o projeto que Gilliam desenvolvia há mais de uma década. Assista ao trailer:

Alice in Waterland

Elena Kalis é uma fotógrafa russa que vive nas Bahamas. É especialista em fotografia de moda embaixo d´água e criou um projeto baseado na mais famosa obra de Lewis Carroll para a qual deu o nome de “Alice in Waterland”. Elena fotografou sua filha Alexandra, quando ela estava com 12 anos, vestida de Alice e em cenas subaquáticas. As belas imagens viraram livro. Para ver mais, clique aqui e dê uma espiada no site da fotógrafa.

ElenaKalis1

ElenaKalis2

ElenaKalis4

ElenaKalis5

ElenaKalis3

Adaptação do livro “A vida sexual da mulher feia”, de Claudia Tajes, estreia no teatro

Estreou na última sexta-feira (10), no Teatro Folha (SP), a comédia baseada no livro homônimo de Claudia Tajes, “A Vida Sexual da Mulher Feia”.

No palco, o ator Otávio Müller – o Djalma de “Tapas & Beijos” (Globo), se transforma em Maricleide, a feia, e conta a sua sofrida história de vida.

Maricleide já nasce feia. Os parentes, que vão conhecê-la no berçário, não conseguem disfarçar o susto que levam ao ver o seu rostinho. “Todo o bebê nasce com cara de joelho”, argumenta a mãe. “Mas essa nasceu com cara de bunda!”, retruca um tio mais grosseiro.

Assista a um trecho da peça e uma entrevista com o Müller onde ele conta como teve a ideia de transformar o livro de Claudia Tajes em peça:

O ator usa poucos recursos visuais, como alguns vestidos e perucas, que troca em cena aberta mesmo, sem nenhuma maquiagem, e interpreta todos os personagens que envolvem o universo de Maricleide.

Com muita agilidade e ritmo, ele próprio faz a mãe, o pai, o tio, o filho do porteiro, o trocador de ônibus e a divertida e desbocada amiga com quem a protagonista divide apartamento. Com algumas projeções ao fundo do palco e intervenções oportunas da sonoplastia, Otávio narra e vive ao mesmo tempo toda a saga de Maricleide.

Com adaptação de Julia Spadaccini e direção do próprio Otávio Müller, “A Vida Sexual da Mulher Feia” tem temporada programada no Teatro Folha (Shopping Pátio Higienópolis – SP) até 02 de março.

Claudia Tajes

Claudia Tajes na estreia da peça baseada em seu livro

 

Che Guevara na novela

Ao longo de seus capítulos, a novela “Amor à Vida” mostrou várias cenas de personagens lendo livros. São obras escolhidos pelo próprio autor, Walcyr Carrasco, a partir da sua biblioteca pessoal. Ou seja: muito mais do que meros objetos de cenas, os livros exibidos em horário nobre são uma indicação de quem os leu.

Para nossa surpresa, no capítulo de ontem, 9 de janeiro, a personagem Natasha apareceu lendo um livro publicado pela L&PM:  “Meus 13 dias com Che Guevara”, de Flávio Tavares.

“Eu tava lendo esse livro incrível do jornalista Flávio Tavares: Meus 13 dias com Che Guevara. Ele conheceu o Che, conviveram…” diz Natasha. Clique na imagem para assistir à cena:

che_amoravida1

Flávio Tavares acaba de entregar os originais de seu próximo livro: “1964 – O Golpe”.  Previsto para ser lançado em março, no mês que completa 50 anos do golpe, o escritor narra, em seu novo livro, o que viu e testemunhou sobre o movimento militar, sobre a derrubada de João Goulart e sobre os fatos políticos da década de 1960 que acompanhou como jornalista político em Brasília. “A queda foi rápida, mas a conspiração foi longa”, escreve Flávio Tavares na frase inicial do 1º capítulo. O livro penetra na documentação da CIA e da Casa Branca que desembocam na mobilização da frota dos EUA rumo ao Brasil, na Operação Brother Sam, em abril de 1964.

Sobre o Golpe e 1964, Flávio já escreveu Memórias do esquecimento (Coleção L&PM Pocket), onde oferece um relato cru e desencarnado sobre sua prisão e tortura. Este livro recebeu o Prêmio Jabuti 2000 na categoria Reportagem.

Pablo Neruda e o mar

Pablo Neruda amava o mar. Tanto que, em seus últimos poemas, é com o mar que Neruda conversa. São versos cheios de melancolia e nostalgia que nos fazem viajar nas ondas da emoção.

INICIAL

O dia não é hora por hora,
é dor por dor,
o tempo não se dobra,
não se gasta,
mar, diz o mar,
sem trégua,
terra, diz a terra,
o homem espera.
E só
seu sino
está ali entre os outros
guardando em seu vazio
um silêncio implacável
que se repartirá
quando levante sua língua de metal
onda após onda.

De tantas coisas que tive,
andando de joelhos pelo mundo,
aqui, despido,
não tenho mais que o duro meio-dia
do mar, e um sino.

Eles me dão sua voz para sofrer
e sua advertência para deter-me.

Isto acontece para todo o mundo,
continua o espaço.

E vive o mar.

Existem os sinos.

(De Últimos poemas, de Pablo Neruda, publicado em edição bilíngue na Coleção L&PM Pocket)

Pablo Neruda e sua mulher Matilde e o mar do Chile

Pablo Neruda e sua mulher Matilde contemplam o mar no Chile