Oscar Wilde em dose dulpa

Acabou de chegar uma reedição de A alma do homem sob o socialismo, que estava esgotada há bastante tempo e agora volta às bancas e livrarias de todo o país. E a novidade na Coleção L&PM Pocket é a publicação da peça A importância de ser prudente, uma das comédias mais populares de todos os tempos.

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Peanuts na vitrine

A loja conceito na Uniqlo em Guinza, no Japão, preparou uma vitrine especial para o lançamento da coleção Snoopy de primavera/verão 2014 com o tema “American Vintage”. Além dos adesivos e displays especiais de Peanuts, a loja recebeu duas estátuas vintages de Charlie Brown e Snoopy direto do Museu Schulz em Santa Rosa, na Califórnia. Além da loja de Ginza, outras duas lojas de Tóquio receberão as estátuas de Lucy, Schroeder, Linus e Chiqueirinho para o lançamento da nova coleção.

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A L&PM publica a Série Peanuts Completo no Brasil. Já foram lançados 6 volumes que, juntos, reúnem todas as tirinhas diárias publicadas por Charles Schulz entre 1950 a 1962.

John Lennon e sua viagem ao País das Maravilhas

Lewis Carroll já influenciou muita gente com seu texto nonsense e suas metáforas inteligentes. A música “I am the Walrus” (Eu sou a Morsa), por exemplo, foi criada pelos Beatles a partir do longo poema “A Morsa e o Carpinteiro” que aparece em “Alice no País do Espelho”, a segunda parte de “Alice no País das Maravilhas”.

Em uma entrevista que para a Revista Playboy em 1980, John Lennon foi indagado pelo repórter: “E quanto a você ser a Morsa?” ao que ele respondeu:

“A música surgiu a partir de ‘A Morsa e o Carpinteiro’ de ‘Alice no País das Maravilhas’. Para mim, é um belo poema. Jamais me ocorreu que Lewis Carroll estava falando sobre o sistema capitalista e social. Nunca fiquei me perguntando o que ele realmente quis dizer como as pessoas fazem com a obra dos Beatles. Mais tarde, olhando para o poema com atenção, percebi que a Morsa era o vilão da história e o Carpinteiro era o mocinho. Então eu pensei: Oh, merda, eu peguei o cara errado. Eu deveria ter dito: ‘Eu sou o carpinteiro’. Mas isso não teria dado o mesmo resultado, não é? [Cantando] ‘I am the Carpenter…’”

A letra de “I am the Walrus” ainda faz referência a um eggman, um homem ovo. Tudo a ver com o livro, pois quem declama o poema para Alice é Tweedledum.

(…)

A Morsa avançou, junto ao Carpinteiro:
Quilômetros e meio marcharam;
Juntaram um monte de pedras primeiro
E uma espécie de mesa depois prepararam –
Ao redor as Ostrinhas também se assentaram
Esperando uma história!

A Morsa exclamou: “A hora é chegada!
Temos mil coisas para conversar:
Sapatos, veleiros e cera encarnada
E lacre e repolhos e Reis proclamar! –
Porque esta noite fervente está o mar
E os porcos criaram asas!”

“Espere um momento!” – as Ostras gritaram –
“Depois iniciamos a conversação:
Estamos sem fôlego, nossos pés se cansaram,
Nós somos gordinhas – tenham compaixão!”
Falou o Carpinteiro: “Esperamos, pois não!?”
E as Ostras agradeceram!

“Precisamos agora de uma bisnaga de pão” –
Disse a Morsa, contente.
“Pimenta e vinagre na palma da mão
E um pouco de sal, que se espalha frequentemente –
E agora, se está pronta a assembleia presente,
Começamos a comer!”

As Ostras gritaram: “Vão nos devorar?
Não façam! Piedade!
Nós somos amigas! Não podem matar
Depois da conversa e passeio: é maldade! –
E a Morsa responde, com sinceridade:
“Gostaram  da vista, não foi?”

(…)

Trecho do poema “A Morsa e o Carpinteiro”, de Alice no País do Espelho (L&PM Pocket), tradução William Lagos.

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Ilustração original de John Tenniel que está no volume de “Alice no País do Espelho” da Coleção L&PM Pocket

 

Corrente humana para transferir livros na Letônia

Cerca de 15 mil pessoas formaram uma imensa fila em Riga, capital da Letônia, com o objetivo de transportar os livros da antiga Biblioteca Nacional para a nova. Sob um frio de até 4ºC, os voluntários – entre eles muitas crianças – formaram uma linha por cerca de dois quilômetros, passando os livros de mão em mão. São, ao todo, mais de 4 milhões de unidades, em 50 idiomas. O antigo prédio da Biblioteca Nacional, em operação há 150 anos, estava lotado e em péssimas condições. A nova biblioteca, que será climatizada e terá mais espaços para leitura, deve ser inaugurada oficialmente em agosto. Riga foi escolhida capital europeia da cultura em 2014. Assista ao vídeo e sinta o amor dessas pessoas pelos livros:

Via Globo News.

“A vida sexual da mulher feia”: do livro para o palco

Leia abaixo a matéria publicada no Caderno Ilustrada da Folha de S. Paulo de quinta-feira, 23 de janeiro, que mostra diferenças entre o livro de Claudia Tajes e a peça estrelada por Otávio Müller:

Peça adapta livro sobre mulher que se acha feia

Por Gustavo Fioratti – de São Paulo   

“Calma! Respira, amor! Respira”, diz Mariomar.

“Se você falar ‘respira’ mais uma vez, vou te enforcar com a minha placenta!”, responde Diocleide.

A cena retrata o nascimento de Maricleide, a sofrida protagonista de “A Vida Sexual da Mulher Feia“, adaptação teatral para livro de Claudia Tajes que cumpre temporada no Teatro Folha, com Otávio Müller, travestido, no papel central.

Com diálogos que resgatam o escrache do besteirol, a peça investe em piadas que roçam preconceitos relacionados a padrões estéticos diversos. Faz rir de problemas de pele, do cabelo crespo, de seios pequenos etc.

Maricleide é desprovida de beleza desde bebê, vira assunto no bairro e na escola é vítima de bullying: “Você viu o cabelo da Maricleide? É mais grosso que o do sovaco do meu pai. Ela podia ser garota-propaganda da Assolan!”, uma colega comenta.

Em sua adaptação, a peça acentua o que há de cômico no livro de Tajes, incluindo gags criadas por Müller. “O livro é cômico, mas tem passagens mais melancólicas, com reflexões de uma mulher que não se sente vista”, diz Julia Spadaccini, que assina a adaptação. “A peça puxa para a comédia”, completa.

A opção pelo escracho resulta, por exemplo, na troca de nome da protagonista. No livro de Tajes (L&PM, 114 pág., R$ 16,90), a personagem se chama Ju.

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O livro de Claudia Tajes que inspirou a peça de mesmo nome.

“Sabíamos que era um assunto delicado, então achamos que mostrar a personagem falando sobre a própria feiura, em primeira pessoa, dava uma relativizada no assunto”, explica. “Mas para ser engraçado não dá para ter muito pudor também.”

No original publicado em 2005, Tajes, ao contrário da peça, não esmiúça a descrição física da protagonista.

Mais uma diferença, segundo Spadaccini: o livro não é linear cronologicamente, apresenta situações soltas.

O espetáculo opta por mostrar a trajetória completa da personagem, desde seu nascimento até o momento em que ela, já adulta, aceita a própria feiura, “e passa a enxergar em si mesma outras qualidades”.

A VIDA SEXUAL DA MULHER FEIA
QUANDO sex., às 21h30, sáb., às 20h e 22h, dom., às 19h30
ONDE Teatro Folha (shopping Pátio Higienópolis, av. Higienópolis, 618; tel.: (11) 3823-2323)
QUANTO de R$ 50 a R$ 70
CLASSIFICAÇÃO 14 anos

 

Agatha Christie sobre rodas

Já divulgamos aqui no blog que Agatha Christie era surfista. E agora acabamos de descobrir que ela também era patinadora. Prova disso é esta foto em que a futura Rainha do Crime diverte-se com seus amigos no Pier de Torquay, sua cidade Natal. A imagem é de 1910.

Clique na foto para ampliá-la.

Agatha Christie é a moça bem ao centro. Clique na foto para ampliá-la.

Entre as novidades que acabam de chegar com a assinatura de Agatha Christie está “O fardo“, romance não policial que ela escreveu sob o pseudônimo de Mary Westmacott e que conta a história do amor obsessivo de uma irmã mais velha por sua irmã mais nova.

L&PM com 35% de desconto na Livraria Martins Fontes

São 86 títulos com 35% de desconto, incluindo lançamentos como O idiota da família, de Jean-Paul Sartre e livros especiais como Shakespeare Série Ouro, Decameron e Peanuts completo. A promoção é da Livraria Martins Fontes paulista e vale tanto para as lojas físicas quanto para a loja virtual. Ou seja: dá para o Brasil inteiro aproveitar. Clique aqui para ver todos os livros em promoção.

É para aproveitar até 2 de fevereiro.

HELLOMOTOIDEN

No prefácio de “O idiota da família”, Sartre explica por que escolheu Flaubert

O idiota da família é a continuação de Questões de método. Seu tema: o que se pode saber de um homem, hoje em dia? Pareceu-me que só poderíamos responder a esta pergunta através do estudo de um caso concreto: o que sabemos – por exemplo – de Gustave Flaubert? Para isso, precisaremos totalizar as informações de que dispomos a seu respeito. Nada prova, a princípio, que essa totalização seja possível e que a verdade de uma pessoa não seja plural; os dados são muito

diferentes por natureza: ele nasceu em dezembro de 1821, em Rouen – eis um tipo; ele escreveu à amante, muito tempo depois: “A Arte me espanta” – eis outro. O primeiro é um fato objetivo e social, confirmado por documentos oficiais; o segundo, também objetivo quando nós nos atemos à coisa dita, remete, por seu significado, a um sentimento vivido, e nada decidiremos sobre o sentido e o alcance desse sentimento se antes não tivermos estabelecido se Gustave é sincero, em geral e, em especial, nesta circunstância. Não correremos o risco de chegar a camadas de significados heterogêneos e irredutíveis? Este livro tenta provar que a irredutibilidade é apenas aparente e que cada informação, colocada em seu devido lugar, torna-se a parte de um todo que está constantemente sendo feito e, ao mesmo tempo, revela sua profunda homogeneidade com todas as outras partes.

Afinal, um homem nunca é um indivíduo; seria melhor chamá-lo de universal singular: totalizado e, por isso mesmo, universalizado por sua época, ele a retotaliza ao reproduzir-se nela como singularidade. Universal pela universalidade singular da história humana, singular pela singularidade universalizante de seus projetos, ele exige ser estudado a um só tempo pelas duas pontas. Precisaremos encontrar um método apropriado. Apresentei os princípios de um em 1958 e não repetirei o que disse então: prefiro mostrar, sempre que necessário, como ele se faz no próprio trabalho para obedecer às exigências de seu objeto.

Uma última palavra: por que Flaubert? Por três motivos. O primeiro, bastante pessoal, há muito tempo deixou de valer, apesar de estar na origem dessa escolha: em 1943, ao reler sua Correspondência na má edição Charpentier, tive a sensação de ter contas a ajustar com ele e de que devia, para isso, conhecê-lo melhor. Desde então, minha antipatia inicial transformou-se em empatia, única atitude exigida para compreender. Por outro lado, ele se objetivou em seus livros. Qualquer um pode dizer: “Gustave Flaubert é o autor de Madame Bovary”. Mas qual a relação do homem com a obra? Eu nunca falei sobre isso até então. Nem ninguém, que eu saiba. Veremos que é dupla: Madame Bovary é derrota e vitória; o homem que se mostra na derrota não é o mesmo exigido para sua vitória; será preciso entender o que isso significa. Por fim, suas primeiras obras e sua correspondência (treze volumes publicados) manifestam-se, veremos, como a mais estranha confidência, a mais facilmente decifrável: como se ouvíssemos um neurótico falando “ao acaso” no divã do psicanalista. Acreditei que me seria permitido, para esta difícil provação, escolher um tema fácil, que se revelasse com facilidade e sem o saber. Acrescento que Flaubert, criador do romance “moderno”, está na interseção de todos os nossos problemas literários de hoje.

Agora, é preciso começar. Como? Pelo quê? Pouco importa: podemos entrar em um morto da maneira que quisermos. O essencial é partir de um problema. Daquele que escolhi, em geral pouco se fala. Leiamos, no entanto, um trecho de uma carta à srta. Leroyer de Chantepie: “É de tanto trabalhar que consigo calar minha melancolia natural. Mas o velho fundo muitas vezes reaparece, o velho fundo que ninguém conhece, a chaga profunda sempre escondida”.* O que isso quer dizer? Uma chaga pode ser natural? De todo modo, Flaubert nos remete à sua proto-história. O que se precisa tentar conhecer é a origem dessa chaga “sempre escondida” e que, de todo modo, tem origem em sua primeira infância. Este não será, acredito, um mau começo. (Jean-Paul Sartre, Prefácio de O idiota da família)

Em 7 de maior de 1971, o "Figaro littéraire" publicou uma caricatura feito por J. Redon em que Sartre vai se transformando em Flaubert

Em 7 de maior de 1971, o “Figaro littéraire” publicou uma caricatura feito por J. Redon em que Sartre vai se transformando em Flaubert

Agatha Christie já inspirou história da Turma da Mônica

Inspirado em Agatha Christie, o estúdio Mauricio de Sousa criou, em 1988, uma história chamada O caso dos 10 porquinhos. Publicada na revista ‘Cascão nº 42’, esta aventura da Turma da Mônica começa avisando que um suspense e mistério estava ocorrendo em uma terrível festinha de aniversário. Na história, há dez convidados no aniversário de Cascão que, de surpresa, recebe 10 estatuetas de porquinhos de presente dos amigos. A partir de então, um a um, os convidados vão desaparecendo da comemoração ao mesmo tempo em que os porquinhos também somem. Quando Cascão comenta com Franjinha o que está acontecendo, o amigo lembra de um livro que leu, com a diferença que a cada estátua que sumia, uma pessoa era assassinada. Franjinha estava falando, é claro, de O caso dos dez negrinhos.

dezPorquinhos

Anonymus Gourmet e “O idiota da família”

Em sua coluna no Caderno Gastrô do Jornal Zero Hora, publicada nesta sexta-feira, 17 de janeiro, J. A. Pinheiro Machado – o Anonymus Gourmet -, escreve sobre o recente lançamento da L&PM Editores: O idiota da família, de Jean-Paul Sartre. Vale a pena ler:

ZH_Gastro

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