O pássaro Pablo

O estúdio de design e animação gráfica 18bis fez uma bela homenagem a Pablo Neruda transformando em vídeo/animação a história do poema “El pájaro yo”, que versa sobre liberdade. Cada sentimento do poema foi “traduzido” conceitualmente por meio das técnicas utilizadas no vídeo. Por exemplo: a inspiração na técnica “strata stencil” ajuda a conceituar a repetição de camadas como o passado de nossos movimentos e ações. As molduras como jaula e o passado como fardo servem de pano de fundo para a história de uma bailarina em sua jornada rumo à liberdade. Através de uma variada experimentação artística, recria-se a tormenta que conecta pássaro e dançarina:

Além do resultado do trabalho é possível conferir os bastidores da animação:

Leia o poema original que inspirou o vídeo:

El pájaro yo

Me llamo pájaro Pablo,
ave de una sola pluma,
volador de sombra clara
y de claridad confusa,
las alas no se me ven,
los oídos me retumban
cuando paso entre los árboles
o debajo de las tumbas
cual un funesto paraguas
o como una espada desnuda,
estirado como un arco
o redondo como una uva,
vuelo y vuelo sin saber,
herido en la noche oscura,
quiénes me van a esperar,
quiénes no quieren mi canto,
quiénes me quieren morir,
quiénes no saben que llego
y no vendran a vencerme,
a sangrarme, a retorcerme
o a besar mi traje roto
por el silbido del viento.
Por eso vuelvo y me voy,
vuelo y no vuelo pero canto:
soy el pájaro furioso
de la tempestad tranquila.

(ou ouça o poema lido pelo próprio Neruda)

Uma visita a Finsland, cenário de “Antes que eu queime”

Texto e fotos:  Guilherme da Silva Braga*

Em agosto de 2012, enquanto eu dava os toques finais na tradução de Antes que eu queime, o romance de Gaute Heivoll recém-publicado pela L&PM, tive a oportunidade de viajar à Noruega e conhecer os lugares que aparecem no livro graças a uma bolsa para tradutores oferecida pela NORLA – a fundação norueguesa responsável por divulgar a cultura do país no estrangeiro.

Na década de 70, o pequeno vilarejo de Finsland, no Sul da Noruega, foi assolado por uma série de incêndios criminosos. Foi também nesse mesmo vilarejo e nessa mesma época que Gaute Heivoll nasceu – e a história de Antes que eu queime gira em torno das simetrias entre a trajetória pessoal do autor, a história do incendiário e o turbulento período atravessado pelos moradores do pacato vilarejo, numa obra em que as descrições das estradas, dos lagos, das planícies e de outros cenários característicos de Finsland são uma parte importante da ambientação.

Meu plano inicial era passar uns dias em Kristiansand (a capital da província de Vest-Agder, onde parte da história também se passa) e de lá tomar um ônibus para Finsland, sozinho. Mas, já na Noruega, resolvi escrever para o autor – e para minha grata surpresa o autor se dispôs a me buscar em Kristiansand e me levar a dar um passeio de carro em Finsland pelos lugares mais importantes da história.

No dia marcado, Heivoll manobrou no estacionamento do Budget Hotel Kristiansand e me cumprimentou de trás do volante com um aceno de mão. Depois de me apresentar, ocupei o banco do carona e, enquanto percorríamos os quarenta quilômetros de estrada que nos separavam de nosso destino, fomos conversando a agradável conversa de dois estranhos que se encontram por conta de um motivo caro a ambos.

Gaute ao volante / Foto Guilherme da Silva Braga

Gaute Heivoll dirigindo pelas estradas de Finsland / Foto Guilherme da Silva Braga

Quando chegamos, o panorama que se descortinou ante os meus olhos confirmou muitas das impressões que tive durante as minhas leituras de Antes que eu queime. Mesmo assim, foi bom poder ver – com a perspectiva cênica do livro – as águas plácidas do Livannet, a pequenina estação de incêndio comandada por Ingemann e a casa do incendiário. Enquanto me apontava lugares e falava sobre a escritura do romance, Heivoll também me perguntou se eu tinha conseguido visualizar aquele cenário. Explicou que, como autor, estava curioso para saber como as descrições soavam para alguém menos familiarizado com os cenários do norte da Europa – pois, conforme se justificou com os rr guturais típicos do sotaque da região, Du kommer fra en annen verden – “Você vem de outro mundo”.  Satisfeito, expliquei que tudo era bastante parecido com o que eu tinha imaginado.

A estação de incêndios que está presente no livro "Antes que eu queime" / Foto: Guilherme da Silva Braga

A pequena estação de bombeiros comandada por Ingemann / Foto: Guilherme da Silva Braga

Mesmo assim, a visão daqueles lugares e a conversa com Heivoll deixaram-me pensando sobre as estranhas relações entre a realidade e a ficção. Afinal de contas, Antes que eu queime é um romance documental – ou seja, uma obra de ficção baseada em fatos reais. Este método de escrita já tinha sido usado pelo autor em Himmelarkivet (2008) e, depois de Antes que eu queime (2010), foi mais uma vez empregado no romance Kongens Hjerte (2011), onde Gaute Heivoll escreveu:

[Este livro] é baseado no que aconteceu, mas ao mesmo tempo foi escrito no espaço livre entre a realidade e o sonho.

Esta abordagem gera uma grande incerteza em relação aos “fatos” apresentados numa obra deste tipo: mesmo sabendo que os incêndios em Finsland foram uma ocorrência real, como interpretar o que Gaute Heivoll disse quando parou o carro junto a uma pequena igreja e falou, referindo-se a uma cena de Antes que eu queime, “Foi dentro desta igreja que Kåre andou de moped”? Será que existiu um menino chamado Kåre? Caso tenha existido, será que perdeu mesmo uma das pernas em consequência de um acidente de esqui, como acontece no romance? Por fim, será que teria de fato andado de moped no interior da igreja?

A igreja de Finsland, onde Kåre andou de moped

A igreja de Finsland, onde Kåre andou de moped

Apesar do meu inevitável sentimento de perplexidade, não fiz nenhuma dessas perguntas ao meu companheiro de viagem. E isto por um motivo simples: a resposta não vinha ao caso. A literatura consiste justamente de incertezas e dúvidas organizadas numa estrutura rigorosa – e foram justamente esse aspectos que tanto me cativaram enquanto eu lia e traduzia Antes que eu queime.

O livro de Gaute Heivoll com tradução de Guilherme da Silva Braga

O livro de Gaute Heivoll publicado no Brasil pela L&PM com tradução de Guilherme da Silva Braga

 * Guilherme da Silva Braga é Licenciado em Letras (português-inglês), mestre em Literatura Comparada e doutorando em Literaturas de Língua Inglesa pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Desde 2005 dedica-se à tradução literária, e durante esses anos traduziu dezenas de obras clássicas e modernas a partir do inglês. Em 2010 começou a traduzir a partir de línguas escandinavas como o sueco e o norueguês.

Michelangelo se prepara para desaparecer

Michelangelo Buonaroti morreu em 18 de fevereiro de 1564, aos 89 anos, deixando para sempre sua marca na história da arte. No epílogo do livro Falem de batalhas, de reis e de elefantes, o escritor Mathias Énard resume a história de vida do artista em poucas palavras:

“em fevereiro de 1564, é a vez de Michelangelo, que se prepara para desaparecer.

Dezessete grandes estátuas de mármore, centenas de metros quadrados de afrescos, uma capela, uma igreja, uma biblioteca, o domo do mais célebre templo do mundo católico, vários palácios, uma praça em Roma, fortificações em Florença, trezentos poemas, sonetos e madrigais, outros tantos desenhos e estudos, um nome associado para sempre à Arte, à Beleza e ao Gênio: eis aí, entre outras coisas, aquilo que Michelangelo se prepara para deixar para trás de si, alguns dias antes de completar oitenta e nove anos, sessenta anos depois de sua viagem a Constantinopla. Morre rico, com um sonho realizado: devolveu à sua família a glória e as possessões passadas. Tem a esperança de ver Deus, e o verá decerto, pois crê nisso.”

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“A criação de Adão”, de Michelangelo, na Capela Sistina em Roma

 

Filme estrelado por Matthew McConaughey foi inspirado em livro de Mark Twain

O ator Matthew McConaughey está em alta. De uma carinha bonita com uma barriga de tanquinho exibidas em filmes na Sessão da Tarde, ele passou a um dos atores mais festejados da atualidade. Favorito à estatueta de melhor ator no Oscar deste ano por sua atuação em “Clube de Compras Dallas”, ele também rouba a cena quando aparece em “O lobo de Wall Street” como aquele que ensina os primeiros truques ao personagem de Leonardo di Caprio. E ainda é um dos personagens principais da ótima série “True Detectives” que está passando no HBO. Essa nova fase de McConaughey começou quando ele estrelou filmes como “Killer Joe”, de 2011 e “Mud”, de 2012.

“Mud”, que no Brasil recebeu o infeliz título de “Amor Bandido” (e que talvez por isso não tenha ganhado muita repercussão), é um filme escrito e dirigido por Jeff Nichols e que, segundo admitiu o diretor, presta uma homenagem a Huckleberry Finn e Tom Sawyer, personagens de livros homônimos do escritor Mark Twain.

“Assim que li o roteiro de ‘Mud’ eu disse a Jeff: ‘Você roubou várias ideias de Mark Twain, não?’ E ele respondeu que Twain foi sua grande inspiração”. Contou a produtora Sarah Green. Prova disso é que o personagem vivido por Sam Shepard chama-se Tom Blankenship, o nome da pessoa real em que Tom Sawyer foi baseado.

O filme de Nichols se passa em uma pequena ilha do Rio Mississipi, onde dois garotos conhecem “Mud”, o misterioso e solitário homem interpretado por McConaughey e que, assim como o escravo Jim, de Huckleberry Finn, está fugindo de algo. Nichols começou a trabalhar nessa história nos anos 1990 e o resultado e um filme centrado em amizades fortes, tema recorrente nas histórias de Twain.

Assista ao trailer, procure na locadora mais próxima e depois vá correndo ler Huckleberry Finn e As aventuras de Tom Sayer, ambos publicados na Coleção L&PM Pocket:

O “imoral” Huckleberry Finn

capa_huckleberry_finn.indd“Quando Mark Twain era vivo, o livro [As aventuras de Huckleberry Finn] foi criticado e censurado por ser considerado imoral, em parte por causa de várias mentiras que Huck se esmera em contar para se safar de apuros. Em sua Autobiography of Mark Twain (o primeiro de três volumes foi publicado pela University of California Press em novembro de 2010 no centenário da morte do autor), essas críticas são respondidas com a verve característica do escritor: num diálogo com o funcionário de uma biblioteca da qual As aventuras de Huckleberry Finn havia sido retirado das estantes, ele desconcerta o sujeito ao afirmar que a Bíblia também deveria ser proibida por ser muito imoral e fala das passagens bíblicas que os meninos leem às escondidas, o que o próprio funcionário decerto fizera quando criança. Diante da negativa veemente de seu interlocutor, Mark Twain replica que ele está mentindo e que, portanto, deve estar lendo Huckleberry Finn e seguindo seu péssimo exemplo.”

(trecho da nota da tradutora Rosaura Eichenberg na abertura do livro As aventuras de Huckleberry Finn da Coleção L&PM Pocket)

Você precisa conhecer Hélio Silva

Hélio Silva foi um homem singular. Nasceu em 1904 e morreu em 1995. Médico de formação, jornalista de profissão e historiador de vocação passou a dedicar-se exclusivamente ao jornalismo na década de 30 e rapidamente tornou-se um colunista influente. Sua carreira foi interrompida devido ao movimento revolucionário de 1930 que o proibiu de exercer a profissão. Mas logo voltou à ativa para ser o chefe da sucursal no Rio da recém-fundada Folha da noite, de São Paulo. Colaborou durante muitos anos no Jornal do Brasil. Em 1949, a convite de Carlos Lacerda, assumiu o cargo de redator-chefe da Tribuna da Imprensa. E foi justamente no jornal de Lacerda, em 1959, que ele começou a publicar suas pesquisas de história contemporânea.

Meticuloso, Hélio teve o privilégio de viver a história do século e registrá-la com maestria. Percebeu desde cedo que poderia ter o depoimento “ao vivo” dos atores desta história. E com isso reuniu um imenso arquivo sobre a história republicana brasileira. Um conjunto de documentos e depoimentos sem igual que deu origem ao seu monumental “Ciclo de Vargas”. Uma série escrita em colaboração com a historiadora Maria Cecília Ribas Carneiro que inicia com a história da Proclamação da República, em 1889 e atravessa os séculos no Brasil.

1964 – Golpe ou contragolpe é um complemento a “Ciclo de Vargas” e foi publicado pela primeira vez pela L&PM Editores em novembro de 1978, em plena ditadura militar. Agora, no ano em que completa 50 anos do golpe, o livro de Hélio Silva volta repaginado. Esta obra apresenta fatos que se interpenetram com os volumes da série, personagens comuns, novos e antigos protagonistas, herdeiros de velhas tradições, sempre tendo como foco o golpe de 1964. Hélio Silva foi narrador, personagem e testemunha dessa história, com a autoridade de um intelectual que, no dizer de Antônio Houaiss, foi “dos mais destacados entre os estudiosos brasileiros (do que quer que seja) e merece a consagração de todos os seus compatriotas”.

No início dos anos 90, Hélio Silva fez voto de pobreza e recolheu-se ao Mosteiro de São Bento no Rio de Janeiro, onde morreu em 21 de fevereiro de 1995. Mas ainda é tempo de conhecê-lo através de livros como 1964 – Golpe ou Contragolpe. Uma obra que segue tão atual quanto antes.

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“Março de 1964 é um episódio da Guerra Fria. Já é possível analisá-lo no confronto das correntes históricas antagônicas, nas marchas e contramarchas do processo renovatório. Esse choque se reflete nas Formas Armadas, mais nitidamente a partir da Segunda Guerra Mundial. A FEB traz, em seus heróis, os líderes dos grupos que se defrontarão em 1945, 1950, 1955, 1961 e 1964.”

Andy Warhol, o rei dos leilões

Andy Warhol bateu o recorde de vendas de obras em leilões em 2013, segundo a empresa especializada Artprice. As obras de Warhol vendidas no ano passado somam US$ 367,4 milhões, deixando em segundo outro recordista dos leilões, Pablo Picasso, que arrecadou US$ 361,3 milhões. Em terceiro lugar no ranking vem o chinês Daqian Zhang, cuja comercialização das obras totalizou US$ 291,6 milhões. O contemporâneo e amigo de Warhol, Jean-Michel Basquiat, que liderou os dois anos anteriores, aparece em quarto lugar.

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Obra de Warhol em leilão na Christie’s em 2013

Ainda segundo a Artprice, houve um aumento de 13,16% no volume de negócios no ano passado em relação a 2012: foram US$ 12.051 milhões contra US$ 10.649 milhões. A China ratificou sua liderança como o país que mais comprou, com US$ 4.078 milhões, o que representa 34,92% do mercado global – houve um crescimento de 21,31% nos negócios realizados pelos chineses em relação a 2012. Em segundo lugar, aparecem os EUA.

Sobre a vida e a obra de Andy Warhol, a L&PM publica America (livro de fotos), Diários de Andy Warhol e a biografia do rei da pop art.

via estadao

Van Gogh e o mistério do cádmio

Ao terminar a tela “Flores em azul”, Vincent Van Gogh – como de costume – não protegeu a superfície da pintura com verniz. Isso só foi feito muitos anos depois de sua morte por um colecionador, na intenção de conservar melhor a obra. No entanto, o pequeno “desleixo” de Van Gogh somado à boa intenção do colecionador viraram um problema cheio de mistério…

Em 2009, notou-se que algumas das flores estavam ficando vermelho-acinzentadas. Sabia-se que o amarelo das flores vinha de um pigmento baseado em compostos químicos com o metal cádmio – só que o amarelo à base de cádmio pode até desbotar com o tempo, mas não mudaria de cor. Foi preciso submeter uma amostra diminuta da tinta afetada a potentes raios X gerados por aceleradores de partículas para desvendar o mistério: a culpa era do verniz.

Descobriu-se que reações químicas na camada de contato com o pigmento produziram oxalato de cádmio, o responsável pelos tons de vermelho e cinza. A saber: oxalatos são substâncias que se formam em outros pigmentos, mas nunca antes haviam sido detectados no material de cádmio.

O diagnóstico, porém, não prevê uma forma de reparo na obra, pois os átomos de cádmio no oxalato, vindos da tinta, estão entranhados no verniz, o que impede que este seja removido da tela. O processo implicaria alterar a camada original de pintura, o que ninguém se dispõe a fazer.

Só restou aos cientistas mapear a distribuição de cádmio na tela e ressuscitar de forma digital as flores flamejantes de Van Gogh. Eis o resultado:

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Para entender melhor a vida e a obra de Vincent Van Gogh, vem aí uma edição especial de Cartas a Théo seguido de Biografia de Vincent Van Gogh por sua cunhada, Cartas de Théo a Vincent e de Vincent a Émile Bernard, com lançamento previsto para o primeiro semestre de 2014.

via Folha

Memórias do fogo norueguês

Se você colocar as palavras “incêndio” e “Noruega” no Google, vai ver a enorme quantidade de notícias sobre incêndios no país. São dezenas de cidades e vilarejos destruídos, casas de madeira, prédios modernos, edificações tombadas como patrimônio histórico: as chamas não escolhem local, não poupam nada e fortes ventos ajudam a alastrar a destruição.

Os incêndios ajudaram a formar geográfica e politicamente a Noruega. Ao longo dos anos, constantes incidentes destruíram peças arquitetônicas importantes da cidade, principalmente na época em que muitos edifícios eram inteiramente de madeira e, assim, facilmente consumidos pelo fogo. Foi após um incêndio histórico que durou 3 dias, em 1624, que o rei Cristian IV decidiu que a cidade velha não deveria ser recuperada novamente e ordenou a construção de uma rede de estradas em Akershagen perto da Fortaleza de Akershus. Ele exigiu que todos os cidadãos saíssem de suas antigas residências, lojas e locais de trabalho para se instalarem na nova cidade de Christiania, que mais tarde seria rebatizada de Oslo – hoje, capital da Noruega.

Por muito tempo, os incêndios não tinham causa conhecida: eram uma fatalidade, geralmente resultado da combinação de forças implacáveis da natureza. Mas o impacto dessas fatalidades sobre as pessoas começou a adquirir, com o passar do tempo, certos ares de mistério…

capa_antes_queime2.inddEm 1978, diversos incêndios começaram a atingir o pequeno vilarejo  de Finsland, no sul da Noruega. Logo a polícia constata que um incendiário está a solta, e o medo se instaura entre os moradores da região. Nesse turbulento cenário nasce o menino Gaute Heivoll, que anos mais tarde funde este enredo policial a uma reflexão sobre o ofício da escrita em meio às chamas do romance Antes que eu queime, uma das obras mais instigantes da literatura escandinava contemporânea, que acaba de chegar ao Brasil pela L&PM em tradução direta do original, feita por Guilherme da Silva Braga.

 

“Memórias de Salinger” estreia em São Paulo

O filme Memórias de Salinger, que explora a intimidade do autor de Carpinteiros, levantem bem alto a cumeeira e O apanhador no campo de centeio, estreou em São Paulo na última sexta, dia 7 de fevereiro. Dirigido por Shane Salerno, o longa remonta a trajetória do autor a partir  de suas conturbadas relações amorosas e de suas publicações. Há declarações de ex-amantes, de especialistas em sua obra e de atores como Edward Norton e Philip Seymour Hoffman.

Além das entrevistas, o filme exibe fotos e imagens inéditas de Salinger, que fugia dos holofotes e viveu por décadas isolado numa casa no meio das montanhas. Outro assunto bastante explorado é a obsessão do escritor em publicar seus contos na revista The New Yorker, onde foi rejeitado muitas vezes durante anos até conseguir. Nos depoimentos, amigos e colegas de Salinger comentam a obra do autor dando detalhes sobre o contexto em que foram escritas.

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Salinger durante a 2ª Guerra Mundial

O filme está em exibição no Espaço Itaú de Cinema do Shopping Frei Caneca com sessões às 14h30, 17h, 19h20 e 21h40.