Shakespeare no cinema

Enquanto a capital paranaense se prepara para o início do Festival de Teatro de Curitiba 2014 (de 25/3 a 13/4), o Museu da Imagem e do Som do Paraná realiza a mostra “Tragédias de Shakespeare no cinema”, com sessões gratuitas sempre às 19h30 no Auditório Basílio Itiberê.

Confira a programação:

19/3 – Hamlet de Laurence Olivier

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20/3 – Otelo de Orson Welles

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21/3 – Macbeth de Roman Polanski

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“A casa de Euclides” em Bolonha

O livro A casa de Euclides, de Sérgio Capparelli com ilustrações de Ana Gruszynski, está no catálogo oficial da Feira do Livro Infantil de Bolonha (Bologna Children’s Book Fair 2014), a maior e mais importante feira de livros infantis e juvenis do mundo.

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Em A casa de Euclides, a matemática e a geometria deixam de ser aquela matéria chata e temida por todos para virar algo divertido, acessível e extremamente interessante. A engenhosidade das ideias e criações euclidianas é combinada com a leveza e a graça da poesia, numa experiência lúdica e repleta de prazer. São exploradas a natureza das formas geométricas e suas associações com coisas da nossa vida cotidiana – inclusive em alguns poemas visuais. Em outras palavras: Euclides olhou para o mundo e viu que tudo o que existia nele tinha algum tipo de forma e inventou os conceitos de quadrado, círculo, triângulo e muitos outros; veio o poeta Sergio Capparelli e juntou tudo isso com poesia.

Este ano, o Brasil é o convidado de honra na Bolonha Children’s Book Fair 2014, que acontece de 24 a 27 de março na cidade de Bolonha, na Itália, e terá um espaço especial onde serão expostos os trabalhos de 55 ilustradores brasileiros na mostra Incontáveis Linhas, Incontáveis Histórias. Ziraldo será um dos autores homenageados, junto com o ilustrador Roger Mello. A ilustração da capa do catálogo é assinada por Ciça Fitipaldi.

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(clique para baixar o catálogo completo)

 

 

Caio F. no cinema

Estreia no dia 28 de março no Cine Santander, em Porto Alegre, o documentário poético Sobre Sete Ondas Verdes Espumantes, um road movie sobre a vida de Caio Fernando Abreu. Os diretores Bruno Polidoro e Cacá Nazário percorreram com sua equipe as cidades onde Caio morou, como Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Paris, Londres, Berlin, Amsterdam e outros locais pelos quais o escritor passou e narrou em suas obras.

O longa traz depoimentos de Adriana Calcanhotto, Airton Abreu Flores, Amanda Costa, Bernard Bretonnière, Bruno Persico, Déa Martins, Gerd Hilger, Gil Veloso, Gilberto Gawronski, Grace Gianoukas, Judith Burko, Luís Artur Nunes, Luciano Alabarse, Marcos Breda, Maria Adelaide Amaral, Reinaldo Moraes, Sandra Laporta, Sappe Grootendorst e Suzana Saldanha.

Depois de ser exibido na abertura da última edição do Close – Festival Internacional de Cinema da Diversidade Sexual (Porto Alegre) e de passar por importantes festivais como o Festival de Gramado, É tudo verdade (no Rio, São Paulo, Brasília e Santos), Festival da Fronteira (Bagé), CurtaSE (Aracaju), MIX Brasil (Rio e São Paulo), a estreia comercial em Porto Alegre no dia 28 de março inaugura uma nova fase, com exibições em diversas salas da capital gaúcha e também do interior do estado no mês de abril.

Assista ao trailer de Sobre Sete Ondas Verdes Espumantes:

Da vasta obra de Caio Fernando Abreu, a L&PM publica O ovo apunhalado, Triângulo das Águas, Ovelhas negras e Fragmentos.

“Peanuts, o filme” chega antes no Brasil

Uma ótima notícia para os fãs brasileiros de Peanuts: a data de lançamento de “Peanuts, o filme” no país foi antecipada para 30 de outubro de 2015 – ou seja, uma semana antes da estreia nos Estados Unidos. E o primeiro teaser já será exibido nos cinemas em março, antes do filme Rio 2 (pertencente ao mesmo estúdio Blue Sky), que estreia em 28 de março.

Mal podemos esperar!

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Aline quarentona

por Adão Iturrusgarai*

Faz 20 anos que criei a Aline. Hoje ela teria uns 40 anos. Como ela, Otto e Pedro estariam hoje? Ela, quase igual, mas com um pouco menos de cintura e os seios não tão redondos. Mas com seu tradicional sex-appeal. Otto com uma barriguinha e Pedro com uma careca. Além disso, ela teria uma filha de uns 5 anos. E os pais seriam os dois, já que ela nunca quis fazer teste de paternidade.

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*Adão Iturrusgarai é o criador das tirinhas da Aline da Coleção L&PM Pocket e este post foi publicado originalmente em seu perfil no Facebook.

1964: Jango e o Comício da Central

Entre os fatos que antecederam o famigerado golpe militar de 1964, tem destaque o célebre “Comício da Central” realizado no dia 13 de março na cidade do Rio de Janeiro, na Praça da República, situada em frente à Estação da Central do Brasil. Cerca de 150 mil pessoas se reuniram sob a proteção de tropas do Exército, unidades da Marinha e Polícia, para ouvir a palavra do presidente João Goulart e do governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola. As bandeiras vermelhas que pediam a legalização do Partido Comunista Brasileiro e as faixas que exigiam a reforma agrária foram vistas pela televisão, causando arrepios nos meios conservadores.

O jornalista Flávio Tavares, que acompanhou todas as movimentações de perto, narra os fatos deste dia no livro 1964 – o golpe:

Naquela noite de sexta-feira 13 de março, o conciliador Jango transmutou-se e decidiu disputar abertamente a liderança da “área popular” (ou da esquerda) com Brizola e Arraes, usando para isso o poder presidencial. À tardinha, sentiu palpitações cardíacas com queda da pressão arterial, que solucionou com algumas doses de Whisky, mas deixou Maria Thereza preocupada. E a “primeira-dama”, que pouco aparecia em público e não ia a comícios, resolveu acompanhá-lo. Não sabia que, além dos dois decretos, sua presença ajudaria a inclinar emocionalmente a balança da “área popular” a favor do marido.

O comício fora organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria (CNTI), ligada ao presidente, com a colaboração de outros sindicatos e da União Nacional dos Estudantes (UNE), com a ideia de que só discursassem representantes desses organismos, além do próprio Jango, no encerramento.

– O presidente não queria que nenhum dirigente político falasse, menos ainda o Arraes e o Brizola, pois o ato era dos trabalhadores da UNE. Ao mesmo tempo, me pediu que excluísse os comunistas da lista de oradores – contou-me 45 anos depois o principal organizador da manifestação, Clodsmith Riani, presidente da CNTI e um dos homens em que Jango se apoiava na área sindical. “Um pelego”, como depreciativamente dizia a gíria dos opositores.

Arraes e Brizola reagiram e houve um duelo verbal nos bastidores da “área popular” e pela imprensa. Por fim, ambos acabaram discursando, mas no início do comício, antes ainda de que a Avenida Presidente Vargas se transformasse em maré humana.

Eles já haviam discursado quando Jango lá chegou, no momento em que o presidente da UNE, o jovem José Serra, começava a falar “selando a unidade de estudantes e trabalhadores pelas reformas de base, para libertar o Brasil da dependência de do imperialismo”. Em contraste com o traje escuro de Jango, o vestido creme-claro de Maria Thereza dava ao palanque iluminado na penumbra da praça a decoração de um cenário festivo. Já não era só o cenário de guerra – trabalhadores da Petrobras com tochas iluminando a noite, protegidos pelos tanques do Exército, que ali estavam para evitar represálias por parte da truculenta polícia do governador estadual Carlos Lacerda, que durante a semana ameaçava veladamente intervir no comício ou, até, dissolvê-lo.

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O comício levou João Goulart a vencer a batalha (ora em surdina, ora aberta e ruidosa) pela liderança da “área popular”. Agora, ele se convencera de que já não dependia mais de Brizola nem, muito menos, de Arraes. E mais facilmente poderia manobrar Luiz Carlos Prestes e os comunistas, sem ter de evitá-los num lado ou de açodá-los em ouro. Essa visão de triunfo fez com que não desse maior importância ao 19 de março em São Paulo, em que a direita conservadora organiza a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, em protesto contra “a penetração comunista no governo e no Brasil” que reúne caudal similar ao do comício no Rio. Ou, talvez, superior até. O governo estadual paulista e a ultramontana TFP, Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, estão na crista da manifestação, à qual se somam o CCC (Comando de Caça aos Comunistas) e dezenas de organismos estilo “cruzada”, na maioria femininos, desfraldando faixas “contra o comunismo” e aos gritos de “um, dois, três, Brizola no xadrez” ou “um, dois, três, Goulart não tem vez”.

Com o Comício da Central, as ideias de Jango foram decisivamente vinculadas pelos setores conservadores à República Sindicalista e ao Comunismo. Dias depois, uma rebelião de marinheiros no Rio de Janeiro foi mais um grave incidente, mas que desta vez atingiu diretamente a hierarquia e a disciplina militares. João Goulart, como forma de solucionar o conflito, anistiou os revoltosos. Contudo, para o setor golpista, a ação de Jango era uma clara demonstração de desrespeito com as Forças Armadas. A saída para tanto foi o Golpe de 1964, em 31 de março de 1964, que culminou com a instalação do Regime Militar no Brasil e, por consequência, com a renúncia do presidente.

Kerouac é pop

Que Jack Kerouac é pop, ninguém contesta. Tanto que em seu Livro de Haicais (tradução de Claudio Willer) os pequenos poemas são agrupados em duas partes: o “Livro de Haicais” propriamente dito e os “Pops do Darma”. A segunda parte vem introduzida pela seguinte explicação:

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E o próprio Kerouac resume tudo em poucos versos – três, como nos haicais tradicionais, mas com métrica própria:

Na cadeira
decidi chamar Haicai
Pelo nome de Pop

Filósofos Futebol Clube

O célebre “Futebol Filosófico”, esquete humorística criada pelo grupo de humor inglês Monty Python nos anos 70, continua inspirando iniciativas criativas pelo mundo. Uma delas é a  linha “Pão e Circo” da marca de roupas Humanus, de Porto Alegre, que vai estampar camisetas com desenhos estilizados de Nietzsche, Sartre, Freud, Schopenhauer, entre outros. Os produtos são assinados pela designer e ilustradora Raquel Sordi, que criou um visual retrô para retratar toda a equipe do “FFC – Filósofos Futebol Clube”:

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Para conhecer o pensamento e a vida de cada um deles, leia Uma breve história da filosofia, de Nigel Warburton, que dedica um capítulo inteiro para as ideias de cada filósofo. E se você não conhece o Futebol Filosófico, assista agora mesmo! A esquete descreve um jogo durante as Olimpíadas de Munique de 1972 entre os filósofos que representam a Grécia e a Alemanha – no qual os jogadores-pensadores passeiam pelo campo, imersos em reflexões e alheios à bola e ao gol:

via Roger Lerina/Zero Hora

Novo livro de Flávio Tavares é destaque no Estadão

No ano que marca os 50 anos do golpe militar no Brasil, vários livros sobre o assunto chegam às livrarias. Entre eles, o livro 1964 – o golpe, de Flávio Tavares, que acaba de ser lançado pela L&PM, ganhou destaque na matéria de Luiz Zanin Oricchio publicada no jornal O Estado de S. Paulo no dia 7 de março:

A participação norte-americana no golpe é um dos destaques do livro de [Flávio] Tavares, o único que se ocupa exclusivamente da deposição de Goulart. Todos os outros – e Gaspari em quatro volumes – avançam pelo período da ditadura em suas diferentes fases e presidentes – Castello Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo. De uma primeira fase, do golpe em 1964 a 1968, quando se decreta o AI-5 e a ditadura se escancara. Das trevas de1968 até 1978, quando os atos institucionais são revogados, vem a Anistia e a transição para a democracia, que para alguns se encerra em 1985, com o primeiro governo civil, e para outros se estende até 1988, com a Assembleia Constituinte.

Por concentrada, a narrativa de Tavares é trepidante. Recria o período tenso vivido pelo País desde a renúncia de Jânio Quadros, em 1961, passando pela posse do vice, Goulart, e seu governo atribulado e esgarçado por demandas e pressões à esquerda e à direita.

Tavares, na época, era colunista do jornal Última Hora e privava da intimidade de políticos e gabinetes de Brasília. Foi testemunha dos fatos, o que empresta ao seu relato caráter diferenciado.

Tavares destaca como Washington logo entrou no jogo da deposição de Jango pelo embaixador dos EUA no Brasil, Lincoln Gordon, e, mais adiante, com colaboração do seu adido militar, Vernon Walters, que deixou sua missão na Itália para conspirar contra o governo brasileiro. Detecta também a enxurrada de dólares despejada no Brasil após a reunião entre Kennedy e na Casa Branca em 1962. O dinheiro entrava pelo Royal Bank do Canadá e não pelo Bank of America para não despertar suspeitas. De acordo com o autor, mais de 200 candidatos ao Senado, Câmara Federal e Assembleias Estaduais, considerados amigos dos EUA e inimigos dos comunistas, foram beneficiados com verba generosa. Além disso, financiavam-se institutos como o IPÊS e o IBAD, que tinham função de propagar o receio ao “perigo vermelho” e preparar o clima do golpe. O fundamental era disseminar o medo, inclusive pelos filmes alarmistas.

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