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O resultado da exumação de Jango

Após um ano de trabalho, a equipe de peritos, coordenada pela Polícia Federal, divulgou essa semana o resultado da exumação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart. Segundo eles, não há sinais de que Jango tenha sido envenenado, conforme suspeitas levantadas por dois uruguaios que teriam participado de uma operação militar chamada “Operação Escorpião”. Ao mesmo tempo, deixam uma lacuna aberta.

Em Jango – A vida e a morte no exílio, Juremir Machado da Silva escreveu um belo e premiado relato sobre os últimos anos de vida de Jango. No livro, ele aborda essa suspeita e “canta a pedra” de que seria difícil chegar a uma conclusão sobre o que de fato aconteceu.

Em sua coluna publicada no Jornal Correio do Povo desta terça-feira, 2 de dezembro, Juremir fala sobre sua pesquisa, o resultado da perícia e o fato de que o resultado é inconclusivo. Vale a pena ler:

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Juremir vence o Prêmio Brasília de Literatura

O escritor e jornalista Juremir Machado da Silva ganhou o Prêmio Brasília de Literatura de 2014 na categoria Reportagem com seu mais recente trabalho, Jango: a vida e a morte no exílio, publicado pela L&PM no ano passado.

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No total, o Prêmio distribui R$ 320 mil entre os ganhadores das oito categorias literárias participantes (Biografia, Conto, Crônica, Infantil, Juvenil, Poesia, Romance e Reportagem). O prêmio será entregue no dia 17 de abril, às 12h, no Auditório Jorge Amado, durante a II Bienal Brasil do Livro e da Leitura. O primeiro colocado de cada categoria receberá R$ 30 mil e o troféu. Já o segundo lugar ficará com uma premiação de R$ 10 mil, além do troféu.

 

 

1964: Jango e o Comício da Central

Entre os fatos que antecederam o famigerado golpe militar de 1964, tem destaque o célebre “Comício da Central” realizado no dia 13 de março na cidade do Rio de Janeiro, na Praça da República, situada em frente à Estação da Central do Brasil. Cerca de 150 mil pessoas se reuniram sob a proteção de tropas do Exército, unidades da Marinha e Polícia, para ouvir a palavra do presidente João Goulart e do governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola. As bandeiras vermelhas que pediam a legalização do Partido Comunista Brasileiro e as faixas que exigiam a reforma agrária foram vistas pela televisão, causando arrepios nos meios conservadores.

O jornalista Flávio Tavares, que acompanhou todas as movimentações de perto, narra os fatos deste dia no livro 1964 – o golpe:

Naquela noite de sexta-feira 13 de março, o conciliador Jango transmutou-se e decidiu disputar abertamente a liderança da “área popular” (ou da esquerda) com Brizola e Arraes, usando para isso o poder presidencial. À tardinha, sentiu palpitações cardíacas com queda da pressão arterial, que solucionou com algumas doses de Whisky, mas deixou Maria Thereza preocupada. E a “primeira-dama”, que pouco aparecia em público e não ia a comícios, resolveu acompanhá-lo. Não sabia que, além dos dois decretos, sua presença ajudaria a inclinar emocionalmente a balança da “área popular” a favor do marido.

O comício fora organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria (CNTI), ligada ao presidente, com a colaboração de outros sindicatos e da União Nacional dos Estudantes (UNE), com a ideia de que só discursassem representantes desses organismos, além do próprio Jango, no encerramento.

– O presidente não queria que nenhum dirigente político falasse, menos ainda o Arraes e o Brizola, pois o ato era dos trabalhadores da UNE. Ao mesmo tempo, me pediu que excluísse os comunistas da lista de oradores – contou-me 45 anos depois o principal organizador da manifestação, Clodsmith Riani, presidente da CNTI e um dos homens em que Jango se apoiava na área sindical. “Um pelego”, como depreciativamente dizia a gíria dos opositores.

Arraes e Brizola reagiram e houve um duelo verbal nos bastidores da “área popular” e pela imprensa. Por fim, ambos acabaram discursando, mas no início do comício, antes ainda de que a Avenida Presidente Vargas se transformasse em maré humana.

Eles já haviam discursado quando Jango lá chegou, no momento em que o presidente da UNE, o jovem José Serra, começava a falar “selando a unidade de estudantes e trabalhadores pelas reformas de base, para libertar o Brasil da dependência de do imperialismo”. Em contraste com o traje escuro de Jango, o vestido creme-claro de Maria Thereza dava ao palanque iluminado na penumbra da praça a decoração de um cenário festivo. Já não era só o cenário de guerra – trabalhadores da Petrobras com tochas iluminando a noite, protegidos pelos tanques do Exército, que ali estavam para evitar represálias por parte da truculenta polícia do governador estadual Carlos Lacerda, que durante a semana ameaçava veladamente intervir no comício ou, até, dissolvê-lo.

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O comício levou João Goulart a vencer a batalha (ora em surdina, ora aberta e ruidosa) pela liderança da “área popular”. Agora, ele se convencera de que já não dependia mais de Brizola nem, muito menos, de Arraes. E mais facilmente poderia manobrar Luiz Carlos Prestes e os comunistas, sem ter de evitá-los num lado ou de açodá-los em ouro. Essa visão de triunfo fez com que não desse maior importância ao 19 de março em São Paulo, em que a direita conservadora organiza a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, em protesto contra “a penetração comunista no governo e no Brasil” que reúne caudal similar ao do comício no Rio. Ou, talvez, superior até. O governo estadual paulista e a ultramontana TFP, Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, estão na crista da manifestação, à qual se somam o CCC (Comando de Caça aos Comunistas) e dezenas de organismos estilo “cruzada”, na maioria femininos, desfraldando faixas “contra o comunismo” e aos gritos de “um, dois, três, Brizola no xadrez” ou “um, dois, três, Goulart não tem vez”.

Com o Comício da Central, as ideias de Jango foram decisivamente vinculadas pelos setores conservadores à República Sindicalista e ao Comunismo. Dias depois, uma rebelião de marinheiros no Rio de Janeiro foi mais um grave incidente, mas que desta vez atingiu diretamente a hierarquia e a disciplina militares. João Goulart, como forma de solucionar o conflito, anistiou os revoltosos. Contudo, para o setor golpista, a ação de Jango era uma clara demonstração de desrespeito com as Forças Armadas. A saída para tanto foi o Golpe de 1964, em 31 de março de 1964, que culminou com a instalação do Regime Militar no Brasil e, por consequência, com a renúncia do presidente.

Um segundo enterro para Jango

O enterro de João Goulart, que aconteceu em 1976 na cidade de São Borja, foi acompanhado por 30 mil pessoas. Mas, na época, a despedida do ex-presidente não recebeu honras de chefe de Estado. Agora, 37 anos depois, ele terá a cerimônia oficial que merece. Assim que a exumação do corpo de Jango tiver chegado ao fim, um novo enterro vai acontecer. A data marcada é 6 de dezembro e o prefeito de São Borja, Farelo Almeida, estuda a possibilidade de decretar feriado municipal neste dia. Na data, às 10h, o avião da FAB com o caixão do ex-presidente pousará no aeroporto da cidade e, de lá, será levado, em carro de bombeiros, para uma igreja no centro da cidade. Três pessoas, além do padre, deverão se pronunciar na igreja: o senador Pedro Simon (que discursou no primeiro enterro), o filho de Jango, João Vicente, e o prefeito da cidade. Um novo caixão e uma urna funerária abrigará os restos mortais do ex-presidente. O segundo enterro de Jango deve começar por volta das 14h e não estão previstos discursos no cemitério. As roupas com que o ex-presidente foi enterrado serão repassadas à família, que estuda a possibilidade de doá-las a um museu.

Abaixo, um trecho do livro Jango, a vida e a morte no exílio, de Juremir Machado da Silva, sobre o enterro de 1976:

“No cemitério de São Borja havia tanta gente que foi muito difícil carregar o esquife até o jazigo da família Goulart, distante 50 metros do túmulo onde está enterrado Getúlio Vargas, o pai político de Jango”. A narrativa encadeia, depois que o caixão é depositado sobre a tampa do túmulo, o discurso do deputado emedebista Pedro Simon, sua lembrança de que a Getúlio e Jango o destino determinou o retorno a São Borja em caixões, e fala de Tancredo Neves, primeiro primeiro-ministro, em 1961, que lamentou ter Jango morrido longe do calor de sua gente, e o último ato: às 16h30, “o corpo foi colocado no interior do nicho”. Fim do fim, começo de uma dúvida sinuosa, tristeza: “Maria Thereza, os filhos, João Vicente e Denize, e a nora, Estela, deixaram o local, seguidos pelas irmãs de Jango. Ficou apenas a multidão cercando o jazigo e dificultando os movimentos dos que pretendiam abandonar o cemitério. Estendidas contra o céu nublado de São Borja, duas faixas permaneciam erguidas: “Jango continuará conosco” e “São Borja chora a perda de mais um filho ilustre”.

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Após 49 anos, Congresso anula sessão que afastou Jango da Presidência

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Folha de S. Paulo – 21/11/2013 – Por Márcio Falcão, de Brasília

O Congresso Nacional aprovou na madrugada desta quinta-feira (21) um projeto que anula a sessão realizada pela Casa no dia 2 de abril de 1964, que declarou vaga a Presidência da República exercida na época pelo presidente João Goulart, o Jango (1919-1976), viabilizando o reconhecimento do novo governo militar (1964-1985).

Deputados e senadores vão fazer uma cerimônia para proclamar a nulidade da sessão. A proposta foi apresentada pelos senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AL).

A sessão do Congresso de 1964 foi realizada de madrugada e, por decisão do então presidente do Congresso, Auro de Moura Andrade, a vacância foi declarada. No pedido, os dois senadores afirmam que a anulação faz um “resgate histórico” porque a vacância permitiu o golpe militar de 1964, embora Jango estivesse em Porto Alegre (RS) em solo brasileiro. A ideia, de acordo com os parlamentares, seria retirar qualquer “ar de legalidade” do golpe militar de 1964.

“Fica claro que o ato do Presidente do Congresso Nacional, além de sabidamente inconstitucional, serviu para dar ao golpe ares de legitimidade”, afirmam os senadores na justificativa do projeto. Simon e Randolfe afirmaram que, depois de 49 anos da sessão, o Congresso “repudia de forma veemente a importante contribuição ao golpe dada pelo então presidente do Legislativo”.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que o Congresso estava reparando essa mancha na história do Brasil. “É uma desculpa histórica”.

Em discurso, Simon disse que a proposta não pretende reescrever os fastos. “Não vamos reconstituir os fatos. A história apenas vai dizer que, naquele dia, o presidente do Congresso usurpou a vontade popular de maneira estúpida e ridícula, depondo o presidente da República”, disse.

Um dos principais defensores da ditadura militar, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) foi voz praticamente isolada contra a medida e disse que a proposta era irregular pois estavam querendo”tocar fogo” no Diário do Congresso Nacional. “Querem apagar um fato histórico de modo infantil. Isso é mais do que stalinismo, quando se apagavam fotografias, querem apagar o Diário do Congresso”.

A votação foi acompanhada por João Vicente Goulart, filho do ex-presidente. O texto foi aprovado aos gritos de “Viva o Brasil”, “Viva democracia” e “Viva Jango”.

Com o objetivo de verificar as causas da morte de Jango, o corpo do ex-presidente foi exumado, na semana passada, no cemitério da cidade gaúcha de São Borja, na fronteira com a Argentina. A família e o governo suspeitam que Jango teria sido envenenado durante seu exílio na Argentina. Na época, não houve autópsia. De São Borja, os restos mortais foram trazidos a Brasília e recebido com honras de chefe de Estado pela presidente Dilma Rousseff.

A perícia será feita no DF e amostras serão enviadas para análise em laboratórios no exterior. A intenção é voltar a homenageá-lo novamente em 6 de dezembro, dia em que a morte completará 37 anos e o corpo deverá voltar a São Borja (a 581 km de Porto Alegre), na fronteira com a Argentina.

Para saber o que aconteceu com Jango depois que ele foi afastado da presidência, em 1964, leia Jango, a vida e a morte no exílio, de Juremir Machado da Silva.

Jango, Macanudo e mitologia chinesa na Feira do Livro de Porto Alegre

Nesta quinta-feira, dia 14 de novembro, na Feira do Livro de Porto Alegre, três autores da L&PM participam de sessões de autógrafos:

17h – Santiago autografa O macanudo taurino
19h – Juremir Machado da Silva autografa Jango
19h – Carmen Seganfredo autografa As melhores histórias da mitologia chinesa

Vamos?

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Queda e exílio de Jango em debate

Jornal Zero Hora – 4/11/2013 – Por Guilherme Mazui 

Uma audiência pública às 19h de hoje, em Porto Alegre, contará com a participação de Waldir Pires, ex-ministro de João Goulart

Bastidores da queda de João Goulart, a tensão política com as reformas de base em 1964 e histórias do exílio do presidente deposto pelos militares serão contadas em uma audiência pública às 19h de hoje na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. São memórias do ex-ministro Waldir Pires, membro do primeiro escalão do governo Jango.

Organizado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência e pela Comissão Nacional da Verdade, o encontro serve como etapa preparatória da exumação do líder trabalhista. No dia 13, em São Borja, peritos brasileiros e estrangeiros removerão os restos mortais de Jango na tentativa de esclarecer se ele morreu de causas naturais ou se foi envenenado no exílio, em dezembro de 1976.

Aos 87 anos, Pires é vereador em Salvador. Ex-governador da Bahia, ministro nos governos Sarney (Previdência) e Lula (CGU e Defesa), foi consultor-geral da República de Goulart – posto equivalente ao atual ministro da Advocacia-Geral da União. Pela natureza do cargo, Pires despachava quase todos os dias com Jango no Palácio do Planalto. Acompanhou a tensão dos últimos dias que antecederam a queda do gaúcho e sua posterior ida para o exílio.

– Fui um dos últimos a deixar o Planalto, escondido na madrugada. Só reencontrei Jango no Uruguai. O presidente evitou que o Brasil vivenciasse uma guerra civil – afirma Pires.

Passados quase 50 anos do golpe militar, o ex-ministro apoia a decisão do governo de exumar Goulart, forma de tentar retirar as dúvidas sobre o suposto envenenamento.

– Com o sistema de perseguição armado pela ditadura, não duvido que Jango tenha sido envenenado – diz.

Além de Pires, também palestram na audiência pública a socióloga e feminista Lícia Peres e familiares do líder trabalhista – outra audiência deve ocorrer na próxima semana em São Borja.

– Os encontros se inserem no que chamamos justiça de transição. É a capacidade de refletirmos sobre os atos realizados nos períodos de ditadura – explica a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário.

Neto do ex-presidente e advogado do instituto que leva o nome do avô, Christopher Goulart reforça a importância de reunir representantes dos movimentos sociais, em especial jovens, para recuperar o legado de Jango,.

A família também acompanha a definição dos detalhes da exumação, coordenada pela Polícia Federal. Depois de abrir o jazigo da famíia Goulart, em São Borja, peritos levarão o corpo para Brasília, onde serão realizados exames antropológicos e de DNA. Os testes toxicológicos serão feitos em laboratórios no Exterior. Não há prazo para divulgação dos resultados nem certeza se os laudos serão conclusivos.

Jango – a vida e a morte no exílio, de Juremir Machado da Silva, aborda justamente este tema. No dia 14 de novembro, às 17h na Feira do Livro de Porto Alegre, Juremir e Christopher Goulart, neto de Jango, conversam com os leitores sobre os fatos que despertaram a suspeita de que o ex-presidente possa ter sido assassinado. Logo após o bate-papo, às 19h, o escritor vai autografar o livro.

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Exumação de Jango começará no dia 13 de novembro

Jornal Zero Hora – 17/10/2013 – Por Guilherme Mazui

O corpo de João Goulart tem data para deixar o cemitério Jardim da Paz, em São Borja, onde repousa desde dezembro de 1976. No dia 13 de novembro, peritos exumam o ex-presidente, a primeira etapa de uma operação que tentará esclarecer se Jango foi vítima de problemas cardíacos ou se foi envenenado durante o exílio.

Ainda não há previsão para a divulgação dos resultados dos exames toxicológicos, que serão realizados no Exterior e que, diante dos quase 37 anos da morte, podem ser inconclusivos.

A data da exumação foi anunciada na quarta-feira, 16 de outubro, em Brasília, pela ministra da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), Maria do Rosário. A definição saiu após quatro horas de reunião entre peritos da Polícia Federal, Argentina, Uruguai, Cuba e Comitê Internacional da Cruz Vermelha, além da família Goulart e representantes da própria SDH e da Comissão Nacional da Verdade. O grupo debateu a logística, laboratórios para as análises e a lista de substâncias que serão procuradas nos testes – a PF mapeou venenos usados pelas ditaduras do Cone Sul na década de 1970.

– Estamos em plenas condições de realizar o procedimento. João Goulart foi perseguido pela ditadura todos os dias do exílio. Mesmo que os testes não sejam conclusivos, a ditadura brasileira é responsável pelo sofrimento e morte de Jango – disse Rosário.

A exumação é o início da operação, discutida nos últimos meses. De São Borja, o corpo seguirá para os laboratórios da PF em Brasília, onde passará por exames antropológicos e de DNA, a fim de confirmar que a ossada é de Jango. Também serão colhidas as amostras para os testes toxicológicos. A decisão de realizar as análises no Exterior foi tomada pelos peritos para manter a imparcialidade da investigação. Os laboratórios e países não devem ser divulgados.

– O mais comum é que não sejam divulgados, para garantir que as informações não transitem, até para termos uma isenção e uma objetividade maior – justificou o perito Amaury de Souza Jr., coordenador da equipe da PF responsável pela exumação.

Realizadas as coletas, o corpo voltará para São Borja com honras de chefe de Estado. A data prevista é 6 de dezembro, quando a morte completará 37 anos. Neto de Jango e advogado do instituto que leva o nome do ex-presidente, Christopher Goulart ficou satisfeito com o desfecho da reunião:

– Meu avô foi perseguido e caluniado durante décadas. É importante reparar a sua imagem para as novas gerações de brasileiros.

No livro Jango – a vida e a morte no exílio, de Juremir Machado da Silva, o autor explica quando e como nasceu a hipóteses de que Jango foi assassinado.

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Juremir Machado da Silva entrevista Dr. Fernando Lucchese

Foi bastante feliz a entrevista que Juremir Machado fez com o Dr. Fernando Lucchese. O papo sobre o mais recente livro do Dr. Lucchese, Não sou feliz, foi ao ar no programa “Livro Aberto” exibido em 7 de outubro na UniTV. Assista aqui à primeira parte:

Juremir Machado da Silva lançou recentemente o livro Jango – A vida e a morte no exílio.

Exumação de Jango: peritos cubanos entram em cena a pedido da família

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Jornal Zero Hora – 18/09/2013

No primeiro encontro entre peritos brasileiros e estrangeiros que analisarão os restos mortais de João Goulart (1919-1976), a informação mais aguardada não chegou a ser estabelecida: a data em que o corpo do ex-presidente será exumado. O corpo de Jango será transportado do jazigo da família, em São Borja, para o Instituto Nacional de Criminalística (INC), da Polícia Federal, em Brasília, onde se pretende investigar as causas de sua morte.

Ao fim de uma reunião de cinco horas, realizada ontem, na sede do INC, autoridades, peritos e familiares chegaram ao consenso de que um relatório pericial ainda precisa ser feito e apresentado em outubro.

Segundo o diretor técnico-científico do instituto, Amaury Souza Jr., que vai liderar o processo pericial, o cronograma para a exumação está mantido, mas há diferenças a acomodar quanto aos critérios.

– Isso acontece até com um simples exame de sangue. O instituto de um país pode adotar um padrão diverso ao de outro. E, em um trabalho em equipe, é preciso estabelecer uma certa harmonia dos procedimentos. É um caso difícil. Não sabemos o que vamos encontrar – disse Souza Jr.

Ontem, peritos cubanos foram incorporados ao grupo técnico-científico, a pedido da família Goulart. As análises de Cuba ficarão sob a responsabilidade do reitor da Escola de Medicina de Havana, Jorge Pérez, presente ao encontro.

Todas as instâncias envolvidas no esclarecimento da morte do ex-presidente – Secretaria de Direitos Humanos, Comissão Nacional da Verdade, Ministério Público, Polícia Federal e Comitê Internacional da Cruz Vermelha – endossam o movimento feito pela família Goulart, anos atrás, no sentido de recorrer à ciência para tentar esclarecer as causas e as circunstâncias da morte de Jango. O gaúcho morreu em 6 de dezembro de 1976, em sua fazenda, na cidade argentina de Mercedes.

No atestado de óbito do ex-presidente, consta apenas que a morte ocorreu por enfermidade. Não houve pedido de autópsia à época. Desde o início dos anos 1980, pairam versões de que Jango morreu vítima de envenenamento, recurso utilizado pela Operação Condor.

– Vamos investigar tudo, com muita seriedade – garantiu ontem a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, na abertura dos trabalhos.

Quer saber mais sobre como surgiram as hipóteses de que Jango foi assassinado? Leia Jango – A vida e a morte no exílio, de Juremir Machado da Silva.