Arquivo mensais:junho 2011

As namoradas de Jack Kerouac

Aproveitando que o Dia dos Namorados está chegando, separamos aqui algumas namoradas de Jack Kerouac. Mulheres que o acolheram e o inspiraram a criar algumas de suas personagens.

bea_francoBea Franco – Foi a “Mexican Girl” de Jack Kerouac. A personagem Terry, de On the Road, foi inspirada nela. Os dois se conheceram no outono de 1947 na Califórnia e tiveram um affair. Mas o suficiente para ela ir parar no livro e apaixonar-se por Kerouac. Em uma das cartas que enviou a ele, diz que, se não fosse seu filho, “teria ido com ele mesmo que fosse de carona”. No filme On the Road, de Walter Salles, a Mexican Girl foi interpretada por Alice Braga.

Alene Lee – Afro-americana com ares de cantora de jazz, Alene fazia parte do círculo beat e foi namorada de Kerouac em 1953. Mardou Fox, personagem de Os Subterrâneos, na verdade é ela, assim como Leo Percepeid é o alterego de Kerouac. Outra personagem dele, Irene May, do Livro dos Sonhos, também teria sido inspirada em Alene. Essa ex-namorada de Jack preferiu ser discreta e não contou muito sobre a relação entre os dois.

 

Helen Weaver – Trabalhava em uma editora e conheceu Jack Kerouac em 1956, quando ele e Allen Ginsberg bateram na porta de sua casa. Apaixonou-se por Kerouac à primeira vista. Em 2009, publicou um livro contando suas memórias com Kerouac, que tem o título de “The Awakener (O despertador). “Eu soube que ia escrever este livro desde aquele dia, em novembro de 1956, quando ele entrou na minha sala, meu quarto, e minha vida” escreveu ela no prólogo.

Joyce Glassman (Joyce Johnson) – Começou a namorar Jack Kerouac quando tinha 21 anos e pouco antes do lançamento de On the road. Foi ela que acompanhou o escritor até a banca de jornal, na madrugada de 5 de setembro de 1957, para que comprassem a edição do New York Times e lessem a crítica do livro. Publicou, em 2000, Door Wide Open: A Beat Love Affair In Letters, 1957-1958, com as cartas trocadas entre ela e Kerouac ao longo de um ano.

E estas não foram as únicas mulheres na vida de Jack Kerouac. Edie Parker, a namorada que virou a primeira esposa (apesar de terem ficado casados por apenas dois meses), também escreveu um livro contando sua vida ao lado de Jack. Esperanza Villanueva o encantou e o inspirou a escrever Tristessa. Carolyn Cassady, esposa de Neal Cassady, foi sua amante. E Stella Sampas, uma namorada da adolescência, acabou se casando com ele nos anos 1960.

Múltiplos olhares sobre Allen Ginsberg

Pelo jeito, o Howl Festival 2011 realizado de 3 a 5 de junho em Nova York para comemorar o aniversário de Allen Ginsberg foi um sucesso! Basta dar uma olhada nas notícias e fotos da festa que circularam na internet desde o primeiro dia. Como de costume, o festival abriu com uma leitura em grupo de Howl (Uivo), o longo e célebre poema de Ginsberg que dá nome ao evento. Ainda na programação, vários shows de música, apresentações de dança, performances, poesia e até um carnaval infantil.

Ao longo do Tompkins Square Park, que fica no East Village, bairro em que Allen Ginsberg morou até o fim da vida, diversos artistas gráficos também prestaram sua homenagem ao poeta. Fazendo uma busca simples por “Howl Festival 2011” no Flickr, você encontra uma verdadeira cobertura fotográfica colaborativa do evento:

(passe o mouse sobre as fotos para ver os créditos ou clique para ir direto ao perfil do fotógrafo no Flickr)

howl festival 2011

Art Around the Park, Howl Festival 2011, East Village, New York City - 3

ginsburg, allen at Howl

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Quer ver mais fotos? No Flickr há centenas delas! Clique aqui e sinta o clima do que foi o Howl Festival 2011.

Bertrand Russell e seu cachimbo

Bertrand Russell é considerado o filósofio mais expressivo e engajado do século XX, ao lado de Sartre. Fumante incansável, sempre segurando seu cachimbo, Russell estava em um avião que, em 1948 caiu sobre o mar da Noruega. Em sua autobiografia, ele descreveu o acidente: “Quando nosso avião pousou sobre a água, tornou-se óbvio que algo estava errado. Nós estávamos sentados no avião enquanto ele lentamente afundava. Vi botes reunidos em volta dele e logo fomos informados que devíamos pular no mar e nadar até um destes barco – o que todas as pessoas perto de mim fizeram. Soubemos posteriormente que os dezenove passageiros da área de não-fumantes tinham morrido quando o avião atingiu a água. Eu havia dito a um amigo em Oslo, que foi quem reservou meu lugar no avião, que ele devia escolher uma poltrona onde eu pudesse fumar e comentei jocosamente: “Se eu não puder fumar, vou morrer”. Inesperadamente, esta acabou sendo uma verdade.”

Bertrand Arthur Wiliam Russell, terceiro conde de Russell, nasceu no País de Gales, em uma família tradicional. Tornou-se filósofo, lógico, matemático, além de inveterado humanista. Foi pacifista, posicionou-se a favor da emancipação feminina e do controle da natalidade, combateu o imperialismo e foi um dos primeiros defensores do desarmamento nuclear. Agnóstico declarado, criticava qualquer forma de autoridade que tolhesse a liberdade de pensamento e de expressão e acusava instituições religiosas e seus fieis por dificultarem a vida do ser humano. Seus leitores e admiradores viam nele um profeta da vida criativa, moderna e racional. Em 1950, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. Na década de 1960, denunciou os Estados Unidos pela invasão do Vietnã. Foi casado quatro vezes e, apesar de nunca ter largado seu cachimbo, morreu com quase cem anos.

De Bertrand Russel, a L&PM publica Por que não sou cristão; Ensaios céticos e No que acredito, livro da Série Pocket Plus em que o filósofo começa dizendo que “O homem é uma parte da natureza, não algo que contraste com ela. Seus pensamentos e movimentos corporais seguem as mesmas leis que descrevem os deslocamentos de estrelas e átomos…”

31. O homem que sabia dar títulos

Por Ivan Pinheiro Machado*

Editor, até pouco tempo atrás, era considerado apenas um leitor de luxo. Uma espécie de diletante privilegiado, quase como um diretor de uma fundação. Poucos imaginavam que uma editora pudesse ser uma empresa, ter obrigações prosaicas como pagar salários, direitos autorais, aluguéis etc. As pessoas se sentiam no direito de interromper o nosso jantar num restaurante para dizer que tinham uns poemas ou um romance “e você vai ter que ler e publicá-los!”. Este detalhe insalubre da profissão de editor é pouco conhecido. Vez por outra, numa festa ou num lugar público, você se torna refém dos chatos…  Hoje, o mercado se profissionalizou e estas abordagens já não são tão frequentes como antes. Ainda acontece, mas o “público em geral” já tem ideia de que editor é um profissional como qualquer outro. Uma editora, ao contrário de uma fundação, é um negócio sujeito às leis do mercado.

Com os escritores acontecia praticamente o mesmo. Eram (e são) atormentados pelos mesmos chatos e amigos para lerem originais e darem uma opinião ou uma ajudinha para encontrar um editor. O José Onofre Krob Jardim, escritor e um dos melhores textos da imprensa brasileira, falecido recentemente, contava uma história muito boa sobre esta relação entre o “chato” e o escritor.

William Faulkner, prêmio Nobel de 1949, autor de “O som e a fúria”, “Enquanto agonizo”, “Luzes de agosto”, entre outras obras-primas, era famoso por criar ótimos títulos para os seus livros. Um dia, um amigo ligou e disse que seu filho havia escrito um romance muito bom, mas que estava com dificuldades para escolher o título. Ele pedia que Faulkner lesse o livro e desse um nome a ele. Educadamente, o grande escritor concedeu que o filho do amigo fosse a sua casa com seus originais.

Poucos dias depois, o rapaz cumpriu a promessa do pai e chegou na casa do escritor com um enorme calhamaço, um romance com quase 800 páginas datilografadas.

– Aqui está o livro para o senhor ler, Mestre.

Faulkner olhou apavorado para aquela montanha de papel e disse:

– Olha, meu filho, eu acho que já tenho um título para o seu livro…

– Mas o senhor não quer ler?

– Diga-me uma coisa. Por acaso a sua história se refere a tambores? Há alguma passagem em que os personagens toquem tambores?

– Não… com certeza não.

– Diga-me também o seguinte; em algum momento do livro existe uma cena em que há o som de clarins como fundo?

– Não. Respondeu o jovem, cada vez mais intrigado.

– Então está aí… Disse Faulkner com um sorriso sábio. Já temos o título: “Nem tambores, nem clarins”!!

O escritor William Faulkner em seu escritório

*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o trigésimo primeiro post da Série “Era uma vez… uma editora“.

Fernando Pessoa e o Tejo

O rio Tejo, que corta Portugal de oeste a leste, é personagem típico na literatura feita no país. Nos versos de Fernando Pessoa, um de seus poetas mais ilustres, não seria diferente. Ouça a seguir o poema O rio da minha aldeia, do livro Poesias (Coleção L&PM Pocket), interpretado por Tom Jobim no CD Música em Pessoa, lançado em 1985, por ocasião dos 50 anos da morte do poeta português.

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que veem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal
Toda a gente sabe disso
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

Conheça os livros de Fernando Pessoa e seus heterônimos na Coleção L&PM Pocket.

Uma obra inédita de Conan Doyle

A novela inédita The narrative of John Smith escrita por Sir Arthur Conan Doyle entre 1883 e 1884 será finalmente publicada pela British Library. A responsável pelo setor de manuscritos da British Library, Rachel Floss, contou ao jornal The Guardian que Conan Doyle, na época com apenas 23 anos, chegou a enviar os originais a uma editora, mas o pacote se perdeu no correio e ele tentou reescrever o livro com base naquilo que lembrava. É esta história reconstituída, explica Rachel, que será lançada em novembro deste ano e já tem até capa:

Em The narrative of John Smith, um homem de 50 anos vive confinado em seu quarto devido a uma doença e desenvolve suas opiniões sobre diversos assuntos, de religião à guerra. Quem teve a oportunidade de ler afirma que já há nele alguns indícios do personagem Sherlock Holmes, cuja primeira história foi publicada pouco tempo depois.

Conheça os títulos de Conan Doyle na Coleção L&PM Pocket.

Nossos primeiros Mangás

Os Mangás possuem muitos fãs e colecionadores. Não apenas no Japão – país que mais consome quadrinhos no planeta -, mas pelo mundo afora.  A L&PM aderiu ao gênero e, ainda este ano, vai lançar títulos clássicos de uma das maiores editoras japonesas, a Shogakukan: Solanin (em dois volumes), de Inio Asano, e Boken Shonen, de Mitsuri Adashi.

E para adiantar, apresentamos aqui a capa original do primeiro volume de Solanin que chegará à Coleção L&PM POCKET no segundo semestre de 2011 (aqui ela ainda está em japonês) e duas páginas como elas chegam na editora: com os balõeszinhos em branco para serem preenchidos com a versão em português, cuja tradução do japonês está sendo feita por Adriana Kazue Sada, sob a coordenação editorial de Alexandre Boide (o mesmo tradutor da Série Peanuts Completo). Logo, logo, você vai saber o que eles estão dizendo aí… Por enquanto, use a imaginação.

Autor do dia: Franz Kafka

Praga, Tchecoslováquia, 1883 – † Kierhing, Áustria, 1924

Judeu de classe média, começou a escrever aos quinze anos, embora a maior parte de sua obra tenha sido publicada postumamente. Viveu sua infância em um clima opressivo, dominado pela figura tirânica do pai. Personalidade complexa, tímido, funcionário público exemplar, conviveu com intelectuais, participando reservadamente da vida cultural. Seus trabalhos só foram enviados a editoras e jornais depois da insistência de admiradores, como o conterrâneo Max Brod, responsável pela divulgação de sua obra. Esta começou a ganhar espaço durante os anos 1920, por intermédio de André Breton e, mais tarde, de Jean-Paul Sartre e Albert Camus, chegando aos países de língua inglesa. Seus livros, proibidos durante a Segunda Guerra Mundial, retornaram à Alemanha apenas em 1950. Dentre esses, os mais conhecidos são A metamorfose e O processo. Sua obra é considerada um dos pontos altos da literatura fantástica, com destaque para o modo como o absurdo irrompe o cotidiano e o desestabiliza.

Obras principais: A metamorfose, 1916; Na colônia penal, 1919; Carta ao pai, 1919; Artista da fome, 1924; O processo, 1925; O castelo, 1926

FRANZ KAFKA por Antonio Hohlfeldt

Kafka viveu entre o final do século XIX (nasceu em 1883) e as três primeiras décadas do século XX  (morreu em 1924). Assistiu, pois, à passagem dos séculos, mas, principalmente, à Revolução Russa e à Primeira Guerra Mundial. Judeu, natural de Praga, experimentou na carne a marginalização sob todos os seus aspectos: Praga era a capital de uma nação relativamente artificial (afinal, a Tchecoslováquia fazia parte do Império Austro-Húngaro – ele mesmo, Franz, falava alemão), e os judeus, em qualquer tempo e em qualquer lugar, sempre foram perseguidos ou sofreram desconfiança por parte dos demais segmentos populacionais. Some-se a esses aspectos culturais e históricos um aspecto psicológico pessoal: o sentimento de apartamento que marcou o adolescente e o adulto, fato que se confirma ao serem lidos seus Diários ou a famosa Carta ao pai.

Perto de morrer, Kafka queria que seus escritos fossem destruídos. Felizmente, seu principal amigo, Max Brod, descumpriu essa vontade, e hoje a obra de Franz Kafka, lida e debatida constantemente, constitui-se em um dos mais radicais e contundentes documentos sobre a modernidade, a tentativa de afirmação da racionalidade e, ao mesmo tempo, a vitória da irracionalidade. Kafka ilustra toda a teoria freudiana da psicanálise (veja-se O castelo ou A metamorfose), mas, sobretudo, evidencia a fragmentação da consciência do homem moderno, uma esquizofrenia que impede a auto-imagem, a afirmação da identidade e, portanto, toda e qualquer realização afirmativa.

Além disso, antecipa os sistemas de força que negariam a individualidade, como o socialismo soviético,  que começava a ser então edificado, ou o nazismo, que logo depois tomaria conta da Alemanha, matizado pelo fascismo de Mussolini na Itália, etc. Em síntese, Kafka foi moderno porque sua literatura surpreende a inadequabilidade do ser humano ao mundo crescentemente maquinizado, onde as pessoas se tornam máquinas, robôs, coisas, instrumentos de poder, negadas em sua essência e em sua identidade. Para bem se ler Kafka, por isso mesmo, deve-se levar em conta tanto a chave psicanalítica quanto a histórico-cultural.

Guia de Leitura – 100 autores que você precisa ler é um livro organizado por Léa Masina que faz parte da Coleção L&PM POCKET. Todo domingo,você conhecerá um desses 100 autores. Para melhor configurar a proposta de apresentar uma leitura nova de textos clássicos, Léa convidou intelectuais para escreverem uma lauda sobre cada um dos autores.

Pudim de amêndoas Assis Brasil

Um pudim de amêndoas capaz de deixar qualquer um com água na boca. A dica de hoje é de Celia Ribeiro, no livro Receitas de Yayá Ribeiro. Neste livro, Celia oferece aos leitores receitas de salgadinhos, pães, bolos, biscoitos, tortas e muitas outras delícias.

PUDIM ASSIS BRASIL

Ingredientes:
1kg de açúcar, 3 xícaras de água, 1 colherzinha de açúcar de baunilha, 2 colheres de manteiga, 100g de amêndoas moídas, 24 gemas, 2 claras. Para caramelar a forma: 1 ½ xícara de açúcar.

Como preparar:
Caramele a xícara e meia de açúcar, colocando-a numa panela e mexendo até que o açúcar fique liso. Derrame-o na fôrma e, rapidamente, espalhe-o em toda ela. Com o quilo de açúcar, a água e a baunilha, prepare uma calda média e, ainda quente, misture a ela a manteiga e as amêndoas. Deixe o preparado esfriar e acrescente as gemas e as claras. Derrame a mistura na fôrma forrada de açúcar queimado e leve ao forno quente, em banho-maria, por mais ou menos 45 minutos. Desenforme o pudim depois de frio.
Obs: Durante o banho-maria, tenha o cuidado de manter a água no nível da superfície do doce.

Sábado tem sempre uma “Receita do dia” vinda diretamente dos livros da Série Gastronomia L&PM.

O amigo de Kafka

A grande metamorfose de Kafka aconteceu em 3 de junho de 1924 quando, depois de muito sofrimento causado pela Tuberculose, ele finalmente descansou. Robert Klopstock, seu grande amigo, acompanhou os últimos dias do escritor, como mostra o trecho do livro Kafka, série Biografias L&PM.

Às quatro horas da manhã, Dora chama Klopstock ao quarto, porque Franz respira muito mal. Klopstock tem consciência do perigo e acorda o médico, que faz uma injeção canforada. Então começa a última batalha do escritor, a da morfina. Ele culpa, com raiva, seu amigo, recriminando-o por não querer ajudá-lo: “Você sempre me prometeu, há quatro anos. Você me tortura, você sempre me enganou… Não falarei mais com você. Eu estou morrendo, afinal”. Aplicaram-lhe duas injeções. Na segunda, ele disse: “Não trapaceie, você está me dando um antídoto”. Depois ele disse […]: “Mate-me, senão você é um assassino”. Deram-lhe pantapon, ele ficou feliz: É bom assim, mas mais, mais, você está vendo que não está fazendo efeito”. Depois, ele lentamente adormeceu. Suas últimas palavras foram para sua irmã Elli, Klopstock segurava-lhe a cabeça. Kafka, que sempre teve um medo extremo de contaminar alguém, disse, olhando para o amigo que tomava por sua irmã: “Vamos, Elli, não tão perto”. E como Klopstock se endireitasse um pouco: “Sim, assim, está bem.

Robert Klopstock ainda era estudante de medicina quando interrompeu seus estudos para ajudar a cuidar de Kafka. Seu nome ficaria para sempre ligado ao do autor de A metamorfose, Carta ao pai, O processo, Um artista da fome, entre outros.

Robert Klopstock, o amigo de Kafka que estava ao lado do escritor no dia de sua morte

E foi graças a outro amigo, o escritor e jornalista Max Brod, que a obra de Franz Kafka não se perdeu no tempo. Em 1922, Kafka pediu a ele que destruísse todos os seus escritos após sua morte. Brod não cumpriu a promessa, salvou o que conseguiu, recuperou trabalhos perdidos durante o regime nazista na Alemanha e publicou grande parte dos livros do amigo. À Brod, o nosso muito obrigada.