Arquivo mensais:agosto 2010

“O último romance de Balzac” no 38º Festival de Cinema de Gramado

Em 1965, Waldo Vieira, médico e médium espírita, que trabalhava com Chico Xavier, recebeu o espírito de ninguém menos do que Honoré de Balzac. Ouvindo a voz do célebre escritor, o doutor Vieira psicografou um romance de Balzac. Anos depois, o livro post mortem foi parar nas mãos do psicólogo Osmar Ramos Filho, recém chegado da Bélgica, que lhe dedicou 10 anos de estudos. De tudo isso, resultou não apenas um livro contando toda essa história, como também um documentário que, nesse final de semana, será exibido no 38º Festival e Cinema de Gramado que começa hoje. No longa-metragem “O último romance de Balzac”, dirigido pelo baiano Geraldo Sarno, há ainda a dramatização do romance balzaquiano A pele de Onagro (La peau de Chagrin), além da análise do processo de criação de Balzac sob um ponto de vista, no mínimo, incomum. Para quem puder ir à serra gaúcha assistir, ele será exibido no domingo, dia 08 de agosto, às 21:30 no Palácio dos Festivais.

Uma das cenas do filme, fotografada por Anita Dominoni

Veja mais fotos das filmagens aqui.

L&PM prepara hotsite para aniversário de Agatha Christie

Em setembro celebram-se os 120 anos de nascimento de Agatha Christie, e uma série de eventos marcará a data em todo o mundo. Até um festival está sendo organizado em Torquay, cidade natal da escritora no oeste da Inglaterra.  Enquanto isso, aqui no Brasil, a L&PM está preparando um hotsite especial para os fãs da Rainha do Crime.

Nele, estarão informações sobre os quase 30 livros de Agatha publicados pela Coleção L&PM Pocket, além de curiosidades, relação dos personagens mais importantes e um quiz para testar o conhecimento dos leitores-internautas.

Flp, Flp, Flp, flip, fliiip, fliiip, FLOOOOP!!

Marcos e Rachel Ribas moram há anos em Paraty e são donos do Teatro Espaço. Com exclusividade para o Blog da L&PM, Marcos escreveu um texto sobre a Festa Literária Internacional de Paraty, evento que ele acompanha (como morador da cidade) desde antes da primeira edição.

Marcos Ribas

A nave mãe baixa finalmente sobre o Areião do Pontal, ao lado da Santa Casa da Misericórdia, o hospital da cidade.
Vai começar a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), provavelmente o maior evento literário do mundo com este formato.
Lembro de quando, em 2002, Liz Calder e Louis Baum (seu marido) convidaram Rachel e eu para jantar e para falar sobre o plano que ela tinha de fazer um evento literário em Paraty, num formato que ela conheceu numa cidade pequena da Inglaterra.
Confesso que achei a ideia meio maluca. Imaginei alguns autores estrangeiros lendo seus textos literários, que eram reproduzidos em tradução simultânea por pessoas sem muita formação na área, e me lembrei da expressão italiana “traduttore, traditore”. Mas ouvi com atenção. Afinal, aquela mulher (muito simpática, diga-se de passagem) era a co-fundadora da Bloomsbury Publishing, a editora do Harry Potter.
Perguntei se eles tinham já o principal que, naturalmente, era o dinheiro para o evento. Ela me disse que não. Que estava em contato com uma editora de São Paulo, mas que se dispunha a investir uns US$ 50.000,00 de dinheiro dela. Pensei “que maluquice”, mas educadamente disse: “Que legal, que bom para Paraty. Vai em frente, faz aí.”
E seguimos comendo da boa comida que ela servia, tomando do bom vinho e proseando sobre outros assuntos divertidos, como sempre acontecia nas nossas visitas daquela época.
Caramba, como aquilo deu certo! Como cresceu!
De cima da ponte, olho para a nave mãe de um lado do Rio Perequê-açu e para as duas enormes tendas do outro lado e fico totalmente pasmado. Que coisa enorme que é a Flip. Perto das duas tendas grandes, a Flipinha colore e transforma a Praça da Matriz, que praticamente desaparece no meio do colorido, dos bonecos gigantes, dos livros pendurados nas árvores, e das muitas atividades oficiais e penetras. A Flip é um fenômeno, um enorme fenômeno muito maior do que Paraty…
Mas vamos voltar para a Liz Calder, a criadora da Festa, a inventora da Flip. Engraçado este nome, não é? Flip. To flip em inglês quer dizer fazer dar voltas. Palavra muito usada na expressão to flip the coin que significa literalmente jogar a moeda para cima, ou jogar cara ou coroa.
Já faz algum tempo que a gente não se encontra com calma para jantar e conversar fiado, como se dizia na minha cidade natal lá do norte de Minas. E fico pensando como é que a Liz, que já não tem mais casa em Paraty, que circula pelo evento mais como uma rainha mãe, se sente sobre tudo isto agora, oito Flips depois, fliping um orçamento de 6,3 milhões de reais in the air. Quite a lot of coins, I would say.
Se a festa faz bem para a cidade? Acredito que sim, mas no começo pensava: “como será que Paraty vai digerir a Flip?”  Hoje penso: “como será que a Flip vai digerir Paraty?” O futuro dirá.
No presente, não tenho do que me queixar. No Teatro Espaço, nosso espetáculo está cheio. Lotado, mesmo na noite do show de abertura, que é na Praça, quase aberto para o público e sempre com grandes nomes como Caetano, Gilberto Gil, este ano com Edu Lobo e (veja você) Fernando Henrique Cardoso.
Só é chato a história de não poder comer fora sem fazer fila, e a mania que o povo tem de me confundir com o Paulo Coelho…(hehe) Mas que fazer, não é?
A Flip tem seus prós e tem seus contras, é assim mesmo, é natural. Quero ver a conferência do Robert Crumb e do Gilbert Shelton (Fritz the Cat x Freak Brothers), o horário só me permite assistir uma parte antes do nosso espetáculo e só consegui um ingresso. Tudo bem, fazer o que? A confusão dos ingressos é o problema maior que eles têm. Mesmo para nós moradores.
Eu não falo nada. Fico quieto, só no meu canto, mineiramente esperando. Olhando aquele mundão de gente e esperando até que flooop, fliiip, fliip, fliip, flip, flip, flip, vupt! A nave mãe foi embora. Ufa! Paz de novo em Paraty…

O Curriculum Vitae de Leonardo da Vinci

Não é só você, caro leitor, que precisa vender suas qualidades para conseguir um emprego. Até Leonardo da Vinci precisou fazer isso um dia. Quando tinha 30 anos, o italiano enviou uma carta a Ludovico Sforza, então Duque de Milão, em que ressaltava suas suas invenções voltadas para a guerra e pouco falava na vocação artística.

A carta começa assim: “Ilustríssimo Senhor, esforço-me em dar explicações a sua Excelência, sobre os motivos que me levam a solicitar minha incorporação sob a proteção do Duque, para assim desenvolver todas as invenções realizadas por mim e que poderiam ser úteis em uma batalha, estou disposto a fazer experiências em sua casa, ou em qualquer lugar que agrade a sua Excelência”. No item 9, da Vinci completa: “Se a operação de bombardeio falhar, inventaria catapultas, trabucos e outras máquinas de máxima eficácia e de uso pouco comum. Ademais, segundo o caso, posso inventar artigos de ataque e defesa.”

Para ver a íntegra da tradução, clique aqui. Foi nesse mesmo blog que encontramos a carta.
Para saber mais sobre Leonardo da Vinci, leia o título dedicado a ele na série Biografias e o romance Roubaram a Mona Lisa!, de R. A. Scotti.

Revista publica foto inédita de Salinger

A revista Newsweek publicou na última semana uma foto inédita de J. D. Salinger,  que morreu em janeiro desse ano. Salinger passou os últimos 45 anos de sua vida recluso e, portanto, fotos suas são raríssimas. Essa, em que ele até esboça um sorriso, foi tirada em abril de 1968.

Quando a foto foi tirada, Salinger estava com 49 anos / Reprodução

Leia a íntegra da matéria da Newsweek aqui.

Homem é condenado por ocultar original de Shakespeare

Vamos evitar clichês e não começaremos este texto com “a justiça tarda mas não falha” – mesmo porque às vezes ela falha. Mas não foi esse o caso do julgamento de Raymond Scott, aquele sujeito estranho preso em 2008  sob a acusação de roubar um original de Shakespeare da Universidade de Durham. Contamos a história toda nesse post, do dia 23 de junho.
Pois bem, agora, no início de agosto, Scott foi finalmente inocentado do roubo. Ainda assim, foi condenado a oito anos de prisão por ocultar um objeto roubado e tirá-lo do território britânico. Segundo o promotor, ele ainda teria rasgado a encadernação, a capa e as páginas do manuscrito. Para o juiz, Scott  praticou “vandalismo cultural de um tesouro da Inglaterra”.

Com informações da Folha de São Paulo

Era uma vez uma infância…

Paula Taitelbaum

As histórias que minha avó me contava para dormir eram repletas de medo e dor. Havia um caçador prestes a arrancar o coração de uma jovem inocente, meninas malvadas que cortavam os dedos e calcanhares só para que seus pés coubessem dentro de um sapato e, para completar, um pai que abandonava seus filhos na floresta para que morressem ao relento. Em Branca de Neve, Cinderela e João e Maria, as histórias preferidas da minha avó, a pitada de suspense era o que fazia com que elas tivessem mais graça – pelo menos pra mim. Mas no quesito horror infantil nada se compara a um livro que, há uns dois anos, encontrei nas livrarias e, sem nenhuma maldade, comprei. Falo de O triste fim do pequeno menino ostra e outras histórias, escrito e ilustrado por ninguém menos que Tim Burton, o diretor do mais popular filme do ano: Alice no País das Maravilhas. Pois no livro, Burton apresenta pequenos contos em versos que trazem personagens bizarros tentando se enquadrar na sociedade “normal”. Até aí tudo bem, mas na história do título, o menino ostra, rejeitado por todos, acaba sendo literalmente devorado pelo pai que andava meio desanimado para cumprir suas tarefas conjugais. Isso depois do progenitor procurar ajuda médica e escutar do doutor que “ostras são ótimas para o seu caso”. Escondi o livro da minha filha, coloquei lá em cima da prateleira. Por mais que as crianças de hoje já não sejam mais como as de antigamente, prefiro que ela siga com os Irmãos Grimm e suas “inocentes” histórias. Até porque a L&PM tem traduções ótimas para esses clássicos.