60. Sou o marinheiro Popeye

O blog da L&PM Editores concedeu férias ao editor Ivan Pinheiro Machado*. Sendo assim, o “Era uma vez… uma editora”, série de posts assinados por ele – e publicados neste espaço todas as terças-feiras -, será um pouco diferente até o final de janeiro. Neste período, mostraremos alguns livros que fazem parte da memória da editora. Como “Popeye”, que pertencia à antiga Coleção Quadrinhos L&PM e cuja edição era comemorativa aos 60 anos do marinheiro viciado em espinafre.

Publicado na primavera de 1989, “Popeye” tinha formato 27,5cm x 21cm e trazia duas histórias: “O Rei da Nazília” e “Popeye, Rei da Popilândia”. Com tiras desenhadas por Segar entre janeiro e março de 1933, o livro tinha prefácio de Goida, um dos autores da Enciclopédia dos Quadrinhos, relançada este ano pela L&PM.

*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o sexagésimo post da Série “Era uma vez… uma editora“.

Poesia para vestir

Em parceria com uma empresa especializada em produtos de papel, a estilista Sylvia Heisel desenvolveu um vestido que é pura poesia. Totalmente feito de papelão reaproveitado, cada parte do vestido tem gravado um trecho da obra de grandes escritores como Oscar Wilde, Virginia Woolf, Charles Dickens, Andy Warhol, Lewis Carrol, entre outros.

Conforme o uso, o papel vai se desgastando e o texto vai aparecendo. Falando assim, parece uma roupa frágil, mas a estilista garante que a peça pode até ser lavada e tem a mesma durabilidade de um vestido de tecido delicado, como a seda, por exemplo. O papel é tratado para se tornar mais resistente e não rasgar e é aquecido para ficar mais maleável, como se fosse mesmo um tecido com a textura de um couro mais fino e aveludado. Olha só o resultado:

Eduardo Galeano abrirá prêmio Casa das Américas 2012 em Cuba

O escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano abrirá o Prêmio Literário Casa das Américas 2012, que será realizado no próximo dia 16 de janeiro, em Havana, informou neste domingo a imprensa local.

Galeano, que manteve um longo vínculo com a Casa das Américas, será uma espécie de convidado especial da 53º edição da premiação criada em 1959, anunciaram fontes da instituição cultural cubana.

O escritor uruguaio já recebeu três prêmios do festival literário de Havana, com: A Canção de Nós (1975) e Dias e Noites de Amor e de Guerra (1978). Na edição deste ano, o escritor recebeu o prêmio extraordinário de narrativa “José María Arguedas” com o título Espelhos – Uma História Quase Universal.

Na edição de 2012, o júri do Prêmio Casa avaliará as obras nas categorias: teatro, literatura para crianças e jovens, literatura brasileira e literatura caribenha em francês e crioulo.

A programação do festival, que será realizado durante dez dias, incluirá painéis de intelectuais, conferências e a apresentação das obras ganhadoras de 2011, entre elas A Bota Sobre o Touro Morto, do cubano Emerio Medina Peña (conto) e Seu Passo, do argentino Carlos Enrique Bischoff (literatura testemunhal).

Desde sua criação em 1959, após o triunfo da revolução liderada pelo agora ex-presidente cubano Fidel Castro, o Prêmio Casa é considerado um dos prêmios com maior história e prestígio da literatura.

*Texto publicado originalmente no site Folha.com em 25/12/2011. Em 2012, a L&PM vai publicar um novo livro de Eduardo Galeano, “Los hijos de los días”.

A história dos especiais de Natal

Ontem, 25 de dezembro, o assunto em quase todos os canais de TV foi… o Natal.  Um documentário do History Channel contava sobre a origem dos especiais de Natal na televisão norteamericana. Segundo ele, tudo começou nos anos 50 quando um canal resolveu transmitir, na noite do dia 24, o filme “A felicidade não se compra” de Frank Capra. O célebre filme, de 1946, conta a história de um homem que, sem dinheiro, resolve se suicidar na véspera de Natal e é impedido por um anjo que, para fazer com que o sujeito mude de ideia, mostra como seria o mundo sem ele. O sucesso foi tanto que, a partir daí, os canais decidiram exibir filmes com temas natalinos todos os dias 24 de dezembro. Nenhum deles, no entanto, era especialmente produzido para a data. Foi só em 1962 que alguém teve a luminosa ideia de criar o primeiro especial de Natal. Nasceu assim a adaptação de Mr. Magoo para “Um conto de Natal” de Dickens.

Em 1965, a agência de publicidade da Coca-Cola, junto com o canal CBS, propôs a Charles Schulz que ele escrevesse um especial natalino com Peanuts. Aceito o desafio, mas com orçamento apertado, Bill Melendez dirigiu o primeiro Charlie Brown de Natal e propôs a inédita opção de usar crianças para dublar os personagens. O desenho animado (quadro a quadro!) levou seis meses para ser feito e só foi finalizado uma semana antes de ir ao ar. Schulz tinha exigido que, em alguma cena, a Bíblia fosse citada, mas quando viram Linus recitando a história do nascimento de Cristo segundo o Evangelho de Lucas, três executivos da CBS quase não deixaram o especial ser exibido. Mas Schulz insistiu, a Bíblia ficou e o resultado foi uma nevasca de americanos emocionados – cujos filhos e netos até hoje acompanham Charlie Brown e sua turma quando chega o Natal. (Paula Taitelbaum)

O livro "O Natal de Charlie Brown" é baseado nos especiais de Natal que acontecem desde 1965

Verbete de hoje: Bud Counihan

 

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, o Blog L&PM publicará, nos domingos, um verbete do livro. O de hoje é  o norteamericano Bud Counihan.

Embora todas as páginas da personagem Betty Boop fossem assinadas por Max Fleischer, o verdadeiro desenhista das mesmas era David Francis “Bud” Counihan. Nascido em St. Louis, ele mudou‑se para Nova York em 1910. Logo estava colaborando para a série “Little Napoleon”. Foi assistente também de Chic Young nas HQs Dumb Dora e Blondie. Escolhido para ilustrar “Betty Boop” (que se baseava nos desenhos animados produzidos por Max Fleischer), Counihan conseguiu manter um bom padrão na série. Apesar de sua pouca duração (1934-1937), essas tiras foram marcadas pelo talento de seu criador nos quadrinhos. Para saber mais: Betty Boop (imagem), coleção “Opera King” da Opera Graphica Editora (2003).

Natal sem Sinos

No pátio a noite é sem silêncio.
E que é a noite sem o silêncio?
A noite é sem silêncio e no entanto onde os sinos
Do meu Natal sem sinos?

Ah meninos sinos
De quando eu menino!

Sinos da Boa Vista e de Santo Antônio.
Sinos do Poço, do Monteiro e da igrejinha de Boa Viagem.

Outros sinos
Sinos
Quantos sinos!

No noturno pátio
Sem silêncio, ó sinos
De quando eu menino,
Bimbalhai meninos.
Pelos sinos (sinos
Que não ouço), os sinos de
Santa Luzia.

(De Manuel Bandeira em Bandeira de bolso – Uma antologia poética)

O Natal começou como uma festa pagã

Quem não é cristão também tem motivos para comemorar o dia 25 de dezembro. Talvez a maioria das pessoas não saiba, mas a escolha deste dia para celebrar, trocar presentes e ser feliz está associada a antigas festas pagãs que começaram antes do nascimento de Jesus.

A Saturnália era uma festa romana em homenagem ao deus Saturno e acontecia de 17 a 24 de dezembro. Logo depois, os romanos tinham a Brumália que, no dia 25 de dezembro, celebrava o nascimento do deus-sol, já que, pro pessoal do hemisfério norte, a data coincidia com o solstício de inverno, dia “mais curto do ano”.

Nos dias 24 e 25 de dezembro, os persas também homenageavam seus deuses inspirados no sol. No dia que agora corresponde à nossa véspera de Natal, os persas queimavam a imagem de seu deus Agni, feita a partir de um tronco de árvore, e colocavam uma nova em seu lugar. Com o novo deus, os dias começavam a aumentar novamente porque, segundo supunham eles, o seu deus jovem estava cheio de vigor para produzir dias maiores.

Já a festa germânica pagã do solstício de inverno, a Yule, caracterizava-se pelos grandes banquetes, a folia, a troca de presentes e os enfeites em árvores. Segundo a “nova enciclopédia de conhecimento religioso de Schaff-Herzog”, o dia 25 teria sido escolhido para ser o nascimento de Jesus justamente porque já existiam muitas festas neste dia e nada melhor do que continuar com a alegria do povo.

No Jardim Botânico de Buenos Aires há uma escultura que representa a Saturnália, uma réplica da escultura de Ernesto Biond que está em Roma

Breve, a L&PM vai lançar a biografia de Jesus, onde é possível descobrir que, na verdade, ninguém sabe direito quando e como Cristo nasceu. Mas isso não importa… Amanhã de noite, motivos para festejar e dar livros de presente não vão faltar. Feliz Natal!

On the map

Depois de conhecer o trabalho da artista Stefanie Posavec, a sua experiência com On the road de Jack Kerouac nunca mais será a mesma. A começar pelo título, que ela transformou em On the map. Seu trabalho mapeia toda a saga de Sal Paradise e Dean Moriarty e reconta a história por meio de gráficos aparentemente complexos, mas muito reveladores.

Antes de qualquer coisa, ela dividiu o texto em trechos e classificou-os de acordo com o conteúdo: “Festas, bebedeiras e drogas”, “Mulheres, sexo e relacionamento”, “Atividades ilegais e episódios envolvendo polícia”, “Sal Paradise” entre outros. Ao final desta etapa, seu exemplar de On the road ficou assim:

O resultado do levantamento está devidamente registrado e ilustrado num livro. Veja alguns trechos:

Cada cor representa uma categoria de conteúdo

O gráfico varia também de acordo com o número de palavras

Este é o "On the road" de Jack Kerouac representando graficamente

Stefanie Posavec fez ainda outras releituras do livro, como esta em que a representação gráfica varia de acordo com o tamanho de cada frase, dando uma ideia do ritmo do texto de Kerouac (clique na imagem abaixo para ampliar a explorar melhor o gráfico).

Gráfico que mostra o ritmo da narrativa de "On the road"