Billie Holiday e Orson Welles juntos

Orson Welles vai lá todas as noites. Ele já é célebre. Seu filme Citizen Kane (Cidadão Kane), que parodia a vida do magnata da imprensa Randolph Hearst, provocou uma tremenda polêmica. Welles tem 25 anos, é brilhante, sedutor e adora jazz. Ele formulou um projeto de fazer um documentário sobre a história do Jazz, It´s All True, que nunca chegaria a ser produzido. Fascinado pelo mundo das drogas clandestinas, pede a Billie que o leve à Central Avenue, nas zonas de pior reputação do bairro negro de Los Angeles. Billie sente-se fascinada por sua personalidade, sua inteligência e sua eloquência. Eles são vistos juntos com frequência até o momento em que Billie começa a receber telefonemas anônimos em seu hotel. Ela é acusada de estar destruindo a carreira de Orson Welles, é ameaçada de jamais trabalhar em Hollywood caso continue a conviver com ele. Uma negra não pode se mostrar publicamente ao lado de um branco sem desencadear os golpes de toda espécie de censura. Já entre as mulheres, há muito menos problemas. Se Billie quiser, pode dar uma escapada até o México com uma das amiguinhas de Orson Welles!  

(Trecho de Billie Holiday, Série Biografias L&PM)

Morre o grande Carlos Fuentes, autor da obra-prima “Aura”

Morreu ontem, aos 83 anos, Carlos Fuentes, um dos maiores e mais influentes escritores latinoamericanos do século XX. É autor – entre dezenas de romances, novelas, livros de contos, ensaios, peças de teatro e roteiros cinematográficos – de A região mais transparente (1958), Aura (1962), A Morte de Artemio Cruz (1962), Terra Nostra (1975) e Gringo Viejo (1985). Filho de pais mexicanos, nasceu no Panamá em 1928. Dono de um estilo muito refinado e de um enorme talento, soube como poucos retratar a atmosfera onírica e trágica do seu México. Com o colombiano Gabriel García Marquez, o chileno José Donoso, o peruano Vargas Llosa, o paraguaio Roa Bastos, o argentino Julio Cortázar, os uruguaios Onetti e Benedetti, o guatemalteco Miguel Ángel Asturias, entre outros, formou a “geração de ouro” que criou a alma e a personalidade da poderosa literatura latinoamericana que invadiu o mundo inteiro nas últimas décadas do século XX e produziu 4 prêmios Nobel: Miguel Ángel Asturias, Pablo Neruda, Gabriel García Marquez e Vargas Llosa.

A L&PM publicou um dos seus mais impressionantes trabalhos que, por acaso, é uma pequena novela de 80 páginas, Aura. Poucos textos da literatura latinoamericana têm a beleza e a expressividade desta narrativa em que o o autor utiliza seus imensos recursos para construir uma ficção que intriga, deslumbra e, por fim, surpreende como poucas histórias conseguem surpreender. Uma verdadeira obra prima que a L&PM publica desde a década de 1980 numa magnífica tradução da poeta Olga Savary (atualmente é publicada na Coleção L&PM Pocket).

Para nós, fica a melancolia de ver esta luminosa geração ir se apagando aos poucos. Como consolo, resta o sortilégio da literatura, o raro espaço real onde o imaginário que estes homens e mulheres criaram faz com que se eternizem nos corações e mentes da nossa e de futuras gerações. (Ivan Pinheiro Machado)

My Andy Warhol’s way of (social) life

Por Nanni Rios*

300 caixinhas brancas de 10 x 10cm distribuidas pelas paredes coloridas de uma sala redonda no MIS, em São Paulo. Dentro de cada uma delas, um retrato feito por Andy Warhol com a sua Polaroid Big Shot. Eu tinha lido muito sobre o Andy, sobre as famosas polaroides e sobre o significado daquilo tudo, mas nada se compara ao que senti quando entrei lá.

O que estava diante dos meus olhos e ao alcance das minhas mãos – e das lentes do meu iPhone! – eram os mesmos pedaços de papel fotográfico com rostos impressos que passaram pelas mãos de Andy Warhol instantes após ele apertar o disparador de sua câmera de revelação instantânea. E Walter Benjamim que me desculpe, mas não importam quantas reproduções dos retratos de Liza Minnelli (foto ao lado) eu já vi na vida e nem quantas obras derivadas o próprio Andy Warhol produziu a partir daquelas fotos: ver aquelas polaroides originais ao vivo me arrancou arrepios.

E não é pra menos. A herança de Andy Warhol guia a minha leitura de mundo. O colorido, a cópia, o remix, os mitos transformados em gente, o pop e o popular, o descompromisso com cânones e a banalidade daqueles registros me encantam. É com essa leveza e sem protocolos tradicionais que eu gosto de me relacionar com o mundo e com as pessoas. E quando dá, ainda carrego nas cores.

Também levo Andy Warhol como inspiração para o meu trabalho aqui na L&PM. Ou por acaso existe algo mais “15 minutos de fama” do que as redes sociais?

Só uma coisa me decepcionou na exposição: era proibido tirar fotos. Ok, a regra é praxe em museus, mas não combinava com aquela exposição. No entanto, assim que o segurança se virou, prestei uma homenagem ao meu ídolo: saquei meu iPhone, tirei umas fotos e postei no mural da L&PM no Facebook e também no meu mural pessoal. Em seguida, postei no Twitter recomendando a exposição. Não tenho a menor dúvida de que Andy adoraria ver a foto da foto da foto postada, curtida, compartilhada, retuitada, favoritada, alterada com os filtros do Instagram e alvo de vários pins no Pinterest.

Ah, o álbum no Flickr também está garantido. Aí estão todas as fotos que eu consegui tirar enquanto o segurança não voltava ao seu posto de guardião da “aura” das obras de arte:

A exposição Andy Warhol Superfície Polaroides fica em cartaz no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, até o dia 24 de junho.

*Nanni Rios é editora de mídias sociais da L&PM Editores e usa a Liza Minnelli de Andy Warhol como avatar em todos os seus perfis.

O press kit de “On the road” em Cannes

Quem entra no site oficial do Festival de Cannes 2012, que começa no dia 16 de maio, encontra um press kit de divulgação do filme “On the road/Na estrada”. São 66 páginas com a ficha completa dos atores, uma entrevista com o diretor Walter Salles, fotos e imagens do filme, informações sobre a adaptação do livro para a telona e várias curiosidades sobre a viagem que a equipe encarou para refazer a saga de Dean Moriarty, Sal Paradise e a encantadora Marylou. O filme será exibido pela primeira vez durante o Festival no dia 23 de maio e está concorrendo a Palma de Ouro (estamos torcendo por ele!).

No site de Cannes, o press kit é um pdf, mas nós montamos um flip para facilitar a leitura (clique sobre a imagem):

E em breve, chegará às livrarias uma nova edição do livro On the road, desta vez em formato convencional e com a imagem do poster do filme na capa.

Clássicos da literatura na novela da Globo

A Capa do Caderno Ilustrada da Folha de S. Paulo de ontem, 13 de maio, traz uma matéria chamada “Gol de letra” que começa contando uma cena da novela “Avenida Brasil”, que vai ao ar às 21h na Globo. Transcrevemos aqui o diálogo citado, uma conversa entre o ex-jogador de futebol Tufão (Murilo Benício) e a mulher Carminha (Adriana Esteves):

“Tá lendo o quê?”
“Um livro que a Nina me emprestou. Madame Bova… de Bovári.”
“Qual é a dessa madame aí?”
“Essa é louca. Sabe que ela trai o marido, mas não gosta do amante? Vai entender!”
“Coisa de intelectual.”

Madame Bovary, de Flaubert, não é o único livro de cabeceira do casal da novela. O personagem de Murilo Benício já leu A interpretação dos sonhos, de Freud (que a Coleção L&PM Pocket lançará este ano) e A metamorfose, de Kafka.

Segundo contam os jornalistas Elisangela Roxo e Marco Rodrigo Almeida em sua matéria da Folha, “A mansão de Tufão tem biblioteca, mas os livros eram apenas decorativos, todos ocos. Os reais chegaram pelas mãos de Nina (Débora Falabella), que busca vingança contra Carminha e, para atingir seu objetivo, trabalha como cozinheira da família. Os livros são usados por ela para abrir os olhos do ex-jogador sobre o mau-caratismo da mulher, que o trai com o próprio cunhado.”

O autor da novela, João Emanuel Carneiro, já adiantou que o próximo exemplar da estante de Tufão será o clássico de Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas.

“Especialistas em literatura acreditam que as citações em ‘Avenida Brasil’ podem atrair a atenção do público para obras canônicas” diz a matéria. Entre os livros indicados pela Folha para que sejam lidos futuramente pelo personagem de Benício estão O Primo Basílio, de Eça de Queirós e Otelo, de Shakespeare, ambos da Coleção L&PM Pocket.

Madame Bovary e A metamorfose também estão na Coleção L&PM Pocket.

“A arte da guerra” agora com mais arte

A arte da guerra, de Sun Tzu, é um daqueles livros muito antigos que continua sendo muito atual. Escrito um século antes de Cristo, é considerado o mais remoto tratado militar do mundo. Mas o que encanta os leitores não são as suas dicas de como vencer o inimigo além da fronteira, mas a forma como as estratégias podem ser aplicadas na vida, em cada guerra pessoal que travamos: da guerra dos sexos à guerra nas empresas.

A tradução da L&PM, de Sueli Barros Cassal a partir daquela feita do chinês pelo Padre Amiot em 1772, é fluente e sonora. Como a própria Sueli escreve no prefácio do livro “O Padre Amiot deixou de lado os comentários que foram acrescentados aos versículos, ao longo do tempo, por vários comentadores chineses. (…) E dois milênios depois, ainda conserva seu fulcro original e sua dicção aforismática e oracular”.

O livro, que é um dos maiores sucessos da Coleção L&PM Pocket, ganhou algo a mais: ilustrações belíssimas feitas por Gilmar Fraga e uma nova capa. Veja alguns dos desenhos feitos especialmente para o clássico de Sun Tzu:

Clique aqui e assista ao vídeo em que Gilmar Fraga conta como foram feitas as ilustrações e de onde veio sua inspiração.

Das páginas do livro para a vida real

Você já teve certeza de que era o personagem de um livro? Pois saiba que isso tem nome. Depois de uma série de experiências com amantes da literatura, psicólogos americanos chegaram à conclusão de que, ao ler um livro, o leitor não apenas visualiza o ambiente descrito pelo autor como consegue se transportar para a história e inserir-se no enredo. E mais do que isso: eles concluíram também que algumas pessoas levam o que vivenciaram para a sua vida.

Os pesquisadores da Universidade do Estado de Ohio examinaram o fenômeno conhecido como “tomada de experiências”, que acontece quando o leitor incorpora emoções, pensamentos, hábitos e crenças de um personagem como se fossem suas.

O estudo publicado pela revista “Journal of Personality and Social Psychology” descobriu que, em algumas situações, esse fenômeno leva a reais mudanças de comportamento, ainda que sejam temporárias. E, segundo eles, quanto mais fraca a personalidade, mais suscetível ela está para tais “incorporações”.

 “A tomada de experiências pode ser uma maneira poderosa de mudar nossos comportamentos e pensamentos de forma significativa e benéfica”, afirmou Lisa Libby, uma das autoras, em material divulgado pela universidade.

Se pensarmos que muitos já se sentiram como Sal Paradise, personagem de On the Road, e sairam pela estrada afora em busca de aventura depois de lerem o livro de Kerouac, veremos que o fenômeno é bem mais comum do que imaginamos… Sorte é que, até onde a gente sabe, ninguém incorporou os hábitos de Drácula de Bram Stoker. Aliás, nossos pescoços agradecem.

“Na estrada” em Paris

Já começamos a contagem regressiva para a estreia de “On the road”, marcada para o dia 23 de maio em Paris, durante o Festival de Cannes. E as ruas da capital francesa já estão preparadas para receber um dos filmes mais esperados do ano. Dodô Azevedo, editor de conteúdo do site brasileiro de “Na estrada”, já está por lá e registrou a decoração especial na avenida Champs-Élysées.

Em breve, chegará às livrarias uma nova edição do livro On the road, desta vez em formato convencional e com a imagem do poster do filme na capa.