Thoreau cantou a vida nos bosques em Walden, Ibsen escreveu um libelo contra os crimes ecológicos em Um inimigo do povo, Kipling compreendeu os mistérios da vida selvagem e O livro da selva, Kerouac foi vigia de incêndios em um parque e contou sua experiência em Anjos da desolação. Muitos outros seguiram este caminho, adentrando florestas, plantando flores e árvores em nossa imaginação, declarando o amor pelos elementos da natureza e descrevendo seus contornos em livros. A todos estes escritores, a nossa homenagem sempre, mas principalmente hoje, 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente e Dia Nacional da Ecologia.
Andy Warhol fora da latinha
O artista multimídia Scott Blake criou um mural com um grande retrato de Andy Warhol feito com códigos de barras iguais aos de supermercado. Cada um dos códigos corresponde a um tipo de comida enlatada da marca Campbell’s – os códigos que formam o rosto de Andy são curvados para imitar o formato cilíndrico das latas. O jogo é simples: ao escanear um código com um leitor daqueles de supermercado, é exibido um vídeo que mostra o conteúdo de uma daquelas latas sendo consumido. Para quem sempre se limitou a apreciá-las nas telas de Andy Warhol, mas nunca teve a oportunidade de abrir uma, eis a chance de desfazer o mistério.
Em meio às latas, Scott escondeu umas surpresinhas: alguns códigos exibem outros vídeos do criador da pop art, como a famosa sequência em que ele aparece comendo calmamente um sanduíche ou ainda cenas do filme Basquiat em que Andy Warhol é interpretado por David Bowie.
Quem quiser saber mais sobre as famosas telas com as latas Campbell’s, vale ler os Diários de Andy Warhol e o volume Andy Warhol da Série Biografias, ambos publicados pela L&PM.
O filme é bêbado, mas está longe de ser chato
Por Paula Taitelbaum*
Ele às vezes dá uma cambaleada, fica meio besta, mas quando parece que vai cair, agarra a gente pelo ombro, levanta a cabeça e segue em frente. Diário de um jornalista bêbado, o filme baseado no livro (quase) homônimo de Hunter Thompson, ganhou as piores críticas na imprensa daqui e de acolá. Injustiça com o coitado… Pensemos que é preciso ter paciência com os bebuns, pois sempre há algo de engraçado, terno e verdadeiro neles. E o filme estrelado por Johnny Depp tem vários momentos que honram a memória de Hunter Thompson – para quem o diretor Bruce Robinson dedicou sua obra. A trama que conta a história do decadente jornalista Paul Kemp, que chega a Porto Rico para ocupar uma vaga em um jornal de quinta categoria, começa bem, com uma cena aérea ao som de “Volare”. A partir daí, parece que tudo vai decolar, pois há bons atores em personagens que beiram o caricato: o mau-humorado editor de peruca, o gordo fotógrafo e seu galo de briga, o sarado playboy vilão… Até que entram em cena personagens que mereciam uma direção melhor como o “perrapado” jornalista Moberg, uma espécie de lixo ambulante viciado em etanol ou ainda a semi-gostosa Chenault que, na minha opinião, fica mais atraente quando vista pela luneta do que em super close. Mas, ok, como já disse, não chega a ser um desastre aéreo.
Há pontos altos como as cenas trash/cômicas de fugas desenfreadas no meio da noite, madames satãs enfeitiçando aves, viagens de substâncias acidamente alucinógenas, além de citações do tipo “Eles sabem o preço de tudo… e o valor de nada” (em um momento em que Paul Kemp cita Oscar Wilde para definir os especuladores imobiliários do Caribe). E, com boa vontade – talvez mais do que você possa ter –, dá até pra engolir os momentos românticos e suas melodias melosas. Desde que, claro, você dê um desconto ao roteirista e não se prenda ao livro original, pois nele Hunter Thompson mergulhou a relação de Kemp e Chenault em bastante rum, o que a deixou com um sabor mais acre-erótico e menos adocicado-romântico.
Minha opinião é que vale a pena ver o filme. Achei um bom programa para uma sexta à noite. Eu só não tive coragem de encarar uma dose de rum na sequência. Se eu estivesse em Porto Rico, quem sabe…
*Paula Taitelbaum é escritora e coordenadora do Núcleo de Comunicação L&PM.
O chifre: modo de usar
Por Xico Sá*
Como assim corno de si mesmo?
É possível?
Como aprendi, entre outras tantas lições, com o meu conterrâneo Miguel Arraes: “Meu filho, tudo é possível no mundo dos possíveis”. Era uma coletiva no Palácio do Campo das Princesas. Jovem repórter, havia feito uma pergunta imbecil qualquer.
É possível ser corno de si mesmo? Sim. Está ai o Marques de Sade, um dos padrinhos sentimentais deste blog, que não nos deixa mentir.
Cuidado. É mais possível do que o amigo e a amiga imaginam.
Digamos que você vá a uma baile de máscaras. E lá esteja, sem que o saiba, seu marido ou a sua mulher. Você transa sem saber que é ele(a).
Eis a pista. Mais eu não conto para não estragar de tudo a leitura deste conto genial. Havia sido lançado pela Hedra, agora volta em uma edição para lá de econômica, apenas cinco mangos, na coleção de banca da L&PM.
Coleçãozinha excelente da editora de Porto Alegre. São livros de até 64 páginas, contos ou pequenos ensaios. Ideais para ler no metrô, em uma ponte aérea, no consultório.
Bela iniciativa no país dos livros caros e dos homens baratos.
“O corno de si mesmo” é da série de textos que o nobre Marquês escreveu quando estava preso na Bastilha, por volta de 1787, na França.
De si mesmo ou de outrem, amigo, algum dia faltamente seremos. Por isso o valor dessa literatura para refletir e coçar a testa. Eu recomendo.
Não há nada demais nisso. Seja você manso, complacente, quase um voyeur do chifre, como muitos personagens de Sade. Seja você um corno bravo, destemido, do tipo que sai a fazer besteiras. Inúteis besteiras. Chifre posto, nada mais nessa vida o subtrai.
Sim, caro Marçal Aquino, o amor e outros objetos pontiagudos. Acontece nas melhores famílias da Inglaterra ou do Crato.
Só um chifre, aliás, humaniza um macho. Só um chifre tira a nossa arrogância falocrática.
E já que falamos de filosofia de pára-choque, fica aqui um clássico: chifre é para homem, boi usa de enxerido.
Relaxa.
*Xico Sá é escritor e jornalista. O texto acima foi publicado originalmente na sua coluna de Folha.Com no dia 01 de junho de 2012.
Arte, música e poesia para Allen Ginsberg
Todos os anos e sempre nos primeiros dias de junho, o HOWL! Arts Project promove o HOWL! Festival para comemorar o aniversário de Allen Ginsberg, que nasceu em 3 de junho de 1926 e estaria completando 86 anos hoje. A comemoração acontece no Tompkins Square Park, em East Village, o bairro novaiorquino onde Ginsberg morou até o fim da vida. O festival abriu os trabalhos na sexta-feira, 1º de junho, com a leitura de “Howl” (Uivo), o longo e pulsante poema de Ginsberg, e a programação de shows e intervenções artísticas seguiu durante todo o fim de semana.
Quem estiver em Nova York ainda pode participar! Hoje é o grande dia do festival – o dia do aniversário de Ginsberg – e a programação segue intensa até o fim do dia com shows, performances e intervenções artísticas.
A pequena e frágil Marilyn
A mulher conhecida como Marilyn Monroe mentia muito sobre o seu próprio passado, sua infância, suas iniciações na vida, seus casamentos. Sua trajetória é uma floresta negra no meio da qual ela consentiu, às vezes, em deixar cair algumas pedrinhas. Era essencial que ela se protegesse. Era essencial também que ela se reconstruísse. Que ela se inventasse e forjasse sua lenda na qual se confundiriam a demência atávica de sua ascendência familiar e a inacreditável força de resistência de uma menininha abandonada, mal-amada, vítima da ferocidade dos adultos. Ela teria de se apoiar no contraste entre o patinho feio Norma Jeane e o cisne suntuoso Marilyn Monroe. Quanto mais notável fosse este último, mais poderoso e universal seria o mito. Assim, conta ela, era uma vez uma menininha pobre nascida às nove e meia da manhã do dia 1º de junho de 1926 na enfermaria do Hospital Geral de Los Angeles. (De Marilyn Monroe, de Anne Plantagenet, Série Biografias L&PM. Leia aqui mais um trecho.)
A casa de Conan Doyle ainda não caiu
Era uma vez uma casa vitoriana cheia de histórias pra contar. Uma casa cravada em Surrey, Inglaterra, que pertenceu a ninguém menos do que Sir Arthur Conan Doyle. Uma casa que abrigou o escritor por uma década e foi testemunha da criação de treze histórias de Sherlock Holmes, incluindo “O Cão dos Baskerville”. Uma casa que mais tarde foi transformada em um hotel e que está vazia – em ruínas – desde 2005.
Pois esta casa quase acabou no chão. Em 2010, o proprietário recebeu permissão para demolir a histórica construção e erguer, no local, oito habitações. Mas depois que ativistas de todo o mundo clamaram por clemência, levantando bandeiras para que ela sobrevivesse, a Undershaw Preservation Trust, fundação britânica que preserva edifícios históricos, entrou em ação e, no dia 23 de maio, conseguiu um recurso que impediu sua demolição. O Tribunal Superior de Londres decidiu que, pelo menos por enquanto, a casa permanecerá em pé. Mas o futuro da ex-residência de Conan Doyle ainda é incerto. Esperamos que Sherlock Holmes consiga salvá-la.
A Coleção L&PM Pocket publica 17 títulos de Conan Doyle.
Dos livros para a capa da Time Magazine
Ser capa da Time, célebre revista semanal norte-americana que circula desde 03 de março de 1923, não é pra qualquer um, muito menos pra qualquer escritor. O primeiro destaque literário da Time foi Joseph Conrad, capa da edição número 6 que chegou às bancas em abril de 1923. Até o final dos anos 1930, 37 capas foram dedicadas a autores, entre eles H.G. Wells, James Joyce (duas vezes, em 1934 e 1939), Virginia Woolf e William Faulkner. Nas décadas de 40 e 50, esse número caiu para 17, com Eugene O´Neill e T.S. Eliot entre os destaques. Daí pra frente, os escritores foram minguando pelas capas da Time. E agora só lá muito de vez em quando um best-seller aparece para lembrar que escritor também é celebridade.

Uma semana depois de Wells, em 27 de setembro de 1926, foi a vez de Rudyard Kipling, autor de "O livro da Selva" que deu origem ao personagem Mogli

James Joyce na capa com borda vermelha em janeiro de 1934. O autor de "Ulisses" e "Os dublinenses" voltaria à capa em maio de 1939

William Faulkner, que receberia o Prêmio Nobel em 1949, ganhou a capa colorida dez anos antes, em 1939
A sofrida prisão de Oscar Wilde
Restava-lhe apenas um pouco mais de cinco anos de vida quando Wilde, aos quarenta anos, foi encarcerado, em 28 de maio de 1895, na prisão de Pentoville. Muito mais severa do que as de Holloway e Newgate, ela fora especialmente concebida para os forçados mais indisciplinados. Logo ao chegar a esse pedaço de inferno na Terra, o novo detento foi obrigado a se submeter às formalidades usuais, humilhado e como se já tivesse levado alguma advertência. Teve que se despir completamente, entregar suas roupas e objetos pessoais a um guarda e deixar-se auscultar, nu como um verme, até as partes mais íntimas de seu corpo. (…) Rasparam-lhe os cabelos, como a um vulgar galeriano, e obrigaram-no a tomar banho numa água gelada e turva. Enfim, vergonha suprema, entregaram-lhe seu medonho uniforme de prisioneiro – o famigerado pijama listrado – antes de levá-lo, com algemas nos punhos e ferros nos pés, para uma cela exígua e sem janelas onde imperava, sendo destituída de qualquer arejamento, um odor pestilento. (…) Quanto à comida, era particularmente nojenta: um mingau de aveia ralo, semelhante ao que se dava a cavalos de tração, acompanhado de um pedaço de pão preto. Esse inacreditável estado de decadência é evocado por Wilde em De profundis. (…) Nem ao menos se dignaram informá-lo da publicação em forma de livro, em 30 de maio de 1895, de sua obra A alma do homem sob o socialismo.
Trecho de Oscar Wilde, Série Biografias L&PM.
O nosso “On the Road” na biblioteca de Kristen Stewart
A edição de On the Road da L&PM, com a capa do filme “Na Estrada”, foi ao Festival de Cannes, levada pela equipe de assessoria de imprensa do filme. E Kristen Stewart, que interpreta Marylou na produção dirigida por Walter Salles (e que ganhou fama como a Bella da Saga “Crepúsculo”) ganhou o seu. Para guardar de recordação, ela pediu para os colegas de elenco autografarem o seu livro. Kristen Stewart é fã da obra de Kerouac e diz que On the Road é seu livro favorito.













