Feliz aniversário, Buk

metamorfose

uma namorada chegou
me construiu uma cama
esfregou e encerou o chão da cozinha
esfregou as paredes
aspirou o pó
limpou a patente
a banheira
esfregou o chão do banheiro
e cortou minhas unhas e
meus cabelos.

então
naquele mesmo dia
o encanador veio e consertou a torneira da cozinha
e a patente
e o homem do gás consertou o aquecedor
e o homem do telefone, o telefone.
agora me sento aqui em meio a tanta perfeição.
tudo está tranquilo.
rompi com minhas 3 namoradas.

me sinto melhor quando tudo está
bagunçado.
vai levar alguns meses até que as coisas voltem ao
normal:
não consigo encontrar sequer uma barata para viver em comunhão.

perdi meu ritmo.
não consigo dormir.
não consigo comer.

roubaram-me
minha sujeira.

(De Bukowski – Textos autobiográficos)

Bukowski nasceu em 16 de agosto de 1920. Faria 92 anos hoje, o velho Buk… Dele, a L&PM publica todos os romances, além de poesia, contos, textos variados e até uma HQ.

Semana da cultura russa em São Paulo: ainda dá tempo de participar

A Biblioteca Mário de Andrade está sendo palco de uma semana dedicada à cultura russa. Começou no dia 13 de agosto e vai até o dia 17 (sexta-feira), a segunda edição da “Semana da Língua e Cultura Russa” que, este ano, homenageia o escritor Anton Tchékhov. O evento é uma iniciativa da Associação Cultural Grupo Volga com apoio da Embaixada da Federação da Rússia no Brasil e as entradas são gratuitas. Olha o que ainda dá pra aproveitar:

AULA LIVRE DE LÍNGUA E CULTURA RUSSA
Coordenação de Alla Gueorguievna Dib e participação de Francisco Marcio de Araújo e Rafael Almir Marcial Tramm. De um modo descontraído e informal, professores de russo apresentam noções sobre língua, alfabeto e cultura russa.
Sala de convivência. Dias 15 e 16, às 17h

SARAU: “MÚSICA E POESIA TRADICIONAIS DA RÚSSIA”
Coordenação do maestro Victor E. Selin e participação do Coral Folclórico Grupo Volga. Regente por mais de 25 anos de diversos corais de música popular e lírica russas em São Paulo, Selin coordena este sarau literomusical.
Sala de convivência. Dia 17, às 19h

A Biblioteca Mário de Andrade fica na Rua Consolação, 94, centro de São Paulo. Fone: (11) 3256-5270

A Índia de Gandhi por Eduardo Galeano

Em 15 de agosto de 1947 a independência [da Índia] foi proclamada. Enquanto o país, tomado de um delírio de alegria, a festejava aos gritos de Mahatma Gandhi Ki jai, “vitória ao Mahatma Gandhi”, este se ausentava. “Agora que temos a independência, parece que estamos desiludidos. Eu pelo menos estou”.

(Trecho da biografia de Mahatma Gandhi na Coleção L&PM Pocket)

Quem relembra este episódio é Eduardo Galeano em seu novo livro Os filhos dos dias:

(clique na imagem para ampliar e ler melhor)

Livro: um santo remédio

Que livro é uma terapia, que engrandece o espírito, que relaxa e estimula o cérebro, a gente já sabe. Tanto é assim que, no Egito antigo, as bibliotecas eram locais não apenas para se adquirir conhecimento, mas também espiritualidade. Os gregos também associavam os livros ao tratamento médico e espiritual, concebendo suas bibliotecas como “a medicina da alma”.

A partir do Século XX, as bibliotecas terapêuticas começaram a se disseminar a partir dos EUA e a biblioterapia passou a ser usada dentro de hospitais. Atualmente, muitos são os estudos que mostram a eficácia desta terapia no ambiente hospitalar, alcançando cura ou diminuindo os sintomas de até 80% das doenças.

Baseado nesses dados, este ano entrou em tramitação na Câmara Federal o Projeto de Lei 4186, de autoria do deputado federal Giovani Cherini, para tornar obrigatória a presença de livros nos hospitais públicos, farmácias e drogarias, devidamente autorizados pelo Ministério da Saúde.

Para nós isso não é novidade. Já faz muitos anos que farmácias de cidades como Porto Alegre, Santarém, Recife e Natal possuem displays com os livros da Coleção L&PM Pocket. E o melhor: sem nenhuma contra indicação. 

Display de livros da Coleção L&PM Pocket na farmácia Panvel em Porto Alegre

Joe Kubert na Enciclopédia dos Quadrinhos

O desenhista Joe Kubert, que morreu neste domingo, dia 12 de agosto, aos 85 anos, também está na Enciclopédia dos quadrinhos, de Goida e André Kleinert. Em homenagem a ele, aí vai o texto na íntegra:

KUBERT, Joe
Estados Unidos (1926)

Tarzan teve desenhistas ótimos – Hal Foster, Burne Hogart, Bob Lubbers, Russ Manning – mas gostamos, principalmente, da interpretação que Kubert deu ao personagem de Edgar Rice Burroughs. Para os comic books, Joe criou histórias de Tarzan onde o dimensionamento espaço/dinâmica ganhou novos horizontes. Foi talvez o melhor trabalho que Kubert realizou nas suas múltiplas atividades para os quadrinhos. Desde 1943 na profissão, ele desenhou, roteirizou e editou principalmente revistas, mas também passou pelas tiras diárias, com a criação de uma série lamentavelmente inédita no Brasil, “Green Barets” (Os boinas verdes), realizada entre 1966/67 para o Chicago Tribune-New York News Syndicate. Além de toda essa atividade, Joe Kubert ainda ilustrou centenas de capas para as publicações da DC Comics, exemplos marcantes de dramaticidade e apelo para a venda. Kubert dedicou-se também à formação de novos desenhistas.

Vejam só alguns personagens dos comic books que ganharam o talento de Kubert: Dr. Fate, Hawkman, Flash, Wildcat, Viking Pince, Sea Devils, Firehair, Thor, Phanton Lady, Tomahawk, Korak, Son of Tarzan e até mesmo Superman. Foi, entretanto, nas histórias de guerra editadas pela DC que o talento de Kubert nos comics books soltou-se mais, começando por Enemy Ace (história de aviação, Primeira Guerra Mundial, onde um dos personagens era o famoso Barão Vermelho) e, principalmente, Sgt. Rock of Easy Co. (O sargento Rock da Companhia Moleza), criação original de Robert Kanigher (roteiros) e que também teve desenhos de Ross Andru, Mike Esposito e outros.

Além de continuar desenhando personagens da Marvel (Thor) e da DC (Johnny Clond, O soldado desconhecido), Kubert ainda achou tempo para criar Abraham Stone (Marvel, com mais de cem páginas), uma trama social-realista, nunca publicada no Brasil. Também inéditas ficaram as aventuras do Justiceiro (Marvel, 1994) e Rio de Sangue, a partir de um roteiro de Chuck Dixon. Pela Dark Horse, em álbum, veio Fax From Sarajevo (1996), longa história baseada em fatos reais passados na Bósnia, inédita no Brasil. Para a série “Tex Gigante”, da Bonelli, Kubert desenhou uma obra-prima roteirizada por Claudio Nizzi, O cavaleiro solitário (Mythos, 2002). Também tivemos lançados no Brasil outros trabalhos de Kubert, como Ás inimigo (Opera Graphica, 2005 – com roteiro de Brian Azzarello) e Sargento Rock – a profecia (Panini, 2009).

E por falar em marcianos…

Há poucos dias, um novo robô da Nasa aterrisou em Marte em busca de sinais de vida. E falar em marcianos nos faz lembrar de uma célebre história que aconteceu no dia das bruxas de 1938 quando  Orson Welles, então locutor da rádio CBS, transmitiu uma dramatização de A Guerra dos Mundos, livro de ficção em que o escritor H. G. Wells relata uma invasão marciana na Terra. Como Orson Welles saiu lendo o livro sem avisar do que se tratava, as pessoas acreditaram que os marcianos estavam mesmo chegando e sairam pelas ruas desesperadas. A Guerra dos Mundos é a obra mais famosa de H. G. Wells, autor também de Uma breve história do mundo, escrito em 1922 e publicado pela primeira vez no Brasil no final de 2010 pela Coleção L&PM Pocket.

Chamado de “escritor profeta”, H.G. Wells antecipou em sua literatura diversos temas que só ganharam atenção das pessoas muito tempo depois. No final do século 19 e início do século 20 ele já escrevia sobre guerra nuclear, televisão e internet.

Felizmente, a invasão marciana não está entre suas profecias. Ou pelo menos assim esperamos. 🙂

O escritor H.G. Wells aqui ao lado de Orson Welles

H.G. Wells morreu em 13 d agosto de 1946 em Londres.

Bienal do Livro e a tentação do leitor

 Por Amanda Zulke*

Observadores inveterados, como eu, temos um banquete e tanto em eventos como a Bienal do Livro de São Paulo. Desfrutamos de momentos prazerosos com tanta gente reunida num só lugar. Hoje, por exemplo, no estande da L&PM na Bienal, presenciei duas meninas deparando-se com a mais recente edição do livro On the Road, de Jack Kerouac. Desse encontro entre a dupla e o livro, saíram gritinhos, sorrisos, beliscões de incredulidade. Era muita felicidade ver o livro desejado. Percebi que elas haviam encontrado o que vieram buscar na Bienal, e dali partiram saciadas com a compra em mãos.

Depois disso, me peguei pensando na tentação que é circular pelos pavilhões dessa enorme feira literária. Enxergamos quase toda nossa lista dos próximos livros a ler ali, lado a lado. E aí, escolher qual obra levar torna-se tarefa complicada. Outro rapaz fez a festa agarrando os pockets de Fernando Pessoa, Manuel Bandeira e Pablo Neruda. Não preciso nem dizer que estava estampada nos olhos a angústia de escolher quais levar dentre tantas opções. Ao menos o preço justo da Coleção L&PM Pocket democratiza mais ainda o acesso aos livros do catálogo da editora.

Mas enfim, a Bienal Internacional do Livro de São Paulo segue a pleno nos pavilhões do Anhembi, assim como o estande da L&PM Editores. Passeando pelos corredores, o leitor é tentado a levar para casa pelo menos um livro. Mas, além disso, quem visitar a Bienal vai ver muito mais do que livros. Verá arte na homenagem aos 90 anos da Semana de Arte Moderna estampada nos livros gigantes, nos brinquedos antigos resgatados em um espaço lindíssimo chamado “Deu a louca nos livros” e nas atividades envolvendo as milhares de crianças que se aventuram nessa festa da literatura. Ah, como é bom ver quando a arte sai das páginas dos livros pra entrar na imaginação… 

*Amanda Zulke é assessora de imprensa da L&PM Editores e está na Bienal Internacional do Livro de São Paulo.

O espaço infantil da Bienal do Livro de São Paulo deste ano

Criança faz arte na Bienal

Mario de Andrade está lá, comemorando os 90 anos da Semana de Arte Moderna

"On the Road" e muito mais no estande da L&PM

Videopoema em homenagem a Gonçalves Dias

Gonçalves Dias nasceu em 10 de agosto de 1823. Sobre ele, José de Alencar sentenciou: “Gonçalves Dias é o poeta nacional por excelência: ninguém lhe disputa na opulência da imaginação, no fino lavor do verso, no conhecimento da natureza brasileira e dos seus costumes selvagens“. Seu poema épico I-Juca Pirama, conta em versos a trajetória da recuperação moral de I-Juca Pirama frente a seu pai e a tribo dos Timbiras. Recusando a morte num ritual antropofágico, em prol do pai velho, cego e frágil, I-Juca Pirama, agora, precisa recuperar a fama de herói, daquele “que é digno da própria morte”, como, em tupi, orienta o seu próprio nome.

Nenhum outro autor incorporou em tal grau o sentimento do índio brasileiro e buscou, através da poesia, sua real feição – uma vocação que se consagra em I-Juca Pirama e Os timbiras, estupendos e famosos cantos à dignidade e ao destemor de nossos ancestrais.

Para homenagear Gonçalves Dias no seu aniversário, preparamos este videopoema com um trecho de I-Juca Pirama:

Clique aqui para assistir mais videopoemas na L&PM WebTV.