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Operação Condor: um relato corajoso e necessário

Por Amanda Zulke*

Em mais um final de ano, como uma espécie de ritual, ganhei da minha mãe um grande livro. Conhecedora que é dos meus gostos, ela me presenteou, na virada de 2009 para 2010, com o livro Operação Condor: o sequestro dos uruguaios da L&PM Editores. Como jornalista, já admirava o trabalho e a coragem do autor, Luiz Cláudio Cunha, jornalista brasileiro dos mais valorosos; como militante de esquerda, aguardava ansiosa para ler esse que prometia ser um relato fiel e visceral de uma das tantas operações militares que esmagou os direitos humanos durante pesadas ditaduras na América do Sul.

Não me enganei. Cunha, que foi testemunha viva do sequestro de Lílian Celiberti e Universindo Diaz pelos órgãos de repressão uruguaios no Brasil, em 1978, em Porto Alegre, concebeu um dos melhores livros-reportagem dos últimos anos. À época, ele trabalhava na sucursal da revista Veja no Rio Grande do Sul e, alertado por um telefonema anônimo, foi conduzido com o fotógrafo J.B. Scalco até o apartamento em que militares uruguaios e policiais brasileiros mantinham escondido o casal. Pela primeira vez no continente, jornalistas testemunhavam a Condor em pleno vôo.

Luiz Cláudio Cunha cumpriu uma honesta e difícil missão como jornalista: contou a história do sequestro de um casal e seus dois filhos pelas forças repressoras, reconstruiu aqueles tempos duros de ditadura militar e, mais do que isso, com as reportagens conseguiu que as vidas de Diaz e de Lilian fossem poupadas. São os dois únicos casos conhecidos de pessoas sequestradas na Operação Condor que ficaram vivas.

Para quem, como eu, não viveu a escuridão da ditadura, mas acredita na máxima de que para entender o presente é preciso reconhecer o passado, Operação Condor é um livro necessário. Uma obra-prima que revela em detalhes a face cruel de uma época, onde ter voz era permitido apenas a quem tinha poder. Em 2008, o fatídico seqüestro completou 30 anos. Universindo Diaz morreu de câncer em setembro de 2012. No mesmo mês, Cunha foi convidado pela presidenta Dilma Roussef a integrar a Comissão Nacional da Verdade. E a luta para que o país possa reparar erros históricos continua…

* Toda semana, a Série “Relembrando um grande livro” traz um texto assinado em que grandes livros são (re)lembrados. Livros imperdíveis e inesquecíveis.

Bienal do Livro e a tentação do leitor

 Por Amanda Zulke*

Observadores inveterados, como eu, temos um banquete e tanto em eventos como a Bienal do Livro de São Paulo. Desfrutamos de momentos prazerosos com tanta gente reunida num só lugar. Hoje, por exemplo, no estande da L&PM na Bienal, presenciei duas meninas deparando-se com a mais recente edição do livro On the Road, de Jack Kerouac. Desse encontro entre a dupla e o livro, saíram gritinhos, sorrisos, beliscões de incredulidade. Era muita felicidade ver o livro desejado. Percebi que elas haviam encontrado o que vieram buscar na Bienal, e dali partiram saciadas com a compra em mãos.

Depois disso, me peguei pensando na tentação que é circular pelos pavilhões dessa enorme feira literária. Enxergamos quase toda nossa lista dos próximos livros a ler ali, lado a lado. E aí, escolher qual obra levar torna-se tarefa complicada. Outro rapaz fez a festa agarrando os pockets de Fernando Pessoa, Manuel Bandeira e Pablo Neruda. Não preciso nem dizer que estava estampada nos olhos a angústia de escolher quais levar dentre tantas opções. Ao menos o preço justo da Coleção L&PM Pocket democratiza mais ainda o acesso aos livros do catálogo da editora.

Mas enfim, a Bienal Internacional do Livro de São Paulo segue a pleno nos pavilhões do Anhembi, assim como o estande da L&PM Editores. Passeando pelos corredores, o leitor é tentado a levar para casa pelo menos um livro. Mas, além disso, quem visitar a Bienal vai ver muito mais do que livros. Verá arte na homenagem aos 90 anos da Semana de Arte Moderna estampada nos livros gigantes, nos brinquedos antigos resgatados em um espaço lindíssimo chamado “Deu a louca nos livros” e nas atividades envolvendo as milhares de crianças que se aventuram nessa festa da literatura. Ah, como é bom ver quando a arte sai das páginas dos livros pra entrar na imaginação… 

*Amanda Zulke é assessora de imprensa da L&PM Editores e está na Bienal Internacional do Livro de São Paulo.

O espaço infantil da Bienal do Livro de São Paulo deste ano

Criança faz arte na Bienal

Mario de Andrade está lá, comemorando os 90 anos da Semana de Arte Moderna

"On the Road" e muito mais no estande da L&PM