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Sid Vicious não era brincadeira

O modelo clássico, quase fiel ao original

Apesar de ter menos de vinte anos quando entrou na roda punk londrina, Sid Vicious não era exatamente alguém que estivesse a fim de brincar, como mostra o depoimento de Jim Marshall no livro Mate-me por favor (Please Kill me): “Todo mundo sabia que Sid Vicious estava no Hurrah´s naquela noite. Quando alguém famoso como Sid está num lugar, você sabe onde ele está, você fica dando umas olhadinhas por cima do ombro, só pra ficar de olho nele pra ver se ele vai fazer alguma coisa bárbara, e, é claro, vi Sid dar uma garrafada em Todd Smith, irmão de Patti Smith”.

Se vivo fosse, Sid Vicious estaria comemorando 54 anos hoje. Nascido John Simon Ritchie-Beverly, foi baterista do Siouxsie & The Banshees e baixista da banda Sex Pistols. Filho de um ex-guarda com uma hippie, aos vinte anos, conheceu Nancy, a namorada que ele acabaria matando em meio a um delírio de drogas. Mas se a vida de Sid não foi exatamente uma brincadeira, isso não é motivo para que não existam muitos bonecos punks para homenageá-lo. Escolha o seu preferido e brinque com ele se for capaz…

Sid com ares de Elvis, mas o olhinho fechado não deixa dúvidas...

Esse é o único jeito de Sid Vicious ser fofo

É um boneco? Uma escultura? Ou Sid João Bobo?

Sid Toy Art parece um Playmobil Punk

Luís XVI no trono da França

Ele ainda nem havia completado 20 anos quando, no dia 10 de maio de 1774, foi coroado soberano absoluto da França. Luís XVI, marido de Maria Antonieta, não tornou-se tão grandioso quanto seu avô, Luís XV, mas entrou para a história como o monarca que perdeu a cabeça para a Revolução Francesa.

O corpo do rei não passa de uma carapaça de feridas endurecidas que o recobrem por inteiro, inclusive suas pálpebras, e dão a seu rosto acobreado, quase enegrecido, o aspecto de uma “cara de mouro”. Luís XV expirou no dia seguinte, 10 de maio, por volta das dezesseis horas, depois de uma noite de sufocamentos e estertores. (…) Luís Augusto e Maria Antonieta, que estavam refugiados na outra ponta do castelo, souberam da morte do rei pela boca do mestre de cerimônias. Assim que o óbito foi anunciado, o delfim “soltou um grande grito”, mas não teve tempo de cair em lágrimas, pois ao mesmo tempo espalhou-se pelo castelo “um ruído terrível e absolutamente semelhante ao do trovão”: era a turba de cortesãos que, depois de desertar a antecâmera do soberano falecido, vinha com toda a pressa saudar o novo mestre da França. A condessa de Noailles foi a primeira a lhe conferir o título de Majestade. Abatido de tristeza, mas comovido, ou constrangido, por tanta solicitude, o novo rei não pode evitar dizer num suspiro: “Que fardo! E não me ensinaram nada” Parece que o universo vai cair sobre mim!”  (Trecho de Luís XVI – Série Biografias L&PM)

Na ausência de um soberano enérgico, as rédeas do poder flutuam. Nascido em 1754, vítima de uma educação desastradamente fenelonista para um futuro rei, o neto de Luís XV carece cruelmente de vontade e de autoconfiança. Benevolente, generoso, de uma piedade exemplar, preocupado em fazer tudo de forma correta, sobe ao trono a contragosto em 1774, com 19 anos. Passado o primeiro entusiasmo, causa decepção. Suas aspirações ao mesmo tempo conservadoras e progressistas se traduzem por constantes oscilações entre firmeza e fraqueza, o que encoraja intrigas no seio do ambiente político do qual sofre a influência e padece com as mesquinharias. (Trecho de Revolução Francesa – Série Encyclopaedia L&PM) 

Ele era o rei da França, 16º com o nome de Luís, herdeiro de uma linhagem que há mais de dez séculos edificara e governara o reino da flor-de-lis e que, pela graça de Deus, tornara-o um dos mais poderoso do mundo. Seus reis eram de direito divino; a França era a filha mais velha da Igreja, e um Luís, o IX, morto em uma cruzada, se tornara São Luís. No entanto, naquela manhã de segunda-feira, 21 de setembro de 1792, enquanto um nevoeiro gelado paralisa Paris e abafa o rufar dos tambores que batem sem interrupção, Luís XVI é apenas Luís Capeto, ex-rei da França, ex-rei dos franceses. Seu corpo será cortado em dois, e assim será separado o corpo do rei do da nação. (Trecho de Revolução Francesa Vol. I – O povo e o rei, de Max Gallo)

 

Mãe de escritor só tem uma

No clima do Dia das Mães, aí vai uma homenagem a mulheres sem as quais algumas das pessoas mais admiráveis do mundo não existiriam: 

Gabrielle, mãe de Jack Kerouac

Clara, mãe de Agatha Christie

Amalie, mãe de Freud

Jane, mãe de Mark Twain

Clélia, mãe de Castro Alves

Maria Magdalena, mãe de Fernando Pessoa

Katharina, mãe de Charles Bukowski

Os cartões de aniversário de J.M. Barrie

Filho de um fiandeiro, neto de um pedreiro e o nono de dez filhos. Esse era o currículo de James Matthew Barrie ao nascer, no dia 9 de maio de 1860, no vilarejo escocês de Kirriemuir. Jamie, como passou a ser chamado, cresceu ouvindo as histórias de piratas que a mãe contava, vindas dos livros de Robert Louis Stevenson. Adolescente, mudou-se para Edimburgo. Adulto, escolheu Londres como morada. Foi jornalista, escritor independente, autor de teatro, amigo de Conan Doyle. E entrou para a história como o criador de um dos mais célebres personagens da literatura infantojuvenil: Peter Pan. J.M. Barrie morreu em 1937. Mas hoje, dia em que completa 151 anos, ele continua vivo, morando na Terra do Nunca. E é de lá que ele nos envia os cartões postais que mostram a casa onde nasceu:

 

 

 

A casa em que J.M. Barrie nasceu continua lá, no mesmo endereço para quem quiser visitá-la: Brechin Road, número 9, em Kirriemuir. Já para ir à Terra do Nunca, sugerimos ler Peter e Wendy, disponível em Coleção L&PM Pocket e também em e-book.

Freud e a interpretação dos sonhos

Retrato feito pelo artista Ferdinand Schmutzer (fonte: Freud Museum)

Há exatos 155 anos, nascia em Freiberg, na Áustria, Sigmund Freud. Os fãs do pai da psicanálise podem aproveitar o aniversário do mestre para comemorar também uma boa notícia: chega em julho na Coleção L&PM Pocket o livro A interpretação dos sonhos, traduzido diretamente do alemão.

Freud revelou a existência de um mundo novo – o inconsciente – até então desconhecido. Livre-pensador, exímio estilista, pai de seis filhos, mentor intelectual de dezenas de discípulos, seus livros chegaram a ser queimados na fogueira. A vida de um dos homens mais influentes do século 20 está contada no volume Freud, da Série Biografias, e suas interfaces com a ciência, a arte e a política estão exploradas no volume Sigmund Freud, da Série Encyclopaedia.

Enquanto julho não chega, você pode ir se especializando no universo freudiano: a necessidade do sentimento religioso na vida do homem é o que Freud explica no livro O mal-estar na cultura, e na obra O futuro de uma ilusão ele aborda a questão “qual o futuro da humanidade”.

Woody Allen lê Machado de Assis

Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Woody Allen listou seus livros favoritos, que vão de J.D. Salinger a… Machado de Assis! Tamanha foi a nossa surpresa quando vimos o livro Memórias póstumas de Brás Cubas entre os preferidos do aclamado diretor de cinema, cujo próximo filme vai abrir o Festival de Cannes.

A qualidade da obra de Machado de Assis é indiscutível e elogios não são mais surpresa para ninguém. O surpreendente, na verdade, foi a forma como o livro do escritor carioca do século 19 chegou até Woody Allen: “Eu recebi pelo correio um dia. Algum estranho do Brasil me mandou e escreveu ‘você vai gostar disso’. Como é um livro fino, eu li. Se fosse grosso, eu teria descartado”, disse.

O diretor de Midnight in Paris não poupou elogios: “Fiquei chocado ao ver como é encantador. Não conseguia acreditar que ele viveu há tanto tempo, como ele viveu. Você pensaria que foi escrito ontem”. E o espanto não é pra menos: Memórias póstumas de Brás Cubas foi publicado originalmente em 1880.

No Brasil, Woody Allen está em casa – a mesma casa de Machado de Assis. Na Coleção L&PM Pocket, você encontra Adultérios, Cuca fundida, Que loucura! e Sem plumas.

Mario Quintana, o poeta das coisas simples

Em 5 de maio de 1994, há exatos 17 anos, morria Mario Quintana, o poeta das coisas simples. Doce e irônico, sua marca foi a irreverência até nos temas mais tristes como a morte ou a própria tristeza. O poema a seguir faz parte do livro Quintana de Bolso:

Eu escrevi um poema triste

Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza…
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel…
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves…
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!

No livro Ora bolas – O humor de Mario Quintana, o jornalista Juarez Fonseca resgata histórias engraçadas contadas por amigos, familiares e conhecidos. Mais do que o humor e a irreverência de Quintana, as breves anedotas revelam uma personalidade rica, forte e marcante:

Dor de dente

Três dias antes de morrer, no Hospital Moinhos de Vento [em Porto Alegre], ele achou inspiração para escrever uma frase e dá-la de presente às enfermeiras. Ao contrário da letra grande e quase ilegível dos últimos meses, mesmo tremida desta vez ela está miúda e nítida: “A maior dor do mundo é pente com dor de dente”.

Mario Quintana trabalhou como jornalista por quase toda a vida. No jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, onde manteve uma coluna de cultura, de 1953 a 1977, ele conheceu a pequena Maria Claudia, para quem escreveu uns versinhos. Maria Claudia cresceu, virou escritora e passou a assinar Claudia Tajes. Ela conta esta história e recita de cor os tais versinhos no vídeo abaixo:

No dia de hoje, morria o General Napoleão Bonaparte

Em 15 de outubro de 1815, Napoleão Bonaparte, derrotado em Waterloo, traído pelos franceses e pelos ingleses chegou à ilha de Santa Helena para morrer. Esta pequena possessão inglesa fora escolhida para ser o castigo e a prisão do grande Imperador. A volta do primeiro exílio em Elba fora uma lição sobre a capacidade de retornar do General. Ele então foi condenado ao desterro em um lugar improvável, uma ilha infernalmente tórrida, perdida no meio do Oceano Atlântico. O carcereiro, Sir Hudson Lowe, foi o homem encarregado de policiar, vigiar e humilhar Napoleão Bonaparte até sua morte. Foram seis anos deste martírio. Há 190 anos, em 5 de maio de 1821, o Imperador (como era chamado pelos franceses) morria naquele inferno úmido e quente, corroído pela amargura e pelo câncer (embora haja a versão não oficial de que foi envenenado com arsênico lentamente pelos ingleses).

Napoleão Bonaparte nasceu em Ajaccio, capital da Córcega, em 15 de agosto de 1869. Desenvolveu sua carreira militar justamente no período da Revolução Francesa. Aos 19 anos já era tenente de artilharia do Grande Exército francês. Aos 27 anos, em 1896 , tornou-se general de exército, quando iniciou sua fulminante ascensão. A luminosa inteligência, a vasta cultura e o enorme carisma fizeram do modesto e pequeno corso um dos personagens mais importantes, intrigantes e impressionantes da história. Muito jovem, atingiu a celebridade comandando as tropas francesas em triunfos lendários como as batalhas de Rivoli e Arcole, na Itália, Austerlitz e Marengo contra o exército austríaco. Com o golpe de 18 Brumário, ano 10, segundo o calendário da Revolução Francesa (9 de novembro de 1799, segundo o calendário tradicional), tornou-se o principal cônsul de um triunvirato que governaria a França. Sua chegada ao poder é favorecida pelos enormes problemas da época. De um lado, a França abalada pela corrupção e a desordem, por outro lado a opinião pública indignada com os políticos. Eficiente, estabilizou politicamente o país, acabou com a corrupção, deu melhores condições de vida ao povo e, em 1804, foi proclamado Imperador. Tinha 35 anos. Contraditório, brilhante, ambicioso, a verdade é que Napoleão Bonaparte deixou a sua marca na França, na Europa e no mundo. Modernizou a administração estatal, acabou com a excessiva influência da igreja, com o feudalismo, impedindo o retorno das velhas práticas anteriores à Revolução Francesa. Resumindo, Napoleão tornou-se Imperador, mas não abdicou dos princípios básicos da revolução.

Na sua agonia, lamentava: “Porque não morri antes? Tantas e tantas vezes desafiei de peito aberto as balas dos mosquetões e dos canhões”. Compreensível este amargo desabafo. O homem que se tornara lenda em vida, admirado pela bravura temerária, amado pelos seus soldados e pelo seu povo, acabou seus dias sob a tutela de um mesquinho carcereiro inglês, num cruel desterro, no meio do nada, distante dois mil quilômetros da civilização. (Ivan Pinheiro Machado)

Leia mais no livro Revolução Francesa, de Max Gallo, ou no volume da Série Encyclopaedia sobre o assunto.