Arquivo da tag: Quintana de Bolso

Há exatos 20 anos, Mario Quintana partia feito passarinho

Em 5 de maio de 1994, aos 87 anos, Mario Quintana voava para outros mundo, feito nuvem, feito passarinho, feito anjo. Deixou muitos versos e histórias para continuarmos lendo, recitando e contando. Para marcar a data, aqui vai um dos poemas do livro Quintana de Bolso:

O AUTORRETRATO

No retrato que me faço
– traço a traço –
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore…

às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança…
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão…

e, desta lida, em que busco
– pouco a pouco –
minha eterna semelhança,

no final, que restará?
Um desenho de criança…
Corrigido por um louco!

A Coleção L&PM Pocket publica também Ora bolas – O humor de Mario Quintana, 130 historinhas compiladas e adaptadas por Juarez Fonseca.

Mario Quintana, o poeta das coisas simples

Em 5 de maio de 1994, há exatos 17 anos, morria Mario Quintana, o poeta das coisas simples. Doce e irônico, sua marca foi a irreverência até nos temas mais tristes como a morte ou a própria tristeza. O poema a seguir faz parte do livro Quintana de Bolso:

Eu escrevi um poema triste

Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza…
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel…
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves…
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!

No livro Ora bolas – O humor de Mario Quintana, o jornalista Juarez Fonseca resgata histórias engraçadas contadas por amigos, familiares e conhecidos. Mais do que o humor e a irreverência de Quintana, as breves anedotas revelam uma personalidade rica, forte e marcante:

Dor de dente

Três dias antes de morrer, no Hospital Moinhos de Vento [em Porto Alegre], ele achou inspiração para escrever uma frase e dá-la de presente às enfermeiras. Ao contrário da letra grande e quase ilegível dos últimos meses, mesmo tremida desta vez ela está miúda e nítida: “A maior dor do mundo é pente com dor de dente”.

Mario Quintana trabalhou como jornalista por quase toda a vida. No jornal Correio do Povo, de Porto Alegre, onde manteve uma coluna de cultura, de 1953 a 1977, ele conheceu a pequena Maria Claudia, para quem escreveu uns versinhos. Maria Claudia cresceu, virou escritora e passou a assinar Claudia Tajes. Ela conta esta história e recita de cor os tais versinhos no vídeo abaixo: