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Na crônica de Martha Medeiros, o novo livro de David Coimbra

Simples

Martha Medeiros*

“Afugento qualquer pretensão filosófica que dificulte o trato com as coisas simples.” Quando li essa frase de Nélida Piñon, tive vontade de ampliá-la, imprimi-la e pendurá-la na parede, só não o fiz porque não seria preciso: trago esse conceito já aderido na pele e na alma.

Talvez por isso tenha gostado tanto do novo livro do David Coimbra, Uma História do Mundo, que poderia ser considerado um projeto ambicioso, não fosse o David um homem consciente do tempo em que vive: quem, hoje, consegue dedicar-se a calhamaços com milhares de páginas? A vida exige dinamismo. David conseguiu apresentar um panorama histórico desde o neandertal até o início da civilização moderna em 260 páginas. E, nessas 260 páginas, além de traduzir informações sérias para uma linguagem divertida, ele conecta passado e presente utilizando trechos de Marcel Proust, Charles Bukowski e Mario Quintana, e ainda faz graça ao explicar de onde veio o nome da banda Jethro Tull. David é pop. A história do mundo também pode ser. Como?

Simples.

A simplicidade é a principal porta de entrada para a sabedoria. Dois, três degraus, e a pessoa está dentro. Uma vez seduzida, ela então irá decidir se deseja se aprofundar no assunto, e aí, lógico, irá buscar novos acessos que a façam imergir no que lhe interessa, e a viagem se tornará ainda mais excitante e talvez ininterrupta, mas o que a faz iniciar esse percurso rumo ao conhecimento é a curiosidade, a atração e a identificação com um linguajar que estabelece uma agradável comunicação.

O professor Cláudio Moreno faz o mesmo com suas crônicas sobre a Grécia Antiga. Alain de Botton elimina ao menos seis cabeças do monstro de sete que sempre foi a filosofia. Paulo Leminsky e demais poetas da geração anos 80 demonstraram que poesia não precisava ser necessariamente chata e incompreensível. A simplicidade sempre foi um dom, apesar de levantar suspeitas. Os impressionistas (Van Gogh, Monet, Cézanne, entre outros) foram inicialmente desprezados pelos críticos da época. As primeiras exposições desses artistas que hoje são considerados gênios se deram no “Salão dos Recusados”. Os impressionistas eram assim denominados porque pintavam a impressão em detrimento do detalhe. E toda impressão pode ser rapidamente confundida com impostura.

A simplicidade concentra a verdade das coisas – não toda a verdade, mas o seu núcleo, um ponto de partida universal, de onde tudo poderá se tornar mais abrangente, grandiloquente e complexo, à escolha do freguês.

Segundo o filósofo e escritor Eduardo Gianetti, muita gente só se impressiona com o que não entende bem. Já a simplicidade é direta, translúcida e estabelece rápida conexão. Para desconsolo dos herméticos.

*Esta crônica foi publicada originalmente na pg. 2 do Jornal Zero Hora em 17 de outubro de 2012.

 

Frankfurt 2012: destaques para a crise europeia e para o velho livro de papel

No exclusivo (e milionário) terreno dos bestsellers, o Brasil deu as cartas nesta Frankfurt de 2012. Em relação aos últimos 10 anos, o clima esteve ameno, pouca chuva, temperatura que nunca baixou dos 12, 13 graus, chegando até aos 18 graus na quinta-feira ensolarada. Lá dentro dos enormes pavilhões da Messe (“feira” em alemão), o clima era o mesmo. Não havia o “frisson” e a curiosidade pelos modelos futuristas que caracterizaram o célebre Salão do Automóvel de Frankfurt que ocorreu um pouco antes, entre 15 e 17 de setembro, neste mesmo local. Pelo contrário. Havia no ar uma calma resignação dos agentes literários e vendedores de direitos autorais diante do peso da crise econômica europeia e da austeridade pós-crise dos editores norte-americanos. E não deu outra; a feira ficou ligeiramente menor do que no ano passado, calcula-se uma queda entre 10 a 15 % em termos de participantes. E os brasileiros, mais do que nunca, foram cortejados – e como eu disse acima -, comandaram os grandes negócios da Feira. Primeiro, porque a economia está em ascensão e, segundo, porque o Brasil será o país homenageado da Feira em 2013.

Quem não escapou do clima recessivo foi o livro digital, o famoso e-book. Apesar da influência das grandes empresas de tecnologia sobre a mídia, nada de mais aconteceu. E quem, como eu, participou de mais de 60 reuniões em quatro dias, simplesmente não notou a agitação digital; ela não esteve no dia-a-dia da feira e dos negócios. Era voz corrente que será muito difícil, a médio prazo, se repetir na Europa e na América Latina o fenômeno digital que ocorreu nos EUA. Enfim, os profetas do fim do livro em papel ficaram confinados às palestras que se realizaram entre os encontros laterais da Feira. Estive numa; muitas cadeiras vazias no auditório – e notei que na plateia havia muito mais gente interessada no “business” do e-book do que no livro-conteúdo propriamente dito… (Ivan Pinheiro Machado)

Diversidade não faltou nessa Feira de Frankfurt. Aqui, um mosaico que mostra os estandes da China, República Tcheca, Islândia, Japão, Turquia, Sérvia, Geórgia, Indonésia, Cazaquistão, Kosovo, Irã e Grécia. / Fotos: Ivan Pinheiro Machado (clique na imagem para ampliá-la)

Um ícone americano em Paris

Paris é imbatível quando trata-se de montar magníficas exposições ou retrospectivas dos grandes artistas da história. Nenhuma capital do mundo tem os espaços que a cidade disponibiliza para expor seus tesouros; Louvre, l’Oragerie, Grand Palais, Quai d’Orssay, – só para citar alguns. São museus e galerias que abrigam algumas das mais importantes obras de arte produzidas pela humanidade em toda a sua história. E, mais ainda, nenhuma grande cidade possui a estrutura de organização e pesquisa que é a alma destes mega-eventos artísticos. Afinal, uma equipe altamente preparada pesquisa e busca nos museus, galerias e coleções particulares de todo o mundo os quadros necessários para realizar uma mostra significativa e completíssima como costumam ser as grandes exposições “oficiais” em Paris. O destaque entre as grandes amostras é sem dúvida a mega-retrospectiva de Edward Hopper (1882-1967) um ícone americano, pintor da solidão, dos silêncios e da melancolia. Mas sobretudo o pintor que, em cenas de admirável imobilidade, revela a estética da América da primeira metade do século XX. Enorme, completíssima, cobrindo todos os períodos de sua vida produtiva (inclusive, “ça vas sens dire”, a temporada em Paris) nos EUA – especialmente no Withney Museum, que guarda a grande coleção doada pela viúva Hopper – jamais foi feita uma retrospectiva com a pompa e a circunstância que Paris dedica ao grande pintor. Inaugurada na semana passada, dia 8 de outubro, a exposição encerra em 25 de janeiro de 2013 quando então segue para o maior museu americano, o Metropolitan Museum of Arts de Nova York. (Ivan Pinheiro Machado)

Acorde! É Dia do Professor!

15 de outubro é o Dia do Professor. Nem todo mundo sabe, mas tudo começou em 15 de outubro de 1827 quando D. Pedro I baixou um Decreto Imperial, criando o Ensino Elementar no Brasil. Pelo descreto, ficava determinado que “todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras”. Será que naquela época os alunos também davam suas dormidinhas em sala de aula?

Gostou da tirinha acima? Então conheça os livros do Snoopy da Coleção L&PM Pocket.

E por falar em escritor chinês…

O Prêmio Nobel de Literatura deste ano foi para um escritor chinês: Mo Yan. Nós não publicamos nenhuma obra dele, mas dá pra dizer que de China a gente entende. E muito. Leia o texto da editora Caroline Chang, publicado na mais recente Revista L&PM que trata justamente desse assunto: a variada gama de opções vindas diretamente das terras da grande muralha:

China para todos os gostos

Caroline Chang*

O Império do Meio sempre esteve entre os interesses da L&PM. Na década de 1990, bem antes do apogeu econômico de que a China hoje goza, a editora publicou Viajando de trem através da China, de Paul Theroux, um dos grandes nomes de livros de viagem. Theroux, já falecido, contava suas aventuras pelos quatro cantos do grande país do Extremo Oriente, no que hoje parece ser uma outra época. Nosso outro viajante célebre é Marco Polo, autor de O livro das maravilhas; neste pequeno volume, narra-se as viagens do veneziano, na segunda metade do século XIII, que tantas descobertas propiciou aos europeus sobre os costumes e as tradições chinesas.

Outro livro incontornável é Os analectos, de Confúcio. Aqui encontram-se reunidos os ensinamentos e provérbios  do grande sábio, cujo sistema ético ainda permeia o pensamento chinês. Para melhor compreender a complexa identidade chinesa, nada melhor do que se debruçar sobre a milenar, conturbada e interessantíssima história do país: em China, uma nova história, John King Fairbank e Merle Goldman recontam, de forma deliciosa, o passado e os principais momentos do país, dos primórdios até o início do século XXI; trata-se do melhor título disponível ao leitor brasileiro para se entender a formação da civilização chinesa. No atualíssimo China moderna, o sinólogo e historiador Rana Mitter fornece um breve resumo histórico, mas, sobretudo, aborda os lances mais importantes da história recente do país, como a abertura econômica e o Massacre da Praça da Paz Celestial, e explica os desafios que se impõem hoje à China. Para aqueles que se interessam por ideogramas, o volume Escrita chinesa, da francesa Viviane Alleton, desvenda as principais características desse tipo de registro.

País milenar, a China é rica em folclore. Um pouco do grande repertório chinês de histórias orais pode ser conferido em 50 fábulas da China fabulosa; a edição – bilíngue – é ilustrada por desenhos de papel de seda delicadamente recortado. Uma seleção deste título também pode ser conferido em Fábulas chinesas, da série 64 Páginas. Já Contos sobrenaturais chineses, ricamente ilustrado com bonecos de teatro de sombra (outra arte popular chinesa) dá ênfase especial para fantasmas, aparições e magia.           

Em Os anos de fartura, Chan Koonchung fornece uma visão contemporânea para a China de hoje. Banido no país e inspirado em clássicos distópicos como 1984, de George Orwell, o romance se passa na China de 2014. Chan Koonchung retrata um país hegemônico economicamente, mas sem liberdade política, e, num exercício de imaginação, reflete como seria viver nessa realidade.

Finalmente, entre os livros mais recentes, está Poemas clássicos chineses, de Li Bai (701-762), Du Fu (712-770) e Wang Wei (701-761), as mais importantes vozes da poesia clássica chinesa. Com organização e tradução do chinês feita por Sérgio Capparelli e Sun Yuqi, este livro da Coleção L&PM Pocket traz 95 poemas em edição bilíngue.

Ou seja: depois de tudo isso, dá pra dizer que a China é aqui…

* Caroline Chang é editora da L&PM e descendente de chineses. Além dos livros citados por ela, a L&PM lançará, ainda este ano, Não tenho inimigos, desconheço o ódio: escritos e poemas escolhidos, livro de Liu Xiaobo, Prêmio Nobel da Paz 2010.

 

Dez sugestões para crianças

Contos da Mamãe Ganso Recém lançado na Coleção L&PM Pocket, este livro traz os chamados “tesouros da cultura francesa”. São histórias clássicas criadas por Charles Perrault como Chapeuzinho Vermelho, Gata Borralheira e o Pequeno Polegar. Aqui, estes contos são narrados como no original. Por isso, atenção: como o final das histórias nem sempre é feliz, ele é mais indicado para crianças a partir de 10 anos.

Alice no País das Maravilhas – Clássico dos clássicos infantis, Alice no País das Maravilhas é pura fantasia, poesia e metáforas. Divertido e instigante, é um livro encantador para todas as idades que, nesta edição, com tradução de Rosaura Eichenberg, mantém de forma primorosa o espírito da obra máxima de Lewis Carroll.

Peter Pan – “Todas as crianças crescem, exceto uma.” Assim começa este outro clássico imperdível. A verdadeira história do menino que não queria crescer está narrada aqui, em Peter e Wendy seguido de Peter Pan em Kensington Gardens. Além de Peter e Wendy o livro reune todos os personagens que habitam o imaginário infantil, como Sininho e Capitão Gancho.

Peanuts completo – A série Peanuts Completo, que tem como objetivo publicar todas as tiras criadas por Charles Schulz, já chegou ao seu quinto volume. A edição de luxo, em capa dura, é um presente lindo que impressiona pela sua forma e, claro, seu conteúdo. O volume 5, com tiras de 1969-1960, traz a favorita de Schulz: “Observando as nuvens”.

Simon´s Cat – Para crianças que gostam de gatos, este livro é imperdível. Simon’s Cat apareceu pela primeira vez na internet e logo virou o maior sucesso no Youtube. Suas aventuras estão aqui neste livro que não precisa de palavras para mostrar que os gatos sabem se fazer entender. Além do formato convencional, ele também é encontrado em dois volumes pocket.

Poesia de bicicleta – Um raio de sol, uma fruta, uma brincadeira, um ditado popular. Para Sérgio Capparelli, o cotidiano é um poema em si, que se desdobra por entre as páginas de Poesia de bicicleta com a singeleza de um autor que sabe se comunicar com as crianças como ninguém. Um livro perfeito para ser lido antes de dormir.

100 melhores lendas do folclore brasileiro – Em suas 200 páginas, este livro reúne histórias transmitidas oralmente por séculos a fio, recontadas à sua maneira por cada narrador. O autor, A.S. Franchini, conta sua versão de algumas das mais emocionantes histórias do folclore nativo, nas quais o fantástico e o popular se unem para recriar relatos sobre a formação dos povos e do território brasileiro.

Deuses, heróis e monstros Deuses, heróis & monstros – As asas de Ícaro e outras histórias da mitologia para crianças oferece aos pequenos leitores dez das mais conhecidas histórias da mitologia greco-romana como As asas de Ícaro, O toque de Midas, A caixa de Pandora e Teseu e o Minotauro. Ilustrados, estes textos despertam o interesse da criança ou do adolescente pela mitologia.

Clássicos da Literatura em Quadrinhos – Uma série que já soma 10 títulos e que encanta crianças de todas as idades. Essa coleção é um grande sucesso na França e Bélgica e reúne títulos que fazem parte do patrimônio literário mundial, adaptadas para o universo dos quadrinhos por uma equipe de renomados roteiristas e ilustradores.

Contos sobrenaturais chineses – 25 contos de várias épocas da cultura chinesa, histórias muitas vezes fantásticas, ilustradas com bonecos de teatro de sombra chinês. O livro tem organização de Sérgio Capparelli e Márcia Schmaltz e oferece um mergulho em uma cultura milenar. Lindo, colorido e encantador.

Snoopy nos cinemas em 2015

Acaba de ser divulgado que Snoppy e sua turma serão os astros do cinema em 2015.  A Peanuts Worldwide (PWW) anunciou que fechou um contrato com a Fox e a Blue Sky para a produção de um longa-metragem de animação que vai estrear mundialmente em 25 de novembro de 2015. A data coincidirá com a comemorarão do 65º aniversário de criação de Peanuts.

A Twentieth Century Fox e a Blue Sky Studios são os mesmos distribuidores e produtores das animações “A Era do Gelo” e “Rio”. Ainda não há título para o filme do Snoopy, mas os roteiristas estão definidos e a direção será de Steve Martino, o mesmo de “A Era do Gelo 4”.

Enquanto 2015 não chega, você pode ir se divertindo com a Série Peanuts completo e com os livros de Snoopy da Coleção L&PM Pocket.

Em 2013, Frankfurt vai sambar

Via PublishNews – 11/10/2012 – Iona Teixeira Stevens

Programação paralela, eventos culturais e pavilhão de exposições vão trazer o mix brasileiro para a Alemanha.

Foi dada a largada. A Biblioteca Nacional anunciou hoje na Alemanha os planos para a participação do Brasil como país convidado na Feira de Frankfurt do ano que vem. Engana-se quem pensa que se trata apenas da preparação para uma feira de livros de cinco dias. 2013 será marcado por eventos culturais na Alemanha, com apresentações de dança, música e teatro; participação de autores brasileiro nas diversas feiras de livros do país ao longo do ano e “estações brasileiras” espalhadas pela cidade.

O Ministério da Cultura vai dedicar US$ 10 milhões para a organização da participação brasileira em Frankfurt. O montante se enquadra dentro dos US$ 35 milhões anunciados para políticas de internacionalização do livro brasileiro ate 2020. “O Brasil se preocupa em realizar uma participação que tenha efeitos de longo prazo e que não termine nos cinco dias da homenagem em 2013” disse Galeno Amorim, presidente da Biblioteca Nacional. “Até lá, teremos muito trabalho, grandes desafios a superar que nos são exigidos não apenas da Feira, como de todo o mercado editorial brasileiro, incluindo os autores e seus tradutores”, completou.

Uma exposição num pavilhão de exposições de 2.500 m2, concebida pelos cenógrafos Daniela Thomas e Felipe Tassara, é um dos pontos altos da atuação brasileira em terras germânicas. Os organizadores afirmaram em nota que o objetivo da exposição não é “‘dar conta’ do país – missão impossível – mas refletir a pujança da criação aqui, centrada num amálgama de influências em constante mutação, portanto afinada com o zeitgeit da produção cultural contemporânea nos grandes centros”.

Autores brasileiros participarão de feiras na Alemanha ao longo do ano, como as de Leipzig e Köln em marco, e Berlim em setembro. O Brasil estará presente também nos museus: o MMK, Museu de Arte Moderna de Frankfurt, e o jardim Palmengarten receberão obras de Hélio Oiticica, enquanto o museu de arquitetura alemã, em conjunto com o Instituto Tomie Ohtake e Fernando Serapião, apresentará os novos e promissores arquitetos brasileiros.

“Estações brasileiras”, espalhadas em centros culturais e instituições da cidade, promoverão eventos culturais. Outros eventos incluem a apresentação da orquestra sinfônica do estado de são Paulo, Osesp, e do pianista Nelson Freire, na abertura da Feira.

Neste domingo, no último dia da feira, o escritor Milton Hatoum receberá da Nova Zelândia, país homenageado este ano, o bastão do país homenageado – a cerimônia será transmitida ao vivo pela internet.