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Encontro sobre os beats em Belo Horizonte

Seis décadas depois de ter nascido nos Estados Unidos, sob a liderança de Jack Kerouac, a geração beat, que reunia grupo de escritores “malucos” em busca de novos caminhos para a literatura e a vida, segue repercutindo e angariando admiradores em boa parte do mundo, inclusive no Brasil. Muitos dos autores beats, além de Kerouac, caso de Allen Ginsberg, Gregory Corso e William Burroughs, entre outros, continuam sendo editados por aqui, onde não faltam leitores, nem estudiosos do movimento. Quem afirma é o escritor paulista Cláudio Willer, autor do livro Geração beat, publicado pela L&PM. 

Willer estará em Belo Horizonte no dia 12 de março, no Palácio das Artes, no projeto Terças poéticas, a partir das 18h30, para falar sobre o tema. E, em abril, ministra curso sobre os beats na Flipoços, em Poços de Caldas.

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Jack Kerouac e Allen Ginsberg: expoentes da geração beat

Além de ser autor de Geração beat, Willer é o tradutor de Uivo, de Allen Ginsberg e está traduzindo os Haikais de Jack Kerouac que serão publicados pela L&PM ainda este ano em edição bilíngue.

Os livros proibidos de Lawrence Ferlinghetti

Este é Lawrence Ferlinghetti, escritor e dono da célebre livraria e editora City Lights, em São Francisco, em frente à sua vitrine de livros proibidos. Notem o Uivo (“Howl”, no original), de Allen Ginsberg em destaque.

Ferlinghetti escreveu Um parque de diversões na cabeça e Amor nos tempos de fúria, ambos publicados na Coleção L&PM Pocket.

Retrospectiva: os destaques de 2012

E lá se foi 2012. Deixando boas lembranças e ótimos livros no catálogo L&PM. Foram muitos os lançamentos em formato convencional e pocket. Aqui, destacamos um para cada mês do ano que está terminando, de dezembro até até janeiro.

DEZEMBRO – Não tenho inimigos, desconheço o ódio, de Liu Xiaobo. Por que é destaque: o chinês Liu Xiaobo é um escritor, intelectual, ativista e professor que foi condenado a 11 anos de prisão por suas ideias. Prêmio Nobel da Paz 2010, pela primeira vez seus textos foram reunidos e publicados no Brasil, apresentando uma China que o ocidente ainda não conhece.

NOVEMBRO – Allen Ginsberg e Jack Kerouac: as cartas. Por que é destaque: o livro reúne a correspondência trocada entre os dois escritores beats durante mais de 20 anos. As quase 500 páginas que separarm a primeira da última carta oferecem “uma das mais frutíferas fusões de vida e obra da literatura do século 20” conforme disse a Folha de S. Paulo.

OUTUBRO – Um lugar na janela, de Martha Medeiros. Porque é destaque: a autora de Feliz por nada compartilha com seus leitores as mais afetuosas memórias de viagens feitas em várias épocas da vida, aos vinte e poucos anos e sem grana, depois, já mais estruturada, mas com o mesmo espírito aventureiro.

SETEMBRO – A interpretação dos sonhos, de Sigmund Freud. Por que é destaque: pela primeira vez no Brasil traduzida direto do alemão, a obra maior de Freud chegou à coleção L&PM Pocket em dois volumes coordenados por psicanalistas e professores de renome e que incluindo notas e comentários que Freud adicionou ao longo da vida, mais exclusivo índice de sonhos, nomes e símbolos.

AGOSTO – Guerra e Paz, de Tolstói, na Série Clássicos da Literatura em Quadrinhos. Por que é destaque: no caso de Guerra e Paz, uma obra bastante extensa, a adaptação para HQ é muito impressionante. “Coleciono HQs, de forma intensa, desde 1958. Nunca, nesses anos todos, vi ou ouvi falar de Guerra e Paz no formato de quadrinhos. Qualquer roteirista, mesmo com experiência e capacidade, deve ter sonhado com essa aventura louca.” disse Goida a respeito do livro.

JULHO – Os filhos dos dias, de Eduardo Galeano. Por que é destaque: inspirado na sabedoria dos maias, Galeano escreveu um livro que se situa como uma espécie de calendário histórico, onde de cada dia nasce uma nova história. Provocante, intenso e sensível como toda obra do escritor, os textos formam uma colcha de retalhos costurada com poesia, emoção e concisão.

JUNHO – Uma breve história da filosofia, de Nigel Warburton. Por que é destaque: a filósofa e escritora Sarah Bakewell definiu este livro como um “manual de existência humana em que poucas vezes a filosofia pareceu tão lúcida, tão importante, tão válida e tão fácil de nela se aventurar”. Partindo da tradição iniciada com Sócrates, o autor traz dados interessantes sobre a vida e o pensamento de alguns dos mais instigantes filósofos de todos os tempos.

MAIO – História secreta de Costaguana, de Juan Gabriel Vásquez. Por que é destaque: Juan Gabriel Vásquez foi um dos convidados da Flip 2012 – Festa Literária Internacional de Paraty. Misturando fatos históricos e ficção, Vásquez cria uma história em que o escritor Joseph Conrad é um dos personagens e que tem como pano de fundo a construção do Canal do Panamá.

ABRIL – Simon’s Cat, de Simon Tofield. Por que é destaque: em abril, Simon’s Cat foi publicado pela primeira vez no Brasil. O gato que não tem nome definido é o mais famoso felino do Youtube. Depois de Simon’s Cat – As aventuras de um gato travesso e comilão, em novembro deste ano foi lançado o segundo volume da série: Simon’s Cat – Em busca de aventura.

MARÇO – Erma Jaguar, de Alex Varenne. Por que é destaque: esta HQ luxo traz todas as aventuras de Erma Jaguar, personagem criada pelo notável ilustrador Alex Varenne. Erma é uma espécie de “madame” moderna que à noite, vestindo seu corpete preto e dirigindo seu carro, vai satisfazer todas as suas fantasias. Insaciável, ela enlouquece homens e mulheres de todos os tipos.

FEVEREIRO – Diários de Andy Warhol. Por que é destaque: esta nova edição dos Diários do artista pop Andy Warhol, dividida em dois volumes em formato de bolso (e reunidos em uma caixa especial), marcou a entrada da Coleção L&PM Pocket na casa dos 1.000 títulos. Um dos mais reveladores retratos culturais do século XX, Diários de Andy Warhol soma mais de mil páginas de glamour, fofocas e culto às celebridades.

JANEIRO – 1961 – O golpe derrotado, de Flávio Tavares. Por que é destaque: este livro conta como um movimento de rebelião popular paralisou e derrotou o golpe de Estado dos ministros do Exército, Marinha e Aeronáutica e evitou a guerra­ civil. Escrito por um jornalista que testemunhou e participou do Movimento da Legalidade junto a Leonel Brizola,­ então governador­ do Rio Grande do Sul.

Balzac, Dickens e Dostoiévski nas cartas de Kerouac e Ginsberg

Jack Kerouac e Allen Ginsberg nutriram uma intensa amizade durante mais de 20 anos por meio de cartas. Os assuntos eram os mais variados, desde assuntos pessoais até o gosto em comum por autores como Balzac, Dickens e Dostoiévski e estes registros estão no livro As cartas que acaba de chegar ao Brasil pela L&PM.

Leia uma das cartas, em que Kerouac fala do “espírito de Natal” e termina desejando “Feliz ano novo” ao amigo Allen Ginsberg:

(clique na imagem para ampliar)

A reação de Kerouac ao ler Kaddish de Ginsberg

“Tem o impacto de um romance de Dostoiévski”, escreveu Jack Kerouac a Allen Ginsberg logo após ler “Kaddish”, um dos poemas publicados na edição de Uivo da Coleção L&PM Pocket. Leia a carta completa:

Esta e outras preciosidades estão no livro As cartas que acaba de chegar ao Brasil pela L&PM.

A primeira opinião de Allen Ginsberg sobre “On the road”

Eis um trecho da carta que Allen Ginsberg escreveu a Jack Kerouac logo depois de ler os originais de On the road em 1952:

(clique na imagem para ampliar)

Ainda bem que ele estava errado! Esta e outras preciosidades estão no livro As cartas que acaba de chegar ao Brasil pela L&PM.

Patti Smith na Premiere de “On the Road”

A Premiere novaiorquina do filme On the Road, baseado no livro homônimo de Jack Kerouac, que aconteceu na semana passada, teve várias presenças marcantes. Entre elas, Patti Smith, cantora, poeta e artista visual que muito conviveu com os beats Allen Ginsberg e William Burroughs, escritores que aparecem em On the road como Carlo Marx e Old Bull Lee. Patti chegou na companhia de Michael Stipe, ex-vocalista da banda R.E.M e, fãs da obra de Kerouac, dizem que ambos sairam da sala de cinema bastante animados com o que viram.

Patti Smith e Michael Stipe na premiere de On the Road em NY

Carl Solomon, Patti Smith, Allen Ginsberg e William Burroughs

A L&PM acaba de lançar Allen Ginsberg e Jack Kerouac: as cartas, livro que traz a correspondência trocada por anos entre os dois amigos.

Pessoa, Ginsberg e Dalí no mesmo palco

Imagine Fernando Pessoa, Salvador Dalí, Allen Ginsberg e até Roberto Piva reunidos sobre o mesmo palco. Pois é exatamente isso o que a Cia. Teatro do Incêndio apresenta no segundo musical “São Paulo Surrealista”, que agora ganhou o nome de “Poesia Feita de Espuma”. A peça, escrita e dirigida por Marcelo Marcus Fonseca aborda o submundo paulista com um imaginário que começa com a chegada de Fernando Pessoa (o ator João Sant’Ana) à capital, onde é recebido por Beatriz (Giulia Lancelloni), musa de Dante. Mais tarde, ambos encontram o poeta beat Allen Ginsberg (Diego Freire), o poeta paulistano Piva (vivido pelo próprio diretor) e o pintor Dalí (Sonia Molfi) que está na cidade para dirigir uma peça surrealista. A curadoria poética da peça é de Claudio Willer, escritor e tradutor especialista nos beats.

O espetáculo é uma ótima dica para este final de semana. E para o próximo também.

 

SERVIÇO:

São Paulo Surrealista 2: A Poesia Feita de Espuma
Data: Até 15 de dezembro de 2012.
Horário: Quintas, sextas e sábados, às 21h.
Local: Madame – Rua Conselheiro Ramalho, 873 – Bela Vista.
Preço: R$ 15 (entrada) ou R$ 30 (consumíveis) – estudantes pagam meia-entrada.
Tel.: (11) 2592-4474.
www.teatrodoincendio.com.br

Essas cartas vão fazer você chorar

É como entrar numa máquina do tempo, como remexer em gavetas alheias, como ser um voyeur olhando por cima do ombro de quem escreve em silêncio. Ler “As cartas” que Jack Kerouac e Allen Ginsberg trocaram ao longo de 25 anos é descobrir os detalhes, invadir as emoções, compartilhar os medos, inseguranças, as euforias. É, ainda, acompanhar o desbrochar de escritores, a ascenção de um movimento literário, o nascimento de seus livros, a intimidade de dois amigos com muito em comum. Allen assina sempre Allen. Já Jack, além de Jack, é Jean, Jean-Louis, Ti-Jean ou simplesmente J. São 500 páginas de pura descoberta. É como escreveu Lawrence Ferlinghetti em uma carta datada de 25 de maio de 1961: “Um dia, as cartas de Allen Ginsberg para Jack Kerouac vão fazer a América chorar. As minhas lágrimas já começaram a rolar. (Paula Taitelbaum)

Caro Allen: (22 de setembro de 60)

Sim, acabo de retornar, grande voo no Ambassador da TWA, dedutível do imposto de renda, com vinho, champanhe, filé mignon e a esposa do embaixador chinês em Taipei na minha frente etc. Nova York parece pequena e grosseira depois da anárquica, louca e espontânea Frisco. Encontrei-me com todo mundo. Neal está mais fantástico do que nunca, muito mais doce, está bonitão, saudável. Caminha até o trabalho em Los Gatos na recauchutadora de pneus – gostaria de fazer o papel de Dean no filme On the Road, qualquer coisa é melhor do que recauchutar. (…) Enquanto isso, em Big Sur, sentei perto do mar todos os dias, algumas vezes numa assustadora e trovejante nebulosa escuridão de escarpas e ondas enormes, e escrevi Mar, primeira parte, MAR: o Oceano Pacífico em Big Sur na Califórnia. Tudo som de ondas, como James Joyce faria. Escrevi quase tudo de olhos fechados, como um Homero cego. Li para a turma à luz de uma lamparina a óleo. McClure etc. Neal etc. todos ouviram mas é como Old Angel, só mais ondas que batem e rebatem plop kerplosh, o mar não fala em sentenças, mas vem em pedacinhos assim:

Não há palavra humana
para tristezas mais antigas
que velha essa onda
quebrando aflige a
areia com o ploch
da ideia renosa
torcida – Ah mudar
o mundo? Ah cobrar
o preço? São corda os
anjos pelo mar?
Ah lontra cordosa
coberta de cracas –

(…)

Jean

Uma das cartas que estão no livro que tem edição de Bill Morgan e David Stanford