Arquivo mensais:agosto 2010

Domingo de sol na Paulista

Paula Taitelbaum

Se o sábado foi de calor humano na Bienal, o domingo foi de sol e temperatura amena na avenida Paulista. A via mais famosa de São Paulo é também um dos chãos dos pockets L&PM. Em cada quadra há uma banca de jornal e, em todas elas, os títulos da casa estão em destaque. Passear pela Paulista no domingo, quando o trânsito não é tão caótico, com seus vários espaços culturais, livrarias, parques e com a feirinha de antiguidades que acontece sob o MAM/Museu de Arte Moderna, é um prazer tão grande quanto circular pela Bienal. Ok, estou mentindo: andar por lá é muito melhor… Sem contar que encontrei até uma “Banca Ivan” que não pude deixar de fotografar em homenagem ao meu querido editor Ivan Pinheiro Machado.


Entre as exposições a Paulista oferece está a do Espaço Cultural Citi, totalmente dedicada à personagem principal de Mauricio de Sousa. Com curadoria de Jacob Klintowitz, a mostra chamada Mônica – A criação de um personagem brasileiro não é muito grande, mas chama a atenção por mostrar o tamanho da “baixinha dentuça” no mundo. Há capas de edições feitas em todo o mundo e, o melhor, a Mônica desenhada por nomes como Will Eisner (criador do Spirit), Milo Manara (cujos quadrinhos muito já foram publicados pela L&PM), Hugo Pratt (desenhista de Corto Maltese) e até um singelo desenho que mostra o encontro de Mônica com a gatinha Hello Kitty feita por Yuko Yamaguchi. Se interessar, a exposição fica em cartaz até 24 de setembro.

 Mas a exposição da Paulista imperdível, na minha opinião, é Keith Haring – Select Works. Aberta ao público na Caixa Cultural São Paulo até 5 de setembro, nela é possível ver trabalhos, vídeos e até o tênis surrado desse que foi um dos mais pops artistas plásticos, inventor do grafismo e amigo, entre outros, de Andy Warhol. É nessa exposição, aliás, que podemos ver o trabalho “Apocalypse”, feito em conjunto por Haring e William Burroughs e descrita, por Timothy Leary “Como Dante e Ticiano juntos”. Só que enquanto Haring costumava passar as férias em Ilhéus, na Bahia, Burroughs, décadas antes, havia preferido a Colômbia, dando origem ao livro Cartas do Yage, publicado pela L&PM. Já de Keith Haring, o que a casa oferece por enquanto é uma capa livremente inspirada no trabalho inconfundível desse artista. O livro em questão, preciso confessar, é… de minha autoria. Viu como eu gosto mesmo do cara?

Sábado de calor humano na Bienal

Paula Taitelbaum

Antes que a Bienal do Livro de São Paulo acabasse, estive lá neste final de semana. A foto – que vale por mil palavras – já diz como foi andar pelos corredores do pavilhão do Anhembi no sábado à tarde. Sabe ônibus lotado em dia de final de campeonato de futebol? Foi por aí… A temperatura você não pode sentir, mas garanto que o calor humano emanava de cada centímetro quadrado. Sorte que a montanha de livros compensava o esforço e havia certos corredores em que o movimento diminuía, oferecendo um certo alívio aos caminhantes. Pra aliviar ainda mais, havia carrinhos vendendo picolé em todos os corredores.

Sábado foi de corredores lotados na Bienal / Foto: Paula Taitelbaum

Nos espaços de encontros e palestras, como no Salão de Ideias e na Sala das Orquídeas, o clima literalmente mudava graças ao ar condicionado. No espaço mais nobre, o de Ideias, Lygia Fagundes Telles, ao lado de Manuel da Costa Pinto e Ubiratan Brasil, falou sobre “como nasce um conto”. A autora infanto-juvenil contou que certa vez encontrou-se com um jovem leitor chamado Rafael que perguntou se ela tinha alguma história de vampiros. Depois de responder que não, foi procurar entre os seus escritos e encontrou um antigo conto chamado “Potira”, a história de amor entre um velho vampiro e uma índia que nasceu quando ela, menina, brincava no Jardim da Luz. Bem-humorada, perguntava toda hora por Rafael, dizendo que ele tinha que estar ali para saber que ela tinha, sim, uma história com vampiros.
Descendentes do Conde Drácula, aliás, parece que continuam na moda, pois foram tema recorrente por todos os cantos e estandes, mesmo que nas entrelinhas. A historiadora Mary Del Priori, que falou na Sala das Orquídeas (decorada com vasos de orquídeas de verdade), criticou de leve a febre vampiresca, dizendo que “ler sobre História pode ser tão prazeroso quanto ler sobre vampiros”.  No que eu concordo plenamente com ela.

Manuel, Lygia e Ubiratan no Salão de Ideias / Foto: Paula Taitelbaum

 No estande da L&PM, o movimento foi grande e eu fiquei um tempão ao lado do caixa observando o que as pessoas compravam. Vi de quase tudo: um jovem casal que levou todos os livros da Agatha Christie de uma só vez, uma menina com jeito de intelectual que comprou tudo que encontrou do Bukowski, um garoto tatuado que escolheu as Aventuras Inéditas de Sherlock Holmes, um pai que levou um livro do Garfield para os filhos e uma senhora que comprou ao mesmo tempo toda a série do Snoopy e os quatro volumes do Guia prático do português correto. Ou seja, vi os mais diferentes estilos de paulistanos adquirindo os mais diferentes títulos. E os campeões de vendas foram: Alice no País das Maravilhas, seguido pela Arte da guerra, Assassinatos na rua Morgue, A teia de aranha, Quintana de bolso e A bela adormecida e outras histórias dos Irmãos Grimm.

E assim, entre Alices e belas adormecidas, encerrou-se a 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo com um público total de 740 mil pessoas. Mas a organização do evento já divulgou que a partir das próximas Bienais, irá procurar um novo espaço que “comporte feiras de caráter internacional no século 21”. Leia-se que não sacrifique tanto os visitantes com temperaturas altas e pouco espaço nos corredores. Mas se o Anhembi, criado em 1970, é ou não é página virada, não importa. Em 2012, a L&PM estará novamente na Bienal do Livro de São Paulo.  

A L&PM bateu todos os recordes de venda na Bienal / Foto: Paula Taitelbaum

Até Marge Simpson já embarcou em Um bonde chamado desejo

Um bonde chamado desejo é o que se pode chamar de um livro de sucesso. A peça, escrita em 1947 pelo americano Tennessee Williams foi desde sempre aclamada pela crítica. Imortalizada na literatura, no teatro e no cinema, teve Marlon Brando no papel de Stanley Kowalski, o rude cunhado de Blanche DuBois, casado com sua irmã Stella. E há várias curiosidades a respeito de Streetcard named Desire, título original do livro que a L&PM publica em pocket com tradução de Beatriz Viégas-Faria:

– Na peça, o marido de Blanche se suicidava por ter tido um caso homossexual, mas essa cena foi abortada no filme e só recentemente incluída nas “cenas deletadas”.
– Vivien Leigh, que viveu Blanche nas telas, chegou a interpretar a peça em Londres, ao lado de seu marido Laurence Olivier.
– Marlon Brando recebeu o papel do próprio Tennessee depois de fazer o teste na casa do dramaturgo.
– Em 1999, Pedro Almodóvar fez uma versão da peça no filme Tudo sobre minha mãe, mantendo alguns dos diálogos da versão filmada em 1951.
– Os Simpsons tiveram a sua própria versão de Um bonde chamado desejo sob o título de A Streetcar named Marge. Nela, Marge ganha o papel de Blanche DuBois e começa a comparar Homer com Stanley Kowalski. Segundo o criador, Matt Groening, esse é um de seus episódios favoritos.

Tentamos encontrar um trecho, mas só o que conseguimos foi um pequeno pedaço de cena. Melhor do que nada…

Do banheiro de Salinger para o seu

Esse post é especial para aqueles leitores/internautas que estão procurando um vaso sanitário e pretendem gastar mais ou menos US$ 1 milhão para adquiri-lo. Pois o eBay colocou  à  venda por esse valor a (desculpem o termo) privada que teria pertencido ao autor de O apanhador no campo de centeioJ. D. Salinger, até sua morte, em janeiro desse ano.   

O vendedor promete não limpar o produto antes da entrega / Reprodução

Vejam a ótima descrição do anúncio:

“Esse é o vaso sanitário que pertenceu e foi usado por J. D. Salinger por muitos anos! Está em sua casa em Cornish, New Hampshire e foi instalado na “nova ala” da residência.
Quando ele morreu, sua esposa herdou todos os seus manuscritos com planos de eventualmente publicar alguns deles. Quem sabe quantas dessas histórias não foram pensadas e escritas enquanto Salinger estava sentado nesse trono!
Esse vaso vintage é de 1962 e está datado sob a tampa. Ele chegará a você “não limpo” e nas condições originais em que estava quando foi removido da antiga casa de Salinger!
Também inclui uma carta de Joan Littlefield. Ela e o marido são os novos donos da casa de Salinger e foram eles que retiraram e substituíram o vaso. A carta é datada de 16 de abril.
Não perca sua chance de possuir um pedaço da história!!”

Não colocamos nossa mão no fogo pela tal “originalidade” do produto, mas que ficou engraçado, ficou.
Do ex-dono do precioso vaso, a L&PM publica Carpinteiros, levantem bem alto a cumeeira e Seymour, uma apresentação.

Frankenstein está mais vivo do que nunca

A primeira vez que o mundo ouviu falar nele foi em 1818, quando o livro de Mary Shelley foi lançado. Quase dois séculos depois, o monstro criado pelo Dr. Victor Frankenstein continua totalmente cool e talvez só perca no quesito “popularidade do horror” para Drácula. Se bem que alguém lembra de ter visto o conde como estrela de comercial de medicamentos para as articulações? Já o nosso querido Frankenstein

A L&PM publica Frankenstein em pocket e acaba de lançar a Série Ouro – Clássicos do Horror que reúne Drácula, O médico e o monstro e… Frankenstein.

Por dentro dos bolsos de Lincoln

O que você carrega nos bolsos? Não vale dizer que é um livro da L&PM só pra nos agradar! Pois o que você vê nesta foto é o que o presidente Abraham Lincoln carregava em seus bolsos no instante em que foi baleado, em 14 de abril de 1865, no Teatro Ford, em Washington. Naquela noite, Lincoln levava dois pares de óculos, um polidor de lentes, um canivete, um lenço de linho, um berloque e uma carteira de couro marrom com uma nota de cinco dólares da Confederação (os Estados Confederados da América foram criados em 1861, após Lincoln vencer as eleições). Os objetos são uma das relíquias que a “American´s Library” divulga em seu site. Para saber mais sobre a morte do sexto presidente dos EUA (não exatamente sobre o que ele tinha nos bolsos), leia o mais recente livro da série Encyclopaedia, cujo título é… Lincoln.

Lembranças da Bienal de São Paulo

Ivan Pinheiro Machado

A primeira vez que tivemos uma noção da força do Brasil foi em São Paulo. Mais precisamente na Bienal de São Paulo. Vínhamos do extremo Sul do país, impregnados de um certo provincianismo que animava – e ainda anima – nossos conterrâneos. Era início da década de 80 e nós, muito jovens, estreávamos com um estande. Das outras vezes em que havíamos participado, nosso espaço era coletivo. Pois bem. Nessa época, tínhamos a melhor coleção de quadrinhos do Brasil. Se você for olhar o catálogo da Editora Conrad em 2010, considerado o mais completo do Brasil, metade dos livros foram editados pela L&PM na década de 80. De Manara à Crumb, passando por Crepax, Moebius, Alex Raymond, Bob Kane e muitos outros, tudo foi publicado cá na casa. Nossa coleção, que tinha 150 álbuns, acabou no início dos anos 90 quando fomos detonados, literalmente, pela concorrência estranha da Abril e da Globo. Ficou impossível competir com excelentes grafic novels custando um terço do preço dos nossos livros. Foi então que decidimos inventar outras coisas.

Mas aquela distante Bienal de São Paulo dos idos anos de 1980 realmente impressionou. Nós, que tínhamos na cabeça a Feira do Livro de Porto Alegre, ficamos perplexos com a multidão que inundou o velho e maravilhoso pavilhão do Ibirapuera, onde foram realizadas as primeiras bienais. Formavam-se filas e mais filas na frente do nosso estande. Vendemos milhares de livros e tivemos pela primeira vez a sensação de que a L&PM estava no mapa do Brasil. E, hoje, quando vamos à Manaus, Belém, Fortaleza, Goiânia, Salvador, Aracaju, Macapá e vemos nossos livros nas bancas, nas livrarias, em nossos displays colocados em cafés, bares, postos de gasolina, supermercados, locadoras de DVDs, até em padarias e açougues, temos a sensação da forte presença dos pockets do Chuí ao Amapá. Uma cadeia que foi construída graças ao leitor, ao famoso boa-a-boca que passou por cima do silêncio da imprensa e transformou a coleção L&PM Pocket na maior coleção de livros de bolso do Brasil. Quase quase mil títulos que, até dia 22 de agosto, estão reunidos na nova Bienal de São Paulo.

O melhor e o pior dos primeiros dias da Bienal

Passados alguns dias do início da Bienal do Livro de São Paulo, já é possível fazer um balanço do que aconteceu de melhor e de pior até aqui. Vamos lá:

Melhor:

Mauricio de Sousa – Lotou o Salão de Ideias e formou filas de autógrafos gigantescas. O grande personagem do primeiro final de semana.

Recorde de público – O sábado bateu o recorde de público em apenas um dia entre todas as edições da Bienal. Cerca de 80 mil pessoas circularam (ou tentaram) nos corredores da feira.

Palestras – A organização caprichou tanto nos nomes nacionais quanto internacionais que integram a programação. E os espaços lotados mostram que valeu a pena o esforço.

Pior:

Sistema de som – Durante sua palestra no Salão de Ideias, o irlandês John Boyne, autor de O menino do pijama listrado (Cia das Letras, 2007), perguntou se estava falando o que não devia depois de ser interrompido duas vezes pelo sistema de som que anunciava para “já, já” o início de outra mesa.

Distribuidores de brindes – “Distribuidores de brindes” é gentileza nossa. A maioria do pessoal contratado para oferecer revistas e folhetos em troca de assinaturas poderia ser chamado apenas de chato mesmo. Teremos pesadelos com corredores escuros e gritos de “moça, moça” por um bom tempo.

Praça de alimentação – O problema nem era exatamente a comida ou os 50 minutos de espera de certas pizzarias, mas alguns lugares não tinham sequer um comprovante de pagamento para oferecer aos clientes. E nem estamos falando de nota fiscal.

Snoopy e Charlie Brown interagem com crocodilo em novas camisas da Lacoste

Depois da joalheria de Hong Kong, chegou a vez da Lacoste comemorar os 60 anos de Charlie Brown e sua turma. As camisas das fotos serão lançadas pela grife francesa em outubro. É a primeira vez que a Lacoste convida outra empresa para incorporar o logo dela ao seu. Nas estampas, Charlie Brown, Snoopy, Woodstock e Linus aparecem interagindo com o tradicional crocodilo.