A segunda morte de Breno Caldas

No dia primeiro de outubro, o Correio do Povo completou 120 anos de atividades ininterruptas. Durante 50 anos, ele foi considerado um dos maiores e mais influentes jornais brasileiros, período em que foi dirigido pessoalmente pelo seu dono Breno Alcaraz Caldas, filho do fundador Caldas Jr. Acossado por sérios problemas financeiros, Breno Caldas viu-se obrigado a vender o jornal em meados dos anos 1980. A L&PM publicou, em 1987, um grande depoimento de Breno Caldas dado ao jornalista e escritor José Antonio Pinheiro Machado sobre a história, a glória e a queda do grande jornal. Aqui reproduzimos o texto escrito por José Antônio, publicado na edição eletrônica do Jornal “JÁ” do dia 3 de outubro de 2015. Neste texto o jornalista destaca o fato de que, na edição especial comemorativa aos 120 anos do Correio do Povo, sequer foi mencionado o nome de Breno Caldas.

Nos 120 anos do Correio do Povo,
a segunda morte de Breno Caldas

Por José Antonio Pinheiro Machado

Com a mesma discrição que viveu, o jornalista Breno Caldas teve no dia 1º de outubro passado sua segunda morte.

O fato ocorreu nos festejos dos 120 anos do Correio do Povo e na edição comemorativa a essa data notável. Breno Caldas foi o jornalista mais importante da história do Correio do Povo.

Filho do fundador, Caldas Júnior, Breno Caldas comandou o jornal durante 50 anos ― os 50 anos em que o Correio do Povo se tornou um dos jornais mais importantes do País.

Apesar disso, seu nome não mereceu destaque na edição comemorativa do jornal. Na verdade, o Correio do Povo de hoje, que comemora os 120 anos que não viveu, é bem diferente do Correio do Povo que construiu a lenda: o Correio do Povo de Breno Caldas.

A primeira morte do jornalista Breno Caldas, sua morte física, ocorreu em 1989, aos 79 anos, depois de uma agonia quase tão dolorosa quanto a do jornal que dirigiu durante meio século, o Correio do Povo.

Fui seu amigo durante seus últimos anos, quando já estava longe de ser um dos 10 homens mais ricos do Brasil, co­mo foi considerado pela revista Veja nos anos 1970.

Aproximei-me de Breno Caldas movido pela perplexidade que, desde 1984, atingia a maioria dos gaúchos: co­mo e por que o Correio, a publicação ma­is importante do Rio Grande ― e uma das mais importantes do Brasil ―, quebrou?

Era a história incrível de um jornal que tinha deixado de circular apesar de ter invejável espaço publicitário e 90 mil assinaturas pagas.

Já tinha ouvido as opiniões e análises mais diversas, mas eu queria saber a versão do personagem principal: o que pensava a respeito aque­le homem enigmático que tinha sido uma espécie de Vice-Rei do Rio Grande, e que, depois da derrocada, se recolhera a um silêncio impenetrável na sua bela propriedade da Ponta do Arado?

Nossos primeiros contatos foram mui­to difíceis, pois o “Dr. Breno” não admitia a idéia da publicação de um depoimento seu sobre o fim do Correio do Povo:

“Ninguém está interessado nas desculpas de um falido”, dizia, com sua inesgotável capacidade de rir de si mesmo.

Se não fosse nossa paixão em comum por alguns esplêndidos cavalos, espe­cialmente os egressos dos campos de criação do inesquecível Marcel Boussac, as conversas não teriam ido adiante: talvez tivessem ficado naquele final de uma tarde luminosa de inverno em que tomamos chá inglês Earl Grey com bis­coitos caseiros, quando visitei-o pela primeira vez.

Mas, por causa dos cavalos, voltamos a conversar, e o assunto voltou para o jornal. Por fim, o constrangimento do empresário mal sucedido sucumbiu diante da sensibilidade do velho redator-chefe, e Breno Caldas concordou em me conceder um longo depoimento que resultou no livro “Meio Século de Correio do Povo —Glória e Agonia de um Grande Jornal”― o livro mais vendido da Feira do Livro de Porto Alegre de 1987, que obrigou a Editora L&PM a imprimir uma segunda edição durante a Feira.

Como ficou claro no livro, Breno Caldas tinha a dizer, é claro, muito mais do que desculpas sobre a falência; e muito mais gente do que ele imaginava estava interessada na sua versão.

Quase todos perceberam esse lado épico de uma tragédia shakesperiana: ele perdeu sua fortuna tentando salvar sua paixão, o jornal.

O livro não tem o depoimento de um ressentido, mas sim o balanço de alguém que chegou ao fim da vida com seu dever cumprido. Nas saborosas reminiscências de um velho jornalista, Breno Cal­das retratou de forma impiedosa, os equívocos – especial­mente os dele – que levaram sua empre­sa a mergulhar em dívidas impagáveis quando decidiu renovar o parque gráfico e implantar uma emissora de TV. Tam­bém fez um libelo corajoso com acusações (que não tiveram contestação) a políticos e governantes da época que deram a voz de comando: “Vamos que­brar o Breno!” Atribuía isso a um ajuste de contas de poderosos, descontentes com sua “excessiva independência”.

Era um homem conservador, mas, como lhe confidenciara um general, “não inteira­mente confiável”. Sua falência foi um filme repetido nos tempos do “milagre brasileiro” com tantos outros empre­sários: depois de ter sido induzido a cap­tar financiamentos em dólar através da famigerada “Resolução 63”, Breno Caldas enfrentou duas maxi-desvalorizações da moeda que multi­plicaram sua dívida.

Em vez de deixar a pessoa jurídica, isto é, o jornal, afundar, salvando sua fortuna pessoal, resistiu em desespero e consumiu 90% do seu imen­so patrimônio particular tentando salvar o Correio do Povo. Por certo que não agiu com a prudência que se quer de um empresário, mas foi um jornalista exemplar: num dos lances finais da agonia do jornal, quando não tinha mais crédito para obter papel, trocou a metade dos 800 hectares que possuía na espetacular Fazenda do Arado, no sul de Porto Alegre, pelas bobinas ne­cessárias para imprimir o Correio mais algumas semanas.

No que restou do Arado, uma belíssi­ma propriedade no extremo sul do município de Porto Alegre, onde o rio Guaíba faz a sua última volta, Bruno Caldas passou os últimos anos sem qual­quer arrependimento pelos prejuízos incalculáveis que teve: “Tudo o que eu possuía, veio do Correio; era justo que voltasse para o jornal.”

Durante as gravações do depoimentos que me concedeu sempre se recusou a mencionar as cifras exatas de suas per­das. Mas, depois do livro impresso, num fim de tarde, quando bebíamos Dimple na sacada do seu gabinete, no Arado, diante do pôr-de-sol no Guaíba, confes­sou:

“Uma vez, naqueles dias, numa única tarde perdi 35 milhões de dólares”.

Mas em seguida mudou de assunto, passando a recordar Estensoro, El Centauro, El Supremo, Estupenda, e outros cavalos magníficos que, nos bons tempos, criou nos campos do Haras do Arado. Também o Haras se foi, na voragem das dívidas.

A todos esses golpes resistiu sem amargura, recolhendo-se às tardes silen­ciosas de sua bela biblioteca com cente­nas de volumes encadernados em couro, onde se deliciava lendo Dickens, Proust, Goethe e Chateaubriand ― sempre no original: ele falava, lia e escrevia com fluência em inglês, francês e alemão.

Só não teve forças para enfrentar um último golpe, poucos anos antes de sua própria morte: a morte do filho, Francisco Antônio, de pouco mais de 50 anos, que por mais de três décadas o acompanhou, também trabalhando no Correio, na gerência comercial. A luta silenciosa do filho durante mais de um ano contra o câncer, sem uma queixa sequer, deixou Breno Caldas espantado:

“O meu filho tinha fibras que eu desconhecia”, me disse.

Não se recu­perou desse golpe, porém. E poucos meses depois, com problemas renais e respiratórios, mergulhou numa agonia dolorosa e irreversível. Enfrentou-a com a serenidade que suportou o naufrágio do seu jornal, revelando as mesmas fibras insuspeitadas do seu filho diante da morte.

O livro que contou a história de Breno Caldas e seu jornal

O livro que contou a história de Breno Caldas e seu jornal

Com a palavra, o Dr. J.J. Camargo

Do_que_voce_precisa_para_ser_felizNas crônicas que escreve, o Dr. J.J. Camargo – referência internacional em cirurgia torácica e autor do primeiro transplante de pulmão da América Latina – escuta seus pacientes e transpõe para o papel os ensinamentos que todos eles lhe entregaram ao longo de muitos anos de medicina. Seu novo livro, Do que você precisa para ser feliz, recém lançado pela L&PM, apresenta histórias de vida, de superação, de perdão, de negação, de cura, de esperança. Relatos emocionantes que mostram que, nos momentos de dor, descobre-se que é preciso muito pouco para ser feliz.

 

No domingo, 4 de outubro, o Caderno Donna, do Jornal Zero Hora, publicou uma grande matéria com o Dr. J.J. Camargo. Nela, o leitor descobre que, além de médico e cronista, ele é alguém muito especial.

Basta clicar sobre as imagens para ler:

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O Dr. J. J. Camargo vai autografar seu novo livro em três momentos:

13 de outubro às 19h – Palestra, seguida de autógrafos no Auditório da Santa Casa

27 de outubro às 19h – Autógrafos na Livraria Saraiva do Moinhos Shopping

8 de novembro às 17h – Feira do Livro de Porto Alegre

Patti Smith lê Fernando Pessoa

A cantora Patti Smith – amiga dos escritores beats Allen Ginsberg e William Burroughs – tem uma relação bem próxima com Portugal. Em uma entrevista ao Ípsilon em 2009, ela contou que seu marido, Fred Sonic Smith, falecido em 1994, costumava dizer que, devido à quantidade de livros de fotos de Portugal dos anos 1930 que possuía, um dia iria acordar e “começar a falar como um pescador português”. E Patti completou na entrevista: “Claro que, como muita gente, eu adorava Pessoa. Tom Verlaine [vocalista e guitarrista dos Television] e eu costumávamos ler Pessoa o tempo todo, quando éramos novos”.

Em setembro deste ano, durante mais uma visita a Lisboa, Patti visitou a casa Fernando Pessoa e lá prestou uma homenagem dupla: a Pessoa e a Walt Whitman. Na biblioteca do escritor, onde encontrou livros do próprio autor e também de William Blake, Whitman e Arthur Rimbaud, a cantora leu “Saudação a Whalt Whitman”, poema de Pessoa que ele escreveu sob o heterônimo de Álvaro de Campos (ok, ela leu o poema em inglês…).

O momento foi registrado e disponibilizado esta semana na página de Facebook da Casa Fernando Pessoa.

Aqui está:

A L&PM publica este poema (em português, é claro!) no livro Poemas de Álvaro de Campos – Fernando Pessoa, Obra poética IV (Coleção L&PM Pocket).

 

 

A cidade em que nasceu Gandhi

Começos

biografiagandhiPorbandar: o nome induz ao sonho. Um mundo de pescadores, de armadores, navios que cruzam entre a Índia, a Arábia e a costa leste da África, aventurando-se até a África do Sul, lá onde Gandhi haveria de descobrir um dia sua vocação… Mas, no momento em que ele nasce, em 2 de outubro de 1869, não era senão um pequeno porto pesqueiro adormecido na costa do Gujarat.

A cidade de Porbandar, “com suas ruelas estreitas e seus bazares atulhados, com seus muros maciços, desde então em grande parte demolidos, encontra-se a três passos do mar da Arábia. Suas construções, desprovidas de grandeza arquitetônica, são feitas de uma pedra branca que endurece com os anos, brilha suavemente no pôr do sol e valeu à cidade a denominação romântica de ‘Cidade branca’. Os templos ocupam ali um lugar de importância; a própria casa ancestral dos Gandhi erguia-se perto de dois templos. No entanto a vida toda estava, ainda está, centrada no mar. (Trecho de Gandhi, de Christine Jordis, Série Biografias L&PM)

Ficou com vontade de conhecer Porbandar, a cidade de Gandhi? Então, caso você se anime e resolva ir a Índia, separamos aqui alguns pontos turíticos:

– KIRTI MANDIR – A casa em que nasceu Gandhi é aberta à visitação:

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– BARDA WILDLIFE SANCTUARY – Há 15 km de Porbandar, está localizada uma floresta que se estende por 190 km quadrados. Suas colinas são ideais para uma caminhada e existem locais próprios para piqueniques à beira dos Rios Bileshvary e Joghri.

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– SUDAMA TEMPLE – Dizem que este belo tempo é o único em toda Índia dedicado a Sudama, o melhor amigo de Krishna. Construído entre 1902 e 1907, possui uma grande importância histórica e espiritual.

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Victor Dixen, autor de “Animale”, em uma entrevista exclusiva

Meu objetivo é que, aquele que ler Animale não consiga mais distinguir entre história ou conto de fadas, realidade e fantasia. E que, ao fechar o livro, o leitor esteja totalmente convencido de que a Cachinhos realmente existiu…

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Victor Dixen é filho de pai dinamarquês e mãe francesa. Com eles, percorreu a Europa quando era pequeno. Depois, morou nos Estados Unidos, Irlanda e, atualmente, vive em Cingapura. Autor premiado, ele é super atuante nas redes sociais e procura responder todas as mensagens que recebe de seus leitores. Trocamos emails com Victor que, prontamente, respondeu algumas perguntas que lhe enviamos. Vale a pena ler o que ele tem a dizer sobre sua obra e sua forma de escrever.

L&PM: Como surgiu a ideia de escrever Animale?

Victor Dixen: Frequentemente uso meus sonhos como material de escrita e foi assim no caso de Animale: a maldição de Cachinhos Dourados. Uma vez tive um sonho muito simples e estranho. Eu estava perdido em uma floresta escura, à noite, e caminhava em direção a uma solitária cabana. Mas nunca cheguei até a casa: acordei antes. Então, imediatamente pensei na fábula de Cachinhos Dourados e os três ursos, que me contaram quando eu era criança. Eu tinha quase esquecido dessa fábula, mas esse sonho reviveu minha memória. Então achei o livro e o li novamente. Fiquei maravilhado. Porque esse pequeno e simples conto não é como os outros: não tem um final fechado como em muitas fábulas (tipo: “e viveram felizes para sempre”). Pelo contrário, Cachinhos se perde na floresta, entra na cabana onde come e adormece, apenas para ser acordada pelos três ursos que moram lá; apavorada, ela pula a janela e desaparece na noite. E é isso. Nós não temos indicações, seja qual for, sobre o que aconteceu com a Cachinhos depois que ela foge. Eu vi nessa história de final aberto uma verdadeira missão: eu tinha que conectar os pontos e tentar descobrir o que aconteceu com ela. Isso se tornou minha prioridade, como se minha vida dependesse disso. E foi também o começo das minhas investigações e o trampolim para meu romance.

L&PM: Animale é repleto de referências históricas da França. Sua intenção foi colocar Blonde no mundo real? Por quê?

VD: O cenário do romance e o momento histórico em que ele ocorre saíram de minhas investigações. Durante minha pesquisa, li muito sobre a fábula de Cachinhos dourados e os três ursos. Foi assim que descobri que esta história foi escrita pela primeira vez por volta de 1830, por um autor inglês chamado Robert Southney. Eu sabia que tinha que definir o meu romance na mesma época: em meados do século 19, na Europa. Todo o continente ainda estava assombrado pelas sequelas das guerras napoleônicas e também pelas sombras da Revolução Francesa. E aos poucos fui me convencendo que a fábula de Southney não tinha saído completamente de sua imaginação, mas sim inspirada em alguém que ele conheceu na vida real – um aristocrata francês que tinha emigrado para a Inglaterra durante o reinado de Napoleão, trazendo com ele um terrível segredo…

L&PM: Você é fascinado por contos de fadas e Animale 2 é inspirado em um conto de Andersen. Fale um pouco sobre isso.

VD:  Sou metade francês e metade dinamarquês de nascimento, e Andersen sempre foi um dos meus autores favoritos. Isto é parte da minha fascinação por contos de fadas – gosto tanto de contos populares (os mais antigos, transmitidos oralmente de geração para geração, e coletados por especialistas em folclore como Charles Perrault e os Irmãos Grimm) quanto de contos literários (inteiramente criados do zero pelos escritores, como os de Andersen). O que eu realmente gosto nos contos de Andersen é a poesia do Norte e uma forma de beleza trágica que para mim está diretamente ligada à antiga mitologia Viking. Isto é marcante em A rainha das neves, um conto escuro e suntuoso que tem me assombrado desde criança. Eu sempre tentava imaginar como seria o rosto da poderosa e mortal Rainha da Neve, mas nunca conseguia. Escrevi Animale 2 – A profecia da rainha das neves para tentar descobrir. Acredito que os livros podem realmente fazer este tipo de mágica: fazer você ver o invisível!

L&PM: Na sua opinião, o que não pode faltar numa história do gênero fantasy?

VD: Honestamente, acho que não há regras quando se trata de contar histórias – ou talvez se tenha apenas uma regra: manter o leitor surpreso a cada página, para que ele ou ela não possa largar o livro até terminá-lo. Para mim, o principal interesse nos códigos de gêneros é que eles podem ser dobrados para criar ainda mais surpresa, suspense e admiração. Isso é precisamente o que pretendi fazer na saga Animale: tentei misturar códigos de ficção histórica e fantasia tão completamente que se tornou impossível diferenciar um do outro. Meu objetivo é que, aquele que ler Animale não consiga mais distinguir entre história ou conto de fadas, realidade e fantasia. E que, ao fechar o livro, o leitor esteja totalmente convencido de que a Cachinhos realmente existiu…

L&PM: Qual o maior desafio ao escrever uma história para jovens?

Victor Dixen: Tenho leitores das mais variadas idades e acho que todos eles têm a mesma expectativa: serem surpreendidos. Eu mesmo, como leitor, procuro isso quando abro um romance. Quero ser transportado para outro tempo, outro lugar – ou, se é o mesmo tempo e lugar, quero vê-los através de outros olhos. Na verdade, acho que os jovens leitores têm mais vontade ainda de serem surpreendidos. E eles querem se deixar levar desde as primeiras páginas. Por isso, este é o desafio!

L&PM: Imaginamos que você tenha bastante contato com seus leitores. Qual a pergunta que eles mais fazem para você?

VD: Graças à internet, é fácil hoje em dia manter contato com leitores onde quer que eles estejam no mundo e onde quer que você esteja. O que é uma coisa conveniente porque eu sou uma espécie de globe-trotter, tendo vivido nos EUA, Irlanda, França e agora em Cingapura, em busca de inspiração. Receber um retorno dos leitores é muito precioso, pois escrever livros é um trabalho bastante solitário, e saber que seus livros são notados é muito importante para alimentar a motivação. Então eu recebo muitas perguntas sobre meus livros, que tento sempre responder. Convido os leitores brasileiros a entrarem em contato comigo, se quiserem, pelo meu Website – em inglês, francês ou espanhol, por favor – pois infelizmente meu português não existe J: www.victordixen.com/homepage/. Acho que a pergunta que mais me fazem é uma que vocês também me perguntaram no começo desta entrevista : de onde surgem suas ideias?

L&PM: E qual a sua resposta?

VD: Bem, essa é uma pergunta difícil, porque honestamente eu não sei a resposta – ou pelo menos, sei apenas algumas partes dela. Como mencionei antes, sonhos são muito importantes para mim. Talvez isso esteja ligado ao meu ritual de escrita: por ter sono muito leve, acordo todas as noites às 4 da manhã e começo a escrever imediatamente, quando os sonhos ainda estão vivos em minha mente, e enquanto o mundo todo está silencioso e escuro ao redor da minha tela de computador. Depois, têm também todos os livros que li. E, finalmente, as experiências acumuladas durante minhas viagens ao redor do mundo. Tudo isso se mistura e cria um estranho coquetel, no coração da noite.
Eu realmente aprecio a noite e todas as suas sombras cheias de possibilidades, onde a imaginação pode vagar livremente.
Este é meu momento.
É quando escrevo.
É quando minhas histórias e personagens ganham vida.
Então, se eu tivesse que resumir de forma simples a resposta para a pergunta “de onde surgem suas ideias?”, acho que responderia: “Da escuridão silenciosa da noite!”

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Clique aqui para saber mais sobre Animale – A maldição de Cachinhos Dourados, obra de Victor Dixen que recebeu o grande prêmio francês “Étonnants Voyageurs 2014”.

Um viva aos tradutores!

Eles traduzem do inglês, francês, espanhol, alemão, italiano, polonês, norueguês, russo, holandês, chinês, grego… Estudam cada palavra, analisam cada frase, revisam cada linha. Sem os tradutores, nossas opções de leitura seriam muito mais limitadas e nossa biblioteca muito mais reduzida.

Para homenagear os tradutores no Dia Internacional da Tradução – 30 de setembro – vai aqui um texto de Millôr Fernandes que traduziu, entre outros, Shakespeare:

Le dernière translation (Homenagem à Sociedade Brasileira de Tradutores):

Quando morre um velho tradutor

Sua alma, anima, soul,

Já livre do cansativo ofício de verter

Vai direta para o céu, in cielo, to the heaven, au ciel, in caelum, zum himmel,

Ou pro inferno, Holle, dos grandes traditori?

Ou um tradutor será considerado

In the minute hierarquia do divino (himm’lisch)

Nem peixe nem água, ni poisson ni l’eau,

Neither water nor fish, nichts, assolutamente niente?

Que irá descobrir de essencial

Esse mero intermediário da semântica

Corretor da Babel universal?

A comunicação definitiva, sem palavras?

Outra vez o verbo inicial?

Saberá, enfim!, se ele fala hebraico

Ou latim?

Ou ficará infinitamente no infinito

Até ouvir a Voz, Voix, Voce, Voice, Stimme, Vox,

Do Supremo Mistério partindo do Além

Voando como um pássarobirduccelopájarovogel

Se dirigindo a ele em…

E lhe dando, afinal,

A tradução para o Amén?

(De Millôr definitivo – A bíblia do caos)

Viaje no tempo e no espaço para ouvir as palestras de William Faulkner

Pode-se dizer que poucos escritores foram tão premiados quanto o americano William Faulkner. Nobel de Literatura em 1949, ganhador do National Book Awards em 1951 e 1955, Faulkner utilizava a técnica do fluxo de consciência que consagrou gente como James Joyce, Virginia Woolf e Proust.

William Faulkner também dava aulas e palestras. E sabe o que é melhor? É possível ouvi-lo. Isso porque estão disponibilizados na internet os arquivos de áudio de palestras, leituras e conversas com estudantes que o escritor realizou no final dos anos 50 na Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos. Os áudios foram gravados em fitas e estão disponíveis para download no site da Universidade. Clique aqui para ver a lista e escutar as palestras. Os áudios são acompanhados das transcrições para facilitar o entendimento.

William Faulkner conversa com estudantes e professores da Universidade de Virginia

William Faulkner conversa com estudantes e professores da Universidade de Virginia

De William Faulkner, a Coleção L&PM Pocket publica Enquanto Agonizo.

Táxis viram bibliotecas em Porto Alegre

O passageiro entra em um táxi e encontra livros que podem ser lidos durante a viagem ou levados para casa e depois devolvidos em outro táxi. Esta é a ideia do Bibliotáxi Poa, projeto que foi lançado oficialmente na manhã desta quinta-feira, 24 de setembro, em Porto Alegre.

Os livros ficam nos bolsões customizados, localizados no encosto do banco dianteiro. O Bibliotáxi Poa também incentiva as doações de livros, ampliando ainda mais a dimensão dessa biblioteca colaborativa.

BIBLIOTAXI

Todos os táxis que receberam os livros trabalham com o aplicativo Easy Taxi que é um dos parceiros deste projeto junto com a Secretaria da Cultura de Porto Alegre, Conselho Municipal do Livro e da Literatura, Shopping Total, Livraria Cameron, Rádio Farroupilha e Banco de Livros da Fundação Gaúcha dos Bancos Sociais. O projeto tem duração prevista de um ano.

Bibliotaxi_Porto Alegre

O card de divulgação do projeto

Freud tentou prever a sua própria morte

No dia 23 de setembro de 1939, às três da manhã, morria Sigmund Freud. Sua partida deu-se depois que Max Schur, atendendo ao pedido do próprio Freud, injetou uma forte dose de morfina no pai da psicanálise.

Freud havia tentado prever a data exata da sua morte, cercando-a de superstições e receios. “Tenho uma tendência à superstição, cuja origem ainda me é desconhecida” escreveu ele em 1901. Ligou-se à Teoria dos Números Mágicos (desenvolvida por seu amigo, o médico Wilhelm Fliess) e, em 1894, teria previsto que seu falecimento se daria entre os 40 e 50 anos de idade. Aos 51 anos, em correspondência ao colega Ferenczi, mudou de ideia e afirmou que morreria em fevereiro de 1910. Apesar de ter errado todas as previsões, continuou interessado na vida oculta que se escondia atrás de seu id e de seu ego.

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Em 1938, quando estava exilado em Londres, recebeu a visita de Salvador Dalí, levado até sua casa por Stefan Zweig. Nesse encontro, Dalí fez um retrato de Freud que, ao olhá-lo, teria dito que ele “preconizava inconscientemente sua morte próxima”. E isso não foi só o que Dalí ouviu durante a visita. “Quando tive a honra de encontrar, pela primeira vez, em Londres, Sigmund Freud, ele explicou-me em poucas palavras que as superstições possuíam um fundamento erótico e eficaz junto às forças ocultas. Desde então, mergulho cada vez mais profundamente na superstição. Carrego comigo um pedaço de madeira que nunca me deixa (…)” declarou Salvador Dalí alguns anos depois.

O desenhos que Dali fez de Freud em Londres

O desenhos que Dalí fez de Freud em Londres

Veja aqui todos os livros da Série Freud L&PM.

Somos todos Peanuts!

Qual o fã de Charlie Brown e sua turma que nunca imaginou ser um dos personagens? Pois agora você pode criar a sua própria versão Peanuts.

Entre as ações para promover o filme “Snoopy & Charlie Brown – Peanuts, o filme” que estreia em 14 de janeiro no Brasil, está o lançamento do aplicativo Peanutizeme para a criação de personagens Peanuts em 3D.

No computador, tablet ou smartphone é possível escolher a cor da pele, cabelo, roupas e acessórios.

Basta acessar www.peanutizeme.com e começar a brincadeira.

Nós criamos o escritor beat Allen Ginsberg:

AllenGinsbergEseuPeanuts