“On the road” ganha exposição em Paris

O Museu de Letras e Manuscritos de Paris vai receber uma exposição que comemora os 60 anos de “On the road” e a estreia do filme de Walter Salles no Festival de Cannes. “Sur la route de Jack Kerouac. L’épopée, de l’écrit à l’écran” vai exibir o manuscrito original (conhecido como “scroll”), a máquina de escrever Underwood usada no filme, croquis e objetos de cena, fotos, anotações e diversas “relíquias” da filmagem. A exposição abre no dia 16 de maio e vai até 19 de agosto.

Se você não conhece a história de On the road, dá tempo de ler até a estreia do filme, marcada para o dia 23 de maio no Festival de Cannes.

Começa, em São Paulo, mostra de polaroides de Andy Warhol

Andy Warhol Superfícies Polaroides (1969-1986) é a exposição que começa amanhã, 4 de maio (hoje só para convidados), no MIS – Museu da Imagem e do Som em São Paulo e que chega para celebrar os 25 anos da morte de Warhol, ocorrida em 1987. A mostra reúne 300 retratos, entre eles, 200 imagens inéditas no Brasil, feitas com uma máquina Polaroid. São amigos do artista, detalhes de interiores, objetos e pessoas famosas. Nomes como Mick Jagger, Jane Fonda, John Lennon, Truman Capote e William Burroughs. Leia aqui o texto do curador, Diógenes Moura:

Refletido no espelho, Andy Warhol vê sua vida e sua obra. Seus dias e suas noites são parte do seu trabalho tecnológico como talvez em nenhuma outra obra de um artista de seu tempo. Warhol queria ser uma máquina e produzir um trabalho sobre e para a cultura americana de massa, e lançou uma pergunta sem respostas sobre o conjunto da sua obra que até hoje os Estados Unidos procuram entender realmente do que se trata nas páginas da sua história. “Quem sou eu?” perguntou Warhol, e ele mesmo respondeu com uma versão coloridíssima de uma lata de sopa Campbell. A exposição Andy Warhol Superfície Polaroides (1969-1986) nos mostra, em trezentas imagens, uma significativa parte do processo de trabalho e da construção das imagens pública e privada de Warhol. Toda a série de polaroides que ele fez em seu estúdio ou nos registros produzidos nos encontros e nas noites por onde andou era o mais ou menos o que os paparazzi ainda procuram nos dias atuais. Mas, então, qual é a diferença? A diferença é, antes, quem estava atrás e na frente da câmera. E, hoje, quem está atrás e na frente das bilhões de câmeras espalhadas pelos quatro cantos da Terra, onde toda a humanidade é fotógrafo. Portanto, a diferença é: quem vê o quê?

Para chegar ao resultado final das suas serigrafias, Warhol fazia cerca de sessenta retratos usando uma câmera Big Shot da Polaroid. Depois escolhia quatro imagens e passava para o impressor de tela para obter imagens positivas em acetato. Quando os acetatos voltavam, ele decidia os cortes e os retoques, para fazer com que a pessoa se tornasse o mais atraente possível: alongava o pescoço, afinava narizes, aumentava os lábios. Era também o modo como gostaria de ser visto pelos outros e, assim, criar um mito para chamar de seu. As trezentas polaroides produzidas pelo artista entre 1969 e 1986 nos dão uma ideia desse seu modo de ver. Aqui estão os retratos de verdadeiros artistas, de celebridades descartáveis (e Warhol sabia como ninguém que celebridade com celebridade se vende, se paga e se joga no lixo), resquícios de objetos e composições, como os sapatos que marcaram a primeira fase de sua carreira, planos abertos de torsos nus, retratos 3 x 4 de personagens como Grace Jones e Lana Turner, exercícios de composições e sombras, como na imagem de Caroline de Mônaco, o corpo despido de Jean-Michel Basquiat fragmentado em detalhes e silêncio, os músculos iniciantes de Stallone e Schwarzenegger, o doce olhar de Muhammad Ali. Todos no mundo de Warhol, que os mantém vivos no mundo de hoje. Todos em pequenas polaroides. Na superfície atemporal que o artista dizia ser fundamental para reconhecê-lo. Na superfície das palavras e obra de “um herói cultural” que, nos momentos de introspecção, era capaz de elucubrar: “Quero inventar um novo tipo de fast food e estava pensando como seria uma coisa de waffles que tenha a comida de um lado e a bebida de outro – como presunto e Coca-Cola. Você poderia comer e beber ao mesmo tempo”.

Serviço:

Quando: 04 maio a 24 junho de 2012
Horário: terças a sextas, das 12h às 21h; sábados,
domingos e feriados, das 11h às 20h
Ingressos: R$ 4,00 (50% de desconto para estudantes)
Onde: MIS (Espaço redondo)
Avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo

Galeano na mais bela livraria de Buenos Aires

Visitar a livraria El Ateneo Grand Splendid, em Buenos Aires, é uma experiência um tanto esplendorosa, como o próprio nome indica. Não apenas pela quantidade de livros que habitam os 2 mil metros quadrados de seus três andares, mas porque a arquitetura do que um dia foi o famoso Teatro Grand Splendid segue preservada. Considerada a segunda livraria mais bonita do mundo pelo jornal britânico The Guardian, lá ainda estão as varandas originais das galerias e as esculturas e os ornamentos tal como eram no tempo em que recebiam grandes artistas em noites de gala. Hoje, é possível subir ao palco para tomar um bom café com medialunas, sentar nas cadeiras espalhadas pelos salões sem precisar pagar ingresso e ler um livro num dos balcões que nos primórdios era ocupado pela nata da sociedade argentina.  Mas o ponto alto – e bota alto nisso – do prédio erguido em 1919 está no teto do salão principal: a cúpula pintada pelo italiano Nazareno Orlandi.

E é sob essa pintura que atualmente encontra-se Eduardo Galeano. Ou melhor: seu mais recente livro, Los hijos de los días (Os filhos dos dias), que será lançado pela L&PM este ano com tradução de Eric Nepomuceno. Galeano é bastante popular em Buenos Aires e já figura como o segundo mais vendido na El Ateneo. Aproveitando o clima de teatro só o que temos a dizer é: palmas para ele!  

Pintura no teto, cortinas vermelhas e afrescos são a moldura do café sobre o palco / Foto: Dudu Contursi, feita com iPhone

Na imagem recente, a pilha de livros de Eduardo Galeano se mostra convidativa / Foto: Dudu Contursi com iPhone

"Los hijos de los días" é o segundo mais vendido da El Ateneo

A Livraria El Ateneo Grand Splendid fica na Avenida Santa Fé, 1860, na Recoleta.  

Nos 100 anos de “Contos Gauchescos”, um presente para os leitores

No ano exato do centenário da chique e urbaníssima cidade pelotense, seu mais ilustre letrado publica os Contos gauchescos, série de histórias pacientemente tramadas, escritas com a linguagem da vida rural do Rio Grande do Sul, devida e competentemente transformada em literatura. Na folha de rosto, logo abaixo do título, que é genérico, vinha uma espécie de enquadramento: “Folclore regional”. Era uma advertência ao leitor urbano? Um pedido de desculpas? De tolerância? De clemência? E por que adjetivar como “regional” aquele material, na verdade contos que nem eram exatamente folclore? (Trecho do texto de Luís Augusto Fischer para a introdução da nova edição de Contos Gauchescos e Lendas do Sul que acaba de chegar)

Pois é, 1912 não foi mesmo um ano qualquer para “a cosmopolita, a francófila, a elegante” Pelotas. A cidade festejava seus 100 anos e, em meio a tamanha comemoração, o agitador cultural João Simões Lopes Neto lançou a Revista Centenária e um novo livro: Contos Gauchescos. E é justamente para marcar o centenário de lançamento dos Contos Gauchescos que agora acaba de chegar uma nova edição, em formato convencional, que vem acompanhada de Lendas do Sul e foi preparada por Luís Augusto Fischer. Além de escritor, Fischer é professor de literatura brasileira na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e grande estudioso da obra simoniana. Aqui, ele nos oferece uma edição feita sob os melhores critérios filológicos, levando em conta a distância entre o leitor atual e o escritor, contendo fartas notas de rodapé para esclarecer dificuldades do vocabulário, referências históricas contidas no texto e aspectos importantes da estrutura e da visão de mundo da obra, além de uma completa biografia e de uma introdução ao fascinante universo do autor.

Coppola fala sobre o filme “On the road”

Coppola é co-produtor de "On the road"

A revista francesa Trois Couleus publicou em sua página oficial um depoimento do co-produtor de On the road, Francis Ford Coppola, sobre como foi levar a novela mais famosa de Jack Kerouac ao cinema. Para quem não sabe, a história é antiga e começou há mais ou menos 30 anos, quando Coppola comprou os direitos para fazer o filme. Mas o projeto ficou abandonado até que o brasileiro Walter Salles topou e empreitada.

Adapter “Sur la route” au cinéma fut pour moi un vrai casse-tête, du fait de son intrigue insensée, tout en allers-retours. J’y ai renoncé. Jerry Garcia de Grateful Dead, qui a fréquenté Neal Cassady, m’a dit un jour que Woody Harrelson lorsqu’il avait 22 ans aurait été parfait pour le rôle. Mais Garrett Hedlund possède la même folie frénétique. Je trouve Sam Riley convaincant : il n’est pas Américain, et alors ? Ces acteurs ont l’air trop jeunes ? Mais les Beats étaient jeunes à l’époque des faits ! Des gens se plaignent que le film ait été tourné au Canada, mais les films sont une illusion, l’Amérique des années 1940 n’est plus.

Pra quem não está com o francês em dia, aí vai uma tradução livre pra ajudar:

Adaptar “On the road” para o cinema foi para mim uma verdadeira dor de cabeça, por causa do enredo louco, cheio de idas e vindas. Eu desisti. Jerry Garcia do Grateful Dead, que conviveu com Neal Cassady, me disse um dia que Woody Harrelson, quando tinha 22 anos, seria perfeito para o papel. Mas Garrett Hedlund tem a mesma loucura frenética. Acho Sam Riley convincente: ele não é americano, mas e daí? Os atores parecem muito jovens? Mas os Beats eram jovens naquela época! As pessoas reclamam que o filme foi rodado no Canadá, mas os filmes são uma ilusão, a América dos anos 1940 não existe mais.

O filme On the road tem estreia prevista para o dia 23 de maio no Festival de Cannes e 15 de junho no Brasil. Se você não leu o livro, ainda dá tempo! E logo estaremos colocando nas livrarias uma edição em formato convencional com a imagem do poster do filme.

Morre Nydia Guimarães, viúva do escritor Josué Guimarães

Morreu ontem (01 de maio) em Canela, na serra gaúcha, aos 82 anos, Nydia Guimarães, viúva do escritor Josué Guimarães. Tenho de Nydia muitas e ternas lembranças e a mais comovente é o profundo amor que tinha por Josué, a quem carinhosamente chamava de “Jua”. Desde que o grande escritor morreu, em março de 1986, Nydia nunca mais foi a mesma. Recolheu-se a sua bela casa em Canela e foi curtir sua saudades. Eu e meu irmão, José Antonio, conhecemos Nydia, Josué e seus filhos Adriana e Rodrigo quando eles estavam exilados em Lisboa, em 1975. Ambos passamos uma temporada em sua casa em Cascais. Meu irmão estava em Lisboa quando contraiu uma doença estranha e ardia em febre sem que descobrissem a causa. Nydia foi buscá-lo no hotel onde estava e cuidou dele como de um filho. Meses mais tarde, neste mesmo ano de 1975, logo em seguida à Revolução dos Cravos, cheguei em Lisboa e tive o mesmo tratamento afetivo e carinhoso. No ano seguinte, Paulo Lima e eu passaríamos a editar “É tarde para saber” e daí para frente publicaríamos todos os livros de Josué. Foram quase 40 anos de convívio com Nydia. Embora distante nos últimos anos, pois ela morava em Canela, sempre tínhamos notícias suas. Ao seu lado, Josué encontrou a paz que foi fundamental para escrever toda a sua grande obra. Para nós fica a lembrança da sua gentileza, do carinho, da lealdade e da sincera atenção que tinha para com os amigos e, sobretudo, do seu amor inabalável por Josué que durou até o último segundo da sua vida. (Ivan Pinheiro Machado)

Paulo Lima e Ivan Pinheiro Machado com Nydia, Josué e seus filhos

Nydia foi a grande companheira de Josué Guimarães

Galeano no Dia do Trabalhador

No livro Espelhos, Eduardo Galeano analisa e comenta de forma sensível e poética sobre diversos assuntos, de futebol aos problemas sociais da América Latina. No Dia do Trabalhador, destacamos este texto para compartilhar com vocês:

Proibido ser operário

Carlitos levanta um pano vermelho caído na rua. Pergunta-se o que será aquilo, e de quem será, quando de repente se vê encabeçando, sem saber como, uma manifestação operária que entra em choque com a polícia.

Tempos modernos é o último filme desse personagem. E Chaplin, seu pai, não apenas está dizendo adeus à sua querida criatura. Também se despede, para sempre, do cinema mudo.

O filme não merece uma única indicação ao Oscar. Hollywood não gosta nem um pouco da desagradável atualidade do tema. É a epopéia de um homenzinho apanhado pelas engrenagens da era industrial, nos anos seguintes à crise de 1929.

Uma tragédia que faz rir, implacável e arrebatador retrato dos tempos que correm: as máquinas comem gente e roubam empregos, a mão humana não se distingue das outras ferramentas, e os operários, que imitam as máquinas, não adoecem: enferrujam.

No começo do século XIX, lorde Byron já havia comprovado:

– Agora é mais fácil fabricar pessoas que fabricam máquinas.


Pelos labirintos das Galerias Pacífico

Sábado passado, meio-dia, Buenos Aires. Do lado de fora, uma chuva fina e fria levava os tantos turistas a procurarem vitrines cobertas. Justamente por isso, as já normalmente cheias “Galerias Pacífico” eram um mar de gente que se apertava pelas escadas rolantes e rolava lojas a dentro. Pouco à vontade (e com pouca plata), resolvi procurar abrigo no único local que poderia me oferecer algum alento por ali: o Centro Cultural Borges. Ele fica no último andar do prédio histórico do século XIX, onde a Galerias Pacífico chegam mais perto do céu e é possível, das janelas, enxergar alguns telhados do centro da cidade. Chegando lá, uma surpresa, ao contrário dos outros andares, não havia um único turista transitando pelos corredores. Aliás, não havia quase ninguém pelos 10 mil metros quadrados do centro cultural. “Nada para comprar”, poderiam explicar alguns. “Mas bastante para ver”, eu responderia… No salão de entrada, por exemplo, o visitante pode contemplar uma bela exposição de pinturas Sumi acompanhadas de Hai-kais. E subindo mais um lance de escadas rolantes, chega-se ao acervo de Borges, onde entre frases do escritor, vídeos e imagens, é possível também ver, em uma parede, livros e retratos de seus autores preferidos, aqueles que o influenciaram de alguma forma. Edgar Allan Poe, Kafka, Chesterton, Robert Louis Stevenson, Cervantes e Conrad são alguns deles.

Além desse espaço, há outras três salas de exposições sempre com algo interessante. Por isso, fica aqui a dica para você visitar este labirinto de Borges em sua próxima ida a Buenos Aires. Mas só se você, assim como eu, estiver à procura de uma biblioteca de Babel – e não de uma babilônia do consumo. (Paula Taitelbaum)

A última carta do músico do Titanic

No ano em que a tragédia do Titanic completa 100 anos, vários resquícios da fatídica viagem vêm a tona e ganham ainda mais valor como registro do acidente que marcou a história do século 20. E pelo jeito, o valor monetário cresce na mesma medida: uma carta escrita pelo líder da banda que tocava no Titanic foi vendida por 154.974 dólares em um leilão on-line na semana passada.

O músico Wallace Hartley enviou a carta a seus pais na Inglaterra no dia 11 de abril de 1912 durante a parada do navio em Queenstown, na Irlanda. Dias depois, em 15 de abril, o Titanic bateria em um iceberg e afundaria deixando 1.517 mortos. “Temos uma boa banda e os garotos parecem muito legais”, escreveu Harley na carta, prometendo visitar os pais no domingo seguinte à sua volta.

Ele aparece no livro O crepúsculo da arrogância, em que Sergio Faraco reconta o acidente minuto a minuto. No dia 15 de abril, às 0h15, a tragédia já tinha acontecido, mas o capitão ordenou que a música não parasse:

15 de abril, 0h15min

A bordo, os passageiros circulam como sonâmbulos, e tal atmosfera de irrealidade se adensa quando, por ordem do capitão, o conjunto de Wallace Hartley começa a tocar peças do ragtime na sala de estar da Primeira Classe, entre elas Alexander’s ragtime band e Great big beautiful doll. Mais tarde, vai transferir-se para o convés dos barcos, tocando junto à porta de bombordo da grande escadaria da proa.

Livros para serem DEVORADOS

Um estúdio de design de Hamburgo, na Alemanha, levou ao pé da letra a compulsão de algumas pessoas por “devorar” livros e criou um livro de receitas que o cozinheiro pode comer inteirinho depois de preparar o prato. O “livro” é, na verdade, uma massa de lasanha tradicional e vem com as instruções “impressas” nas “folhas”. Para preparar a receita, o cozinheiro deve folhear página por página seguindo as instruções para o recheio, acrescentando passo a passo os ingredientes indicados. Ficou difícil de imaginar isso? Então dá uma olhada:

via Zupi

E por falar em livro de receitas, já conhece a Série Gastronomia L&PM com 100 receitas de massas light, Comer ber sem culpa, 100 segredos de liquidificador e outros? São livros deliciosos, vale a pena 🙂