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A grande literatura numa pequena novela

Por Ivan Pinheiro Machado*

O coração das trevas de Joseph Conrad (1857-1924) é um dos grandes livros da literatura universal. A obra entrou para o “universo pop” quando foi adaptada, em 1979, para o cinema por Francis Ford Coppola, com o título de “Apocalypse Now”. Uma extraordinária produção que conseguiu manter a aura e a incrível atmosfera do livro. Transposto a história para a guerra do Vietnã (o livro de Conrad se passa no final do século XIX, no antigo Congo Belga, hoje República Democrática do Congo), o filme de Coppola tem um elenco notável, com Robert Duval, Martin Sheen, Harrison Ford, Dennis Hopper e… Marlon Brando.

Em meados de 2010, a Coleção POCKET lançou a novela A linha de sombra, também de Joseph Conrad, publicada originalmente em 1917 – 15 anos depois da obra prima O coração das trevas – com a excelente tradução de Guilherme da Silva Braga. Estou relembrando este lançamento para enfatizar ao leitor deste blog que A linha de sombra é um livro es-pe-ta-cu-lar.

Leia, por favor! E fique impregnado da grande literatura. Leia e tenha a rara e maravilhosa sensação de que leu um grande livro. Não vou contar a história. Só vou dizer que é um livro emocionante. Trata da “linha de sombra”, que é a passagem penosa da juventude para a idade adulta. Fala dos mares do oriente, de calmarias, de navios, pestes e trovões. De homens duros, de loucos. Mas trata basicamente de um tema muito caro a Conrad: a lealdade. A ponto de dedicar seu livro a homens “dignos de meu imorredouro respeito”.

* Toda semana, a Série “Relembrando um grande livro” traz um texto assinado em que grandes livros são (re)lembrados. Livros imperdíveis e inesquecíveis.

Coppola fala sobre o filme “On the road”

Coppola é co-produtor de "On the road"

A revista francesa Trois Couleus publicou em sua página oficial um depoimento do co-produtor de On the road, Francis Ford Coppola, sobre como foi levar a novela mais famosa de Jack Kerouac ao cinema. Para quem não sabe, a história é antiga e começou há mais ou menos 30 anos, quando Coppola comprou os direitos para fazer o filme. Mas o projeto ficou abandonado até que o brasileiro Walter Salles topou e empreitada.

Adapter “Sur la route” au cinéma fut pour moi un vrai casse-tête, du fait de son intrigue insensée, tout en allers-retours. J’y ai renoncé. Jerry Garcia de Grateful Dead, qui a fréquenté Neal Cassady, m’a dit un jour que Woody Harrelson lorsqu’il avait 22 ans aurait été parfait pour le rôle. Mais Garrett Hedlund possède la même folie frénétique. Je trouve Sam Riley convaincant : il n’est pas Américain, et alors ? Ces acteurs ont l’air trop jeunes ? Mais les Beats étaient jeunes à l’époque des faits ! Des gens se plaignent que le film ait été tourné au Canada, mais les films sont une illusion, l’Amérique des années 1940 n’est plus.

Pra quem não está com o francês em dia, aí vai uma tradução livre pra ajudar:

Adaptar “On the road” para o cinema foi para mim uma verdadeira dor de cabeça, por causa do enredo louco, cheio de idas e vindas. Eu desisti. Jerry Garcia do Grateful Dead, que conviveu com Neal Cassady, me disse um dia que Woody Harrelson, quando tinha 22 anos, seria perfeito para o papel. Mas Garrett Hedlund tem a mesma loucura frenética. Acho Sam Riley convincente: ele não é americano, mas e daí? Os atores parecem muito jovens? Mas os Beats eram jovens naquela época! As pessoas reclamam que o filme foi rodado no Canadá, mas os filmes são uma ilusão, a América dos anos 1940 não existe mais.

O filme On the road tem estreia prevista para o dia 23 de maio no Festival de Cannes e 15 de junho no Brasil. Se você não leu o livro, ainda dá tempo! E logo estaremos colocando nas livrarias uma edição em formato convencional com a imagem do poster do filme.