Vem aí mais um livro de Martha Medeiros

Há duas coisas que Martha Medeiros ama fazer: escrever e viajar. Aliás, segundo suas próprias palavras, viajar sempre esteve em seu DNA. E agora essas duas paixões se uniram em um novo livro cujos originais ela acaba de entregar aqui na editora. Hoje, 19 de setembro, Martha veio até a L&PM para conversar com o editor Ivan Pinheiro Machado sobre Um lugar na janela – Relatos de viagem que será lançado em outubro e que traz impressões sobre lugares que a escritora vem visitando desde seus vinte e poucos anos.

Mas não espere um guia de viagens, pois este não é propósito de Um lugar na janela. O livro traz, isso sim, relatos sinceros e muitas vezes emocionados sobre muitos cantos do planeta como Paris, Madri, Londres, Nova York, deserto do Atacama, Istambul, Praga, Punta del Leste, Rio de Janeiro, Fernando de Noronha, Porto de Galinhas, Olinda e mais cidades da Suíça, Havaí, Marrocos, Itália, Grécia, Peru, entre outros países. São crônicas que, como Martha revela na introdução, chamada de “Pré-embarque”, nasceram porque “atravessar fronteiras era um desejo meu desde menina, incluindo as fronteiras mentais, não apenas geográficas. Conhecer, descobrir, avançar, aprender: verbos que de certa forma me definem, todos relacionados com o exercício da liberdade.”

Nos textos do novo livro, muito mais do que dar dicas para turistas, Martha conta sobre quando dividiu a mesa com finlandeses desconhecidos em um restaurante em Budapeste, chorou em um posto de gasolina em Paris por ter sido confundida com uma golpista, entrou no banheiro masculino de um bar de Lisboa e passou por um terremoto em Los Angeles, só para citar algumas histórias. É aguardar para viajar… 

Martha Medeiros com Ivan Pinheiro Machado. A escritora acaba de entregar "Um lugar na janela - Relatos de viagem", seu novo livro

Tchékhov no teatro com o Grupo Galpão

Dias 20, 21 e 22 de setembro, o grupo mineiro Galpão apresenta, dentro da programação do Porto Alegre em Cena deste ano, a peça Eclipse, montada a partir da leitura de quase 200 contos do escritor russo Anton Tchékhov. O espetáculo faz parte das comemorações dos 30 anos da companhia teatral. Em Eclipse, o grupo mergulhou na obra de Tchékhov para criar uma peça em que cinco pessoas, presas num mesmo espaço, aguardam o final de um eclipse solar. Enquanto isso, elas discorrem sobre a existência e a condição humana, perpassando os contos e a filosofia do escritor. Eclipse faz parte do projeto “Viagem a Tchékhov”, que deu origem também à montagem “Tio Vânia (aos que vierem depois de nós)” e marca o retorno do Galpão ao Porto Alegre em Cena. A peça será apresentada no Theatro São Pedro, sempre às 21h.

No vídeo abaixo, um dos integrantes do grupo fala sobre a montagem e a direção de Jurij Alschitz em entrevista concedida em abril de 2012, quando Eclipse foi apresentada no festival de teatro de Curitiba.

Clique aqui e veja os livros de Tchékhov publicados na Coleção L&PM Pocket.

Turma da Mônica numa aventura contra preconceito contra crianças soropositivas

Uma revistinha especial, criada para ser distribuída gratuitamente no Brasil, apresenta dois novos personagens da Turma da Mônica, crianças saudáveis, que levam uma vida normal, mas são portadoras do vírus HIV. Seus nomes são Igor e Vitória.

O gibi pretende abordar as formas de infecção da doença, o que é o vírus da Aids, como conviver com crianças soropositivas e o impacto social causado pela patologia.

“Uma criança portadora do HIV/Aids, por exemplo, não tem culpa de ter contraído o vírus e é vista com receio pelos próprios coleguinhas e seus pais. Por essa razão, precisamos já promover sua inclusão junto aos seus colegas na escola. Serão adultos melhores”, afirmou Maurício de Sousa.

A tiragem inicial, de 30 mil cópias, será distribuída em brinquedotecas, pediatrias dos hospitais da rede Amil, postos de gasolina da rede Petrobras e hospitais públicos da Secretaria da Saúde do Distrito Federal. Em 2013, a publicação deve ser lançada em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Salvador e Recife.

Sozinho numa ilha deserta

Por Caroline Chang*

Uma das boas coisas que me trouxe o mestrado foi a leitura de As aventuras de Robinson Crusoé, para uma disciplina de teoria do gênero. Nunca havia eu lido a obra mais conhecida de Daniel Defoe (1660-1731), publicada em 1719, e que – bem aos moldes do que se fazia nesse período em que o romance se estabelecia como forte gênero literário -, se pretende um manuscrito encontrado, que conta uma história real. “O editor acredita que se trata de uma história verídica; não existe nela qualquer aparência de ficção”, diz o prefácio. Assim, Robinson Crusoé teria de fato existido; teria de fato ignorado os conselhos paternos para seguir uma vida mediana de temperança e partido para longas viagens; teria realmente naufragado sucessivas vezes, e sobrevivido; teria sido feito escravo, e posteriormente teria se tornado senhor de uma ilha, onde teria conhecido e convertido ao cristianismo o selvagem Sexta-Feira.

Ao romance, como se vê, não faltam peripécias nem reviravoltas. O que mais me ficou da leitura, porém, foi um prazer a uma ideia um tanto pueril, que encontra expressão nos trechos em que o protagonista, preso numa ilha deserta e selvagem, precisa encontrar maneiras de “reconstruir” parte da civilização, para poder sobreviver. Assim ele fabrica ferramentas, planta, caça, cria animais, constrói uma cabana com matéria-prima tirada da natureza e aprende a fazer cerâmica.

Quem jamais se pensa numa ilha deserta, deserta também dos chatos, de contas a pagar, de poluição, trânsito, Big Brothers e outros subprodutos da nossa civilização? Quem jamais acarinhou a fantasia de fazer tudo com as próprias mãos?; “sem precisar de ajuda de ninguém”, pensa a criança; “sem lojas, cartão de crédito, vínculo empregatício ou ajuste anual de imposto de renda”, pensa o adulto.

Em tempo: segue a dica de um “companheiro” ótimo para a leitura ou releitura desse que é um dos livros fundadores do romance moderno: “A ascensão do romance”, de Ian Watt.

* Toda semana, a Série “Relembrando um grande livro” traz um texto assinado em que grandes livros são (re)lembrados. Livros imperdíveis e inesquecíveis. Caroline Chang é jornalista e editora da L&PM.

Anna Karenina na tela grande

Já não resta a menor dúvida de que o diretor Joe Wright possui um apreço especial por adaptar grandes romances para a grande tela do cinema. Depois de dirigir Orgulho e preconceitobaseada na obra de Jane Austen e Desejo e reparação, a partir do livro de Ian McEwan, Wright resolveu investir em Tolstói e filmou Anna Karenina, o grande romance russo. Tendo no papel principal a mesma Keira Knightley que ele dirigiu nos filmes anteriores, Anna Karenina já aparece como grande cotado para o Oscar mesmo antes de ter estreado. No Brasil, o lançamento está previsto para 1º de fevereiro de 2013.

De Leon Tolstói, a Coleção L&PM Pocket publica, entre outros, Guerra e Paz em quatro volumes. Ainda em 2012, do escritor russo, será lançado também Infância, adolescência e juventude.

Lincoln e os vampiros

Por Paula Taitelbaum*

Sabe aqueles dias em que você prefere ver um filme passatempo do que um filme “de penso”? Pois sábado eu queria isso. E escolhi “Abraham Lincoln: caçador de vampiros” em 3D já imaginando o que me aguardava. Há tempos, tinha lido sobre o livro que deu origem a essa produção e, como a maioria dos mortais, tinha achado a ideia um tanto quanto bizarra e hilária – aliás, foi a mesma reação que tive com “Orgulho e Preconceito e Zumbis”, livro inspirado no romance de Jane Austen que inclui mortos-vivos na história. E adivinhem? Ambas as obras literárias são do mesmo autor: Seth Grahame-Smith.

Eis que hoje, curiosa para saber o que a trama vampiresca tinha a ver com os fatos reais da vida de um dos mais famosos presidentes dos EUA, peguei o livro Lincoln, da Série Encyclopaedia para dar uma lida. E o segundo parágrafo da página 18 causou-me arrepios de medo (ok, estou exagerando). Mas leiam o que eu li: “O assentamento dos colonos do Kentucky foi organizado originalmente por um grupo de especuladores, a Transylvania Company, que, para começar a vender terra de grande valor de mercado para os ávidos fazendeiros da Virgínia, como os Lincoln, se valeu de uma série de medições feitas sem nenhum critério.”

Transylvania Company! Diretamente da terra de Drácula! Será que foi daí que Grahame-Smith teve a ideia para sua história? No filme, que tem produção de Tim Burton e direção de Timur Bekmambetov, os vampiros são os malvadões escravagistas que mandam no pedaço e se alimentam principalmente dos negros e brancos rebeldes como a mãe de Abe (como era chamado Abraham Lincoln). Também no livro da Série Encyclopaedia, encontrei algo suspeito sobre a morte da matriarca: “Em outubro de 1818, Nancy Janks Lincoln contraiu a ‘doença do leite’, por beber leite de vacas que ingeriram plantas da espécie Eupatarium rugosum, e morreu”.

No filme diz que o pai de Abe morreria pouco tempo depois, o que não aconteceu. Lincoln aparece como filho único, mas ele tinha uma irmã mais velha. Ele trabalha como lenhador e como comerciante, o que foi de fato, mas foi caixeiro-viajante e não atendente de loja. Casa-se com Mary Tood, que realmente foi sua esposa – mas enquanto na trama eles têm apenas um filho, na vida real eles tiveram dois.

É claro que o filme é propositalmente exagerado, mas a produção e a maquiagem são ótimas, bem ao estilo Tim Burton. Eu realmente achei um ótimo passatempo e gostei bastante do amigo de Lincoln, Henry (Dominic Cooper) que é uma espécie de imitação de Robert Downey Jr. em Sherlock Holmes.

No final de “Abraham Lincoln: caçador de vampiros” (não se preocupe, isso não vai estragar as surpresas), o herói aparece saindo para ir ao teatro. E se você não sabe o que aconteceu com Lincoln no teatro na noite de 14 de abril de 1865, é mais um motivo para não deixar de ler Lincoln da Série Encyclopaedia

Coincidência ou não: estava terminando de escrever este texto quando me disseram que 17 de setembro de 1862 foi o dia em que aconteceu a Batalha de Atietam, considerada a mais sangrenta da Guerra da Secessão (que durou durante todo o mandato de Lincoln), quando cerca de 23 mil americanos morreram. E por falar no assunto, a Série Encyclopaedia L&PM também publica o livro Guerra da Secessão.

*Paula Taitelbaum é escritora e coordenadora do Núcleo de Comunicação L&PM.

Bocage, o sátiro romântico

Manuel Maria l’Hedoux Barbosa du Bocage nasceu em 15 de setembro de 1765. Foi romântico antes do romantismo, escrevia poemas eróticos, satíricos, nostálgicos, altamente confessionais, cheios de angústia, referências ao amor e à morte, fazendo pouco do Estado e da religião. Foi uma espécie de pré-Rimbaud: assim como este foi para a África, lançou-se numa expedição ao Oriente, sempre à procura de um bálsamo para sua inquietação emocional. De volta à Portugal, acabou preso por causa de seus versos e morreu com apenas 40 anos.

Retrato Próprio

Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno.

Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura,
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno.

Devoto incensador de mil deidades,
(Digo, de moças mil) num só momento
E somente no altar amando os frades:

Eis Bocage, em quem luz algum talento.
Saíram dele mesmo estas verdades
Num dia, em que se achou mais pachorrento.

(Poema do livro O delírio amoroso & outros poemas, de Bocage, Coleção L&PM Pocket)

 

Macbeth em montagem masculina

A primeira vez que foi encenada, em 1611, a peça Macbeth, de Shakespeare, tinha só homens em seu elenco, incluindo aí o papel da perversa Lady Macbeth. Não que o grande dramaturgo fosse misógino. Ao contrário. Mas naquela época era assim: às mulheres não era permitido subir ao palco (lembram do filme “Shakespeare apaixonado”?). Pois eis que agora, 400 anos depois de sua montagem original, Macbeth ganhou versão brasileira exatamente como na Inglaterra do Século XV: com um elenco totalmente masculino.

A concepção e direção deste Macbeth que tem Marcello Antony no papel principal e Claudio Fontana como Lady Macbeth – é de Gabriel Vilella, experiente em textos shakespearianos. A adaptação do texto foi feita por Marcos Daud que reduziu os 20 personagens originais para oito e introduziu a figura de um narrador.

Na opinião de Villela, Macbeth é um espetáculo formal, sóbrio, contido, voltado para a experiência da voz e da palavra. Para compor o figurino da peça, a produção adquiriu mais de 30 malas antigas de couro e papelão em brechós e antiquários que depois foram recortadas e transformadas em indumentárias de guerra pelo artesão potiguar Shicó do Mamulengo e pelo próprio Gabriel Vilella. O diretor também trouxe tapeçarias antigas de diversos lugares do mundo para complementar o figurino.

Após terminar temporada na capital paulista, a peça segue agora em turnê nacional. Neste final de semana estará em Vinhedo, cidade próxima a Campinas. Em novembro, terá apresentações em Porto Alegre.

Marcello Antony e Claudio Fontana, o casal Macbeth

Serviço

Espetáculo: Macbeth
Local: Teatro Municipal Sylvia de Alencar Matheus. Rua Monteiro de Barros, 101, Vinhedo. (19) 3826-2821
Data: 15 e 16 de setembro
Horários: sábado, 21 horas; domingo, 19 horas
Entrada: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia)

Outra famosa montagem de Shakespeare feita por Gabriel Vilella foi um Romeu e Julieta adaptado para teatro de rua, considerado um marco da década de 90 e ganhador de diversos prêmios internacionais. Aliás, se você estiver em São Paulo nesta sexta-feira, 14 de setembro, poderá assistir justamente a esta montagem, que está sendo apresentada para comemorar os 30 anos do Galpão. Romeu e Julieta poderá ser vista no Parque da Independência (próximo ao SESC Ipiranga) às 19h. E como todo bom teatro de rua, é grátis.

A Coleção L&PM Pocket publica mais de 20 títulos de Shakespeare.