Parece que já não se fazem mais escritores como antigamente. Ou pelo menos não escritores que desenhem e pintem como antes. O belo livro The Writer’s brush – Painting, Drawings, and Sculpture by Writers, de Donald Frieman, traz uma extensa mostra de pinturas, desenhos e esculturas de famosos literatos do mundo inteiro, produzidas ao longo de várias épocas. Selecionamos algumas delas, todas de autores publicados pela L&PM.
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Rei Lear em monólogo com Juca de Oliveira
Estreia nesta sexta-feira, 18 de julho, em São Paulo, “Rei Lear”, peça de Shakespeare que, pela primeira vez no Brasil, terá um único ator em cena: Juca de Oliveira.
Juca, que chegou a pensar em cancelar o projeto devido à responsabilidade de encenar sozinho (sem troca de roupas ou objetos cênicos) um texto de Shakespeare, vive seis papéis no monólogo que tem adaptação de Geraldo Carneiro.
Publicado pela L&PM com tradução de Millôr Fernandes, O Rei Lear pode ser encontrado na Coleção Pocket, no grande livro Shakespeare – Obras escolhidas da Série Ouro e no recém lançado Shakespeare traduzido por Millôr Fernandes. A tragédia foi escrita em 1606 e começa quando Lear, o idoso rei da Bretanha, se vê obrigado a dividir seu reino. É uma peça centrada no desgaste e na decrepitude de um homem em idade avançada.
SERVIÇO DA PEÇA
Rei Lear
Data: De 18 de julho a 12 de outubro
Horário: sex. e sáb. às 21h e dom. às 19h
Onde: Teatro Eva Herz, av. Paulista, 2073
Classificação: 14 anos
Millôr Fernandes e a arte de traduzir
Sobre tradução
Passei boa parte de minha vida traduzindo furiosamente, sobretudo do inglês. Para ser mais preciso, até os vinte anos, quando traduzi um livro de Pearl Buck para a José Olympio. O livro se chamava Dragon Seed, foi publicado com o nome de “A estirpe do dragão” e, como eu não tinha contato com o editor, foi assinado pelo intermediário, o escritor Antônio Pinto Nogueira de Accioly Netto, diretor da revista O Cruzeiro, mediante 60% dos direitos.
Depois disso abandonei a profissão para nunca mais, por ser trabalho exaustivo, anônimo, mal remunerado. Só voltei à tradução em 1960, com a peça “Good People” (A fábula de Brooklyn), de Irwin Shaw, para o Teatro da Praça. Depois disso traduzi mais três ou quatro peças – entre elas “The Playboy of The Western World”, uma obra-prima, de tradução quase impossível devido à sua linguagem extremamente peculiar.
Com a experiência que tenho, hoje, em vários ramos de atividade cultural, considero a tradução a mais difícil das empreitadas intelectuais. É mais difícil mesmo do que criar originais, embora, claro, não tão importante. E tanto isso é verdade que, no que me diz respeito, continuo a achar aceitáveis alguns contos e outros trabalhos meus de vinte anos atrás; mas não teria coragem de assinar nenhuma de minhas traduções da mesma época. Só hoje sou, do ponto de vista cultural e profissional, suficientemente amadurecido para traduzir. As traduções, quase sem exceção (e não falo só do Brasil), têm tanto a ver com o original quanto uma filha tem a ver com o pai ou um filho a ver com a mãe. Lembram, no todo, de onde saíram, mas, pra começo de conversa, adquirem como que um outro sexo. No Brasil, especialmente (o problema econômico é básico), entre o ir e o vir da tradução perde-se o humor, a graça, o talento, a poesia, o pensamento, e, mais que tudo, o estilo do autor.
Fica dito – não se pode traduzir sem ter uma filosofia a respeito do assunto. Não se pode traduzir sem ter o mais absoluto respeito pelo original e, paradoxalmente, sem o atrevimento ocasional de desrespeitar a letra do original exatamente para lhe captar melhor o espírito. Não se pode traduzir sem o mais amplo conhecimento da língua traduzida mas, acima de tudo, sem o fácil domínio da língua para a qual se traduz. Não se pode traduzir sem cultura e, também, contraditoriamente, não se pode traduzir quando se é um erudito, profissional utilíssimo pelas informações que nos presta – que seria de nós sem os eruditos em Shakespeare? –, mas cuja tendência fatal é empalhar a borboleta. Não se pode traduzir sem intuição. Não se pode traduzir sem ser escritor, com estilo próprio, originalidade sua, senso profissional. Não se pode traduzir sem dignidade.
O texto acima foi retirado de uma entrevista para a revista Senhor em 1962 e está no recém lançado Shakespeare traduzido por Millôr que traz as peças “Hamlet”, “A megera domada”, “O rei Lear” e “As alegres matronas de Windsor” no mesmo volume.
A Copa do mundo literário: as melhores equipes de todos os tempos dos leitores
Poderia o goleiro Camus lidar com um ataque formado por Burroughs, Ballard e Bolaño? Leitores do jornal britânico The Guardian imaginaram times de futebol feitos a partir de seus escritores favoritos. Como a Copa do Mundo chega ao fim, vamos dar uma olhada nos nossos melhores jogadores fictícios. Mas em qual time você investiria?
Via Twitter, o The Guardian convidou os leitores para formarem seus times literários favoritos de todos os tempos.
Dê uma olhada dois deles:
O leitor TimFootman montou um time com todas nacionalidades. Albert Camus como goleiro (obviamente – pois o autor francês jogou na posição enquanto estudava na Universidade da Argélia). Ele escolheu uma rígida defesa (Leon Tolstói, Marcel Proust, Samuel Richardson e Vikram Seth), “pois você precisa de caras grandes atrás”, um meio de campo com John Galsworthy, Arnold Bennet e Elizabeth Gaskell, e escolheu Bret Easton Ellis, Will Self e DBC Pierre no ataque, pois “com o senhor Suárez provou, são os assustadores, imprevisíveis e os ligeiramente malucos que conseguem bons resultados”.
Já o leitor Tagomagoman deu uma extensiva justificativa para seu matador e eclético time, treinado pelo “respeitado e inovador técnico com um coração de aço das trevas”, Joseph Conrad. Ele comentou algumas de suas escolhas:
James Joyce (zagueiro): “O famoso zagueiro deixou a Irlanda, seu país nativo, para aprender seu ofício no continente. Raros os jogadores que conseguirão achar um jeito de passar por sua prosa impenetrável”.
F. Scott Fitzgerald (meio campo): “Visto como um dos mais luxuosos jogadores, ele mesmo gostaria de sentar e admirar seus belos passes. Às vezes parece que está mais preocupado com sua vida de celebridade e sua glamorosa esposa do que com sua carreira. Mas quando ele se foca, ele pode jogar muito bem.
William Burroughs (meia direita): Com seus “velhos e soltos quadris”, é um dos mais temidos alas do jogo. Sofreu com — problemas no passado, mas enquanto ele receber suas “vitaminas” antes do jogo, é confiável. Famoso por aterrorizar os zagueiros com sua notória técnica de corte, que os deixa ofegantes por compreensão.
Nova estátua de cera mostra era a verdadeira Jane Austen
Fãs de Jane Austen preparem-se para conhecer a verdadeira face da escritora. Uma notícia desta quarta-feira, 9 de julho, do jornal britânico The Guardian, conta que a artista forense Melissa Dring levou três anos para construir a figura de cera de Jane Austen que, segundo ela, é a mais fiel possível à verdadeira.
O The Jane Austen Centre afirma que, agora, chegou-se mais próximo do que nunca do verdadeiro rosto da autora de Orgulho e Preconceito. A estátua de cera estará em exposição no centro de Bath. Melissa Dring teve como seu ponto de partida o esboço feito pela irmã de Jane Austen, Cassandra, em 1810, que até hoje é o único retrato aceito da escritora. Dring também usou descrições de testemunhas oculares como a do sobrinho de Austen, James Edward Austen-Leigh, que descreveu sua tia como “muito atraente”. “Sua figura era bastante alta e magra, seu passo leve e firme, e toda a sua aparência era saudável, expressiva e animada. Ela era uma morena clara, tinha bochechas redondas, boca e nariz pequenos e bem formados, brilhantes olhos castanhos e cabelo castanho formando cachos naturais”, ele escreveu em seu livro de memórias.
Caroline Austen, irmã de James, escreveu que: “(…) Quanto à minha tia, pensando bem, seu rosto era alongado – tinha uma cor brilhante, mas não chegava a ser cor-de-rosa… seu cabelo era castanho escuro, formando cachos curtos ao redor do rosto.”
“O retrato feito por Cassandra faz com que pareça que ela [Jane Austen] está chupando limões”, disse Dring à BBC. “Ela tem uma expressão um tanto amarga e sisuda. Mas sabemos que ela era muito animada, muito muito divertida, uma pessoa muito espirituosa”.
Dring disse que a nova estátua é “muito parecida com ela.”
“Ela veio de uma grande família … e todos eles pareciam compartilhar o nariz comprido, os olhos castanhos brilhantes e cabelo castanho encaracolado”, disse ela. “E estas características vêm através das gerações.”
O desenho de Cassandra, o único feito quando Jane Austen estava viva:
Anatomia de uma derrota
Por Ivan Pinheiro Machado
A derrota épica tem o toque de grandeza da tragédia. Aquele 2 x 1 de 64 anos atrás construiu um drama sofrido, criou lendas, culpou-se o goleiro, o lateral esquerdo, chorou-se o clima de “já ganhou!”, passou-se e repassou-se cada passe dado no Maracanã lotado de 200 mil pessoas naquele 16 de julho de 1950. Mas nunca ninguém falou em humilhação. Houve, no silêncio dramático que se seguiu o apito final, a grandeza digna de uma tragédia. Foi tão grande e literária esta derrota que a perseguiu a vida inteira o grande intelectual, crítico de cinema, especialista em Sartre e Kierkegaard, Paulo Perdigão (1939-2007). Ele estava lá e registrou num livro antológico “Anatomia de uma derrota” (L&PM Editores, 1986), cada reação, cada lance do célebre Maracanazo. Ghiggia, o autor do gol que deu a Copa de 50 ao Uruguai deixou a célebre frase: “Apenas três pessoas, com um único gesto, calaram o Maracanã com 200 mil pessoas, Frank Sinatra, o Papa João Paulo II e eu”.
Lembrei deste livro porque ele é uma unanimidade entre críticos e imprensa. É a melhor obra jamais escrita no Brasil sobre um jogo de futebol e está disponível somente em e-book nas grandes livrarias brasileiras. O livro é lindo porque trata de homens que deram tudo o que tinham, mas caíram diante de um grande time com homens assombrados pela vontade ganhar. Esta monstruosa vontade de vencer foi encarnada e eternizada pelo capitão uruguaio Obdúlio Varella. Eduardo Galeano, seu amigo, conta que depois do jogo Obdúlio caminhava disfarçado entre o povo de Copacabana. E vendo o abatimento, a tristeza, o desespero daquela gente humilde, Obdúlio chorou. Existe fecho mais magnífico para um drama?
Ontem não houve grandeza. Houve humilhação. As lágrimas de sempre regaram a mediocridade estampada desde os primeiros minutos da Copa do Mundo. Um time pífio, representando o país da Copa e do futebol. Se Paulo Perdigão fosse vivo ele desligaria a televisão com indiferença após o final do jogo e veria pela enésima vez “Os brutos também amam” (Shane), seu filme predileto. Não houve tragédia. Somente um desastre anunciado. Nada que a literatura possa cultuar e eternizar. Houve apenas um time ruim, de garotos milionários, mal dirigido, alguns desconhecidos (com exceção do “cone” Fred e de Jô, todos jogam no estrangeiro), que tomaram um chocolate inimaginável no torneio mais importante do planeta.
Tomaram 7. Parecia um time sub 15 (tipo time do colégio) jogando contra os meninos grandes. Uma derrota que não teve nada de épico, porque ela foi quase óbvia e sem nenhuma grandeza.
Uma homenagem a Di Stéfano
Na manhã desta segunda-feira, 7 de julho, aos 88 anos, morreu Alfredo Di Stéfano, craque argentino e presidente de honra do Real Madrid. O ídolo das décadas de 1950 e 1960 estava internado no hospital Gregorio Marañón, em Madri, desde sábado e teve uma parada cardiorrespiratória.
Em Futebol ao sol e à sombra, Eduardo Galeano escreve sobre Di Stéfano:
O campo inteiro cabia nas suas chuteiras. A cancha nascia de seus pés, e de seus pés crescia. De arco a arco, Alfredo Di Stéfano corria e corria pelo gramado: com a bola, mudando de rumo, mudando de ritmo, de trotezinho cansado ao ciclone incontido; sem a bola, deslocando-se para os espaços vazios e buscando ar quando o jogo ficava congestionado.
Nunca parava quieto. Homem de cabeça erguida via o campo inteiro e o atravessava a galope, abrindo brechas para lançar o assalto. Estava no princípio, durante e no final das jogadas de gol, e fazia gols de todas as cores:
Socorro, socorro, aí vem a flecha voando a jato.
Na saída do estádio, era carregado pela multidão.
Di Stéfano foi o motor das três equipes que maravilharam o mundo nos anos 40 e 50: River Plate, onde substituiu Pedernera; Milionários de Bogotá, onde deslumbrou o mundo, ao lado de Pedernera; e o Real Madrid, onde foi o maior artilheiro da Espanha durante cinco anos seguidos. Em 1991, anos depois de Di Stéfano ter pendurado as chuteiras, a revista France Football deu o título de melhor jogador de futebol europeu de todos os tempos a este jogador nascido em Buenos Aires.
Pablo Neruda percorrerá as ruas de Santiago como um holograma
Da EFE
Uma figura holográfica do poeta chileno Pablo Neruda percorrerá as ruas de Santiago no dia 11 de julho, da mesma forma como ele fazia em vida.
A iniciativa faz parte das celebrações pelos 110 anos do ganhador do Prêmio Nobel de Literatura que nasceu em 12 de julho de 1904. Com a técnica de projeção em movimento denominada “beamvertising”, o holograma do autor de “Canto geral” sairá da casa museu “La Chascona”, no bairro de Bellavista, após aparecer escrevendo.
De acordo com a Fundação, Neruda percorrerá o bairro, seguirá até a Alameda Bernardo O’Higgins, passará pela Biblioteca Nacional e chegará até a Casa Central da Universidade de Chile, onde está guardada sua coleção de conchas e sua biblioteca pessoal, que doou a essa casa de estudos em 1954, ao completar 50 anos.
No local, o poeta “se encontrará” com Darío Ouses, diretor da Biblioteca Pablo Neruda, que contará detalhes da descoberta e próxima publicação de 20 poemas inéditos do autor de “Crepusculário” e “Os versos do capitão”, entre muitas outras obras. Depois, o poeta “voltará” para sua casa, onde chegará, aproximadamente, quatro horas após sua saída.
Os festejos pelos 110 anos de Neruda, nascido em 12 de julho de 1904 e que morreu 23 de setembro de 1973, começarão no dia 11 na casa museu “La Sebastiana”, no porto de Valparaíso, onde se acontecerá o concerto “Canto a Neruda”, com direção de Hugo Pirovich.
No dia 12, o centro das atividades será a “Casa de Isla Negra”, onde ao meio-dia (13h, em Brasília) haverá um encontro de poesia popular com a presença, entre outros, do payador (espécie de poeta) José Luis Suárez, e dos cantores Maritza Torres, Rodrigo Torres, Jaime Flores e Hernán Ramírez.
A celebração de aniversário incluirá ainda a doação da “Biblioteca Multilíngue Pablo Neruda” à escola Villa Las Estrellas, situada na Ilha do Rei George, na Antártida, onde convivem bases de diversos países.
A escola atende aos filhos dos pesquisadores chilenos que trabalham no continente antártico e a coleção soma mais de 200 livros com obras do poeta, além de textos infantis, ilustrados, de fotografia e gastronomia.
O trailer de “Magia ao luar”, o novo filme de Woody Allen
E vem por aí mais um filme de Woody Allen. No dia 28 de agosto, chega às salas de cinema “Magia ao luar” (Magic in the Moonligh), uma comédia romântica bem ao estilo de Allen, dessa vez ambientada no sul da França nos anos 1920.
Estrelada por Emma Stone e Colin Firth, a trama é centrada em Stanley (Firth), um falso mágico com talento para desmascarar outros charlatões. Ele é contratado para acabar com a farsa de Sophie (Stone), uma simpática jovem que jura ter poderes paranormais. Inicialmente cético, Stanley envolve-se e encanta-se com a moça a ponto de questionar se ela não seria mesmo uma autêntica médium.
Assista ao trailer legendado:
Clique aqui para ver os livros de Woody Allen publicados pela L&PM Editores.
O sucesso de Claudio Willer em São Paulo
O lançamento de Os Rebeldes – Geração Beat e anarquismo místico, novo livro de Claudio Willer, reuniu dezenas de pessoas na noite da quinta-feira, 3 de julho, na livraria Martins Fontes em São Paulo. A sessão de autógrafos estava marcada para começar às 19h, mas às 18h30 a fila já se estendia pelos corredores da livraria e se estendeu até às 23h.
Em seu novo livro, Willer revela a história de personagens-personalidades que transcenderam os próprios limites e os de sua época. Inspirados nos escritos de William Blake, Arthur Rimbaud e W.B. Yeats, os beats fundamentaram sua ideologia em tradições religiosas, as mais variadas, e assim constituíram a base para uma nova filosofia de vida e de arte, além de abrir mil e uma estradas que não cessam de ser percorridas, uma geração após a outra. Familiarizado há décadas com a geração beat, o autor dedica maior parte de seu trabalho a Kerouac. Explora, entre outros, o anarquismo místico, as religiões beat, as viagens e o tempo.
O livro já disponível nas principais livrarias por R$ 34,90.























