Arquivo da tag: Chile

Morte de Pablo Neruda segue sendo um mistério

A morte do poeta chileno Pablo Neruda (1904-1973) voltou a ganhar destaque pelo mundo afora. Isso porque a suspeita de que ele não tenha morrido de câncer ganhou um novo capítulo. Em 2011, uma denúncia levantou a hipótese de que Neruda teria sido envenenado no hospital pelos homens de Pinochet, mas a exumação concluiu que não havia indícios de envenenamento.

Agora, um grupo internacional de peritos divulgou, na sexta-feira, 20 de outubro, que de câncer de próstata Neruda também não morreu — apesar dele ter sofrido da doença. A questão é que eles ainda não sabem especificar qual foi a causa da morte do ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1971

A equipe de especialistas informou em entrevista coletiva que o poeta, opositor ao golpe militar liderado pelo general Augusto Pinochet de 11 de setembro de 1973, não morreu por causa de uma caquexia cancerosa provocada pelo câncer que sofria, como aparece em seu atestado de óbito.

O juiz Mario Carroza, que lidera as investigações, afirmou que as conclusões da equipe apontam para um assunto que fundamentalmente “tem relação com uma outra toxina, que por sua vez requer outros estudos que nos permitirão ter uma conclusão definitiva”.

O médico forense espanhol Aurelio Luna disse aos jornalistas que o que é “categoricamente certo” é que o atestado de óbito “não reflete a realidade do falecimento”.

De acordo com Luna, se tudo correr bem, dentro de um ano será possível obter uma resposta concreta e clara aos estudos de genômica bacteriana.

Neruda morreu em uma clínica de Santiago em 23 de setembro de 1973, poucos dias após o golpe de Estado que derrubou o governo de Salvador Allende.

Neruda dedo

Pablo Neruda percorrerá as ruas de Santiago como um holograma

Da EFE

Uma figura holográfica do poeta chileno Pablo Neruda percorrerá as ruas de Santiago no dia 11 de julho, da mesma forma como ele fazia em vida.

A iniciativa faz parte das celebrações pelos 110 anos do ganhador do Prêmio Nobel de Literatura que nasceu em 12 de julho de 1904. Com a técnica de projeção em movimento denominada “beamvertising”, o holograma do autor de “Canto geral” sairá da casa museu “La Chascona”, no bairro de Bellavista, após aparecer escrevendo.

De acordo com a Fundação, Neruda percorrerá o bairro, seguirá até a Alameda Bernardo O’Higgins, passará pela Biblioteca Nacional e chegará até a Casa Central da Universidade de Chile, onde está guardada sua coleção de conchas e sua biblioteca pessoal, que doou a essa casa de estudos em 1954, ao completar 50 anos.

No local, o poeta “se encontrará” com Darío Ouses, diretor da Biblioteca Pablo Neruda, que contará detalhes da descoberta e próxima publicação de 20 poemas inéditos do autor de “Crepusculário” e “Os versos do capitão”, entre muitas outras obras. Depois, o poeta “voltará” para sua casa, onde chegará, aproximadamente, quatro horas após sua saída.

Os festejos pelos 110 anos de Neruda, nascido em 12 de julho de 1904 e que morreu 23 de setembro de 1973, começarão no dia 11 na casa museu “La Sebastiana”, no porto de Valparaíso, onde se acontecerá o concerto “Canto a Neruda”, com direção de Hugo Pirovich.

No dia 12, o centro das atividades será a “Casa de Isla Negra”, onde ao meio-dia (13h, em Brasília) haverá um encontro de poesia popular com a presença, entre outros, do payador (espécie de poeta) José Luis Suárez, e dos cantores Maritza Torres, Rodrigo Torres, Jaime Flores e Hernán Ramírez.

A celebração de aniversário incluirá ainda a doação da “Biblioteca Multilíngue Pablo Neruda” à escola Villa Las Estrellas, situada na Ilha do Rei George, na Antártida, onde convivem bases de diversos países.

A escola atende aos filhos dos pesquisadores chilenos que trabalham no continente antártico e a coleção soma mais de 200 livros com obras do poeta, além de textos infantis, ilustrados, de fotografia e gastronomia.

Neruda holograma

Divulgadas as primeiras conclusões sobre a exumação de Pablo Neruda

neruda_foto

Nesta quinta-feira, 2 de maio, foram divulgados as primeiras conclusões a respeito dos exames que estãos sendo feitos nos restos mortais do poeta Pablo Neruda, que morreu em 11 de setembro de 1973.

A decisão de exumar Neruda foi tomada desde que um assessor do poeta passou a defender que ele recebeu uma injeção letal por ordem do ditador – e presidente do Chile na época – Augusto Pinochet.

Mas conforme fontes ligadas ao processo, os primeiros exames concluíram que o escritor sofria mesmo de um câncer de próstata avançado e metastático que, na época, foi divulgado como a causa do falecimento de Neruda.

A Coleção L&PM Pocket tem uma série inteira dedicada a Pablo Neruda.

De que morreu Pablo Neruda?

Jornal da época noticia a morte de Pablo Neruda

Em 23 de setembro de 1973, há exatos 38 anos, Pablo Neruda morria aos 69 anos. Em seu livro Paula, Isabel Allende defende que o grande poeta teria morrido de “tristeza”, poucos dias depois do golpe militar de Augusto Pinochet ter derrubado o governo de Salvador Allende. Mesmo assim (e mesmo ele estando doente), há os que acreditam que Neruda teria sido assassinado pela ditadura de Pinochet. Essa teoria ganhou força em junho de 2011, quando o Ministério Público chileno incluiu seu nome em uma lista de 726 pedidos de investigação sobre mortes em circunstância duvidosas. O resultado das investigações que estão em andamento promete ajudar a reescrever a história recente do Chile, marcada por uma das ditaduras mais violentas que a América Latina testemunhou.

Pablo Neruda é considerado um dos mais importantes poetas de língua espanhola do século 20 e durante as eleições presidenciais chilenas nos anos 70, desistiu de sua candidatura para que Salvador Allende vencesse. No livro Últimos poemas (O mar e os sinos), a voz de Neruda se levanta pela última vez, cheia de nostalgia e melancolia, mas ao mesmo tempo reafirmando a fé na palavra. Este livro derradeiro foi concluído em seu leito de morte e sua primeira edição saiu pela L&PM Editores em 1983. Atualmente, o livro em edição bilingue faz parte da coleção pocket.

Perdão se pelos meus olhos não chegou
mais claridade que a espuma marinha,
perdão porque meu espaço
se estende sem amparo
e não termina:
– monótono é meu canto,
minha palavra é um pássaro sombrio,
fauna de pedra e mar, o desconsolo
de um planeta invernal, incorruptível.
Perdão por esta sucessão de água,
da rocha, a espuma, o delírio da maré
– assim é minha solidão –
saltos bruscos de sal contra os muros
de meu ser secreto, de tal maneira
que eu sou uma parte do inverno,
da mesma extensão que se repete
de sino em sino em tantas ondas
e de um silêncio como cabeleira,
silêncio de alga, canto submergido.

(Versos de “Últimos poemas”, de Pablo Neruda)