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“Jô na estrada”, um livro sacana

David Coimbra

As pessoas me acusam de só escrever sacanagem. Não é verdade. Já publiquei 14 livros. De tudo: romances, contos, crônicas, livros-reportagem. Só não tem poesia. Nem tinha nenhum sacana. Agora tem. Mas a culpa nem é minha. Os primeiros culpados são os leitores. Pelo seguinte:

Jô é uma bela mulher de 33 anos de idade e dois filhos que já estão nas franjas da adolescência. Casou-se cedo, quase uma menina e jamais (eu disse: JAMAIS!) foi tocada pelas mãos de qualquer outro homem que não o seu marido Fábio, 20 anos mais velho do que ela.

Um dia, porém, ela resolve que quer conhecer mais do mundo. Que quer experimentar mais do gosto da vida. Comunica a Fábio que sairá em viagem, ela e seu carro, sem destino nem celular, sem data para voltar, sem remorso.

E vai.

E as coisas começam a acontecer.

Publiquei essa história no meu blog em forma de folhetim. Os leitores responderam em massa, alguns escandalizados, outros encantados. Gostei da reação e, tempos depois, escrevi a continuação da história: A Volta de Jô. Mais uma vez, os leitores se manifestaram com febril intensidade. Deixei passar um tempo e fiz sair o terceiro folhetim: Jô em Casa.

O livro, porém, não é a união dos três folhetins. Quer dizer: é, mas não é. Porque, baseado nos comentários dos leitores, mudei partes da história, sobretudo o final. Logo, os leitores também são culpados pelo livro.

Mas há outros responsáveis. Um deles, o editor, Ivan Pinheiro Machado, que deu a ideia de apresentar a história da Jô em duas linguagens: texto e quadrinhos. Assim, eu começo contando, passo para o genial Gilmar Fraga, que narra a história em quadrinhos, depois ele devolve para mim, que repasso para ele, e assim por diante, até o fim.

Nessa atividade, o Fraga se empolgou e retratou cenas com, digamos, muito ardor. E é fundamentalmente por isso que o livro se torna sacana. As ilustrações do Fraga incendiaram uma história que já era quente.

Então, a Jô se tornou uma sacana. É por isso que, na contracapa, o Ivan mandou imprimir uma advertência: “Leitura não recomendada para menores de 18 anos”. Foi a realização de um sonho: sempre quis escrever uma história proibida. Mas Jô não é uma pecadora, Jô não é uma devassa. Ao contrário, é uma pura. Talvez você leia a história e acabe concluindo que não, que ela é pecadora, sim. Mas aí a culpa não é dela. Nem minha. É sua. Seu sacana.

David Coimbra e Gilmar Fraga autografam “Jô na estrada” no dia 3 de novembro às 18h30min na Feira do Livro de Porto Alegre.

* O texto acima foi originalmente publicado no Jornal Zero Hora, pg. 45, em 3 de novembro de 2010. A ilustração de Fraga está na mesma edição, pg. 58

Penadinho e sua turma assombram a televisão

A Turma do Penadinho não se contentou em ficar apenar no cemitério (e nos quadrinhos)… A Mauricio de Sousa Produções está trabalhando na criação de uma nova série em animação que utilizará os mais avançados recursos técnicos de animação gráfica disponíveis no mercado internacional. Durante todo o final de semana de Halloween, foram exibidas as primeiras vinhetas do novo desenho, na Maratona do Medo do canal Cartoon Network. Penadinho, Zé Vampir, Muminho, Lobi, Frank, Cranicola, Alminha e toda a turma devem “assombrar” ainda mais na telinha. A estreia ainda não tem data definida, mas não demora. Aguarde!

A L&PM publica Turma do Penadinho – Quem é morto sempre aparece e outros títulos de Mauricio de Sousa.

Relançado em pocket, “A vida sexual da mulher feia”, de Claudia Tajes, é um grande sucesso

A primeira vez que eu ouvi falar em Claudia Tajes foi quando aterrisou na minha mesa um pequeno volume em folhas de papel ofício devidamente encadernado. Eram os originais de seu primeiro livro. Eu tinha mais ou menos uma pilha de uns 80cm ao meu lado. Eram traduções, livros encomendados, originais de autores da casa já programados. Ou seja, livros que eu tinha que ler de qualquer maneira. Pressionado por telefonemas de amigos, resolvi dar uma “trecheada” no livro daquela jovem estreante. O título original era péssimo, nem me lembro mais. Mas quando comecei a ler o livro… só parei na última frase. Genial! Vamos publicar! Mudamos o título para Dez (quase) amores. Como livro de estreia, vendeu muito bem. Depois ela escreveu As pernas de Úrsula, Dores amores e assemelhados e mudou de editora quando lançou Vida Dura, A vida sexual da mulher feia e relançou As pernas de Úrsula. Mas como diz o velho, surrado, milenar e bom ditado, “o bom filho a casa retorna”. Claudia voltou para a L&PM com Só as mulheres e as baratas sobreviverão em formato convencional ao mesmo tempo que, literalmente, “estourou” na coleção L&PM POCKET. Dez (quase) amores (que, diga-se de passagem, nunca saiu da L&PM), foi relançado em livro de bolso e começamos a republicar os outros. No ano passado, foi a vez de Vida dura e agora acaba de chegar às livrarias e demais pontos de vendas, A vida sexual da mulher feia em formato pocket. Breve, chegarão também As pernas de Úrsula e Louca por homem. Todos na Coleção L&PM POCKET. Mas o que eu queria dizer mesmo é que A vida sexual da mulher feia foi recém lançado e já está arrebentando. É um dos livros mais vendidos na “Feira do Livro de Porto Alegre” e nas grandes redes de livrarias em todo o Brasil. Claudia está em intensa atividade. É autora de roteiros para a rede Globo (escreveu dois episódios da série “As Cariocas”) e está no teatro com uma adaptação do seu livro Dez (quase) amores. Resumindo: fique de olho na Claudia Tajes, você está diante de uma grande escritora brasileira.

Ivan Pinheiro Machado

Assista a entrevista de Claudia Tajes na L&PM Web TV e divirta-se com seu Consultório Sentimental.

Letras ao vento: é a Feira do Livro de Porto Alegre

Por Paula Taitelbaum*

A Feira do Livro de Porto Alegre é tipo um vinho clássico que em Porto Alegre se bebe na mesma época do ano. E que, como tal, sempre cai bem em um final de tarde de primavera. Há muitas feiras de livros, bienais e encontros literários por esse Brasil a fora, mas os gaúchos insistem em dizer que não há nada como esta que, há 56 anos, planta suas bancas de livros na Praça da Alfândega no centro da cidade. Não concordo que seja o mais importante evento literário do país. Mas também não discordo que, por estar entre os jacarandás de uma praça tradicional, por oferecer uma quantidade memorável de títulos com descontos, por promover encontros com escritores e por fazer sentir o vento e a luz do entardecer, ela tem seu valor. Pena que, nos finais de semana e feriados, haja muito mais gente circulando do que comprando livros. Um povo que, infelizmente, passa sem perceber que ali é possível encontrar preciosidades. Na banca da L&PM, estão expostas todas as novidades e livros que às vezes acabam escondidos nas prateleiras das livrarias. Sem contar as centenas de pockets a preços acessíveis (o meu inclusive). A 56ª Feira do Livro de Porto Alegre começou hoje e segue a céu aberto até 15 de novembro, sempre das 12h30min às 21h (a área infanto-juvenil, das 9h30min às 20h). Veja aqui a programação de autógrafos dos autores da L&PM e vá lá encontrá-los. Não há nada melhor para um escritor do que ser prestigiado por seus leitores. E, sério, a gente sempre fica com medo de que não vá ninguém.

A banca da L&PM na Feira: número 27 na Rua dos Andradas - Foto: Paula Taitelbaum

 

O patrono da Feira, Paixão Côrtes, no dia da abertura - Foto: Paula Taitelbaum

* Paula Taitelbaum é autora dos livros Sem Vergonha, Mundo da Lua, Porno pop pocket e Ménage à trois.

Segredinho de liquidificador

Hora do almoço chegando… Para quem ainda não sabe o cardápio desta sexta-feira temos uma dica: preparar uma das receitas do  novo livro do Anonymus Gourmet. Em  100 segredos de liquidificador, Anonymus mostra como elaborar salgados e doces num apertar de botão. As receitas variam entre lanches rápidos e pratos que podem ser servidas no almoço e no jantar, como pizzas, massas, carnes variadas, quiches e sopas.

Anote a receita a bon appetit!

Frango com brócolis

Ingredientes

800g de carne de galinha, 400g de queijo fatiado, 400g de peito de peru defumado, 1 molho de brócolis, ½ litro de leite, 1 colher (sopa) de farinha de trigo, 50g de manteiga, pimenta, sal.

  1. NO LIQUIDIFICADOR: bata o leite, a farinha e a manteiga. Tempere com sal. Leve para uma panela e mexendo sempre, espere engrossar. Desligue o fogo.
  2. Corte a carne de galinha em pedaços pequenos e tempere-os com sal e pimenta. Arrume-os em um refratário e leve ao forno por 30 minutos.
  3. Retire o excesso de líquido e, por cima da carne, coloque o queijo fatiado e o peito de peru picado.
  4. Entre com o brócolis cortado em pedaços e previamente lavado. Cubra tudo com molho branco.
  5. Leve o refratário de volta ao forno, preaquecido, por 15 minutos ou até derreter o queijo.

Dica do Anonymus: sirva com arroz branco ou integral. Uma refeição leve e saudável.

Sucesso no lançamento de “Fora de Mim”, de Martha Medeiros

Nós, aqui da L&PM, ficamos super felizes com o sucesso da sessão de autógrafos do novo romance de Martha Medeiros, Fora de Mim (Editora Objetiva), que aconteceu ontem. A fila, enorme, serpenteava pela Livraria Saraiva do Praia de Belas Shopping em Porto Alegre. Hoje, em seu blog, Martha agradeceu às pessoas que foram prestigiá-la e contou como se sentiu. Abaixo, reproduzimos parte de seu texto. Para ler o post na íntegra é só clicar aqui.

Esse meu agradecimento vai para todo mundo que perseverou na fila de autógrafos na Livraria Saraiva, ontem à noite, em Porto Alegre. Madrecita, nunca vi tanta gente. Logo após o ótimo bate-papo com o jornalista Tulio Milman, onde entretemos a plateia e rimos muito, subi para o segundo piso do shopping e já havia uma fila quilométrica. Alguém lá me perguntou: como é que tu te sentes? Vou dizer. Sinto um misto de sensações. Uma delas: incredulidade. Estou completando 25 anos de carreira literária. Meu primeiro livro, Strip-Tease, saiu em 1985. De lá para cá foram muitos degraus, uma após o outro, sem ser afoita, apenas aproveitando as oportunidades e fazendo o que sei fazer. Já comi muita mosca em noite de lançamento. E digo pra vocês: é muito chato ficar atrás de uma mesa sem que ninguém apareça, apenas uns gatos pingados. Você se sente a última das criaturas, parece que está mendigando atenção. Não há escritor que já não tenha passado por isso. Uns porque ainda não são muito conhecidos, outros porque havia um jogo de futebol decisivo marcado pro mesmo horário, ou então porque a divulgação foi ineficiente, nada saiu nos jornais. O fato é que acontece. Recentemente estive na sessão de autógrafos de um cara que tem um fã clube de respeito, mas quase ninguém apareceu – pudera, não saiu uma linha na imprensa. Então imagina você encontrar 500 pessoas te aguardando numa fila em prol de um simples: “Para Fulana, um beijo carinhoso da Martha”. Sou bastante econômica nas minhas dedicatórias, não sei ir além do básico. Teve gente que esperou até duas horas para chegar até mim. E eu pensava: por quem eu ficaria duas horas em pé para ganhar um rabisco num livro? Sinceramente, por três ou quatro, e olhe lá. Foi então que me dei conta de que faço parte da vida de muitos de vocês, e o quanto isso é sagrado, o quanto isso é especial. Não há palavras para agradecer essa homenagem que me fizeram ontem. Se eu cansei? Nossa, saí moída. Mas feliz à beça. Realizada. Gratificada.”

Pela L&PM, Martha Medeiros publica os livros Trem-bala, Non-stop, Montanha russa, Coisas da vida, Doidas e santas, Topless, Poesia reunida e Cartas extraviadas e outros poemas.

Chelsea is dead?!

“El olvido está lleno de memórias” escreveu o uruguaio Mario Benedetti em um de seus poemas. Pois é assim que ficará o local que, por anos, abrigou artistas, músicos, escritores, poetas e muitos casais apaixonados. O Chelsea Hotel, em Nova York, será vendido por falta de verbas. Se o brilho de seus hóspedes tivesse algum valor, o hotel certamente não fecharia suas portas. Na lista de hóspedes famosos estão Bob Dylan, que chegou a viver em várias suites durante os anos 60 – Jim Morrison, Patty Smith, Arthur Miller, Marilyn Monroe e até Mark Twain, que viveu num dos quartos de Chelsea durante anos. Também Sid Vicious, Robert Mapplethorpe e outros nomes ligados a Andy Warhol conheceram bem os seus corredores.

O Chelsea Hotel nasceu como a primeira cooperativa privada de apartamentos da cidade. Passou a funcionar como hotel em 1905. Foi por lá que alguns dos escritores publicados pela L&PM escreveram suas obras. Allen Ginsberg e Charles Bukowski vivenciaram estadias prolongadas pela “velha casa dos artistas”.

Abaixo a música feita por Leonard Cohen…Chelsea Hotel. Foi num dos quartos do Chelsea que Cohen viveu sua paixão com Janis Joplin.

Mais um Scliar com sotaque francês

No charmoso Boulevard Saint Germain ainda restam duas grandes livrarias tipo aquelas de antigamente; “La Hune” e, 20 metros depois, “L’Ecume des Pages”, ambas no próprio boulevard, quase esquina com rue Saint Benoit. Entre elas, fica o “Flore”, onde Sartre lia os jornais todos os dias pela manhã e à noite Picasso desfilava com suas incontáveis namoradas. Pois bem. Estas livrarias resistem bravamente ao excesso de glamourização do bairro, tomado por Giorgio Armanis, Louis Vuittons, Ralph Laurens que foram comprando os pequenos negócios e transformando em grandes lojas fashions. É o caso da célebre livraria “Le Divan”, na esquina de Guillaume Apollinaire com Rue Bonaparte, a uma centena de metros do boulevard. Há poucos anos capitulou diante de uma oferta irrecusável de ninguém menos do que a Dior. Mas estou escrevendo tudo isto para dizer que Moacyr Scliar teve seu livro “A Guerra do Bom Fim” (editado no Brasil pela L&PM) publicado na França pela Éditions Folies d’Encre, traduzida por Philippe Poncet. Vocês não imaginam o que é disputado o mercado francês. São centenas de lançamentos semanais e pouco espaço nas livrarias para expor tudo. Só fica na vitrine o que é muito importante. Pois eu estive tanto na “La Hune” como na “L’Ecume des pages”. E “La Guerre de Bom Fim” estava orgulhosamente nas duas vitrines. Ambos merecem esta honraria; o livro, porque é maravilhoso, e o doutor Scliar porque, além de ser um grande escritor é um cara muito legal. (IPM)

Nós, que contamos histórias

Luís Augusto Fischer*

Atenção, muita atenção: livro imperdível na praça, para qualquer leitor interessado em viajar pelos motivos mais profundos da existência da literatura. Livraço, massagem no cérebro, alargamento de horizontes. E tudo isso numa forma de ensaio relativamente livre, que combina otimamente com a matéria. Ainda não disse nem nome, nem título: é A Espécie Fabuladora (com o subtítulo que não é um exagero: Um Breve Estudo sobre a Humanidade), de Nancy Huston, editado pela L&PM com tradução de Ilana Heineberg – e minha primeira sugestão de compra na Feira que vem vindo aí. O livro é uma paciente (embora breve) indagação sobre a força da literatura enquanto uma marca da natureza humana. Somos a única espécie da natureza que sempre se conta histórias; não há grupo humano, de qualquer espaço ou época, que não tenha criado e mantido um conjunto de relatos para explicar o mundo, organizar a vida e transmitir o sentido das coisas aos que vêm chegando. A autora, romancista consagrada (li dela o belo e pungente Marcas de Nascença, também editado pela L&PM), passeia por vários dos argumentos que o senhor e eu alguma vez até já vimos ou ouvimos em torno do tema; mas ela costura tudo por um interesse bem pessoal, que nos aproxima do tema de modo irresistível: conversando sobre literatura com presidiárias, ouviu de uma delas uma pergunta perturbadora: “Para que inventar histórias quando a realidade já é tão extraordinária?”. Aí é que tá: a escritora não apenas aceitou a provocação como encontrou um caminho argumentativo singular e eficaz, que mostra a força da narrativa, para o bem da espécie, como se pode ver nos incontáveis relatos existentes, mas para o mal também, como ocorre com aqueles leitores de um único livro ou, pior ainda, com aqueles leitores que tomam certos relatos como de origem divina e por isso como mandatos, não raro como álibi para matar. Nancy Huston, sem doutrinarismo algum, olha as coisas como uma humanista radical, que concebe a figura divina desde que esta também seja compreendida como criação humana – uma perspectiva freudiana arejada. O texto termina com uma defesa do romance que é um refrigério para a alma de leitores em pânico, como é meu caso, de vez em quando, ao constatar o avanço da imagem e da instantaneidade sobre e contra a palavra e a reflexão: o objetivo da ficção literária chamada romance não é ser mais forte que a realidade, mas sim fornecer outro ponto de vista sobre ela – ele não quer ensinar o certo e o errado, como fazem as ficções familiares, religiosas e políticas, mas sim mostrar a verdade dos seres humanos, “uma verdade sempre mista e impura, tecida de paradoxos, questionamentos e abismos”. Assim simples.

* O texto acima foi originalmente publicado na coluna de Luís Augusto Fischer no Segundo Caderno do Jornal Zero Hora de 26 de outubro de 2010.

Há 129 anos, nascia o imortal Picasso

Picasso achava-se imortal. E não era para menos. Morreu numa madrugada quente em seu castelo de Notre Dame de La Vie na Cote d’Azur, em 8 de abril de 1973, depois de trabalhar a noite inteira. Tinha 92 anos. Faria 93 exatamente em 25 de outubro, dia em que nasceu no longínquo ano de 1881 em Málaga na Espanha. Na verdade, ele tinha razão. Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz y Picasso, dito Pablo Ruiz Picasso, é imortal. Numa época em que as pessoas acordam célebres e dormem anônimas tal é a ferocidade da máquina de moer da mídia, Picasso conseguiu a proeza de ser uma celebridade internacional absoluta durante 60 anos, enquanto viveu, e uma lenda depois de sua morte. Nenhum artista produziu tanto (cerca de 40 mil obras entre desenhos, litografias, esculturas, cerâmicas, telas, aquarelas e móbiles) e nenhum pintor teve uma influência tão imensa e decisiva sobre a história da arte. O cubismo, criado por ele em 1907, é o marco fundador da arte contemporânea e completa a revolução iniciada pelo impressionismo no final do século XIX. Anarquista, comunista, depois liberal, Picasso deixou atrás de si quilômetros de lendas. Combateu o franquismo, resistiu ao nazismo em Paris, pintou Guernica (que junto com a Monalisa e a Santa Ceia, ambas de Da Vinci são as obras de arte mais famosas da história) e atravessou o século se renovando, inventando, indo sempre além das convenções, surpreendendo, subvertendo. O século XX foi o século de Picasso. E o século XXI segue a reverenciá-lo. (IPM)

 

A L&PM publica “Picasso“, de Gilles Plazy, na Série Biografias.