No charmoso Boulevard Saint Germain ainda restam duas grandes livrarias tipo aquelas de antigamente; “La Hune” e, 20 metros depois, “L’Ecume des Pages”, ambas no próprio boulevard, quase esquina com rue Saint Benoit. Entre elas, fica o “Flore”, onde Sartre lia os jornais todos os dias pela manhã e à noite Picasso desfilava com suas incontáveis namoradas. Pois bem. Estas livrarias resistem bravamente ao excesso de glamourização do bairro, tomado por Giorgio Armanis, Louis Vuittons, Ralph Laurens que foram comprando os pequenos negócios e transformando em grandes lojas fashions. É o caso da célebre livraria “Le Divan”, na esquina de Guillaume Apollinaire com Rue Bonaparte, a uma centena de metros do boulevard. Há poucos anos capitulou diante de uma oferta irrecusável de ninguém menos do que a Dior. Mas estou escrevendo tudo isto para dizer que Moacyr Scliar teve seu livro “A Guerra do Bom Fim” (editado no Brasil pela L&PM) publicado na França pela Éditions Folies d’Encre, traduzida por Philippe Poncet. Vocês não imaginam o que é disputado o mercado francês. São centenas de lançamentos semanais e pouco espaço nas livrarias para expor tudo. Só fica na vitrine o que é muito importante. Pois eu estive tanto na “La Hune” como na “L’Ecume des pages”. E “La Guerre de Bom Fim” estava orgulhosamente nas duas vitrines. Ambos merecem esta honraria; o livro, porque é maravilhoso, e o doutor Scliar porque, além de ser um grande escritor é um cara muito legal. (IPM)