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Felicidade, mesmo fugaz, ainda será

por J.J. Camargo*

A medicina nunca se cansou de buscar soluções para interromper a dor, nossa feroz e eterna inimiga.

No final dos anos 70, alguém propôs uma técnica interessante, ainda que os benefícios fossem muito pouco duradouros.

A injeção intrarraquidiana de soro fisiológico gelado determinava alívio satisfatório de dores intratáveis como as decorrentes de invasão da coluna vertebral.

Numa época em que ainda não se conhecia os prodígios da analgesia peridural com morfina ou derivados, isso pareceu um avanço significativo. O método foi testado em dois pacientes com tumores avançados de esôfago e de pâncreas, e o alívio doloroso foi imediato, ainda que o efeito desaparecesse depois de cinco, seis horas.

Quando entrei no quarto do Camilo, portador de um câncer terminal com incontáveis metástases ósseas na coluna, ele estava encolhido, virado para a parede. Nos olhos inchados havia uma dor multiplicada. No final daquela tarde, a filha caçula casaria numa capela da Vila Assunção, e ele não tinha a mínima condição de acompanhá-la ao altar. Impossível não sofrer com aquele sofrimento.

Saí do quarto estimulado por uma ideia meio louca: nós podíamos tentar colocá-lo naquela Igreja, esta que seria a última coisa maravilhosa de uma vida que fracassáramos em evitar que terminasse. E ele merecia isso.

Depois de conseguir cumplicidade do anestesista e parceria solidária do residente de plantão, anunciamos o projeto ao pobre homem, que chorava de dor e ria riso de criança imaginando a surpresa que haveria de causar. Um irmão foi convocado para buscar o seu melhor terno, cortou cabelo e barba e incorporou-se à trama caridosa.

As roupas trazidas eram do tempo de bonança, mas ataduras e compressas encheram os vazios de tronco e membros consumidos pela doença. Um pouco de ar injetado no pescoço encostou a pele no colarinho folgado e umas massagens enérgicas nas bochechas, agora sorridentes, devolveram um rosado saudável.

Com os cúmplices nas laterais, o Camilo entrou na igreja com um sorriso capaz de suplantar ao de uma noiva muito feliz. Impressionante como alegria e gratidão, reunidas na mesma cara, dão às pessoas um indiscutível ar de saúde. O festival de abraços na saída da igreja deixou uma lição definitiva: a felicidade não se mede por duração, mas por intensidade.

Quando ele voltou ao hospital tarde da noite, pediu uma dose generosa de morfina porque a danada recomeçara, e ele confessou que nunca se sentira tão cansado.

Antes de dormir fez o plantonista prometer que acontecesse o que acontecesse a sua família não seria avisada antes das nove horas da manhã. Uma lua de mel sem notícias ruins seria seu último presente à filha amada.

Felicidade é urgente. A tristeza pode esperar.

*a crônica faz parte do livro A tristeza pode esperar do Doutor J. J. Camargo, médico e colunista do caderno Vida do jornal Zero Hora.

Exumação de Jango começará no dia 13 de novembro

Jornal Zero Hora – 17/10/2013 – Por Guilherme Mazui

O corpo de João Goulart tem data para deixar o cemitério Jardim da Paz, em São Borja, onde repousa desde dezembro de 1976. No dia 13 de novembro, peritos exumam o ex-presidente, a primeira etapa de uma operação que tentará esclarecer se Jango foi vítima de problemas cardíacos ou se foi envenenado durante o exílio.

Ainda não há previsão para a divulgação dos resultados dos exames toxicológicos, que serão realizados no Exterior e que, diante dos quase 37 anos da morte, podem ser inconclusivos.

A data da exumação foi anunciada na quarta-feira, 16 de outubro, em Brasília, pela ministra da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), Maria do Rosário. A definição saiu após quatro horas de reunião entre peritos da Polícia Federal, Argentina, Uruguai, Cuba e Comitê Internacional da Cruz Vermelha, além da família Goulart e representantes da própria SDH e da Comissão Nacional da Verdade. O grupo debateu a logística, laboratórios para as análises e a lista de substâncias que serão procuradas nos testes – a PF mapeou venenos usados pelas ditaduras do Cone Sul na década de 1970.

– Estamos em plenas condições de realizar o procedimento. João Goulart foi perseguido pela ditadura todos os dias do exílio. Mesmo que os testes não sejam conclusivos, a ditadura brasileira é responsável pelo sofrimento e morte de Jango – disse Rosário.

A exumação é o início da operação, discutida nos últimos meses. De São Borja, o corpo seguirá para os laboratórios da PF em Brasília, onde passará por exames antropológicos e de DNA, a fim de confirmar que a ossada é de Jango. Também serão colhidas as amostras para os testes toxicológicos. A decisão de realizar as análises no Exterior foi tomada pelos peritos para manter a imparcialidade da investigação. Os laboratórios e países não devem ser divulgados.

– O mais comum é que não sejam divulgados, para garantir que as informações não transitem, até para termos uma isenção e uma objetividade maior – justificou o perito Amaury de Souza Jr., coordenador da equipe da PF responsável pela exumação.

Realizadas as coletas, o corpo voltará para São Borja com honras de chefe de Estado. A data prevista é 6 de dezembro, quando a morte completará 37 anos. Neto de Jango e advogado do instituto que leva o nome do ex-presidente, Christopher Goulart ficou satisfeito com o desfecho da reunião:

– Meu avô foi perseguido e caluniado durante décadas. É importante reparar a sua imagem para as novas gerações de brasileiros.

No livro Jango – a vida e a morte no exílio, de Juremir Machado da Silva, o autor explica quando e como nasceu a hipóteses de que Jango foi assassinado.

Jango

Mais uma peça inspirada em crônicas de Martha Medeiros

Enquanto no Rio começou a temporada da peça Feliz por nada, peça baseada no best seller de Martha Medeiros, em Porto Alegre chega Doidas e Santas, outra peça inspirada em crônicas de Martha.

A temporada de Doidas e Santas na capital gaúcha tem início na sexta-feira, 18 de outubro, às 21h no Theatro São Pedro. Estrelado por Cissa Guimarães e dirigido por Ernesto Piccolo, o espetáculo conta a história de uma psicanalista que vive uma crise pessoal, apesar do sucesso profissional. Depois de uma visita da irmã solteira, a protagonista decide se separar do marido e viver os prazeres da juventude. Há sessões no sábado às 21h, e domingo, às 18h.

O elenco da peça e o livro de Martha Medeiros no qual ela foi inspirada

O elenco da peça e o livro de Martha Medeiros no qual ela foi inspirada

 

 

Duca Leindecker em livro e música

Terça-feira, 15 de outubro, Duca Leindecker lançou seu novo livro em Porto Alegre. Durante o pocket show feito por ele, que antecedeu a sessão de autógrafos de O menino que pintava sonhos, Duca interrompeu uma das músicas do novo CD (chamada “Nós”) porque, no meio dela, percebeu que a letra tinha tudo a ver com a história do livro. Para os que não estavam presentes no evento, aqui vai a música:

 

O movimento punk revisitado em Paris

Está em cartaz na Cité de la Musique, em Paris, a exposição Europunk, que reúne mais de 450 objetos (roupas, fanzines, cartazes, panfletos, desenhos e colagens, capas de discos, filmes, etc) do movimento punk dos anos 70 e 80 nos Estados Unidos e no Reino Unido. Ambíguo, caótico e radical, usando a provocação e a ironia como ferramentas, o movimento punk é tido como uma das maiores revoluções da contracultura do século 20. A história desta revolução está contada por seus próprios personagens no livro Mate-me por favor, que acaba de ganhar uma reedição, no Brasil, pela L&PM.

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Neste vídeo do jornal Le Figaro, o vocalista da banda Les Wampas, Didier Wampas, visita a mostra. Mesmo para quem não entende bem francês, vale assistir e fazer um tour pela exposição, que fica em cartaz até 19 de janeiro de 2014:


A l’expo “Europunk” avec Didier Wampas por lefigaro

Mais beats no cinema

O filme “Kill your darlings”, com Daniel Radcliffe no papel de Allen Ginsberg, estreia hoje, 16 de outubro, na Holanda, com exibição limitada a algumas salas, e nesta sexta-feira, 18 de outubro, em circuito comercial nos Estados Unidos.

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A história de “Kill Your Darlings” narra um episódio conturbado da vida de três autores do movimento beat: em 1944, Allen Ginsberg, Jack Kerouac (Jack Huston) e Lucien Carr (Dane DeHaan) foram acusados de matar David Kammerer (C. Hall), um professor apaixonado por Carr. A estreia no Brasil está prevista para o dia 14 de fevereiro de 2014. Assista ao trailer:

Conheça a Série Beats L&PM, que reúne obras seminais do movimento beat na literatura como o Uivo, de Allen Ginsberg, o célebre On the road, de Jack Kerouac, entre outros.

Cristiana Oliveira e Luisa Thiré estreiam a peça “Feliz por nada”

Via Jornal do Brasil

A peça Feliz por nada, do livro de Martha Medeiros, estreia no dia 17 de outubro (quinta-feira), no Teatro das Artes, no Shopping da Gávea no Rio de Janeiro. No elenco, Cristiana Oliveira, Luisa Thiré e Gil Hernandez. A direção é de Ernesto Piccolo e e adaptação, de Regiana Antonini. A trilha sonora é assinada por Rodrigo Penna.

O espetáculo, baseado no best-seller homônimo de crônicas de Martha, fala de amizade. Não da amizade que começa na infância, mas da amizade que surge no meio da vida, por acaso, e que passa a ser fundamental para o resto da vida. 

Assim é a amizade de Juliana (Luisa Thiré) e Laura (Cristiana Oliveira). Elas se conhecem aos 40 anos e passam a ser inseparáveis após um episódio no aeroporto de Tóquio (Japão), quando Laura se perde das filhas. Juliana é quem a ajuda. Nasce, então, uma belíssima amizade que será posta à prova por causa de um homem, o Joca (Gil Hernandez). 

Feliz por nada não trata de um triângulo amoroso, e, sim, da relação humana. O texto trata da mulher, em toda a sua complexidade: os medos, os sonhos, as insatisfações, as inseguranças, as realizações profissionais, o sexto sentido, a atração, a paixão e o amor.  

O elenco da peça: Cristiana Oliveira,

O elenco da peça: Cristiana Oliveira, Luisa Thiré e Gil Hernandez

Na quarta-feira, 16 de outubro, Cristiana Oliveira participa do Programa Roda Viva.

Roberto Piva recebe homenagens em SP

Começa nesta quarta, dia 16 de outubro, em São Paulo, uma série de homenagens ao poeta Roberto Piva, morto em 2010, que nos deixou um legado poético marcado pela ousadia e pela liberdade. A série de eventos batizada de “Epivanias” inclui exibições de filmes, debates, espetáculos de dança e shows inspirados em sua obra, tudo com entrada franca, até domingo, dia 20.

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Confira a programação e agende-se:

QUARTA (dia 16), 20h, no CCSP (sala Adoniram Barbosa)
Show “São Paulo Não É de Hoje”
(com Gustavo Galo, Meno del Picchia, Peri Pane, Pedro GonGon e Zé Pi – participação especial de Alzira E)

QUINTA (dia 17), 19h, Cine Olido
Filme “Uma Outra Cidade”, de Ugo Giorgetti

SEXTA (dia 18), 19h, Biblioteca Alceu Amoroso Lima
Recital “Parabólicas Paranóicas”
(com Barbara Uila, Celso de Alencar, Chiu Yi Chi, Gabriel Kolyniak e Gustavo Benini)
Show “Caco Pontes e Loop B”

SÁBADO (dia 19), 18h, Biblioteca Alceu Amoroso Lima
Performance “Chá com Brócolis”
(de Luciana Annunziata, com Carol Araujo e Juliana Bernardo)
Palestra “Os Dentes da Memória”
(com Camila Hungria e Renata D’Elia)
Show Pato Preto
(com Ana Kehl de Moraes, Ana Luisa Saad Pereira, Laura Rosembaun, Lia Biserra, Paloma Mecozzi e Sofia Botelho de Almeida)

DOMINGO (dia 20), 14h, Centro Cultural da Juventude
Oficina Ademir Assunção
Debate “Poesia e Delírio”
(com Cláudio Willer, Roberto Bicelli, Sergio Cohn e Heyk Pimenta)
Apresentação “Paranoia”
(de Ana Bottosso, com Cia.de Danças de Diadema)

(via Guia Folha)

USP promove seminário sobre literatura russa

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(imagem via Esponja Cultural)

Nos dias 23 e 24 de outubro, a USP promove o “Seminário Internacional de Literatura Russa: Estudos Comparados”, evento que marca os 50 anos da criação o da área de língua e literatura russa e os 40 anos da criação do Departamento de Letras Orientais na FFLCH-USP. Alguns dos autores que terão suas biografias e suas obras tratadas no encontro são: Alexander Pushkin, Velimir Khlebnikov, Ivan Turgenev, Fiodor Dostoiévski, Shilller, Nikolai Gogol e Daniil Kharms.

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site do evento de 16 a 21 de outubro.

A L&PM publica diversos autores russos, cujas principais obras estão reunidas na Caixa Especial Literatura Russa.