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Adriana Calcanhoto canta Alexandre, o Grande

“Alexandre nasceu em julho de 356 a.C., em Pella, capital do reino macedônio, da união entre a princesa Olímpia, filha do rei dos molossos, e de Felipe II, rei da Macedônia após a morte do rei Pérdicas, em 359 a.C. Muito foi escrito sobre a herança psicológica de Alexandre, mas quem pode dizer o que no seu temperamento ele deve aos pais?” 

Assim tem início a introdução de Alexandre, o Grande, livro que faz parte da Série Encyclopaedia. A obra não é uma biografia do maior de todos os conquistadores, mas um livro que tenta “apresentar os principais aspectos de um fenômeno histórico que não pode ser reduzido apenas à pessoa de Alexandre”, segundo consta no prólogo.

Alexandre não apenas virou filme com Richard Burton no papel principal (e, anos depois, com Colin Farrell no papel título e Angelina Jolie como sua mãe Olímpia), como também inspirou Caetano Veloso a criar uma canção sobre ele. Música que foi gravada por Adriana Calcanhoto para o CD e DVD Adriana Partimpim 2. A letra é uma verdadeira aula de história como você poderá escutar abaixo:

Os contos de Caio Fernando Abreu, por Lygia Fagundes Telles

O que me inquieta e fascina nos contos de Caio Fernando Abreu é essa loucura lúcida, essa magia de encantador de serpentes que, despojado e limpo, vai tocando sua flauta e as pessoas vão-se aproximando de todo aquele ritual aparentemente simples, mas terrível porque revelador de um denso mundo de sofrimento. De piedade. De amor.

Mundo de uma desesperada busca, onde as palavras se procuram no escuro e no silêncio como mãos que raramente (tão raramente, meu Deus) se encontram e se separam em meio do vazio. Da solidão. “O pensamento verte sangue” diz o poeta. É desse sangue que essas páginas ficam impregnadas – mas tão disfarçadamente, tão ambiguamente: por pudor, talvez, Caio Fernando Abreu disfarça, escamoteia através das personagens (sempre anti-heróis) a “dor que deveras sente” . O medo, a perplexidade, a cólera, a ironia, o fervor – o sentimento do homem caça e caçador é redescoberto neste corpo a corpo de criador e criação. Sim, suas personagens são os antiheróis, mas com eles Caio não constrói o anticonto tão ao gosto de seus companheiros de geração. Revolucionário sempre. Original sempre, mas sem se preocupar com modismos (importados ou não) que tentam impressionar um público que, de resto, já não se impressiona com nada. Ele não escreve o antitexto, mas O TEXTO que reabilita e renova o gênero. Caio Fernando Abreu assume a emoção.

Emoção esta que é vertida para uma linguagem que em alguns momentos atinge a rara plenitude próxima de um estado de graça. Linguagem que o coloca na família dos possessos (que já nos deu um Van Gogh, um Dostoievski, um Orson Welles), cultivadores não só da “paixão da linguagem”, na expressão de Octavio Paz, mas também da “linguagem da paixão”.

Gostaria de destacar aqui os contos que mais amei deste singular livro do moço gaúcho que um dia me escreveu numa carta: “Os crepúsculos têm sido lindos. Passei o melhor verão da minha vida, ganhei um gatinho chamado Saturno (ele é Capricórnio), amei muito, fiz ioga à beira-mar. Enfim, tenho agradecido por estar vivo e ter andado por todos os lugares onde andei e ter vivido tudo o que vivi e ser exatamente como sou”.

Apontar este ou aquele conto? Mas se vejo cada um dos textos que formam O ovo apunhalado como peças de um jogo, destacáveis e curiosamente inseparáveis na sua alquimia mais profunda, cada qual trazendo sua parcela de realidade e sonho, rotina e poética magia – vida e desvida com seu mistério e sua revelação.

Quando nos seminários de literatura os teóricos pedantes acabam por condenar a palavra, minha vontade é simplesmente mostrar-lhes um livro como este. Provar-lhes a atualidade da desacreditada palavra com a própria palavra, quando a serviço de uma técnica rica de recursos. Aliada a uma imaginação cintilante.

Lygia Fagundes Telles – São Paulo, abril de 1975

Texto publicado no Prefácio do livro O ovo apunhalado, de Caio Fernando Abreu – Coleção L&PM POCKET

Caio e Lygia nos anos 1970

O nascimento de um mito

Assim, conta ela, era uma vez uma menininha pobre nascida às nove e meia da manhã do dia 1º de junho de 1926 na enfermaria do Hospital Geral de Los Angeles. Um bonito bebê, explodindo de saúde, de pele muito branca, com alguns cachinhos castanho-claros e olhos incrivelmente azuis. Do lado materno, um bisavô suicida, um avô que morreu louco, uma avó ciclotímica, alcoólatra e maníaco-depressiva. A mãe, por sua vez, era instável e sujeita a diferentes psicoses. Quanto à ascendência paterna, tudo é possível. A menininha não tem pai. O declarado, Martin Edward Mortensen, de endereço desconhecido, é simplesmente um nome vazio, sem rosto. O verdadeiro pai morreu, ou se mandou sem avisar, ou mesmo ignorava ser o pai. Talvez tenha preferido não saber. Gladys Baker, a mãe, não conhece verdadeiramente amores duradouros. Saberia com certeza quem a engravidara?

(…) Gladys quer ficar com ela. Fica com ela. É sua revanche, sua recompensa arrancada das noites de espera frustrada, das promessas quebradas, dos dois filhos que lhe tomaram. É seu filme na grande tela. Pois será uma menina e um dia uma star de cinema. É o desejo de Gladys e ela lhe dá o nome de suas atrizes preferidas: Norma Shearer – ou seria Norma Talmadge? -, com quem ela acha que se parece um pouco, e Jean Harlow, nome ao qual ela acrescenta um e porque é o costume no Oeste.
Norma Jeane.

 Norma Jeane, filha do abandono mais que do amor, do desespero mais que do desejo, de um capricho mais que de uma necessidade.*

O bebê Norma Jeane em três momentos

Marilyn Monroe nunca conseguiu se desligar totalmente do nome escolhido pela mãe. A carência latente e a sensação de abandono sempre estiveram com ela, mesmo quando não havia dúvidas de que havia se tornado a mulher mais desejada do planeta. Se viva fosse, Marilyn seria uma octogenária festejando seu aniversário hoje. Encontrada morta no dia 5 de agosto de 1962, ela jamais envelheceu.

A futura Marilyn Monroe com a mãe, Gladys, em um dos raros momentos em que passeavam juntas

*Os trechos iniciais do post fazem parte do livro Marilyn Monroe, de Anne Plantagenet, Série Biografias L&PM.

Vitor Ramil em turnê nordestina

Da estética do frio diretamente para a estética do sertão. Hoje, 31 de maio, às 19h30min, o músico Vitor Ramil começa sua turnê pelo nordeste, em shows com entrada franca. Veja a programação: 

Vitor Ramil com Carlos Moscardini no projeto Cultura Musical do Centro Cultural do Banco do Nordeste.

Show – Dia 31/05/11 – terça-feira às 19:30
Local: Centro Cultural Banco do Nordeste – Juazeiro
End: Rua São Pedro, 337 – Centro – Juazeiro do Norte
Entrada Franca

Show – Dia 01/06/11 – quarta-feira às 19:30
Local: Centro Cultural Banco do Nordeste – Sousa
End: Rua General José Gomes de Sá, 7  Centro – Sousa
Entrada Franca

Vitor Ramil com Carlos Moscardini no projeto Cariri Mostra Musical Ibero Americana

Palestra – Dia 03/06/11 – sexta-feira das 10h às 12h
(Participação de Vitor Ramil na mesa de debate. Tema Conexões Sul Sur)
Local: Teatro Violeta Arraes – Fundação Casa Grande – Nova Olinda
End: Rua Jeremias Pereira, 444 – Centro Nova Olinda
Entrada Franca

Show – 04/06/11 – Sábado às 20:00
Local: Teatro Violeta Arraes – Fundação Casa Grande – Nova Olinda
End: Rua Jeremias Pereira, 444 – Centro Nova Olinda
Entrada Franca

Para os que não estarão por lá nestas datas, nós sugerimos ouvir “Deixando o pago”, música feita a partir de um poema de João da Cunha Vargas.

O que os personagens lêem?

Quais os livros preferidos dos personagens clássicos da literatura? A partir desta pergunta, a agência de propaganda Ogilvy & Mather criou uma campanha para a rede de livrarias mexicana Gandhi. Nos anúncios, Alice, de Lewis Carroll, está lendo LSD, de Timothy Leary. A barata de A metamorfose, de Franz Kafka, está lendo Cem anos de solidão, de Gabriel Garcia Marquez. E a célebre Chapeuzinho Vermelho, dos Irmãos Grimm, folheia as páginas de O lobo da estepe, de Herman Hesse.

A partir desta “brincadeira”, nós também resolvemos dar algumas dicas da Coleção L&PM POCKET para estes personagens. Para Alice, indicamos Um parque de diversões na cabeça, de Lawrence Ferlinghetti, e Que loucura!, de Woddy Allen. Para Chapeuzinho Vermelho, sugerimos O lobo do mar ou O chamado da floresta, ambos de Jack London. Já para a barata de Kafka, a dica é Enquanto agonizo, de William Faulkner, e O cortiço, de Aluísio Azevedo.

Frederico García Lorca em NY

Em junho de 1929, o poeta Frederico García Lorca chegou à Nova York a bordo do navio Olympic. Permaneceu nove meses nos EUA, tempo de gestar poemas e canções que seriam marcantes em sua obra. Em Frederico García Lorca – Antologia Poética há alguns dos poemas deste período, em que, entre um verso e outro, ele estudava na Columbia University.

A AURORA

A aurora de Nova York tem
quatro colunas de lodo
e um furacão de negras pombas
que chapinham as águas podres.

A aurora de Nova York geme
pelas imensas escadas,
buscando entre as arestas
nardos de angústia desenhada.

A aurora chega e ninguém a recebe na boca
porque ali não há manhã nem esperança possível.
Às vezes as moedas em enxames furiosos
tradeiam e devoram meninos abandonados.

Os primeiros que saem compreendem
com seus ossos
que não haverá paraíso nem amores desfolhados;
sabem que vão ao lodaçal de números e leis,
aos brinquedos sem arte, a suores sem fruto.

A luz é sepultada por correntes e ruídos
em impudico reto de ciência sem raízes.
Pelos bairros há gentes que vacilam insones
como recém-saídas de um naufrágio de sangue.

É dessa época também o poema “Pequeño vals vienès” que, em 1986, foi musicado por Leonard Cohen com o nome de “Take This Waltz”:

Uma cruzada contra a intolerância

Durante toda a sua vida, Voltaire se rebelou contra dogmas e fanatismos. E nem a Igreja Católica – muito menos ela! – escapou. Depois de condenar em seus escritos toda forma de intolerância e de ser forçado a mudar de endereço numerosas vezes por desacatar autoridades políticas e religiosas por onde passou, pouco antes de morrer, Voltaire decidiu recuar.

Aos 84 anos, quando retornou à Paris de forma triunfal e foi recebido com honras e glórias em seu país de origem, sua saúde estava debilitada. A viagem de volta e as homenagens exigiram demais das energias do já cansado Voltaire. Diante da doença que o acometia, o impiedoso perseguidor de dogmas publicou, em abril de 1778, cerca de um mês antes de morrer, o seguinte relato na famosa revista francesa Correpondance Littérairer, Philosophique et Critique (1753-1793):

“Eu, o que escreve, declaro que havendo sofrido um vômito de sangue faz quatro dias, na idade de oitenta e quatro anos e não havendo podido ir à igreja, o pároco de São Suplício quis de bom grado me enviar a M. Gautier, sacerdote. Eu me confessei com ele, se Deus me perdoava, morro na Santa Religião Católica em que nasci esperando a misericórdia divina que se dignará a perdoar todas minhas faltas, e que se tenho escandalizado a Igreja, peço perdão a Deus e a ela. Assinado: Voltaire, 2 de março de 1778 na casa do marqués de Villete, na presença do senhor abade Mignot, meu sobrinho e do senhor marqués de Villevielle.

Voltaire morreu em 30 de maio de 1778. Seu corpo foi depositado no Panteão, em 1791, com o seguinte epitáfio:

“Ele combateu tanto os ateus quanto os fanáticos. Inspirou a tolerância e defendeu os direitos do homem contra a servidão do feudalismo. Poeta, historiador e filósofo, engrandeceu o espírito humano e ensinou-o a ser livre.”

De Voltaire, a L&PM publica Zadig ou o destino, O filósofo ignorante, Tratado sobre a tolerância e Cândido ou o otimismo.

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Uma noite dedicada aos beats em Paris

A banda franco-americana Moriarty, inspirada no principal personagem do livro On the road, de Jack Kerouac, é uma das principais atrações da “soirée beatnik” no Centquatre, em Paris, neste sábado, 28 de maio. Performances, instalações e projeções de filmes sobre o universo beat completam a programação da festa que começa às 21h e vai até as 3h do dia seguinte. Uma verdadeira overdose de cultura beat!

Imagem de divulgação do "soirée beatnik" no Centquatre, em Paris

Mas se você não tem planos de ir a Paris neste fim de semana, aproveite o som da banda Moriarty no MySpace ou no clipe abaixo:

Woody Allen de volta à Broadway

Em 1984, a L&PM publicou “Play it Again, Sam” ou, na tradução brasileira, “Sonhos de um sedutor”. O livro, hoje esgotado, traz o texto de uma peça que Woody Allen escreveu para a Broadway e que acabou virando filme. “Enquanto as luzes da platéia se apagam em resistência, ouvimos vozes de Humphrey Bogart e Mary Astor numa cena do filme “Relíquia Macabra”. No momento em que o pano sobe, Allan Felix está assistindo o filme na televisão na sala do seu apartamento, na rua 10 entre a Quinta e a Sexta Avenida, na cidade de Nova York”. Assim começa a peça que conta a vida de um típico personagem de Allen: com a cabeça cheia de neuroses, nervoso, tímido, inseguro e que sempre está recomeçando sua psicanálise. “Play it Again Sam” estreou no dia 12 de fevereiro de 1969, no Teatro Broadhurst em Nova York, com direção de Joseph Hardy e tendo o próprio Woody Allen no papel principal.

Pois eis que agora Allen retornará à Broadway. Se não como ator, novamente como escritor.  Ele é um dos autores de “Relatively Speaking”, uma comédia que será montada com três peças diferentes, cada uma delas com uma assinatura famosa. Junto com a peça “Honeymoon Motel”, de Woody Allen, estarão “Talking Cure” de Ethan Coen (um dos irmãos Coen) e “George is Dead” de Elaine May (roteirista duas vezes indicada ao Oscar). A montagem tripla terá direção do ator John Turturro. A pré-estreia está programada para setembro e a estreia oficial para outubro. Já é um bom motivo para visitar Nova York no outono, não?

Conheça aqui os livros de Woody Allen publicados pela L&PM.

“On the road” na pele

Está provado: On the road – Pé na estrada, de Jack Kerouac, é muito mais do que um livro. É uma paixão para muitos. Tanto é assim que, dando uma voltinha pelo vasto mundo da web, é possível encontrar gente que tatuou trechos do livro em diferentes lugares do corpo. Há os que preferiram apenas algumas poucas palavras e aqueles que, além de trechos mais longos, imprimiram o próprio escritor na pele. E, você, seria capaz de tamanha demonstração de amor a Jack?

Quer escolher um trecho de On the road para tatuar e não está com um livro à mão? Leia aqui a Parte Um.