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Velvet Underground X Fundação Andy Warhol

Em 1967, Andy Warhol desenhou uma banana que foi usada no primeiro álbum da lendária banda Velvet Underground: “The Velvet Underground & Nico”. Agora, o Velvet – na verdade os fundadores da banda, Lou Reed e John Cale – está processando a Fundação Andy Warhol por uso indevido desta ilustração. Segundo eles, a instituição violou a marca registrada da famosa capa do “disco da banana”.

Reed e Cale dizem que a fundação infringiu o design ao licenciá-lo para terceiros, no caso para capas de iPhone e iPad. De acordo com a queixa registrada ontem, 11 de janeiro, em uma corte federal em Manhattan, o desenho da banana se converteu em um símbolo, um verdadeiro ícone do Velvet Underground e a ação cita que Warhol recebeu US$ 3 mil pelo seu desenho.

Na época do lançamento do disco, a banda e o artista pop mantinham uma colaboração criativa, como bem mostra a recém lançada biografia Andy Warhol da Coleção L&PM Pocket, livro, aliás, que cita várias vezes a relação de Warhol com o Velvet Underground:

“O Velvet tornou-se parte integrante da Factory, dando-lhe uma nova identidade, mais rock´n´roll e underground, ou mais exatamente: mais punk, avant la lettre. A música do Velvet não é parecida com a dos Rolling Stones, mais unificadora, mais popular, menos inquietante. A imprensa, contudo, considerava-a bárbara, uma aberração contrária à natureza. O próprio Warhol admitia que a banda causava um efeito doloroso, assustador e, no entanto, belo. Mas Warhol considerava essas experiências sublimes”

Andy Candy

A biografia do papa do pop

Andy herdou esse gosto pelos doces, os candies. Ao menos, foi o que apregoou em diversas ocasiões. Gosto atávico e pavloviano? “Ela [sua mãe, Julia] me dava uma barra de chocolate Hershey toda vez que eu completava uma página de meu álbum de colorir.” Os produtos açucarados faziam presença nos retratos cinematográficos que Andy Warhol produzia de todos os visitantes da Factory, seu espaço de trabalho em Nova York a partir de 1964. Há toda uma série de filmes que mostra Nico e Lou Reed segurando uma barra de chocolate Hershey ou uma garrafa de Coca Cola. A temática do candy assombra a linguagem de Warhol e oferece uma imagem particular de seus hábitos alimentares. “O que eu sonhava [quando criança] era ter bombons [candies]”. Depois de crescer, Andy mudou, e esse fantasma acompanhou sua evolução. Andy Warhol acreditou que podia formular com clareza a máxima dessa evolução: “Ganhar dinheiro para ter bombons”. Quando sua carreira deslanchou, ele começou a ter cada vez mais candies, a ponto de ter um cômodo reservado para os candies. (…) A primeira marchand de Andy, Eleanor Ward, o chamava de “Andy Candy”. E quando, anos mais tarde, surgiu a drag-queen favorita de Andy, esta se apelidou, como que de propósito, Candy Darling.  (Trecho do primeiro capítulo de Andy Warhol, livro de Mériam Korichi que acaba de chegar à Série Biografias L&PM).

O cantor e compositor Lou Reed fotografado por Andy Warhol com uma barra de chocolate

A drag-queen favorita de Andy, não por acaso, adotou o nome de Candy Darling

E por falar no assunto, para fevereiro está prevista a chegada de “Diários de Andy Warhol” em dois volumes na Coleção L&PM Pocket e, para março, o livro de fotos “América”.

Sem medo de “Abaixo de zero”

“As pessoas têm medo de mudar de pista nas vias expressas de Los Angeles.” Assim começa Abaixo de zero, o aclamado livro de estreia do americano Bret Easton Ellis (o mesmo autor do perturbador O psicopata americano). Fico pensando no que está implícito nessa frase: mudar de pista é mudar de rumo, é tentar ultrapassar, é, quem sabe, se arriscar a encontrar alguém que ande mais rápido do que a gente. E isso às vezes dá medo. Não só em Los Angeles.

Não li Abaixo de zero. Ainda. Mas assisti ao filme de 1987 que conta a história de um triângulo de amigos: o protagonista Clay, sua ex-namorada Blair e seu amigo da faculdade Julian, este último vivido no cinema por um Robert Downey Jr. muito distante do atual Sherlock Holmes. O filme não está muito aceso na minha memória, mas lembro que, na época, gostei. Parece que quem não gostou muito foi o autor do livro, já que Ellis fez cara feia e falou que a adaptação não tinha nada a ver com seu romance.

Dirigido por Marek Kanievska, o Abaixo de zero dos cinemas é centrado numa mensagem “anti-drogas”, enquanto o livro concentra-se no vazio existencial na vida dos personagens. Além disso, as pessoas parecem ter mudado de personalidade no cinema. Clay, por exemplo, que é originalmente bissexual, virou heterossexual convicto.

É por essas e por outras que não basta ver o filme. Tem que ler o livro que acaba de chegar na Coleção L&PM Pocket… Sem medo. (Paula Taitelbaum)

“Maestro! Buongiorno!”

Ivan Pinheiro Machado*

No comecinho da década de 70, minha família morava em Roma. Meu pai, perseguido pela ditadura militar, procurara o exílio na capital italiana. Eu e meu irmão, com menos de 20 anos, podemos dizer que vivemos um suave exílio. Afinal, não havia cidade como Roma naquele início dos anos 1970.

Morávamos em Monte Mario, uma das sete colinas romanas e, todo o dia, íamos ao “liceo”. Pegávamos um ônibus e passávamos a pé pelo início da legendária escadaria da Piazza di Spagna. A esquerda de quem sobe está a casa de Lord Byron e, em frente, o edifício onde, no primeiro andar, ficava o estúdio de Giorgio de Chirico, a quem, desde menino, eu já admirava como o inventor da “pintura metafísica”. Toda vez que passávamos por ali eu olhava para cima e a sacada estava sempre vazia. Mas um dia, meu coração disparou. Olhei para o primeiro andar do prédio renascentista e vi De Chirico com os cotovelos cravados no parapeito da sacada olhando o movimento. Parei e fiquei observando aquele homem de cabelos muito brancos, cigarrinho no canto da boca, contemplando as flores postas ao longo da imensa escadaria naquele início de primavera romana e que levava até a Trinità dei Monti, igreja da Piazza di Spagna. Não resisti e gritei: “Maestro! Buongiorno!”. E o grande pintor abriu um sorriso e me retribuiu com um gesto largo e afetuoso.

O mestre em sua sacada nos anos 1970 (a foto faz parte do catálogo da exposição "De Chirico: o sentimento da arquitetura")

Segui meu caminho nas nuvens, afinal tinha visto o “Maestro”, um dos grandes pintores vivos (na época), ao lado de nomes como Max Ernest, Salvador Dali, Chagall, Picasso e todos firmes e fortes, em plena atividade.

Passaram-se 40 anos e, sábado passado, fui ao belo prédio do Museu Iberê Camargo em Porto Alegre, com minha amiga, doutora em filosofia da arte e professora da Texas Tech University, Anna Christina Soy, ver a exposição “O sentimento da Arquitetura”, que exibia mais de 100 obras entre pinturas à óleo, desenho e esculturas de Giorgio de Chirico. Era uma tarde quente de janeiro, muita gente na praia, é verdade. Mas pensei, “se esta exposição fosse em Paris, teria fila de 200 metros para entrar”…

A mostra promovida pela Fondazione Giorgio e Isa de Chirico, Fiat, Itaú entre outras instituições, é extraordinária. Na apresentação do belíssimo catálogo, o crítico Teixeira Coelho diz: “As telas de De Chirico são das poucas que povoam recorrentemente o imaginário da arte, a imaginação das pessoas: vão e voltam à memória, e todos sabemos que existem e como são, mesmo sem saber o que  são. Sob este aspecto, representam mais do que se pode dizer da maior parte da arte, já que estão sempre aí, latentes mesmo para quem nunca as viu ao vivo.”

Portanto, De Chirico é pop!
É im-per-dível!!!!

 *Ivan Pinheiro Machado é editor e artista plástico.

Uma das telas da exposição (clique para ampliar)

SERVIÇO:

Exposição “De Chirico: O Sentimento da Arquitetura”

Fundação Iberê Camargo
Av. Padre Cacique, 2000 – Porto Alegre RS
www.iberecamargo.org.br
De 08 de dezembro de 2011 a 04 de março de 2012

Casa Fiat de Cultura
Rua Jornalista Djalma Andrade, 1250 – Nova Lima MG
www.casafiatdecultura.com.br
De 20 de março a 20 de maio de 2012

 

Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP
Av. Paulista, 1578 – São Paulo SP
masp.art.br
De 31 de maio a 12 de agosto de 2012

O pai do romance policial moderno

Quando morreu, deprimido e doente, no dia 10 de janeiro de 1961, Dashiell Hammett já não publicava um livro desde 1934. Mas deixou herdeiros na literatura americana: seguidores que o consideravam o “pai” do moderno romance policial.

Ao longo de seus 66 anos de vida, Hammett abandonou a escola, foi estivador, conseguiu um emprego numa agência de detetives particulares de San Francisco e, em 1920, começou a escrever. Publicou cinco romances e dezenas de pequenas histórias, virou roteirista de Hollywood e, em 1951, ficou um tempo preso, acusado de “conspirador vermelho” pelo comitê McCarthy.

Seus contos policiais ganharam importância principalmente porque Hammett tirou o crime dos salões e o colocou nas ruas, com ares de vida real, dando origem ao que viríamos a chamar de literatura noir. “Do vaso veneziano para as valetas” como descreveria mais tarde Raymond Chandler.

Em tempos de gângsters, da lei seca, da corrupção sem freios, Hammett criou uma espécie de anatomia social do crime, em que o assassino e o cadáver eram apenas o ponto de partida – e o pretexto – para descrever uma sociedade violenta, cínica e sem esperança. Aliás, cínicos e desesperançosos eram também seus detetives, em especial o fumante inveterado Sam Spade, vivido nos cinemas por Humphrey Bogart (veja trailer de “O falcão maltês” com direção de John Huston).

Pena que, assim como a sociedade e seu personagem, Dashiell Hammett também acabou perdendo a esperança. Resta-nos pensar que, diferente de uma cena de filme noir, sua obra jamais ficará nas sombras.

A L&PM publica quatro títulos de Dashiell Hammett.

Sherlock Holmes está no Rio de Janeiro

Robert Downey Jr., que vive o detetive mais famoso da literatura no cinema, está na Cidade Maravilhosa. Chegou para a pré-estreia do filme “Sherlock Holmes: o jogo de sombras”, que acontece hoje no Rio de Janeiro. Você não foi convidado? Não tem problema… Os simples mortais que não receberam convite para o badalado (e concorrido) evento poderão assistir à cerimônia dos seus computadores, já que o site G1 promete transmitir a festa a partir das 20 horas. O filme é o segundo da série com o personagem de Sir Arthur Conan Doyle e novamente é dirigido pelo britânico Guy Ritchie (ex-marido de Madonna). Desta vez, o principal inimigo de Holmes, professor Moriarty, faz parte da trama.

Robert Downey Jr. está hospedado no Fasano do Rio, onde pediu frutas orgânicas e ficou um bom tempo na sacada olhando o movimento de Ipanema. Depois de Sherlock Holmes, há rumores de que ele faça parte do elenco da adaptação de Tim Burton para Pinóquio.

Veja mais fotos no UOL.

Tudo é relativo

Todos nós crescemos com algumas ideias básicas referentes a espaço, tempo e matéria. Eis algumas delas: 

– Todos habitamos o mesmo espaço tridimensional;
– O tempo passa com a mesma velocidade para todos;
– Dois eventos ocorrem simultaneamente ou um após o outro;
– Desde que haja potência suficiente, não há limite para a velocidade em que se pode viajar;
– A matéria não pode ser criada nem destruída;
– Os ângulos de um triângulo somam 180º;
– A circunferência de um círculo é 2 π x o raio;
– No vácuo, a luz sempre se propaga em linhas retas. 

Essas noções parecem ser pouco mais do que o senso comum. Porém, como diria Albert Einstein: “Senso comum é o conjunto de preconceitos adquiridos até os dezoito anos.” O livro Relatividade, do reconhecido professor de física Russell Stannard, mostra como a teoria da relatividade de Einstein desafia todas estas afirmações e, às vezes, consegue demonstrar que algumas são falsas. Ele faz parte da Série Encyclopaedia, cujos títulos vêm do catálogo da Oxford University Press. Com um texto fácil de ler, de compreender e de gostar, Relatividade vai deixar muita gente com a pulga atrás da orelha. Ou não… Afinal, tudo é relativo.

"Relatividade" e "Teoria Quântica" são os mais recentes títulos da Série Encyclopaedia

A Série Encyclopaedia também lançou recentemente o livro Teoria Quântica.

Marilyn e “O príncipe encantado”

No dia 9 de fevereiro de 1956, os jornalistas acorreram em massa à nova coletiva de imprensa convocada pela divina loura ao lado de um convidado prestigioso: Laurence Olivier. Milton Greene convenceu o grande ator inglês a levar para a tela a peça que ele realizara com sucesso junto com sua mulher, Vivien Leight, The Sleeping Prince (O príncipe encantado), e substituir esta última no cinema por Marilyn. A brithish distinction diante da american sex symbol. Shakespeare contra Barbie. Um duo impossível; um duelo que parece inevitável. Depois de algumas negociações, com seu nome em destaque no cartaz, sir Laurence se deixa tentar pela aventura. Curioso, impaciente, vem em pessoa a Nova York se encontrar com Marilyn e anunciar publicamente que ele mesmo dirigirá O príncipe encantado (…)

O trecho acima está na imperdível biografia que leva o nome da diva: Marilyn Monroe, de Anne Plantagenet (Coleção L&PM Pocket). O livro conta ainda como, no final de julho daquele ano, as filmagens de O princípe encantado começaram em Londres, num momento em que, apesar de seguir linda e aparentemente eufórica, ressoava dentro de Marilyn “o eco de coisas quebradas”.  

“Sete dias com Marilyn” (My week with Marilyn), filme que tem estreia prevista no Brasil para o dia 10 de fevereiro, mostra justamente esta época e está centrado na passagem da beldade pela Inglaterra, aos olhos de Colin Clark, o jovem assistente de Laurence Olivier. Clark ficou encarregado de guiar a atriz durante uma semana pelas terras da Rainha e todo o enredo está baseado em suas memórias, publicadas em um livro.

O filme já tem três indicações ao Globo de Ouro (incluindo melhor atriz para Michelle Williams), e os cartazes brasileiros já foram divulgados:

Verbete de hoje: Hayao Miyazaki

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, o Blog L&PM publicará, nos domingos, um verbete do livro. O de hoje é  o japonês Hayao Miyazaki (1941)

O grande público brasileiro conhecia Hayao Miyazaki pelos desenhos animados de longa-metragem A viagem de Chihiro (Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2003) e O castelo animado. Antes desses, ele já havia trabalhado em Heidi, Dos Apeninos aos Andes, Ana dos cabelos ruivos e Conan – O garoto do futuro, onde debutou como diretor, Lupin III e Sherlock Holmes. Paralela a essa carreira, cultivou o mangá, a partir de 1969, com O povo do deserto e O gato de botas. Sua consagração nas HQs veio com Nausicäa, que foi publicada pela Conrad (em sete volumes). A ação se passa num futuro distante, mil anos depois de um cataclismo chamado Sete Dias de Fogo. O desenhista francês Jean Giraud (veja em G) afirmou que Nausicäa é o seu mangá preferido.

O Sherlock Holmes de Hayao Miyazaki

Jardim de verão

Quero ver as rosas neste jardim único
onde uma grade se ergue sem igual,

onde as estátuas me recordam jovem
e delas me lembro sob as águas do Nevá.

Das tílias no silêncio perfumado
imagino o rangido dos mastros dos navios,

e o cisne, como antes, vaga através dos séculos,
admirando o esplendor de sua imagem.

Lá, para sempre, os passos se calaram,
amados, odiados, odiados ou amados.

E o desfilar das sombras não tem fim,
do vaso de granito ao portal do palácio.

Lá minhas noites em claro murmuram bem baixinho
cantando um amor secreto, misterioso.

Jade e madrepérola em tudo se irradiam,
mas a secreta fonte de luz fica escondida.

 Da Antologia Poética de Anna Akhmátova