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O dia depois da queda de Bastilha

Na madrugada da quarta-feira, 15 de julho [de 1789], o grão-mestre do Guarda- Roupa o acorda, e cada palavra pronunciada pelo duque de La Rochefoucauld-Liancourt dolorosamente arranca Luís XVI de sua protetora sonolência.

A Bastilha tombara. Cabeças haviam sido desfiladas na ponta de lanças aos gritos de canibais.

– É uma revolta – balbucia Luís XVI numa voz surda.

– Não, Sire, é uma revolução.

Luís tem a impressão de que jamais conseguirá erguer seu corpo.

Levanta-se lentamente.

Precisa se mexer, agir.

Precisa comparecer à Assembleia, repetir que tomara a decisão de afastar as tropas de Paris e de Versalhes.

– Conto com o amor e a fidelidade de meus súditos – diz Luís.

(…)

A multidão acorre, grita:

– Viva o rei!

Luís se tranquiliza, apesar das advertências da rainha e do conde de Artois. É preciso, dizem eles, apagar com uma vitória e um castigo exemplar a revolta de Paris, a tomada da Bastilha, a matança selvagem que se seguira.

É preciso impor, em todo reino, a autoridade do rei.

(Trecho de Revolução Francesa, Vol. I – O povo e o rei (1774 – 1793), de Max Gallo)

Pintura mostra o rei Luís XVI, a rainha, Maria Antonieta, e seus filhos, na fuga de Varenne que aconteceu em 1791

Pintura mostra o rei Luís XVI, a rainha, Maria Antonieta, e seus filhos, na fuga de Varenne que aconteceu em 1791

 

Divulgadas as etapas que antecederão a exumação de Jango

JangoJoão Goulart morreu em 1976 no exílio, sonhando em voltar para o Brasil. Anos depois, dois uruguaios, Foch Diaz e Ronald Mario Neira Barreto, surgiram do nada para levantar suspeitas sobre as condições da morte do ex-presidente. E enquanto Foch foi o primeiro a sustentar a hipótese de “morte duvidosa”, Neira apresentou-se como “réu confesso”, afirmando ter sido agente secreto no Uruguai e participado da Operação Escorpião para eliminar Jango por meio de uma ardilosa troca de medicamentos. O detalhe de como surgiu esta tese de assassinato e de como ela despertou o pedido de exumação do corpo de Jango está contada em detalhes no recém lançado Jango – A vida e a morte no exílio, o mais recente livro de Juremir Machado da Silva.

Esta semana, ao mesmo tempo em que o livro chegava às livrarias, novidades sobre o caso foram divulgadas. Leia o texto abaixo, publicado no site G1:

Família e governo definem etapas que antecederão exumação de Jango

A família de João Goulart (1919-1976) e o governo federal definiram nesta terça-feira (9), em Brasília, as etapas que antecederão a exumação do corpo do ex-presidente, sepultado em São Borja, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. O reconhecimento do cemitério foi marcado para o dia 8 de agosto, quando serão tomadas as providências necessárias para desenterrar o caixão. Uma nova reunião será realizada em 3 de setembro, dia em que será selada a data oficial da exumação, prevista para ocorrer até o fim do ano.

Em contato com o G1, o neto de Jango e advogado da família, Christopher Goulart, adiantou os próximos passos do processo e revelou que todos os peritos estrangeiros já foram selecionados. “Ficou acertado que a Polícia Federal vai participar de todo procedimento e que a coordenação geral será realizada pela Comissão da Verdade, com o apoio do governo federal. Designamos técnicos da Polícia Federal para a exumação, além dos peritos internacionais. Serão dois argentinos, dois uruguaios, dois cubanos, além de toda estrutura da Cruz Vermelha”, detalhou Christopher. “Também teremos um outro perito que a família vai indicar para acompanhar de perto os trabalhos”, acrescentou.

Participaram da reunião a ministra Maria do Rosário, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, a presidente da Comissão Nacional da Verdade, Rosa Cardoso, técnicos da Policia Federal e os peritos estrangeiros selecionados, além de representantes do Ministério Público Federal (MPF). “Frisamos que todas as provas documentais já estão reunidas para o início das atividades. Foi muito bom, muito produtivo. A sensação é de que mais um passo foi dado desde 2007. Não diz respeito somente à família, mas a todo país, que precisa conhecer a verdade.”

Após a exumação, os restos mortais de Jango serão levados a Brasília para serem periciados no Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal.

O corpo do ex-presidente João Goulart será exumado devido à suspeita de que ele foi assassinado, possivelmente em uma ação da Operação Condor (uma aliança entre as ditaduras militares da América do Sul nos anos 1970 para perseguir opositores dos regimes). Segundo Christopher, a investigação apontou a possibilidade de que o Departamento de Ordem Política e Social (Dops), órgão do governo militar, tenha enviado um homem ao Uruguai para matar o político.

“Uma testemunha que era agente a serviço da repressão do Uruguai traz uma história de fundamental importância como linha investigativa, e trazendo fatos novos é obrigação da família pedir a investigação. Mas essa questão transcende o interesse da família. É interesse do Brasil saber como um presidente faleceu, até porque estamos nos aproximando do cinquentenário do golpe militar”, diz o advogado.

Juremir Machado da Silva autografa Jango – A vida e a morte no exílio no dia 17 de julho, às 19h, na Saraiva do Moinhos Shopping em Porto Alegre.

Cortázar inspirou Godard

Júlio Cortázar foi enorme. Tinha cerca de dois metros de altura, mãos gigantescas e um fôlego maiúsculo que o levou a tocar trompete. Nasceu na embaixada da Argentina em Bruxelas e, aos quatro anos, retornou à terra de seus pais, de onde saiu em 1951 para se estabelecer em Paris e nunca mais voltar. Seus contos – muitos deles fantasiosos – seguem sendo adorados por uma legião de leitores.  Suas histórias são multitemáticas, há jazz, gatos, velórios, portas que escondem segredos, tango, jogos, estradas… “A autoestrada do sul”, que é um de seus contos mais famosos, dá nome ao livro que, em poucos dias, chegará à Coleção L&PM Pocket. O livro traz este e mais sete contos selecionados por Sérgio Karam e com nova tradução de Heloisa Jahn. E uma curiosidade: “A autoestrada do sul” inspirou Jean-Luc Godard a criar o filme “Weekend”. Leia abaixo o trecho inicial do conto e depois assista ao trailer do filme de Godard:

No começo a garota do Dauphine insistira em contabilizar o tempo, embora para o engenheiro do Peugeot 404 isso já não fizesse diferença. Qualquer um podia consultar o relógio mas era como se aquele tempo preso ao pulso direito ou o bip bip do rádio medissem outra coisa, fossem o tempo dos que não fizeram a besteira de querer voltar para Paris pela autoestrada do sul num domingo à tarde e, logo depois de sair de Fontainebleau, foram obrigados a diminuir a velocidade, parar, seis filas de cada lado (é sabido que nos domingos a autoestrada fica inteiramente reservada aos que regressam para a capital), ligar o motor, avançar três metros, parar, conversar com as duas freiras do 2HP da direita, com a garota do Dauphine à esquerda, olhar pelo retrovisor o homem pálido ao volante de um Caravelle, invejar ironicamente a felicidade avícola do casal do Peugeot 203 (atrás do Dauphine da garota), que se distrai com a filhinha e faz brincadeiras e come queijo, ou tolerar de tanto em tanto as manifestações exasperadas dos dois rapazinhos do Simca que precede o Peugeot 404, e mesmo descer do carro no topo da ladeira e explorar sem se afastar muito (porque nunca se sabe em que momento os carros lá da frente recomeçarão a avançar e será preciso correr para que os de trás não disparem a guerra das buzinas e dos insultos), e assim chegar à altura de um Taunus na frente do Dauphine da garota que verifica a hora a todo momento, e trocar algumas frases desalentadas ou espirituosas com os dois homens que viajam com o menino louro cujo maior divertimento nessas precisas circunstâncias consiste em fazer circular livremente seu carrinho de brinquedo sobre os assentos e o rebordo posterior do Taunus, ou ousar avançar mais um pouco, embora não pareça que os carros da frente estejam prestes a retomar a marcha, e contemplar com um pouco de pena o casal de velhos do id Citroën que parece uma gigantesca banheira roxa na qual sobrenadam os dois idosos, ele descansando os antebraços sobre o volante com ar de paciente cansaço, ela mordiscando uma maçã com mais aplicação que vontade.

Contos que estarão no livro A autoestrada do sul e outras histórias: “A casa tomada”, “O perseguidor”, “A porta condenada”, “Comportamento nos velórios”, “A autoestrada do Sul”, “Manuscrito achado num bolso”, “Tango de volta” e “A escola de noite”.

O jazz era uma cas paixões de Cortázar e está presente em muitas de suas histórias

O jazz era uma cas paixões de Cortázar e está presente em muitas de suas histórias

Cartazes da Feira de Frankfurt riem de estereótipos brasileiros

DANIELLE NAVES DE OLIVEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE FRANKFURT

No ano passado, o diretor da Feira do Livro de Frankfurt, o alemão Jürgen Boos, disse que o Brasil não se resumiria a “samba e Ipanema” ao anunciar o país como o homenageado da próxima feira, que acontece de 9 a 13 de outubro.

Mas a imagem vencedora do concurso anual de cartazes organizado pelo evento germânico brinca com a ideia de um “Brasil festivo”: ela estampa um cachorrinho da raça teckel (ou dachshund) vestido a caráter para o Carnaval, acompanhado da frase “Esperando pelo Brasil” em alemão.

O uso irônico do estereótipo é uma das marcas do bem-humorado concurso, que existe desde 2006 e já virou uma tradição do evento.

Karina Goldberg, assessora-executiva da feira e uma das organizadoras do concurso, diz que o teckel “é uma verdadeira instituição, um símbolo alemão relacionado a conforto, estilo, mas também a uma nobreza decadente e fora de moda”.

Para ela, fantasiar o cachorro é transformar um pouco o alemão em brasileiro, tirar-lhe de seu cotidiano e dar mais agito, cor e animação.

Juntamente ao cão carnavalesco, de autoria de Yvonne Winnefeld, mais nove trabalhos foram premiados. Em segundo lugar ficou “Jogador de Futebol”, de Victor Guerrero, que faz uma montagem com Pelé segurando um livro.

A partir de setembro, os pôsteres serão espalhado em parques, estações de metrô, livrarias e cafés da cidade.

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via Folha

Livro de Flávio Tavares é um dos vencedores do Prêmio AGES

A AGES – Associação Gaúcha de Escritores, revelou no último sábado, 6 de julho, os vencedores deste ano do Prêmio AGES – Livro do Ano de 2013. Flávio Tavares foi o vencedor na categoria “Não Ficção” pela obra 1961- O Golpe Derrotado, lançado em 2012 pela L&PM. No livro, o escritor reconstitui o Movimento da Legalidade em um texto emocionante, que tem a agilidade de um romance de ação.

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Bélgica: a terra da cerveja, do waffle e dos Smurfs!

Por Fernanda Scherer, direto de Bruxelas*

Bruxelas, capital da Bélgica e da União Europeia, é também uma cidade apaixonada por quadrinhos. Os murais pintados nas paredes estão entre os atrativos turísticos e não faltam lojas especializadas nessa arte. Hoje, visitei uma dessas lojas e pude entender um pouco dessa paixão… A livraria MultiBD fica no centro de Bruxelas, próximo à Grand Place, e a vitrine já é um atrativo à parte, pois entre livros e pôsters estão também”Figurines” dos principais personagens de HQ. Convidada por esses brinquedos de adulto, e já imaginando alguns deles decorando a minha prateleira, resolvi entrar nesse “pequeno” mundo. E, entre quadrinhos adultos e históricos, as pequenas criaturinhas azuis de origem belga também marcavam presença nas prateleiras, com coleções completas e numeradas de livros – afinal, a origem do desenho animado que a gente assistia na década de 80 são estes livros do quadrinista Peyo. Pra completar, postais, pôsters e todo tipo de souvenir smurfantásticos!

* Fernanda Scherer é coordenadora de marketing da L&PM e foi passar as férias na terra dos Smurfs. Em agosto de 2013, chegam às livrarias mais dois títulos com as aventuras dos personagens azuis criados por Peyo: “Os Smurfs e o Smurf Selvagem” e “A Smurfette e A fome dos Smurfs”.

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Multi BD, a livraria belga que é o paraíso dos amantes dos quadrinhos / Foto: Fernanda Scherer

A versão belga do livro que a L&PM lança exatamente em agosto (exatamente com esta capa): "A Smurfette e a fome dos Smurfs" / Foto: Fernanda Scherer

A versão belga do livro que a L&PM lança em agosto (exatamente com esta capa): “A Smurfette e a fome dos Smurfs”

Smurfs e mais Smurfs na prateleira da Multi BD / Foto: Fernanda Scherer

Smurfs e mais Smurfs na prateleira da Multi BD / Foto: Fernanda Scherer

Dos Smurfs, a L&PM já publica O bebê Smurf e O Smurf repórter em formatos convencional e pocket.

O gigante Mr. Darcy, de Jane Austen

Uma estátua de mais de 3 metros e meio do personagem Mr. Darcy, de Orgulho e preconceito, a obra mais importante e mais conhecida da escritora britânica Jane Austen, foi instalada no lago Serpentine, em Londres. A escultura, feita de fibra de vidro, é uma representação da cena da adaptação para a TV de 1995 da história de Jane Austen em que Colin Firth, no papel de Darcy, volta de um banho no lago com a camisa molhada.

Na verdade, a cena não está no livro. Ela foi criada pelo roteirista Andrew Davies para a versão televisiva, mas é reconhecida como um dos momentos dramáticos mais memoráveis da televisão britânica.

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A instalação marca o lançamento de um novo canal da UK TV, uma das maiores companhias televisivas da Inglaterra, e deve viajar pelo país antes de se estabelecer definitivamente em Lyme Park, no condado de Cheshire, onde o episódio foi gravado.

via Folha

Fernando Pessoa na Flip 2013

Os fãs de Fernando Pessoa que não puderam ir à Flip 2013 conferir de perto o encontro entre Maria Bethânia e a professora Cleonice Berardinelli, duas especialistas na obra do poeta português, podem assistir na íntegra ao vídeo do encontro. Além de estudiosas da obra de Pessoa, as duas são fãs confessas do poeta e de seus heterônimos e não deixaram a desejar na curadoria dos poemas. O vídeo é longo mas vale cada minuto:

O encontro aconteceu na sexta-feira, dia 5 de julho, na programação principal da Flip 2013.

A graça do novo livro de Martha Medeiros

Está marcado para chegar em 18 de julho o mais recente livro de Martha Medeiros, “A graça da coisa“. A nova obra da autora que é sucesso em todo o Brasil reúne 80 crônicas que abordam o amor, o cinema, os relacionamentos, as relações familiares, entre muitos outros.

Sou uma escritora de apartamento, digo com o mesmo tom pejorativo que classificamos crianças de apartamento. Deveríamos estar cercados por jardins, margens de rio, praias abertas, mas vivemos confinados entre quatro paredes que de certa forma aleijam a inspiração. Escrever, lógico, me oferece várias oportunidades de fuga. Estou onde estou, fisicamente, mas também não estou: invento meu próprio lago, pátio, horizonte. Até que volto a ser atingida pela consciência do inevitável: não é o barulho do mar que escuto, nem o das folhas caindo nesse final de outono, e sim o de betoneiras, perfuratrizes, compactadores, rolos compressores. De poético, me restou apenas a chuva. Quando chove, a obra para. Quando chove, o helicóptero some. Quando chove, o silêncio me pisca o olho: “Aproveita a trégua e me escuta”. (Trecho da crônica “Barulhos urbanos”)

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Na Flip, crianças criam mil e uma histórias para “As mil e uma noites”

Durante a Flip (Festa Internacional de Paraty) deste ano, o Marca RJ – um projeto do Governo do Rio de Janeiro que valoriza a cultura e as pessoas – está exibindo vídeos em que crianças olham as capas de livros clássicos e imaginam sobre o que são aquelas histórias.

Aqui, por exemplo, você pode ver o que as crianças imaginam a respeito de “As mil e uma noites” depois de olharem a edição da L&PM que faz parte da Série Clássicos da Literatura em Quadrinhos.