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Verbete de hoje: Dave McKean

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, o Blog L&PM publicará, nos domingos, um verbete do livro. O de hoje é  o britânico Dave McKean (1963)

O estilo gráfico de Dave McKean é composto por uma instigante combinação de técnicas de desenho, pintura, fotografia e colagem. Sua estreia deu-se em edição da série “Mister X”. Logo depois, fez parceria com o escritor Neil Gaiman na graphic novel Violent Cases (1987). Gaiman foi seu colaborador mais constante, tanto em HQs (Orquídea negra, Sinal e Ruído, Mr. Punch, Hellblazer) como em livros ilustrados (Coraline, Os lobos dentro das paredes, O dia em que troquei meu pai por dois peixinhos vermelhos, The Graveyard Book). O trabalho mais notório de McKean foi o conjunto de capas que elaborou para as 75 edições de Sandman (DC), a grande obra-prima de Gaiman, e também de edições especiais relacionadas à série (Orpheus, Noites sem fim, Tudo o que você sempre quis saber sobre sonhos… mas tinha medo de perguntar). As capas de McKean para Sandman foram reunidas na coletânea “Capas na Areia” (1997). Ainda como capista, assinou as primeiras 21 edições do título Hellblazer (Vertigo). Outro grande momento de McKean ocorreu em Asilo Arkham (DC, 1989), álbum escrito por Grant Morrison. Notabilizou‑se também por HQs próprias de caráter autoral e experimental, como Cages (Kitchen Sink Press, 1990-1996) e Pictures That Tick (2001). Parte do material acima descrito recebeu lançamento no Brasil pelas editoras Globo, Abril, Opera Graphica, Metal Pesado, Conrad, Brainstore, HQManiacs e Panini. Em 2005, foi lançado nos cinemas Máscara da ilusão, obra dirigida por McKean e roteirizada por Neil Gaiman.

Retrospectiva: os destaques L&PM de 2011

2011 está na porta de saída. E como não poderia deixar de ser, a despedida do ano que termina vem com olhares para trás. A retrospectiva, afinal, faz parte do adeus e uma lista de “melhores do ano” acaba sendo tão tradicional quanto preparar o champanhe, a roupa branca e os fogos de artifício para o réveillon. Ao pensarmos no ano que chega ao fim (e em tudo que lançamos ao longo dele), fica bem difícil escolhermos os 10 livros mais marcantes. Porque foram vários e todos eles especiais. Acabamos levando em conta os títulos que tiveram mais destaque nas redes sociais e na mídia. E aqui estão eles no nosso “Top Ten L&PM 2011”.

A entrevista de Millôr Fernandes – Lançado em fevereiro de 2011, o livro apresentou aos leitores a mais longa e reveladora entrevista do grande Millôr, realizada no início dos anos 80 para a Revista Oitenta, então editada pela L&PM. É um intenso e bem-humorado depoimento que revela todas as faces de um dos maiores intelectuais do Brasil.

Biografia de Marilyn Monroe – Em março, Marilyn Monroe chegou à série Biografias L&PM. Um livro que revelou ser como sua personagem: a partir da primeira linha, impossível tirar os olhos dele. A família, os amores, os filmes, os dramas, tudo está aqui em frases que soam como o sussurro de uma diva.

Mulheres – Depois de anos esgotado no Brasil, Mulheres, um dos livros mais cultuados de Charles Bukowski, chegou à Coleção L&PM Pocket em meados de 2011. Também não dá para deixar de citar Cartas na Rua, o primeiro romance escrito por Bukowski e que, lançado em setembro, fez com que todos os romances do velho Buk agora estejam aqui. 

Os Smurfs – Aqui não vale a pena citar apenas um título dos Smurfs, mas dois: “O Smurf Repórter” e “O bebê Smurf” que, lançados em álbuns coloridos e em versão pocket, smurfaram por todas as livrarias e bancas do país. Lançados na mesma época do filme, fizeram tanto sucesso que ganharam até uma fan page especial no Facebook.  

Caixa Russa – Este não é exatamente um livro, mas uma caixa inteira. Mas é impossível não dar destaque para ela, pois além de ter chamado atenção, virou objeto de desejo de muita gente, com seus sete títulos que juntam duas obras de Gogol, duas de Tolstói, duas de Tchékhov e uma de Dostoiévski.

Feliz por nada – Apesar do título do livro de Martha Medeiros, motivos para ficar feliz não faltaram com as crônicas de Feliz por nada. Lançado em julho de 2011, ele logo foi parar na lista de mais vendidos de Veja, Época e O Globo e fecha o ano como um dos maiores sucessos literários do Brasil em 2011.

Atado de Ervas – O primeiro romance escrito por Ana Mariano foi a revelação do ano. Sucesso de público e crítica, ele levou a autora a concorrer ao Prêmio Fato Literário, promovido durante a Feira do Livro de Porto Alegre em 2011. Em suas 400 páginas, o livro monta um grande mosaico da vida no interior do Rio Grande do Sul.

Enciclopédia dos Quadrinhos – Revisada, atualizada e ampliada, a nova edição da Enciclopédia dos Quadrinhos, organizada e escrita por Goida e André Kleinert, foi lançada em outubro para alegria dos fãs de HQs. Ela traz referências inéditas a pesquisadores, fanzineiros e editores da área.

A vida segundo Peanuts – O destaque aqui poderia ser para o volume 4 de Peanuts completo, lançado em março. Ou para o belo O Natal de Charlie Brown. Mas A vida segundo Peanuts, que chegou em novembro, merece estar aqui por sua simplicidade e por ser um “gift book” muito fofo, livro perfeito para virar presente (até porque custa apenas 15 reais!).

Mangás – Aqui o destaque é para uma série. Quando os mangás chegaram à Coleção L&PM Pocket, em novembro, o alvoroço foi grande, pois os fãs do gênero não deixaram de se manifestar positivamente. Primeiro vieram Solanin 1, de Inio Asano, e Aventuras de Menino, de Mitsuru Adachi. Em dezembro, foi lançado Solanin 2.

60. Sou o marinheiro Popeye

O blog da L&PM Editores concedeu férias ao editor Ivan Pinheiro Machado*. Sendo assim, o “Era uma vez… uma editora”, série de posts assinados por ele – e publicados neste espaço todas as terças-feiras -, será um pouco diferente até o final de janeiro. Neste período, mostraremos alguns livros que fazem parte da memória da editora. Como “Popeye”, que pertencia à antiga Coleção Quadrinhos L&PM e cuja edição era comemorativa aos 60 anos do marinheiro viciado em espinafre.

Publicado na primavera de 1989, “Popeye” tinha formato 27,5cm x 21cm e trazia duas histórias: “O Rei da Nazília” e “Popeye, Rei da Popilândia”. Com tiras desenhadas por Segar entre janeiro e março de 1933, o livro tinha prefácio de Goida, um dos autores da Enciclopédia dos Quadrinhos, relançada este ano pela L&PM.

*Toda terça-feira, o editor Ivan Pinheiro Machado resgata histórias que aconteceram em mais de três décadas de L&PM. Este é o sexagésimo post da Série “Era uma vez… uma editora“.

Verbete de hoje: Bud Counihan

 

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, o Blog L&PM publicará, nos domingos, um verbete do livro. O de hoje é  o norteamericano Bud Counihan.

Embora todas as páginas da personagem Betty Boop fossem assinadas por Max Fleischer, o verdadeiro desenhista das mesmas era David Francis “Bud” Counihan. Nascido em St. Louis, ele mudou‑se para Nova York em 1910. Logo estava colaborando para a série “Little Napoleon”. Foi assistente também de Chic Young nas HQs Dumb Dora e Blondie. Escolhido para ilustrar “Betty Boop” (que se baseava nos desenhos animados produzidos por Max Fleischer), Counihan conseguiu manter um bom padrão na série. Apesar de sua pouca duração (1934-1937), essas tiras foram marcadas pelo talento de seu criador nos quadrinhos. Para saber mais: Betty Boop (imagem), coleção “Opera King” da Opera Graphica Editora (2003).

Verbete de hoje: Liniers

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, o Blog L&PM publicará, nos domingos, um verbete do livro. O de hoje é  o argentino Liniers (1973)

As tiras de Macanudo, publicadas no La Nacion, de Buenos Aires, são de uma criatividade sem-fim. Liniers (o pseudônimo de Ricardo Siri), desde o início de 2002, faz algo que o diferencia no mundo das HQs. Às vezes, a tira chega a ter 25 quadros. O formato muda todos os dias. Os numerosos personagens são originais e muito engraçados. A menina Enriqueta, o gato Fellini e o ursinho de pelúcia Madariaga aparecem com mais frequência, mas não são mais importantes que os pinguins; Oliverio, a azeitona; gente que anda por aí; a vaca Cinéfila; as ovelhas lanudas; os duendes; o homem‑lobo (que nos dias de lua cheia vira pinguim); o senhor da cabeça pequena; Z-25, o robô sensível; o homem que traduz o nome dos filmes; Ramindez, o melancólico; coisas que passaram a Picasso; Alfio, a bola troglodita e por aí vai. Fontanarrosa (que faleceu em 2008) sempre foi um grande admirador de Liniers. “Tudo parece um pouco ingênuo”, garante ele, “mas cuidado, desprevenido viajante. É a ilusória ingenuidade de um leão cercando uma gazela”. Publicada na Argentina em álbuns pelas Ediciones de la Flor, Macanudo ganhou tradução no Brasil através da Zarabatana Books.

Verbete de hoje: Marge

 

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, o Blog L&PM publicará, nos domingos, um verbete do livro. O de hoje é  a norte-americana Marge (1904-1993)

Com o seu nome real, Marjorie Henderson Buell, ela é uma ilustre desconhecida. Agora, com o pseudônimo artístico, Marge, todo mundo sabe: é a mãe-criadora de Little Lulu (Luluzinha), Tubby Tompkins ( Bolinha) e Little Alvin ( Alvinho). No início, Little Lulu foi “gag cartoon” nas páginas do Saturday Evening Post (1935). O sucesso fez com que a Western Publishing Company obtivesse os direitos para comercializar Little Lulu em forma de comic books (1945) também em tiras diárias (1955-1967). Para todo esse trabalho, Marge contou com o auxílio de vários colaboradores, em particular John Stanley, Woody Kimbrell, Roger Armstrong e o roteirista Del Connel. No domínio do merchandising, Little Lulu e seus amigos venderam-se para os mais diversos produtos, ganhando igualmente uma série de desenhos para a TV. Até 1972, Marge manteve controle geral da série, que existe ainda, com propriedade da Western. As melhores recompilações, porém, são de histórias feitas na década 50 e 60.

Os originais: Luluzinha e Bolinha como Marge começou a desenhar

Verbete de hoje: Mort Drucker

 

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, o Blog L&PM publicará, nos domingos, um verbete do livro. O verbete de hoje é Mort Drucker (1929)

Nos últimos anos, raro foi o filme ou série de TV de sucesso não caricaturizado por Mort Drucker nas páginas da revista Mad. No início, seu estilo ainda poderia lembrar algo de outro grande artista colaborador da Mad, Jack Davis. A continuidade de seu trabalho, entretanto, foi limpando qualquer influência estranha. Quem tentou imitar Mort, por exemplo, foi um artista menor da Mad, Ângelo Torres. Com roteiros de Dick de Bartolo e Stan Hart, Mort muitas vezes em suas sátiras misturava elementos (por exemplo, Sean Connery aparecendo num filme de James Bond interpretado por Roger Moore), com resultados hilariantes. Sua capacidade de caricaturar figuras do mundo do cinema, da TV e da vida sociopolítica-cultural norte-americana foi impressionante. Mesmo no caso de filmes considerados clássicos e sérios (como 2001, Perdidos na noite, Quem tem medo de Virgina Woolf? ou Platoon), o trabalho de Mort é tão criativo e engraçado que a gente acabava perdoando sua irreverência iconoclasta. Mort Drucker, antes de se tornar colaborador quase exclusivo da Mad, desenhou, entre 1948 e 1956, os quadrinhos de Abott e Costello.

Verbete de hoje: Gilbert Shelton

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, o Blog L&PM publicará, nos domingos, um verbete do livro. O verbete de hoje é Gilbert Shelton (1940)

Ao lado de Robert Crumb (veja em C), Gilbert Shelton é o mais popular desenhista dos quadrinhos do underground norte-americano. Seus Freak Brothers (Fat Freddy, Phineas e Franklin) são os reis da confusão de sexo, drogas, ócio, bagunça, birita, festas e rock’n’roll. Shelton, agora estabelecido na Califórnia, nasceu em Dallas, Texas. Ao contrário

de seus anti-heróis, trabalhou duro seis horas por dia na sua Rip Off Press, produzindo histórias cada vez melhores. Começou a carreira no Texas Ranger, publicação subterrânea da Universidade do Texas. Seu primeiro personagem de sucesso, Wonder Hart-Hog, o suíno de aço, era um porco machista, reacionário, repressor e chauvinista. A figura se tornou best seller da revista Help, lançada em 1965 por Harvey Kurtzman (veja em K). A consagração de Shelton aconteceu, porém, com o lançamento dos Freak Brothers em 1967, numa revistinha comix Austin Rag. Em 1968, Shelton mudou-se para a Califórnia onde, depois de algum tempo, junto com amigos, fundou a Rip Off Press. The Freak Brothers é o veículo através do qual Shelton ironiza e denuncia o ilusório “sonho norte-americano”. Também não perdoa os seus anti-heróis, colocando-os como ridículas figuras de uma sociedade marcada pelo moralismo de

fachada e um reacionarismo selvagem. As histórias dos Freak Brothers são geralmente acompanhadas pelas aventuras do Gato do Fat Freddy, deliciosas e irreverentes também. No Brasil, The Freak Brothers apareceram pela primeira vez em 1972, na revista Grilo, e posteriormente ganharam álbuns pela coleção “Quadrinhos L&PM”. Saíram dois volumes com as aventuras dos Freak Brothers e um com o Gato do Fat Freddy. A Conrad também lançou dois álbuns (2004 e 2005) com os personagens.

Verbete de hoje: Phil Davis

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, o Blog L&PM publicará, nos domingos, um verbete do livro. O verbete de hoje é Phil Davis (1906-1964)

Poucos desenhistas da época do ouro dos quadrinhos norte-americanos têm o prestígio de Phil Davis, principalmente na Europa. Alain Resnais, o diretor de Hiroshima, Mon Amour, disse que se inspirou em muitas imagens de Davis para criar o seu O ano passado em Marienbad. Federico Fellini, outro admirador, disse que sempre quis filmar as narrativas de Phil. Nascido em St. Luis, Missouri, em 4 de março, Davis, até os 28 anos, trabalhou principalmente como ilustrador e publicitário. Em 1933, ele encontrou um conterrâneo, Lee Falk (veja em F) e juntos criaram um dos personagens mais famosos do King Features Syndicate: Mandrake, the Magician. No princípio (1934), as aventuras de Mandrake, sempre junto com o seu fiel auxiliar Lothar e depois com a “noiva” permanente, Narda, eram quase convencionais. Logo em seguida, porém, a dupla Falk/Davis, além dos poderes mágicos dados a Mandrake (na verdade, um mestre no hipnotismo), aumentou a dose do imaginário/ fantástico. Mandrake e seus companheiros passaram a visitar mundos paralelos, outras civilizações, o fundo do mar, invasores do espaço, em cenários que primavam pela criatividade. O traço foi eliminando detalhes supérfluos, tornou-se até mais duro que no princípio, mas os mundos que Davis criava eram realmente mágicos. Mandrake foi vendido (e vende até hoje) em todos os quatro cantos da Terra. Lamentavelmente a saúde de Phil não era boa. Nos seus últimos anos de vida, o desenhista foi muito auxiliado por sua esposa, Martha, que já tinha fama como figurinista e estilista de moda. Quando Phil morreu de um ataque cardíaco, Martha tentou continuar sozinha as tiras e páginas dominicais de Mandrake, mas realmente não tinha pique para tanto. A série passou então para as mãos de Fred Fredericks.

Marvel procura desenhistas de HQs no Brasil

Você se considera um bambambãn dos quadrinhos no Brasil? Um ilustrador nato? Um desenhista talentosíssimo que ainda não foi reconhecido? Então trate de tentar encontrar C. B. Cebulski, o vice-presidente e caça-talentos da Marvel mundial que está em terra brasilis pela primeira vez.

Em entrevista ao caderno Ilustrada da Folha de S. Paulo de 15 de novembro, ele disse que “Entrar no mercado de quadrinhos é como sair da cadeia. Uma vez que você descobre como, o caminho está livre”. Na semana passada, Cebulski participou da 7ª edição do FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos), em Belo Horizonte. Mas antes passou por São Paulo e avaliou portfólios na escola Impacto Quadrinhos.

O Brasil, ele avalia, está enfim no ponto certo. Nos anos 90, era comum encontrar “mulheres hiperssexualizadas e homens másculos”, dois grandes clichês da HQ nacional. Hoje, no entanto, a pluralidade é bem maior e prova disso é a diversidade encontrada nos traços de Fábio Moon e Gabriel Bá, Rafael Grampá e Luke Ross.

Mas Cebulski avisa: não adianta achar que vai ser contratado de cara para desenhar a prata da casa, como Homem-Aranha e Wolverine. “É como os grandes times de futebol. Sendo realista, tem de começar nos times de base.”

O vice-presidente e caça-talentos da Marvel está no Brasil, alguém se habilita?

E por falar nisso, você já deu uma olhada na nova Enciclopédia dos Quadrinhos?