Lou Andreas-Salomé em livro e filme

Já está em cartaz em todo Brasil o filme “Lou”, cinebiografia de Lou Andreas-Salomé (1861-1937), romancista, e ensaísta que foi, acima de tudo, um espírito livre. Aos vinte anos, ela começa uma amizade filosófica com Nietzsche e brinca com o fogo de seu amor. Aos trinta, companheira do poeta Rainer Maria Rilke, guia-o no caminho da criação e foge de sua paixão. Aos quarenta, é acolhida por Freud como sua discípula mais brilhante. Mulher entre homens, ela sonha com um “mundo de irmãos”, de casamento sem sexualidade, de maternidade sem procriação, de inconsciente sem instintos destrutivos. Filosofia, poesia e psicanálise são os instrumentos da única afirmação que interessa a essa provocante mulher: o laço indissolúvel do indivíduo com a vida como um todo.

O filme “Lou” tem direção da alemã Cordula Kablitz-Post e traz as atrizes Katharina Lorenz e Nicole Heesters nos papéis principais (em duas fases da vida da personagem). Veja o trailer:

A Coleção L&PM Pocket publica a biografia de Lou Andreas-Salomé. Vale a pena conhecer melhor essa mulher.

Lou Salome

A Rainha do Crime e a Rainha da Inglaterra

Agatha Christie faleceu em 12 de janeiro de 1976, aos 85 anos, deixando um legado de histórias que segue fazendo sucesso pelo mundo afora.

Em 1971, a escritora britânica foi condecorada “Dama” (uma honra que equivalente a “Sir”) pela rainha Elizabeth II. Sua Majestade e a Rainha do Crime também se encontraram em novembro de 1974, na premiere do filme Assassinato no Expresso Oriente, aliás a última aparição pública de Agatha Christie antes de sua morte.

Agatha Christie cumprimenta a Rainha da Inglaterra na premiére de "Assassinato no Expresso Oriente"

Agatha Christie cumprimenta a Rainha da Inglaterra na premiére de “Assassinato no Expresso Oriente”

Em sua autobiografia, Christie escreveu sobre seu primeiro encontro com a Rainha da Inglaterra:

Vou confessar aqui e agora que as duas coisas que me empolgaram na vida, a primeira foi meu carro: um Morris Cowley cinza. A segunda foi jantar com a rainha no palácio de Buckingham, cerca de quarenta anos mais tarde. Ambos os acontecimentos pertenciam à categoria dos contos de fadas. Eram coisas que jamais imaginei que me aconteceriam, a mim: ter meu próprio carro e jantar com a rainha da Inglaterra!

(…)

Tão pequena e esbelta em seu vestido simples de veludo vermelho-escuro, com uma única e linda joia — e sua bondade e simplicidade no falar. Lembro-me de que nos contou a história de uma noite em que estavam conversando numa salinha e tiveram que sair às pressas, porque, de repente, desceu pela chaminé uma enorme crista de fuligem. É bem animador saber que desastres domésticos também acontecem nos mais elevados e requintados círculos sociais.

Em sua biografia, Agatha Christie conta outras passagens com membros da realeza, como o fato e ter escrito a peça Os três ratos cegos a pedido da rainha Mary (avó da Rainha Elizabeth II) ou o fato de, aos seis anos de idade, sonhar em casar com o príncipe Edward (a quem ela chama de príncipe Eddy), aquele que abdicou do trono para casar-se com uma mulher divorciada.

Como você pode perceber, não apenas os livros, mas também a vida de Agatha Christie, são recheados de histórias interessantes.

 

Exposição em Porto Alegre relembra Josué Guimarães

Via Publishnews

A próxima terça-feira (16) marcará a abertura da exposição Tempo de ausência: 30 anos sem Josué Guimarães, que ocupará o Espaço Memória da Cultura (Rua dos Andradas, 1.234 – Sala 1003), em Porto Alegre. Josué foi uma das figuras mais atuantes no jornalismo gaúcho no século XX, tendo trabalhado como repórter, editor, correspondente internacional, ilustrador e colunista em jornais influentes como o Diário de Notícias, A Hora, Folha da Tarde, Zero Hora e Folha de S.Paulo. Na literatura, descoberta por ele apenas no fim dos anos 1960, Josué compôs, por meio de livros como Camilo Mortágua, Os tambores silenciosos Dona Anja e da trilogia inacabada A ferro e fogo, um fiel retrato da sociedade da qual foi observador implacável. A exposição foi montada originalmente em 2016, na Universidade de Passo Fundo, que sedia a cada dois anos, a Jornada Literária de Passo Fundo, da qual Josué foi um dos principais colaboradores. Na mostra, estão, por exemplo, a máquina de escrever de Josué Guimarães e os originais de A ferro e fogoÉ tarde para saber As muralhas de Jericó. O primeiro livro do autor, Os ladrões, e o esboço da capa da obra Um corpo estranho entre nós dois também fazem parte da exposição. Além disso, há preciosidades, como cartas trocadas entre Josué e o escritor Érico Veríssimo.

Máquina de escrever usada por Josué Guimarães compõe a mostra em sua homenagem | ©Arquivo/UPF

Máquina de escrever usada por Josué Guimarães compõe a mostra em sua homenagem | ©Arquivo/UPF

Clique aqui e leia no blog da L&PM o texto “30 anos de saudades de Josué Guimarães”, escrito pelo editor (e amigo de Josué Guimarães) Ivan Pinheiro Machado.

Crônica de Martha Medeiros é tema de redação do vestibular da UFRGS

O tema do ano da prova de redação do vestibular da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), aplicada na segunda-feira, 8 de janeiro, foi um texto de Martha Medeiros, Pai da Pátria, publicado em agosto de 2017 na Revista Donna, do Jornal Zero Hora, e que estará no próximo livro de crônicas da escritora s ser publicado pela L&PM em 2018.

“Quem me dera ser crédula, confiante. Do tipo que admite estarmos em meio a uma crise medonha, mas que dela brotará um Estado maior, melhor. Já fui assim otimista, mas o tempo passou e me cobrou alguma lucidez e coragem para encarar a realidade”. (Trecho de Pai da Pátria)

Na prova, foi solicitado que os candidatos escrevessem sua opinião sobre o texto, posicionando-se contra ou à favor do que Martha Medeiros escreveu. O enunciado pedia, inclusive, que os candidatos escrevessem como se a própria autora fosse ler a resposta, para que ela entendesse claramente o posicionamento adotado.

“É um grande prestígio. Tenho a impressão de que deve ter sido muito bacana para eles, pois não precisam falar sobre o que eu falei, e sim sobre o que eles pensam do assunto, muito atual, com suas próprias palavras.” declarou a cronista ao jornal Zero Hora em matéria publicada no dia seguinte à prova do vestibular.

Conheça todos os livros de Martha Medeiros publicados pela L&PM Editores.

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Woody Allen em novo filme e novas edições

2018 inicia com novidades assinadas por Woody Allen chegando aos cinemas e às livrarias. Seu novo filme, “Roda Gigante”, estreou no Brasil em 28 de dezembro trazendo no elenco Kate Winslet, Justin Timberlake, James Belushi e Juno Temple.

O longa dirigido e roteirizado por Allen está sendo super elogiado e o trailer sugere uma trama um tanto mais densa do que os filmes anteriores do cineasta. Tudo gira em torno de Ginny (Kate Winslet), a esposa de um operador de carrossel, Humpty (Jim Belushi), que trabalha em um parque na praia de Coney Island. Ela se apaixona pelo salva-vidas Mickey (Justin Timberlake). Mas as coisas ficam confusas quando a filha (Juno Temple) de Humpty volta para casa fugindo de gângsters e também se apaixona por Mickey.

E enquanto “Roda Gigante” encanta as plateias, a L&PM coloca na roda uma nova edição de Insanidade Mental, livro de Woody Allen. Trata-se de um conjunto de contos e artigos publicados na célebre revista novaiorquina New Yorker que chegam agora ao catálogo L&PM. Pra completar, em fevereiro, chega Pura Anarquia, um livro de contos de Allen que encontrava-se inédito no Brasil e que ganha nova edição e nova capa.

WOODY ALLEN DUAS CAPAS

O dia do marinheiro na literatura

13 de dezembro é, desde 1925, o Dia do Marinheiro no Brasil. A data foi escolhida por marcar o nascimento do Almirante Joaquim Marques Lisboa, o Marquês de Tamandaré, Patrono da Marinha no Brasil. Em homenagem aos homens do mar, aqui vão alguns trechos de livros que falam de marinheiros, comandantes e capitães – reais ou ficcionais – que enfrentaram tempestades, correntezas, marés e calmarias para viver aventuras que os colocaram na “crista da onda” da história e da literatura.

E o que poderia Billy saber sobre o homem, a não ser sobre o homem como um mero marinheiro? E o marinheiro à moda antiga, o verdadeiro lobo-do-mar, o marujo que navega desde a infância, embora seja da mesma espécie do homem da terra, em alguns aspectos é singularmente distinto dele. O marinheiro é a franqueza, o homem da terra é a esperteza. A vida para o marinheiro não é um jogo que exija astúcia; não é um complicado jogo de xadrez em que poucos movimentos são francos e cujos fins são obtidos indiretamente (…)BILLY BUDD, MARINHEIRO, Herman Melville

Três janelas altas davam para o porto. Nelas não se via nada além do cintilante mar azul-escuro e de um luminoso azul pálido no céu. Meus olhos captaram, na profundidade e nas distâncias das tonalidades azuis, o ponto branco de algum grande navio recém-chegado prestes a fundear no ancoradouro. Um navio de casa – depois de uns noventa dias no mar. Existe algo de comovente em um navio que chega do mar e fecha as asas em repouso. A LINHA DE SOMBRA, Joseph Conrad

Ele obedeceu com rapidez, e me vi sozinho no convés do Ghost. Do modo mais silencioso possível, recolhi as velas de joanete, baixei a giba e a vela de estai, puxei a bujarrona para trás e retesei a vela mestra. Então desci para encontrar Maud. Pus um dedo sobre seus lábios pedindo silêncio, e entrei no quarto de Wolf Larsen. Ele estava na mesma posição em que eu o havia deixado, e sua cabeça se balançava – quase em convulsão – de um lado para outro. O LOBO DO MAR, Jack London

O cheiro de alcatrão e sal era novo para mim. Eu via as figuras de proa mais maravilhosas, que tinham estado em oceanos muito distantes. E via, além disso, muitos marinheiros velhos, com argolas nas orelhas e barbas que se enrolavam em cachos, e tranças alcatradas, e sua maneira desajeitada e balouçante de caminhar, como se ainda estivessem no mar. Ora, se eu tivesse visto o mesmo número de reis ou arcebispos, não teria ficado mais encantado! A ILHA DO TESOURO, Robert Louis Stevenson

“No decorrer da nossa expedição, desembarcamos em inúmeras ilhas e nelas vendemos ou trocamos mercadorias. Um dia em que estávamos navegando, o mar calmo nos colocou frente a frente com uma pequena ilha, tão verde como uma campina, quase no nível da água. O capitão fez baixar as velas e permitiu que desembarcassem aqueles que quisessem. Eu estava entre os que desceram. Nos divertíamos bebendo e comendo e descansávamos das fadigas do mar, quando, de repente, a ilha tremeu, sacudindo-nos rudemente…” AS AVENTURAS DE SIMBAD O MARUJO, Histórias das 1001 Noites

Foi como uma miragem bailando sobre as águas salgadas. Após uma sequência infindável de dias iguais, o horizonte já não era uma linha longínqua e vazia. No último ponto que os olhos podiam vislumbrar, surgiam, agora, estranhas silhuetas. Pareciam montanhas flutuantes singrando o oceano. Os homens acotovelavam-se à beira mar, com os olhos postos de encontro ao céu matinal para vislumbrar a mais espantosa novidade de suas vidas. Que tipo de canoas seriam aquelas, que pareciam ter asas tão brancas e tão amplas e que avançavam junto com o sol? BRASIL: TERRA À VISTA!, Eduardo Bueno

Capa_mar_irmao_LPM.inddNo convés superior, grupos de quietos marinheiros mantinham-se ao lado de seus botes, um conjunto grotesco em salva-vidas, macacões, quepes de cozinheiro, aventais, quepes de lubrificador, quepes de proa, calças cáqui e dezenas de outras combinações variadas de vestimentas. Bill correu até seu próprio bote salva-vidas e parou ao lado de um grupo. Ninguém falava. O vento uivava na chaminé fumacenta, vibrava ao longo do convés, agitando a roupa dos marinheiros e corria por sobre a popa e ao longo do rastro verde e brilhante do navio. O oceano suspirava uma quietude suavizadora e sonolenta, um som que trespassava todos os cantos (…) O MAR É MEU IRMÃO & Outros escritos, Jack Kerouac

Você sabia que o poeta Rainer Maria Rilke…

– Ao nascer, em 4 de dezembro de 1875, recebeu o enorme nome de René Karls Wilhelm Johann Josef Maria Rilke?

– Foi vestido de menina até os cinco anos por sua mãe, numa tentativa dela compensar a morte de uma filha recém nascida?

– Foi amante da intelectual e escritora russa Lou Andréas-Salomé e que foi por sugestão dela que mudou o nome de “René” para “Rainer”?

– Aprendeu russo com a namorada russa para que pudesse ler Dostoievski e Tolstói no idioma original?

– Visitou Tolstói em sua casa e, ao ser questionado pelo escritor russo sobre sua ocupação, disse timidamente que se ocupava “com a lírica”.  E que depois disso Tolstói fez chover sobre o poeta um vivo e humilhante discurso contra toda a lírica?

– Casou-se, em 1901, com uma estudante de artes chamada Clara Westhoff e que ela estava grávida dele ao se casarem?

– Em 1902, mesmo separado de Clara foi com ela e a filha Ruth para Paris, pois a ex-mulher tinha sido aceita como aluna no estúdio de Auguste Rodin?

– A fim de escrever um ensaio sobre Rodin, Rilke virou secretário particular do grande escultor francês, encarregado inicialmente de sua correspondência estrangeira?

– Foi demitido por Rodin e impedido de entrar no ateliê do escultor por ter respondido algumas cartas sem a aprovação do patrão?

– No Brasil, teve poemas traduzido por Manuel Bandeira e Cecília Meireles?

Rilke criança, vestido pela mãe com roupas de menina

Rilke criança, vestido pela mãe com roupas de menina

Da esquerda para direita: Professor Andreas (marido de Lou Andreas-Salomé), August Endele, Rilke e Lou Andreas-Salomé

Da esquerda para direita: Professor Andreas (marido de Lou Andreas-Salomé), August Endele, Rilke e Lou Andreas-Salomé em 1897

Rilke com Lou Adreas-Salomé e o poeta Spiridon Drozin em 1900

Rilke com Lou Adreas-Salomé e o poeta Spiridon Drozin em 1900

Rilke e Rodin

Rilke e Rodin

No estúdio de Rodin, Clara modela um busto de Rilke

No estúdio de Rodin, Clara modela um busto de Rilke

De Rilke, a Coleção L&PM Pocket publica Cartas a um jovem poeta e Os cadernos de Malte Laurids Brigge.

Flávio Tavares, Pedro Bial, Eduardo Bueno e Che Guevara

Todos eles estiveram juntos no “Conversa com Bial” que foi ao ar no dia 22 de novembro. Vale a pena assistir a entrevista sobre o livro “As três mortes de Che Guevara”, de Flávio Tavares. Em outubro deste ano completou-se 50 anos da morte de Che:

A babá de Robert Louis Stevenson

Era uma vez, em Edimburgo, um menino frágil e sonhador, que nasceu em 13 de novembro de 1850. Como ele passava boa parte do tempo na cama, pois era doente, a babá lhe contava muitas histórias de terror para passar o tempo. Coisa que o garoto adorava (apesar de muitas vezes ter tido pesadelos). A babá chamava-se Alison Cunningham e foi carinhosamente apelidada pelo garoto de Cummy. Então o menino, que se chamava Robert, cresceu, virou escritor e aquelas histórias todas que Cummy contava a ele ajudaram a fazer com que se tornasse um dos maiores autores da literatura de todos os tempos. Robert Louis Stevenson é tão grato a sua babá que chegou a citá-la como sendo uma de suas influências.

O jovem e sonhador Robert, com 7 anos de idade

A L&PM publica A ilha do tesouro na Coleção L&PM Pocket e a versão em HQ da história na série Clássicos da Literatura em Quadrinhos e também O médico e o monstro .

R L Stevenson