Arquivo mensais:março 2012

Verbete de hoje: Glauco

Com o lançamento da nova Enciclopédia dos Quadrinhos“, de Goida e André Kleinert, este Blog publicará, nos domingos, um verbete deste livro. O de hoje é  o brasileiro Glauco (1957-2010).

Glauco Vilas Boas, paranaense de Jandaia do Sul, nasceu em 10 de março. Junto com Angeli e Laerte, formou a trinca dos melhores e mais ativos quadrinistas da contracultura brasileira. Seus primeiros bonecos (ou abobrinhas, como ele gostava de chamar) foram publicados em 1976, no Diário da Manhã, de Ribeirão Preto. Colaborou para as seções de humor Vila Lata e Gol, da Folha de S. Paulo, onde manteve igualmente uma tira diária com o personagem Geraldão. O sucesso da figura – um “Edipão” em estado crônico, cuja frase chave é “amar é espiar a mãe tomando banho” – incentivou Glauco a criar sua revista própria (exatamente Geraldão), que começou trimestral. Com a participação cada vez maior de outros ótimos desenhistas e criadores, Geraldão atingiu um público tão entusiasta quanto o de Chiclete com Banana, de Angeli. Em Geraldão, além das tiras do conhecido personagem, aparecem O casal neuras, Zé do apocalipse, Doy Jorge e Dona Marta. Junto com Laerte e Angeli, Glauco fez seguidamente histórias a seis mãos. Em Geraldão colaboraram Claudio Paiva, Pelicano e Jaca. Glauco, como cartunista, foi premiado no Salão Internacional de Humor de Piracicaba (1977/1978) e na 2a Bienal de Humorismo y Grafica Militante de Cuba, 1980. Teve três livros publicados, Abobrinhas da brasilonia, As minorias do Glauco e Geraldão. Depois de 1990: em revistas, as histórias de Glauco saíram em Bundas (Los Três Amigos, com Angeli e Laerte), Mil Perigos, Interquadrinhos, Geraldinho e Glauco Geraldão. Álbuns e livros: As espocadas de Geraldão (Ensaio/Circo, 1995); Abobrinhas da brasilônia – reedição pela L&PM, em 2006; Geraldão 1: edipão, surfistão, gravidão (L&PM, 2007); Geraldão 2: a genitália desnuda (L&PM, 2007); e Geraldão 3: ligadão, taradão na televisão (L&PM, 2008). Álbuns coletivos: Los Três Amigos (Ed. Ensaio, 1992/1994), com Laerte e Angeli; Os filhos da dinda (Scritta Ed., 1992); e Seis mãos bobas (Jacarandá/Devir, 2006), com Laerte e Angeli. Morreu assassinato, em 2010, junto com o filho Raoni.

Glauco está na Coleção L&PM Pocket

12 de março de 2012 marca os 2 anos da morte trágica e precoce de Glauco.

Invocação à noite

Oh deusa, que proteges dos amantes
O destro furto, o crime deleitoso,
Abafa com teu manto pavoroso
Os importunos astros vigilantes:

Quero adoçar meus lábios anelantes
No seio de Ritália melindroso;
Estorva que os maus olhos do invejoso
Turbem de amor os sôfregos instantes:

Tétis formosa, tal encanto inspire
Ao namorado sol teu níveo rosto,
Que nunca de teus braços se retire!

Tarde ao menos o carro à Noite oposto,
Até que eu desfaleça, até que expire
Nas ternas ânsias, no inefável gosto.

Bocage, O delírio amoroso & outros poemas

Um pouco pro “santo” Bukowski

Hollywood está para Bukowski como Nova York está para Woody Allen: a cidade é sua personagem, seu ponto de partida, o cenário de tantas histórias. Na verdade, Los Angeles foi e continua sendo a casa do velho Buk. Onde se pode visitar seu túmulo, o número 875 da seção “Ocean View” do Green Hills Memorial Park em Rancho Palos Verdes, perto de onde ele viveu com sua esposa, Linda, de 1978 até o dia em que morreu, em 9 de março de 1994, vítima de leucemia. Sua lápide traz um desenho simples de um boxeador junto ao epitáfio “Don´t try” (“Não tente”). Basta perguntar a um funcionário do cemitério e os visitantes são conduzidos ao lugar de descanso de Hank. Segundo consta, é comum os fãs chegarem com uma garrafa de cerveja e derramarem o “líquido sagrado” junto ao túmulo numa demonstração de afeto. “Um pouco pro santo”, como se diz. Só que neste caso, nem tão santo assim…

Há os que dão um gole pro “santo” Bukowski

Há os que deixam a garrafa inteira

A L&PM publica todos os romances de Bukowski, mais contos e poemas.

O homem que amava as mulheres

Na onda de comemorações do Dia Internacional da Mulher, fomos em busca das (várias!) mulheres de Charles Bukowski, um dos escritores que mais as retratou em seus romances, contos e poemas. Como quase tudo que o velho Buk escreveu tem algo de autobiográfico, dá pra tentar adivinhar quais personagens foram inspiradas nestas mulheres.

Bukowski e sua primeira mulher, Barbara Frye, em 1956

Não sabemos quem é a moça, mas o que importa é que o velho Buk parece feliz!

Pelo menos a pose é de intelectual...

Mulheres e álcool, muito álcool.

Noite de autógrafos e de muitos encontros

A noite do lançamento de 1961 – O golpe derrotado, foi um grande sucesso. Cerca de trezentas pessoas estiveram por lá para receber seu autógrafo de Flávio Tavares, jornalista que testemunhou e participou do Movimento da Legalidade junto a Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul. O livro, que conta todas as peripécias da rebelião, é um relato que resgata um importante momento histórico, ao mesmo tempo em queleva o leitor a mergulhar em uma emocionante aventura. A sessão de autógrafos foi precedida por um bate-papo com Flávio e o também jornalista e escritor David Coimbra. O ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra, o prefeito de Porto Alegre José Fortunati, além da neta de Brizola, Juliana Brizola, e o neto de Jango, Christopher Goulart, também foram prestigiar o lançamento.

Dia 20 de março tem mais: Flávio autografará seu livro na Livraria Argumento no Rio de Janeiro.

A noite abriu com um bate-papo entre Flávio Tavares e David Coimbra

Flávio contou histórias da Legalidade como a vez em que, ao telefone, ligou para o arcebispo fingindo ser o Comandante do 3º Exército, General Machado Lopes, e logo depois ligou para este mesmo general fingindo ser o arcebispo para assim marcar um encontro entre eles.

A multidão assistia atenta. Em primeiro plano, segurando alguns livros, a neta de Leonel Brizola, Juliana Brizola

Assim que o bate-papo terminou, as pessoas correram para pegar seu autógrafo

A fila ficou comprida...

E nem o prefeito José Fortunati deixou de pegar a sua dedicatória

A editora das mulheres

Para quem não sabe, a L&PM Editores é a editora das mulheres. Elas estão por tudo. Dominam a produção, a divulgação e a venda. Influem nos lançamentos, na escolha editorial, na escolha dos fornecedores, nas estratégias, enfim, as mulheres são importantes em todos os passos dados pela editora. Em cada livro que você tem em mãos com o selo da L&PM pode ter certeza de que 90% do esforço total que o produziu, veio das mulheres. Então, eu quero homenagear as mulheres da L&PM. Convencionou-se estabelecer o Dias das Mulheres, que é hoje. Para nós este dia é apenas honorífico. Aqui na editora as mulheres nos dominam (os poucos homens que aqui trabalham) 365 dias por ano (em 2012, 366 dias). E graças a elas a L&PM tornou-se a importante editora que é. (Ivan P. M.)

As mulheres da L&PM fotografadas no Dia Internacional da Mulher de 2012 (parte delas, já que algumas estão em São Paulo) / Foto: Ivan Pinheiro Machado

Eba, chegou o Iba

Ontem, 6 de março, a loja virtual Iba, do Grupo Abril, entrou oficialmente no ar e já está entre as maiores de livros eletrônicos do Brasil. A plataforma, que desde o ano passado funcionava em versão experimental, abriu seus trabalhos oferecendo nada menos do de seis mil e-books. Os livros digitais da L&PM agora também podem ser encontrados por lá. “Queremos estar entre as grandes do mercado de e-books”, diz Ricardo Garrido, diretor de operações da Iba. O executivo espera um “aumento gigantesco” na oferta de livros digitais brasileiros nos meses que vêm por aí. A Iba recebeu investimento de R$ 10 milhões e, nos próximos cinco anos, deve consumir um total de R$ 60 milhões. Vai lá dar uma olhada… Tem Jack Kerouac, Agatha Christie, Bukowski e dezenas de outros autores dos cerca de 400 títulos da coleção de e-books L&PM.

Um chope + um livro = dois chopes

Se você for a até a nossa WebTV verá um belo vídeo produzido aqui na casa sobre o lançamento da  “Coleção 64 páginas”. A ideia é passar para os nossos leitores que esta nova série é muito, mas muuuuuuito barata, considerando que é uma escolha editorial de primeiríssima qualidade e os livros têm um acabamento industrial quase de luxo.

Se você paga 6 reais, 7 reais ou, na melhor das hipóteses, 5 reais (me avisem onde) pelo fugaz prazer de um bom chope, imagine pagar os mesmos 5 reais por um livro do seu autor predileto. Nada contra o chope. Nós queremos apenas destacar o fato extraordinário de que você encontra, no País do Livro Caro, um magnífico livro por… 5 reais! Não é ponta de estoque, encalhe, promoção caça níquel. Não. Com o know how, o pioneirismo e a experiência de 15 anos no ramo do livro barato, a L&PM Editores tem inovado sempre quando se trata de livro de bolso. São mais de 1.000 títulos que formam a maior coleção de livros de bolso do Brasil. Portanto, temos autoridade para propor novos e diferenciados produtos visando a satisfação do nosso leitor. Pois foi o leitor, e ninguém mais, que viabilizou esta aventura maravilhosa que é a coleção L&PM POCKET com mais de 20 milhões de livros vendidos na última década.

Para viabilizar este novo e importante projeto, criamos um procedimento industrial que possibilita um custo gráfico excelente, além do fato de serem livros de 64 páginas. São novelas curtas, ensaios, seleção de contos, antologias de poemas de alguns dos grandes autores nacionais e estrangeiros, clássicos e modernos. De Conan Doyle à Bukowski, passando por Tolstói, Tchékhov, Kerouac, Poe, Fernando Pessoa, Mauricio de Sousa e muitos outros, você vai sentir de forma concreta o prazer de ler. Mais do que uma degustação, você terá a plena condição de conhecer obras importantes que fatalmente vão conduzi-lo a vôos mais longos, livros mais alentados que você vai encontrar na própria coleção L&PM POCKET.

Os doze primeiros títulos da “Coleção 64 páginas” já estão a disposição do público em algumas grandes cidades. Mas a partir de 12 de março estará nas melhores casas do ramo e nos milhares expositores da coleção L&PM POCKET por este Brasil a fora. (Ivan Pinheiro Machado).

Os primeiros 12 títulos da "Coleção 64 Páginas"

Testemunha ocular

Por Juremir Machado da Silva*

Flávio Tavares é um jornalista que dispensa apresentações. Está na cena brasileira há mais de 50 anos. Esteve preso no Brasil e no Uruguai. Viveu no exílio. Em 1961, como diz a fórmula consagrada, foi testemunha ocular dos episódios da Legalidade. Mais do que isso, como jornalista de Última Hora, foi protagonista da grande aventura, entrincheirado no Palácio Piratini, ombreando com os heróis do momento. Com base nesse currículo altamente legitimador, Tavares não poderia deixar de apresentar a sua visão do que aconteceu quando o doido do Jânio Quadros renunciou e os reacionários e não menos doidos ministros militares tentaram impedir a posse de Jango, o rico fazendeiro visto como comunista, sendo frustrado pela reação comandada pelo intrépido e desconcertante Leonel Brizola. O relato de Flávio Tavares está em “1961, O Golpe Derrotado – Luzes e Sombras do Movimento da Legalidade” (L&PM), que será lançado hoje à noite em Porto Alegre.

A primeira página do livro de Flávio Tavares já diz tudo com um “efeito credencial”, um altamente legitimador “eu estava lá”, “eu fui parte dos acontecimentos”, “eu vi tudo”, um fac-símile de uma carta enviada pelo autor, no calor da refrega, ao governador Brizola avisando-o da interceptação de uma mensagem de Brasília ordenando (ou sugerindo) a sua prisão em nome da “normalização da ordem pública”. As 231 páginas do livro são uma narrativa minuciosa e sem fissuras dos 13 dias que sacudiram o Brasil, colocaram o Rio Grande do Sul, mais uma vez, na linha de frente das questões nacionais e despertaram o interesse de boa parte do mundo por mais uma tentativa de golpe militar ao Sul do Equador. O golpe em si seguia os padrões tradicionais. A resistência é que se mostrou diferente. Flávio Tavares põe essa diferença em destaque.

Disposto a jogar luz em cima das sombras que encobrem a Legalidade, Flávio dá detalhes de acontecimentos que testemunhou. Por exemplo, dois encontros de Brizola com Che Guevara, em Montevidéu, poucos dias antes da crise brasileira. Essas conversas teriam influenciado Brizola, que teria ficado impressionado com o charme, o carisma e a aura romântica do guerrilheiro argentino convertido em alto mandatário cubano. Depois de churrasquear com Che e vê-lo desafiar publicamente os Estados Unidos no discurso na reunião para a oficialização da Aliança para o Progresso, em Punta del Este, o destemido e idealista Leonel não poderia deixar por menos no seu terreiro de atuação.

O livro começa com uma curiosa descrição de uma situação entre Flávio e um soldado da Brigada Militar dentro do Palácio Piratini. Flávio mostra sua voz de comando: “Um martelo e uma escada comprida, que chegue ao teto. Mas rápido”. O soldado obedece. Flávio sobe, quebra três vitrais na janela oval e abre espaço para instalar uma metralhadora. Guerra é guerra. A grande batalha, como em 1930, não aconteceria. O golpe seria adiado para 1964. O “soldado” Flávio apresentou suas armas naquele dia. Ficaria em guerra por muitos anos. Talvez ainda continue.

*Este texto foi publicado originalmente na coluna de Juremir Machado da Silva no jornal Correio do Povo, na edição de 7 de março de 2012.

Autógrafos do livro 1961: o golpe derrotado

Em Porto Alegre:
HOJE, 7 de março, às 19h, na Saraiva Megastore do Shopping Praia de Belas

No Rio de Janeiro:
20 de março, às 19h, na Livraria Argumento