Arquivo mensais:dezembro 2010

A nova casa de Shakespeare

A imagem 3D dá uma boa perspectiva do projeto

Na cidade de Stanford, Inglaterra, o mês de novembro foi de inauguração. O Royal Shakespeare Theatre, lugar de atuação da Royal Shakespeare Company (RSC), está de casa nova.  Além do novo teatro, o espaço possui um centro de eventos, biblioteca e restaurante panorâmico. A mudança  fundamental para o complexo foi a do teatro. O auditório art déco, com As 1.400 lugares, projetado em 1927, foi demolido e substituído pelo que se destina a ser um palco no estilo da época de Shakespeare, com passagens que levam os atores até a platéia.

A L&PM publica títulos de William Shakespeare, como A comédia dos erros, A megera domada, Romeu e Julieta, Ricardo III , entre outros.

Cuidado ao ler o seu livro!

Atenção para a postura quando estiver lendo. Os médicos aconselham que, para poupar o pescoço e não torturar a coluna, o ideal é usar um suporte para o livro, de preferência com inclinação de 40 graus. E também procurar uma cadeira confortável que deixe toda a coluna apoiada no encosto. No seu livro Pílulas para viver melhor, o Dr. Fernando Lucchese também dá conselhos para uma boa leitura:

– Não leia no escuro. A musculatura em torno dos olhos deforma seus globos oculares na tentativa de adaptá-los à melhor visão. Isto pode tornar sua visão “diferente” em alguns anos.

– Observe o ângulo da leitura, a distância do livro e principalmente sua postura. E não prolongue por muito tempo para evitar o cansaço visual (ardência e vermelhidão nos olhos).

– Cuide da posição de sua coluna vertebral ao ler deitado. Não assuma posições forçadas.

6. O dia em que quase publicamos o livro de Glauber Rocha

Por Ivan Pinheiro Machado*

Certa vez, no inverno de 1977, bem no começo da L&PM, nós recebemos uma carta estranha. O remetente assinava G. Rocha. O endereço era Rua Borges de Medeiros, numero tal, Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro. Abri a carta. Naquela época, meros iniciantes, não era comum recebermos cartas. Era um texto denso, datilografado em duas páginas de papel ofício, espaço um. A assinatura era de Glauber Rocha, o autor de “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, “Terra em transe”, “Dragão da maldade contra o santo guerreiro” entre outros clássicos do cinema “brazyleyro” – como ele gostava de escrever – e mundial. Glauber queria publicar a sua obra. Ele mencionava “vários livros”, e especialmente uma “História do Cinema”. Segundo ele escrevia na carta de junho de 1977:“minha História do Cinema” tem 1.000 páginas (…), é um livro original porque eu revelo entrevistas inéditas com cineastas do mundo todo e conto a História do ponto de vista de um cineasta que viveu por dentro da cozinha. O livro trata do cinema em todos os lugares, do início do século até hoje. Conto a verdadeira história do Cinema Novo, quinze anos de política e cultura. Não existe bibliografia de cinema que preste no Brasil”. Ele prosseguia propondo um acordo editorial prevendo adiantamento e uma percentagem de 10% sobre o preço de capa, assegurando a ele os direitos para o exterior. E encerrava assim: “Não quero enviar originais pelo Correio. Mandem alguém aqui, ou venham aqui. (…) As editoras tem que financiar os autores… Acontece que temos poucos autores modernos depois que morreram Erico Veríssimo, Guimarães Rosa… Jorge Amado é o último romancista popular… No entanto, nossa literatura é uma criança, como nossa sociedade…” . Ele indicava um telefone. Liguei e atendeu uma voz feminina com um sotaque castelhano. Identifiquei-me, combinamos dia e hora para uma reunião e fui para o Rio. Por coincidência, viajei com um amigo meu, o Nilo Lopumo, que acabou sendo testemunha do périplo de três visitas que cumprimos juntos a um apartamento em um edifício de luxo na Lagoa Rodrigo de Freitas.

O clímax e o anticlimax – Ao sair do elevador, sentia-se um cheiro acre de “canabis” por todo o andar. Indo atrás do cheiro, chegava-se ao apartamento 501, emprestado por um amigo psiquiatra a Glauber Rocha e sua namorada, uma deslumbrante loura colombiana. Quando entramos no belíssimo apê com vista para a Lagoa, o grande Glauber começou um longo, brilhante e exaltado monólogo sobre sua obra como escritor e o potencial cinematográfico que a história do Rio Grande do Sul possuía. Ele sugeria uma filmagem da Guerra dos Farrapos, com Marlon Brando no papel de Bento Gonçalves. “Eu ligo pra ele e faço o convite. Ele me conhece. Este tipo de astro topa trabalhar num filme por uma participação na bilheteria”. E sugeria que Anita Garibaldi fosse a Sandra Braga que, segundo ele, era perfeita para o papel, “ela nasceu para ser a Anita Garibaldi”. Por fim, nos mostrou dois calhamaços datilografados com mais ou menos 500 páginas cada um. O primeiro era uma coletânea de “ensaios e observações filosóficas” e o segundo calhamaço era um “romance épico” que se chamaria “Django”, baseado na vida de Jango Goulart, o presidente deposto pelo golpe de 1964. “Depois eu mostro a História do Cinema”. Eu e o Nilo, vindos lá do extremo do Brasil, observávamos perplexos aquela explosão verborrágica. Ele tinha uma fluência impressionante. Falava sobre o momento de abrandamento da ditadura, da genialidade de Golbery do Couto e Silva, o Ministro da Casa Civil, que seria o “grande artífice do desmonte do regime”, era “o Gênio da raça”, frase que ele repetia sempre quando se referia ao Golbery e que já ficou célebre. Depois de quatro horas de discursos, fomos embora. Combinamos voltar no outro dia para resolver os detalhes, pois ele me entregaria os originais de “Django”, dos ensaios & filosofia que eu não consigo lembrar o título e da tal “História do Cinema” de 1.000 páginas. Voltamos conforme o combinado. Foi mais uma sessão de discursos brilhantes. Não vimos mais original nenhum, ele só falava, falava e, de tempos em tempos, fazia uma longa pausa arfando, exausto. Descansava um pouco e voltava a falar, falar. A conversa acabou no começo da noite porque sua mulher lembrou que eles tinham que prestigiar a pré-estréia de “Dona Flor e seus dois maridos”, o romance de Jorge Amado, filmado por Bruno Barreto. Ficamos de voltar no outro dia às 15 horas para pegar o material. Conforme o combinado, cheguei às 15 horas ao apê da Lagoa. Apertei a campainha. A loura atendeu a porta e sem me convidar para entrar disse constrangida: “o Glauber não pode atender, mas manda dizer que desistiu de publicar os seus livros…”. E encerrou o assunto, fechando a porta. Eu fiquei ali parado por uns dois minutos tentando absorver aquele desfecho surreal. À noite voltamos para Porto Alegre. Sem livro nenhum, mas com esta incrível história para contar…

Para ler o próximo post da série “Era uma vez uma editora…” clique aqui.

Livros melhoram o trânsito do Egito

E se no engarrafamento caótico das ruas da sua cidade você tivesse a oportunidade de ler um bom livro? Esta é a proposta do  Táxi do conhecimento, que circula nas ruas do Cairo, Egito.  A iniciativa oferece literatura aos passageiros para ajudá-los a se distrair do barulho e dos engarrafamentos diários e, também, incentiva a leitura. O Egito tem 17 milhões de analfabetos. Até agora 50 veículos do Cairo contam com uma pequena biblioteca no banco de trás, mas os responsáveis pelo projeto acreditam que em 2011 será possível ampliar o serviço e chegar aos 2 mil táxis. A iniciativa da empresa de transporte pretende incentivar a leitura e ajudar a reduzir a taxa de analfabetismo no país, já que apenas 58% dos egípcios adultos sabe ler e escrever.

 

Os bonecos escritores

Oscar Wilde, célebre, respeitado e excêntrico escritor ficou famoso não só por suas peças de comédia e ironia, mas também por usar roupas sempre muito diferentes das usadas no seu tempo. O Oscar Wilde Action Figure é um boneco que dá vida ao grande dramaturgo inglês e, é claro, vem vestido à caráter.  Além de Wilde, outros escritores como  Edgar Allan Poe, Jane Austen, Arthur Conan Doyle e Freud fazem parte da coleção. Veja outros personagens aqui.

Lendo Walden

Por Denise Bottmann*

Dizem que Thoreau fez três coisas quando morava em Walden: escreveu Uma semana nos rios Concord e Merrimack, foi preso por não ter pagado o imposto do município e escreveu muitas notas que vieram a fazer parte de sua obra mais famosa, Walden.

Já comentei que a leitura de Walden às vezes pode ser opaca, embora todas as pistas estejam lá. É o caso de uma passagem belíssima, onde se mesclam ironias, coloquialismos, metáforas, repetições, jogos de palavras e outras figuras de estilo, misturam-se planos temporais, fazem-se digressões de caráter geral e apenas insinua-se o sentido:

Não faz muito tempo, um índio andarilho foi vender cestos na casa de um famoso advogado de minha vizinhança. “Querem comprar cestos?”, perguntou ele. “Não, não queremos”, foi a resposta. “O quê!”, exclamou o índio ao sair pelo portão, “querem nos matar de fome?” Tendo visto seus industriosos vizinhos brancos tão bem de vida – que bastava o advogado tecer argumentos e, por algum passe de mágica, logo se seguiam a riqueza e a posição –, ele falou consigo mesmo: vou montar um negócio; vou tecer cestos; é uma coisa que sei fazer. Pensando que, feitos os cestos, estava feita sua parte, agora caberia ao homem branco comprá-los. Ele não tinha descoberto que precisava fazer com que valesse a pena, para o outro, comprá-los, ou pelo menos fazê-lo pensar que valia, ou fazer alguma outra coisa que, para ele, valesse a pena comprar. Eu também tinha tecido uma espécie de cesto de tessitura delicada, mas não tinha feito com que valesse a pena, para ninguém, comprá-los. Mas nem por isso, em meu caso, deixei de pensar que valia a pena tecê-los e, em vez de estudar como fazer com que valesse a pena para os outros comprar meus cestos, preferi estudar como evitar a necessidade de vendê-los. A vida que os homens louvam e consideram bem-sucedida é apenas um tipo de vida. Por que havemos de exagerar só um tipo de vida em detrimento dos demais?

Vendo que meus concidadãos não pareciam dispostos a me oferecer nenhuma sala no tribunal de justiça ou nenhum curato ou sinecura em qualquer outro lugar, mas que eu teria de me arranjar sozinho, passei a me dedicar em caráter mais exclusivo do que nunca às matas, onde eu era mais conhecido. Decidi montar logo meu negócio, em vez de esperar até conseguir o capital habitual, usando os magros recursos que eu já tinha. Meu objetivo ao ir para o lago Walden não era viver barato nem viver caro, e sim dar andamento a alguns negócios privados com o mínimo possível de obstáculos; mais do que triste, parecia-me tolo ter de adiá-los somente por falta de um pouco de siso, um pouco de tino empresarial e comercial.

A que “negócios privados” Thoreau queria dar andamento ao se mudar para Walden? E que “cesto de tessitura delicada” seria aquele para o qual não conseguiu compradores?

Por muitos anos Thoreau alimentou a vontade de ir morar sozinho na mata, e vários elementos se compuseram para que decidisse ir para Walden. A oportunidade propícia surgiu quando Emerson comprou uma propriedade no local. O poeta Ellery Channing, conhecendo os anseios do amigo Thoreau, sugeriu que se instalasse lá. Thoreau combinou com Emerson, e assim foi.

Mas uma das ideias que por anos vinham ocupando seu espírito era fazer uma homenagem à memória ao irmão, falecido em idade prematura em 1842, e escrever um livro narrando a excursão que ambos tinham feito em 1839, percorrendo os rios Concord e Merrimack. Morando em Concord, não tinha o vagar e a liberdade mental de que precisava para escrever a obra. Estes eram os “negócios privados” (ou assuntos particulares) a que queria dar andamento “com o mínimo de obstáculos”.

Tendo efetivamente escrito A Week on the Concord and Merrimack Rivers durante sua permanência em Walden, o livro foi publicado em 1849. Nos anos em que refletiu sobre a experiência em Walden e reelaborou essas reflexões ao longo de cinco a sete versões diferentes de Walden (que viria a ser publicado em 1854), Thoreau pôde conhecer a fortuna do tributo que fizera ao irmão: um fracasso de vendas – duzentos exemplares vendidos em quatro anos… Diga-se de passagem que apenas em décadas recentes tem-se reconhecido a finíssima lavra de A Week: até então, era tida como obra canhestra e desconjuntada.

Assim se entende qual era o cesto de delicada tessitura que ninguém se interessara em comprar… Notem-se os movimentos temporais: o parágrafo inicial é uma reflexão posterior ao relato apresentado no parágrafo seguinte; dentro do inicial, há também uma sutil circunvolução: o episódio do índio funciona como uma espécie de justificativa a posteriori de sua decisão em adotar uma forma de vida que lhe permitisse tecer seus textos/cestos em paz, sem a premência de vendê-los. Vivendo em Walden, pôde construir uma narrativa com trama de singular e complexo lirismo, que demandaria mais de cem anos para vir a ser devidamente reavaliada.

De passagem, entende-se também o sentido, de outra forma obscuro, do adjetivo triste: “mais do que triste, seria tolo” adiar seus planos de construir o memorial ao irmão, se fosse apenas por questões de fundo pragmático.

Outra característica de Walden, também ilustrada nos trechos acima: as referências, em sua imensa maioria, são concretas. O episódio do índio é autêntico, e Thoreau chegou a registrar em seu diário o nome do advogado (Samuel Hoar, figura muito conhecida na cidade).

(Uma boa fonte de consulta é a bela edição anotada de Walden com introdução e notas de Walter Harding, Houghton Mifflin, 1995. Também interessante é The Thoreau Reader, site com suas obras anotadas. Ilustração: verso de página da primeira edição de A Week, em exemplar pessoal de Thoreau. Citação dos trechos: Walden, tradução minha, L&PM, 2010, pp. 31-32. Para o original, ver aqui.)

*Denise Bottmann é tradutora de Walden, publicado pela L&PM. Semanalmente Denise escreve no seu blog Não gosto de plágio


As bonecas da aniversariante Emily Dickinson

Hoje é aniversário de Emily Dickinson. Nascida em 10 de dezembro de 1830, em uma casa chamada The Homestead, seus 1.775 poemas só foram descobertos depois de sua morte, em 1886. Aproveitamos a data comemorativa para mostrar aqui algumas bonecas da escritora que estão à venda no Ebay, o site onde é possível comprar de tudo no mundo.

Da famosa Madame Alexander, essa Emily vem com um livrinho e é vendida no Ebay por preços que variam de U$ 65 e U$ 95

Fofa, de pano, e custa apenas U$ 9,99

A boneca Emily que é um pote e vem com certificado é vendida por U$ 14,99

 Se no lugar de bonecas, você prefere mesmo literatura, a L&PM publica, na coleção POCKET Plus, Emily Dickinson, poemas escolhidos, em edição bilingue e com tradução de Ivo Bender.

Vem chegando o verão

A previsão para os próximos meses é de um verão mais quente no Brasil…Você já sabe a velha história, não esqueça o filtro solar. E tome muita, mas muita água. Não gosta de beber água? Então anote a receita deste delicioso suco sugerido por Helena e Ângela Tonetto no livro Alimentação Saudável – Dicas e receitas

Suco green (Rende 2 copos – 78 kcal por copo)

Ingredientes

Suco de 1 limão

1 colher de sopa de hortelã

1 xícara de melão picado

4 filhas de agrião

1 xícara de chá de gelo picado

1 colher de sopa de essência de menta

2 fatias de kiwi sem casca ( para decorar)

Adoçante a gosto

Modo de preparo

Bata todos os ingredientes no liquidificador, menos o kiwi.

Coe com uma peneira e distribua em dois copos com uma pedrinha de gelo.

Decore com as fatias de kiwi

Encontradas obras desconhecidas de Picasso

O mundo da arte ficou atônito na última semana com a descoberta de 271 obras de Pablo Picasso. Sim, isso mesmo. Duzentas e setenta e uma obras desconhecidas de Picasso. São quadros até agora inéditos, do homem que revolucionou a pintura do Século Vinte. Estavam na posse de um electricista que trabalhou com ele na Côte d’Azur, e tentava certificar as obras. A coleção data do período mais criativo do artista, de 1900 a 1932. Entre as obras estão colagens cubistas, uma aquarela do período azul, alguns guaches, estudos de mãos em tela, cerca de trinta litografias, além de 200 desenhos. Claude Picasso, filho do grande pintor, disse que seu pai era conhecido por sua generosidade, mas sempre dedicava, datava e assinava seus presentes, pois sabia que alguns dos presenteados tentariam vender o material algum dia. A justiça francesa trabalha para desvendar o mistério.

Um dos estudos de mão em tela encontrados com Pierre Le Guennec, o eletricista que supostamente recebeu as obras de presente de Picasso

A L&PM publica Picasso, na Série Biografias.