Uma visita às casas de Tchékhov

Anton Pavlovitch Tchékhov nasceu em Tagan­rog, sobre o Mar de Azov, em 29 de janeiro de 1860, terceiro dos seis filhos de um pequeno comerciante chamado Pável Iegórovi­tch Tchékhov. Atualmente, a casa onde o escritor russo nasceu ainda está lá e é aberta aos visitantes. A “Birth House of Anton Chekhov” fica localizada na Rua Ulitsa Chekhova, 69 em Tangarog e é possível ver fotografias, objetos e documentos utilizados pelo pai do escritor:

Entre o outono de 1886 e a primavera de 1890, Tchékhov viveu em Moscou, no endereço Sadovaya – Kudrin Skaya número 6. Esta casa também virou museu e recebe os visitantes para mostrar os cômodos e objetos que um dia foram de Tchékhov:

Entre 1892 e 1899, Tchékhov viveu e trabalhou na Vila de Melikhovo, há 70 quilômetros de Moscou. A casa, localizada na W1355 virou o Museum – Reserve of A. P. Chekhov “Melikhovo” e também preserva a memória do escritor:

De 1899 a 1904, quando faleceu, Tchékhov viveu em Yalta, na Ucrânia, onde plantou uma imensa variedade de árvores, incluindo cerejeiras, pessegueiros, ciprestes e acácias. A irmã do escritor viveu nesta casa até 1921, quando ela então virou o museu “White Dacha” (Casa Branca) que até hoje exibe objetos de família, fotografias e materiais literários. Esta casa museu fica na Rua Kirova, 112:

Se você for visitar a Rússia, não deixe de fazer esse roteiro! E melhor ainda se levar os livros de Tchékhov na mala. Clique aqui para ver todos os títulos de Tchékhov publicados na Coleção L&PM Pocket.

200 anos de “Orgulho e Preconceito”

Em 28 de janeiro de janeiro de 1813, chegava às livrarias da Inglaterra aquele que se tornaria o romance mais famoso de Jane Austen: Orgulho e preconceito. Em 2003, a BBC de Londres realizou uma enquete que elegeu este livro como o segundo “Livro mais amado pelos leitores do Reino Unido”. Ivo Barroso, em sua introdução para a edição da Coleção L&PM Pocket, explica um pouco a razão de tanto amor:

Jane Austen conseguiu criar personagens vivos e inesquecíveis com sua arte de pintar em subtons e nas entrelinhas o mundo provincial onde transcorreu sua pobre e curta existência. Somente através de uma observação vívida poderia essa “boa tia” transcender os parcos limites do serão familiar para projetar seus personagens na galeria dos grandes vultos criados pela tinta negra. E a despojada forma de seu estilo os preserva ainda hoje, saborosos e latentes, em meio aos milhares de poderosos vultos que nestes 190 anos vieram enriquecer a literatura mundial. (…) Jane é espirituosa, é sarcástica, é gozadora. Os aspectos cômicos da pequena aristocracia inglesa são por ela expostos ao ridículo por meio das fraquezas vocabulares e das gafes. Em seus livros abundam as futricas e os mal-entendidos. Neles quase não há descrições; estão praticamente ausentes de paisagens, mesmo porque a autora muito pouco viajou. Toda a ação se passa no interior das residências, é induzida através dos diálogos ou das cartas. Mas que maneira espantosa de reproduzir tais diálogos ou de escrever tais cartas! Por eles, mesmo em tradução, Jane Austen nos permite avaliar o grau de educação ou a ignorância do personagem e situá-lo na escala social. (…) Aqui, em Orgulho e preconceito, a lenta caracterização da figura de Fitzwilliam Darcy, evoluindo de uma pessoa antipática e pretensiosa para, num timing perfeito, se mostar magnânimo e providencial na reabilitação de Lydia (irmã mais nova de Elizabeth Bennet, a principal personagem feminina); a guinada transcendente que nos leva a reconsiderar sua atitude reservada e distante dos primeiros momentos, capaz de provocar em nós, como leitores, uma certa aversão por esse nobre afetado, ao sabermos finalmente que ele foi, desde o início, um enamorado precavido e respeitoso, compensando, no fim, a heroína Elizabeth por todo o sofrimento e as dúvidas que teve a seu respeito – todas essas fabulações e artimanhas de Jane Austen, esses enredos e quiproquós que animam os seus relatos, e que foram, depois dela, utilizados milhares de vezes para movimentar as novelas e os folhetins – servem para evidenciar seu talento de escritora, seu espírito de observação, sua penetração psicológica, ou, reafirmamos, ainda que possa parecer paradoxal, sua “modernidade”. Embora tenha sido publicado em 1813 como seu segundo livro, Orgulho e preconceito é, na verdade, a primeira tentativa de Jane para ver um manuscrito seu impresso. Com o título inicial de First Impressions (Primeiras impressões), a novela, composta entre outubro de 1796 e agosto de 1797, não chegou a realizar aquele sonho, tendo sido recusada pelo editor Thomas Cadell. Duramente retrabalhados, os originais, sob a nova denominação de Pride and Prejudice, foram finalmente vendidos ao editor Thomas Egerton, que os publicou em três volumes encadernados, dezesseis anos depois. (Trecho da introdução de Ivo Barroso para a edição de Orgulho e preconceito, Coleção L&PM Pocket)

Para marcar o bicentenário da primeira publicação de “Orgulho e preconceito” a L&PM vai premiar a melhor imagem inspirada na história mais famosa de Jane Austen. Leia o regulamento e descubra como participar lá no tumblr “Orgulho e preconceito – 200 anos”, criado especialmente para a promoção: http://orgulhoepreconceito200anos.tumblr.com/

Modigliani, Klimt e Degas por Peter Lindbergh

O fotógrafo Peter Lindbergh fez um ensaio com a atriz Julianne Moore para a revista Harper’s Bazaar em que ela aparece reproduzindo obras famosas de grandes pintores. A mais emblemática, talvez, seja a releitura de “Woman With a Fan” de Amedeo Modigliani.

Vale a pena conhecer as outras releituras que incluem a do quadro “Adele Bloch Bauer I” de Gustav Klimt e “Little Dancer, Aged Fourteen” de Edgar Degas.

Modigliani no paraíso dos escultores

A meningite tuberculosa que o consumia há tanto tempo piorara subitamente. Na noite de sábado 24 de janeiro [de 1920], às 20h50, sem sofrer, pois fora posto para dormir com uma injeção, Amedeo vai ao encontro do paraíso dos escultores.

(…)

Hanka e Ortiz levaram a triste notícia a Jeanne. Ela estava quase parindo. Eles ficaram longo tempo com ela. A pequena Paulette Jourdain a acompanhara a um hotel na Rue de Seine, onde ela passara o resto da noite. Na manhã seguinte, ela fora até a Charité com seu pai para ver Amedeo. Moïse Kisling e outro pintor amigo seu, Conrad Moricand, haviam tentado, sem conseguir, fazer um decalque de seu rosto. Por fim, com restos de gesso Lipchitz fizeram doze moldes que foram distribuídos aos amigos de Modigliani e aos membros de sua família. Um rabino fizera a oração dos mortos.

Quando entrara no quarto em que ele jazia, Jeanne aproximara-se, olhara-o por longo tempo, depois, segundo Francis Carco, cortara uma mecha de seus cabelo, que colocara sobre o peito de seu bem-amado e saíra sem dizer uma palavra para reunir-se aos Zborowski e os amigos que a esperavam. À tarde, ela voltara para a casa de seus pais, na Rue Amyot.

(…)

André Hébuterne, o irmão de Jeanne, passara grande parte da noite seguinte com ela, em seu quarto, para fazer-lhe companhia. Mas com a proximidade da aurora ele deve ter adormecido, e Jeanne aproveitara o momento para atirar-se da janela do quinto andar.

(…)

O funeral de Modigliani foi imponente. Como a família de Amedeo não tivera como conseguir passaportes, pois a Itália ainda estava em guerra, Moïse Kisling organizara uma arrecadação junto aos amigos para as exéquias.

(…)

Na terça-feira, 27 de janeiro, mais de mil pessoas seguiram, num silêncio impressionante, o carro fúnebre florido puxado por quatro cavalos negros. Todos os amigos de Modigliani estavam lá: Max Jacob, André Salmon, Moïse Kisling, Chaïm Soutine, Constantin Brancusi, Ortiz de Zarate, Gino Severini, Léopold Survage, Jacques Lipchitz, Andre Derain, Fernand Léger, André Uttre, Suzanne Valadon, Maurice Utrillo, Kees van Dongen, Maurice de Vlaminck, Foujita, a infeliz Simone Thiroux, as modelos e vários outros. Vendo a polícia parar o trânsito nos cruzamentos, Pablo Picasso murmurara no ouvido de Francis Carco:
          – Veja, agora ele foi vingado.
Léon Indenbaum disse:
          – No fundo, Modigliani se suicidou.
Em silêncio, Léopold Zborowski lembrava que pouco antes de morrer Amedeo lhe dissera: “Não se atormente. Em Soutine, deixo-lhe um homem de gênio”.

(…)

Toda Montmartre e todo Montparnasse, mesmo os garçons dos cafés que muitas vezes o colocaram para fora das espeluncas, todo mundo estava no Père-Lachaise, seus amigos, seus inimigos, seus admiradores.

(Trechos de Modigliani, de Christian Parisot, Série Biografias L&PM)

O charmoso Amedeo Modigliani em 1916 no seu ateliê

A linda Jeanne Hébuterne, o grande amor de Modigliani, que suiciou-se poucos dias depois da morte do amado, quando estava grávida do segundo filho deles

Modigliani ao lado de Pablo Picasso e André Salmon que depois estariam presentes em seu funeral

A máscara mortuária de Modigliani, cujo modelo foi feito no dia de sua morte, em 24 de janeiro de 1920

O encontro de Oscar Wilde e Walt Whitman

Usando um casaco de pele verde, o jovem poeta irlandês Oscar Wilde  desembarcou no porto de Nova York em janeiro de 1882 para uma série de palestras. A cosmopolita NY o recebeu de braços abertos e a imprensa norteamericana celebrou sua exuberância. Na Filadélfia, sua segunda parada, ele falou que gostaria muito de conhecer o também poeta Walt Whitman. Informado disso, Whitman mandou-lhe um recado, dizendo que estaria em casa entre duas e três e meia da tarde.

Whitman vivia em Camden, em uma casa nada luxuosa, com o irmão e a cunhada. Embora ambos os escritores fossem altos, seus figurinos contrastavam bastante. No encontro, enquanto Wilde vestia, como sempre, roupas elegantes, Withman estava com uma blusa rude, feita em casa. Ao chegar, a primeira coisa que o visitante disse foi “Venho como um poeta visitando outro poeta” e, em seguida, descreveu ao anfitrião como, na infância, sua mãe lia Folhas na relva em voz alta para ele. Lisonjeado, Withman abriu uma garrafa de vinho de sabugo, feito pela cunhada, e ofereceu a Wilde. “Vou chamá-lo de Oscar”, ele disse. Depois de beberem toda a garrafa, continuaram conversando sobre poesia no escritório de Withman.

Anos mais tarde, recordando-se daquela tarde, um amigo de Wilde, conhecendo seu gosto refinado, observou que devia ter sido difícil para ele beber o vinho de sabugo. Foi quando o autor de O retrato de Dorian Gray disse: “Se fosse vinagre, eu teria bebido do mesmo jeito”.

O rude Walt Whitman e o elegante Oscar Wilde se encontraram em 1882

 Oscar Wilde é um dos títulos da Série Biografias L&PM.

Maquiagem inspirada em Andy Warhol chega ao Brasil

A edição limitada de maquiagens da marca NARS, criada em homenagem a Andy Warhol, chegou ao Brasil este mês, via Sephora.  A linha, feita em colaboração com a fundação Andy Warhol, é um sonho de consumo para as amantes do make-up. Não apenas pelas cores super moderna, mas também pelo design das embalagens.

Algumas sombras, por exemplo, não apenas possuem uma palheta de cores igual a de alguns quadros de Andy Warhol como reproduzem as flores e um auto-retrato do artista. Além delass, há batons, delineadores, blush, iluminador e mais esmaltes em tonalidades que refletem o universo pop de Warhol.

A linha já está à venda no e-commerce brasileiro da Sephora e na loja da rede no Rio de Janeiro, com lançamento em São Paulo previsto para a última semana de janeiro.

Neste vídeo, o criador da linha conta que é fã da obra de Andy Warhol:

Para os que querem conhecer mais sobre o artista que eternizou a frase “Um dia todos terão direito a quinze minutos de fama”, a L&PM publica Andy Warhol na Série Biografias, Diários de Andy Warhol em dois volumes e América, livro que traz fotos feitas por ele.

O insight de Freud

No verão de 1895, Freud passava o verão no castelo de Bellevue, no topo da colina Grinzing, próximo à Viena, quando teve o insight que faria com que seu trabalho se tornasse ainda mais significativo. Na noite de 23 para 24 de julho, ele teve o que chamou de “sonho da injeção de Irma”, o sonho que lhe mostrou como associar sonhos e desejos e que daria origem à sua maior obra: A interpretação dos sonhos. Pouco depois disso, ele escreveu uma carta em tom jocoso a seu amigo e colega Wilhelm Fliess dizendo que talvez um dia, naquele local, fosse colocada uma placa onde todos poderiam ler: “o segredo dos sonhos foi revelado ao Dr. Sigmund Freud em 24 de julho de 1895”.

A previsão freudiana estava certa. Em 6 maio de 1977, uma placa foi posta no exato lugar em que Freud teve a sua “revelação” com a exata frase que ele havia escrito a Fliess.

O castelo de Bellevue, em que Freud passou seu inesquecível verão de 1895, já não existe mais e em seu lugar hoje há um restaurante.

A placa que hoje existe no lugar em que Freud teve o seu insight

 A L&PM publica, pela primeira vez no Brasil, A interpretação dos sonhos traduzida direto do alemão.