Eu já estava na movimentada Calle Layetana, embarcando minha bagagem no táxi que me levaria ao aeroporto. Dei adeus e abracei minha amiga que incansavelmente me conduziu pelas calles e caves de Barcelona. Isso durou dois minutos. Quando me virei para pegar minha bolsa (onde estava tudo, inclusive passaporte), não havia nada. Centenas de pessoas passavam apressadas e uma me disse, “ele foi por ali”. Por instinto eu saí correndo numa velocidade que faria inveja a um velocista jamaicano. De repente eu vi o sujeito no meio da multidão. Reconheci pela alça que tem cor diferente da bolsa. Acelerei mais ainda diante dos pedestres e turistas perplexos e a uns cinco metros do sujeito gritei “ladron!”. Ele tentou correr e, num instante de irreflexão, pulei na garganta dele. Ele caiu e me olhou apavorado. Arrancou a bolsa, atirou-a em mim e se perdeu a toda velocidade pela Calle Princesa, uma transversal da Layetana. Meus batimentos cardíacos estavam, provavelmente, em 440. Pensei em ligar para o Dr. Lucchese… Alguns transeuntes vieram até mim indagando se estava tudo bem com uma admirada solidariedade. E eu saí passo a passo, agarrado na minha bolsa. Aos poucos as nuvens foram se dissipando e o sol apareceu radiante banhando de luz os telhados de Barcelona. Peguei o táxi finalmente. Meu destino é Paris. Amanhã começa o Salão do Livro. Apesar do incidente saio com as mais gratas lembranças dessa cidade amável, linda, onde quero voltar sempre. E espero que em Paris eu não precise utilizar novamente meu lado Bourne…
Restauração de O quarto ganha blog
Mestre da pintura, dono de uma vida polêmica e inovador no uso das cores, Van Gogh tem mais um item de pioneirismo. Dessa vez, sob a responsabilidade do museu que leva seu nome, naturalmente.
A obra O quarto, pintada em 1888, foi retirada de exposição para restauro. Até aí, nada de novo. A diferença é que a equipe responsável por devolver as cores da obra de Van Gogh criou um blog com o passo a passo do restauro.
Confere aqui como está o trabalho. E aqui, mais sobre a biografia de Van Gogh, lançada pela L&PM.
Picasso de Barcelona
Pablo Picasso nasceu em Málaga em 1881 e morreu em seu castelo em Mougins, na França, em 1973. Aprendeu a ler e a desenhar na Andaluzia. Mas foi em Barcelona, para onde a família se mudou em 1895, que ele tornou-se o Picasso que o mundo reverencia.
E a gênese da transformacao do jovem precoce em gênio está detalhada nas paredes do belíssimo prédio do seculo XIII, na estreita Calle Montcada, 15, no Bairro Gótico em Barcelona. Há obras de Picasso nos mais importantes museus e nas coleções particulares mais exclusivas do mundo. Mas em nenhum outro lugar é possível aos leigos e amadores entenderem de forma tão imediata por que ele se tornou o grande astro da arte do século XX. Porque aqui estão seus primeiros trabalhos.
Segundo ele mesmo, “aos 12 anos já desenhava como Rafael”. E aqui isso está provado, na virtuose e habilidade que ele mostra nos quadros dos seus 14, 15 e 16 anos. Há uma série impressionante de retratos de amigos, notivagos, bailarinas, cujo traço perfeito e clima melancólico daria origem ao seu início triunfal em Paris com as séries azul e rosa. São 213 quadros a óleo e 681 desenhos. Da fase da maturidade estão expostos 54 quadros da série “Meninas”, de 1957 (em que parodiava Velásquez), doada ao Museu pelo mestre em vida. Estes quadros são emblemáticos da grande revolucao na carreira do pintor, quando ele escandalizou o mundo esfacelando a figura humana que tão magistralmente ele construíra nas telas da adolescência e que estão penduradas nas paredes do museu da Calle Montcada.
O outro lado de Carol Teixeira
Falta pouco para você conhecer o Lado C, mais um programa exclusivo da nossa L&PM Web TV. A produção e apresentação é de Carol Teixeira que, a cada novo episódio, mostrará o lado desconhecido de uma cidade, quem sabe o lado escondido de uma livraria, de repente o lado mais divertido de um evento cultural. No programa de estréia, Carol passeia pelos bairros Prenzlauer berg e Mitte, que ficam no lado ex-comunista de Berlim, com direito a parada em livraria e tour por museus. Lado C está em fase de finalização e, breve, será exibido em uma tela perto de você. Avisaremos quando começar.
As curvas eternas de Gaudí
Cultuado como um mágico das formas, a presença de Gaudí é imensa em Barcelona. Autor da mais célebre obra inacabada do planeta (começou a ser construída e projetada em 1886 e segue em obras), o templo da Sagrada Família, Gaudí é único na historia da arquitetura mundial. Sua obra é baseada na alucinante combinação de curvas e surpresas. Suas criações se estendem pela cidade, em prédios de formas improváveis e beleza sinfônica tal é a profusão de materiais, estilos e invenções.

Park Güell e as torres da ainda inacabada Sagrada Família, ambas projetadas por Gaudí / Fotos: Ivan Pinheiro Machado
Nem Miró, nem Picasso, nem Dalí: o símbolo gráfico da cidade de Barcelona são as torres da Sagrada Família estilizadas num elegante bico de pena que acompanha todas as campanhas e materiais publicitários que promovem a cidade.
Aqui Gaudí é uma presença física constante de qualquer perspectiva que se olhe a cidade. Suas enormes e enigmáticas construções transcendem a arquitetura e têm o impacto de gigantescas esculturas. Mesmo concebidas um século atrás ainda intrigam e deslumbram como só a grande arte é capaz de fazer.
Snoopy na estante de casa
por Tássia Kastner*
Peanuts completo é edição de colecionador. Eu mesma não consegui resistir e li todo o segundo volume enquanto ele ainda estav
a na fase de revisão. A evolução do traço de Schulz para Charlie Brown, Snoopy e toda a turma podem ser acompanhados nessa coleção.
Para quem é muito fã, o Universo HQ avisou hoje pelo Twitter dessa mini-escultura do Snoopy, que vai ser lançada em edição limitada (e numerada). São apenas 950 unidades, e a estatueta tem a aparência das tiras da década de 50 (confere no Peanuts completo – 1950 a 1952).
E aí descobrimos que já havia sido divulgada a pequena estátua do Charlie Brown. Elas chegam às lojas, em terras gringas ao que tudo indica, a partir de julho.
* Tássia é assessora de imprensa da L&PM
Furacão em Barcelona
Barcelona comecou a semana com uma chuva fina, friozinho de 12 graus e um furacão. Chama-se furacão Leonel Messi, que os barceloneses chamam carinhosamente de Leo. Os jornais esgotaram os adjetivos do rico idioma espanhol: genial, incrível, mágico, extraordinario, era o mínimo que estava impresso qualifiicando a semana vivida pelo craque argentino. Oito gols em três jogos. Além do desempenho recorde e, como dizem os jornais aqui, fantástico, a crônica louva a modéstia de Messi. Poderia ter feito o seu quarto gol na vitória do seu Barcelona ontem sobre o Zaragoza. Mas preferiu deixar para o atacante Ibra, cobrado pela torcida pelos poucos gols que tem feito. Também, pudera. Messi nao deixa espaço e assim vai fazendo com que os adjetivos – que muitos consideram um pecado estilístico no jornalismo – invadam as manchetes e as matérias dos jornais espanhois.
Ficamos aqui nesta bela cidade, berço de Antonio Gaudí, Pablo Picasso, Salvador Dalí e outros tantos gênios até quinta e na sexta de manhã estaremos na Porte de Versailles em Paris para olhar e cobrir para este blog o 30° Salão do Livro de Paris.
Começa na sexta-feira o 30º Salão do Livro de Paris. E nós estaremos lá.
De 26 a 31 de março próximo, a vida cultural francesa estará voltada com olhos e ouvidos para a realização do 30º Salão do Livro de Paris, num enorme pavilhão em Porte de Versailles. Data cheia, 30 anos, mereceu dos organizadores um “menu” espetacular. Além de ser a maior exposição pública de livros e audiolivros em língua francesa disponíveis para venda, haverá, durante 6 dias, um show de eventos literários e artísticos espetacular (para detalhes da programação veja www.salondulivreparis.com) . O mote deste ano especial será “Descubra 90 autores convidados de honra do Salão”. São 30 autores estrangeiros de primeiríssimo time e 60 franceses. Sob forma de mesas redondas, debates, colóquios e diálogos desfilarão diante do público francês mega-celebridades do mundo literário internacional. Claro, que por ser um evento francês, estamos nos referindo às celebridades do lado dito “culto” no negócio do livro. Nada de grandes best-sellers comerciais. Mas se você estiver flanando pela cidade luz e quiser ouvir os hiper-incensados Paul Auster, Umberto Eco, Salman Rushdie, Yasmina Khadra, Doris Lessing, Antonio Lobo Antunes, Enrique Vila-Matas, Amelie Nothomb e TODOS os autores franceses importantes do momento, eles estarão por lá, em eventos individuais e coletivos, conversando, apresentando e discutindo literatura das 10 da manhã às 19 horas. O único autor brasileiro convidado é o premiado Bernardo Carvalho (Jabuti de 2004 e Prêmio Portugal Telecom), publicado na França e autor, entre outros, dos livros Mongólia, Nove noites e O filho da mãe. Para se ter uma idéia dos eventos planejados, na terça-feira, dia 30 de março, dois amigos de longa data, Paul Auster e Salman Rushdie estarão dialogando diante da platéia. Nem a FLIP tem um cardápio destes…
O Salão deste ano festivo promete centenas de eventos que se realizarão no pavilhão oficial e cercanias. Mas a “peça de resistência” de toda esta grande festa é a imensa feira de livros de língua francesa expostos no pavilhão de Porte de Versailles. São mil expositores ao todo, das poderosas Gallimard, Flammarion, Robert Laffont, Larousse, Hachette ao mais alternativo dos editores franceses, todos estarão lá mostrando o vigor desta indústria editorial que, com Alemanha, Inglaterra e EUA se coloca entre as mais importantes do mundo, com um dos maiores índices de leitura per capta do planeta (11 livros por habitante).
Entre as mesas redondas, os organizadores prometem discutir a questão da democracia na internet. Mas como mostra o a página da internet e o material imprenso, o foco do salão será mesmo o velho e bom livro em papel. Coincidentemente, no país europeu mais desenvolvido e interessado em tecnologia e informática, pouco parece se falar sobre e-book e correlatos. Mas isso veremos mesmo a partir de sexta que vem.
No blog da L&PM, você poderá acompanhar de perto esse 30º Salão do Livro de Paris. Prometemos manter os leitores atualizado e informados sobre tudo – ou quase tudo. Aguarde!
Problemas no amor? Claudia Tajes responde
Começaram as gravações do Consultório Sentimental da Claudia Tajes, um dos programas da nossa L&PM Web TV que breve, brevíssimo, entrará no ar. No programa semanal, Claudinha responderá – daquele jeito divertido e espontâneo dela -, as dúvidas amorosas dos nossos internautas. Quando estrear (não se preocupe, avisaremos assim que acontecer), você, caro leitor, poderá enviar suas perguntas para que as mesmas sejam respondidas neste consultório. Garantimos que, se a Claudia não solucionar o seu problema, pelo menos você dará boas risadas.
Pasmem: no Rio Grande se faz educação sem livro
Por Ivan Pinheiro Machado
O Governo do Estado do Rio Grande do Sul faz mágica. E a mais fabulosa delas é fazer educação sem livros. Há 14 anos as bibliotecas públicas e bibliotecas de escolas públicas não recebem UM LIVRO SEQUER para os seus acervos. Isto significa que não existem mais bibliotecas em escolas, e as bibliotecas públicas que sobrevivem estão totalmente sucateadas, em estado terminal, morrendo de inanição. A esmagadora maioria dos estados possuem programas específicos, efetivos e eficientes de estímulo à leitura, fornecendo à toda rede pública o chamado livro para-didático, que complementa a formação do aluno – pois nem só de livros de matemática, ciências e português é feita a formação de um jovem. É preciso ler também Érico Veríssimo, Cervantes, Jorge Amado, Quintana, Shakespeare, Faraco, Assis Brasil, Rubem Fonseca, Ariano Suassuna, Dalton Trevisan, Millor, Machado de Assis, José de Alencar, Scliar para entender o mundo e as suas relações culturais.
Mas o Rio Grande não pensa assim. O governo Britto criou em 1996, no primeiro ano de seu governo a “Biblioteca do Rio Grande” e todas as escolas públicas receberam um acervo de 40 livros com uma seleção dos mais representativos autores gaúchos. Era para começar uma biblioteca (já não havia bibliotecas nas escolas) que supostamente seria ampliada gradualmente pelo Estado. Mas ficou por aí. De lá para cá, NENHUM LIVRO foi comprado pelo Estado.
Em tempo: os livros didáticos que chegam às escolas gaúchas são provenientes de programas do Governo Federal. A chamada “leitura complementar” e os “programas de estímulo à leitura” ficam a cargo do Governo do Estado.
Como exemplo de que é possível ter uma política cultural, leia aqui como São Paulo tem trabalhado.










