A Academia Brasileira de Letras (ABL) disponibilizou essa semana para o público em geral os manuscritos originais de dois romances e um poema de seu fundador e primeiro presidente, Machado de Assis. O Arquivo Múcio Leão da ABL, dirigido pelo Acadêmico e historiador José Murilo de Carvalho, disponibilizou no site da Instituição, os documentos das obras Esaú e Jacó, Memorial de Aires e O Almada, que antes, somente podiam ser consultados nos terminais de computadores instalados em sua sede. Os documentos mostram o processo criativo do autor, inclusive as correções nos textos, assim como mudanças dos nomes de determinados personagens. De acordo com a Chefe do Arquivo da ABL, Maria Oliveira, “a decisão de permitir o acesso aos originais, antes mesmo da conclusão do processo de migração de todo o arquivo, foi tomada a partir do grande número de usuários, provenientes de diversas partes do mundo, interessados nos manuscritos da obra de Machado de Assis que estão depositados no Arquivo Múcio Leão”.
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Simone de Beauvoir: a filósofa era ela
Ela nasceu em 9 de janeiro de 1908 em Paris. E se tornou um dos maiores nomes da filosofia do século 20. Simone de Beauvoir foi uma das fundadoras do movimento filosófico que ficou conhecido como Existencialismo, ao lado de Jean-Paul Sartre e outros contemporâneos seus. Além disso, tornou-se ícone feminista no mundo após a publicação de O segundo sexo, em que faz uma profunda análise do papel da mulher na sociedade.
Companheira de Sartre, ela é citada diversas vezes na biografia do filósofo, escrita por Annie Cohen-Solal e publicada pela L&PM:
Em junho de 1929, 76 candidatos se apresentam às provas de mestrado de filosofia: Sartre obtém o primeiro lugar entre os 27 aprovados e depois repete a façanha entre os 17 finalistas. (…) Como primeiro colocado dessa turma de 1929 no mestrado de filosofia, Sartre ganha por pequena diferença de pontos do candidato classificado em segundo lugar e que, casualmente, é uma mulher: Simone Bertrand de Beauvoir. ‘Rigorosa, exigente, precisa e técnica’, conta também [Maurice] Gandillac, ‘era a caçula da turma: tinha apenas 21 anos; três anos mais moça que Sartre, portanto, e havia conseguido realizar a proeza de fazer dois períodos letivos em um só, pois tinha se preparado, ao mesmo tempo, para receber o diploma de estudos superiores e para prestar o concurso de mestrado. Aliás, dois dos integrantes da comissão julgadora, os professores Davy e Wahl, me confessaram mais tarde que ficaram sem saber a quem conceder o primeiro lugar, se a ela ou a Sartre. Pois se Sartre demonstrava qualidades indiscutíveis, inteligência e cultura simplesmente impressionantes, embora por vezes aproximativas, todo mundo estava pronto a concordar que a filósofa era ela.
Khalil Gibran e suas datas de nascimento
Em uma rápida busca no Google pela data de nascimento de Gibran Khalil Gibran, a mais recorrente que aparece é 6 de janeiro de 1883. Mas uma pesquisa mais apurada vai nos revelar que nesse dia o autor de “O Profeta” ainda não tinha vindo ao mundo. Na verdade, ele nasceu em 6 de dezembro de 1883 na cidade de Bisharri, no sopé da montanha do Cedro, no norte do Líbano.
A confusão entre janeiro e dezembro se explica: no Líbano, os meses eram escritos como no antigo calendário babilônico (aramaico-assírio) e alguns meses em grego. O mês de dezembro era chamado de “canoun primeiro” e o de janeiro “canoun segundo”. E foi por isso que a confusão se instalou quando Assib Arida, escritor e companheiro de Gibran na Liga Literária, achou que “canoun primeiro” se referia ao primeiro mês no calendário ocidental e registrou o aniversário de Gibran como sendo 6 de janeiro na obra “Uma Lágrima e Um Sorriso”. Dizem que Gibran não questionou o erro do amigo e que até pode ter gostado porque 6 de janeiro no calendário dos cristãos ortodoxos orientais seria o verdadeiro dia em que Jesus Cristo teria nascido.
Quando tinha onze anos, o menino Gibran mudou-se com a família para a América e estabeleceu-se em uma comunidade de imigrantes libaneses no bairro chinês de Boston. Pouco depois, começou a fazer aulas de desenho e foi apresentado ao fotógrafo Fred Holland Day, que o usou como modelo para várias de suas fotos:
Em 1923, depois de voltar ao Líbano, passar por Paris, voltar aos EUA, pintar, desenhar e escrever, finalmente publicou sua obra-prima, O profeta. Foi um sucesso imediato que nunca deixou de vender. Khalil Gibran morreu em 10 de abril de 1931, em decorrência de insuficiência hepática e tuberculose. Mas até o fim da vida jamais abandonou a paixão pelo Líbano, sua terra natal, onde foi enterrado e segue sendo considerado uma lenda.
Vamos a la playa
Tempo de praia, tempo de ler, tempo de descobrir que algumas personalidades que fazem parte da Série Biografias L&PM também adoravam ficar perto do mar, como mostram as fotos abaixo, aqui acompanhadas de pequenos trechos dos livros de cada um dos biografados.
“Os ‘recém casados´ não vivem por muito tempo a nova vida conjugal em La Californie. A urbanização dos altos de Cannes retirou-lhe o encanto. Como não considera instalar-se inteiramente em Vauvenargues e como as finanças não são um problema, Picasso compra uma outra propriedade, sem desfazer-se da precedente, em Mougins, onde passou vários verões com Dora e Éluard.” (Picasso, de Gilles Plazy)
“No começo de 1949, a única luz para a moça é sua convocação para ensaiar uma ponta no próximo filme dos Irmãos Marx. Desprovida de seus rendimentos mensais, ela vive unicamente das fotos que eventualmente lhe propõem, aceita o que der e vier, exibições de maiô ou sobre esquis (ou os dois ao mesmo tempo).” (Marilyn Monroe, de Anne Plantagent)
“Pela primeira vez na vida, ele tem a impressão de estar rico (o que é relativo), mas continua avarento – adia a devolução a Ginsberg dos duzentos dólares que ele lhe emprestou para que pudesse ir a Tânger e se recusa a emprestar vinte dólares a Hunckle.” (Kerouac, de Yves Buin)
Durante esses dois anos, Einstein dedica-se a conceitualizar as matérias de termodinâmica estatística e de eletrodinâmica dos corpos em movimento, bem como publica diversos artigos e exposições. Esses anos são a antecâmara da inacreditável eclosão, verdadeiro fogo de artifício criativo que está por vir.” (Albert Einstein, de Laurent Seksik)
“Em 1966, os estúdios Warhol realizam The Chelsea Girls, que marcou uma virada, em particular, porque teve algum sucesso. Trata-se de um retrato íntimo das superstars da Factory do momento, que são filmadas em vários quartos de um hotel nova-iorquino, o Chelsea-Hotel, pelo qual muitas superstars haviam passado.” (Andy Warhol, Mériam Korichi).
O dia em que Van Gogh cortou sua orelha
Na noite de 23 de dezembro de 1888, o pintor Van Gogh realizou o ato que simbolizaria para sempre seu desequilíbrio: cortou parte de sua orelha esquerda. A L&PM tem livros que contam (ou mostram) o que aconteceu.
Depois de trocar palavras com Gauguin na praça, ele voltou à Casa Amarela, pegou uma navalha e, numa hora difícil de determinar, cortou um pedaço da orelha esquerda, seguramente o lóbulo, talvez um pouco mais. Correram muitos boatos sobre esse ponto e Gauguin escreveu que ele havia cortado a orelha rente à cabeça. Mas o registro do hospital fala de “mutilação voluntária de uma orelha”, as conclusões do médico-chefe do hospital de Arles dizem “que ele cortou sua orelha”, o relatório do dr. Peyron em Saint-Rémy declara também que Vincent mutilou-se “cortando a orelha”, e os testemunhos de Johanna Bonger, de Paul Signac, do dr. Gachet e do seu filho, que o viram posteriormente, vão no sentido de um a mutilação da orelha pela supressão do lóbulo. Mas os boatos tendem a exagerar os fatos. Para muitos, Vincent cortou a orelha inteira, não deixando mais que um buraco rente à cabeça, o que o tornava irremediavelmente “outro”, não humano, como o homem que perdeu sua sombra no conto de Chamisso. (Van Gogh, biografia escrita por David Haziot, Série Biografias L&PM):
***
Trecho do Incidente da automutilação de Van Gogh
por Paul Gauguin
(…)
Chegando a noite, acabara meu jantar e sentia a necessidade de ir sozinho respirar o ar perfumado dos loureiros em flor. Já atravessara quase inteiramente a praça Victor Hugo, quando ouvi atrás de mim um pequeno passo bem conhecido, rápido e irregular. Virei-me no exato momento em que Vincent se precipitava sobre mim com uma navalha aberta na mão. Meu olhar nesse momento deve ter sido muito poderoso, pois ele parou e, baixando a cabeça, retomou correndo o caminho de casa.
Será que fui covarde nesse momento e não deveria tê-lo desarmado e procurado acalmá-o? Várias vezes interroguei minha consciência e não me censurei em nada.
(…)
Van Gogh voltou para casa e imediatamente cortou sua orelha, exatamente na base da cabeça. Deve ter levado um certo tempo para estancar a força da hemorragia, pois no dia seguinte numerosas toalhas molhadas estavam estendidas nas lajes dos dois cômodos de baixo. O sangue sujara os dois cômodos e a escadinha que subia para nosso quarto de dormir.
(…)
Na cama Vincent jazia, completamente envolto pelos lençóis, todo encolhido com os joelhos junto ao corpo: parecia inanimado. Suavemente, bem suavemente, apalpei seu corpo cujo calor era com certeza sinal de vida. Senti como se toda a minha inteligência e a minha energia estivessem voltando. (Cartas a Theo e outros documentos sobre a vida de Van Gogh)
Dia de lembrar o Nobel de Literatura 1962
Por seus textos realistas e ao mesmo tempo imaginários, que combinam humor e percepção social afiada, John Steinbeck recebeu, em 1962, o Prêmio Nobel de Literatura. Falecido em Nova York há exatos 48 anos atrás, em 20 de dezembro de 1968, ele foi o 58º laureado com o Nobel, que começou em 1901 e é o mais consagrado de todos os méritos concedidos a um escritor. Quem já leu Ratos e homens, O inverno da nossa desesperança ou As vinhas da ira sabe que Steinbeck mereceu receber o Diploma Nobel, a medalha e o prêmio em dinheiro concedidos pela Academia Sueca, em Estocolmo.
– Dois vencedores do Nobel de Literatura que se recusaram a receber seus prêmios foram Boris Pasternak (1958), por forte pressão do governo soviético, e Jean-Paul Sartre (1964), por alegar que aceitar o Nobel significaria perder a sua identidade de filósofo.
– O escritor mais jovem a receber o Nobel de Literatura foi Rudyard Kipling (1907), aos 42 anos, autor de O livro da selva. A mais velha foi a Doris Lessing que recebeu o Prêmio em 2007 aos 88 anos.
– Em 1931, o Nobel de Literatura foi concedido postumamente a Erik Axel Karlfeldt. A partir de 1974, os Estatutos da Fundação Nobel estipularam que um Prêmio Nobel não pode ser concedido in memoriam, a menos que a morte tenha ocorrido após o anúncio do Prêmio Nobel.
– 14 mulheres já receberam o Prêmio Nobel de Literatura, a primeira delas em 1909: Selma Ottilia Lovisa Lagerlöf.
– Entre os anos 1940 e 1943, devido à Segunda Guerra Mundial, o Prêmio Nobel não aconteceu.
– Em 2016, o Nobel de Literatura foi concedido ao cantor e compositor Bob Dylan, pelo conjunto de suas poéticas canções com letras que, segundo a Academia Sueca, são a mais pura literatura.
L&PM e sua loja dentro da loja
A Coleção L&PM Pocket lançou um projeto inédito no Brasil. Inspirada nas pocket stores europeias, foram criadas as primeiras Store in Store (loja dentro da loja) feitas por uma editora brasileira. Na Store in Store que a L&PM inaugurou este ano na Livraria Cultura do Conjunto Nacional cabem mais de 2.500 livros de bolso. É praticamente um mundo encantado de pockets! Veja algumas fotos:
Neruda num cinema perto de você
Estreou nesta quinta-feira, 15 de dezembro, o filme Neruda, do premiado diretor chileno Pablo Larraín (de Tony Manero, No e O Clube). Recém-indicado como melhor filme estrangeiro no Globo de Ouro – e representante do Chile na corrida do Oscar –, a produção não é uma cinebiografia tradicional. Segundo Larraín, o filme é um exercício de “pura invenção”. Passada no final dos anos 1940, a obra aborda especificamente a perseguição anticomunista a que o político Neruda (ele era também senador), vivido pelo ator Luis Gnecco, foi submetido, capitaneada pelo inspetor Peluchonneau (Gael García Bernal).
Assista ao trailer:
A L&PM Editores publica vários livros de Neruda, algumas edições, inclusive, são bilíngues. Clique aqui para ver.
O elenco da nova adaptação de “Testemunha de Acusação”, de Agatha Christie
Estes são os atores principais da nova adaptação de “Testemunha de Acusação”, de Agatha Christie. A produção é da BBC e, na história criada pela Rainha do crime, o jovem Leonard está sendo julgado pela brutal morte de uma ricaça que deixou para ele toda a sua fortuna. O acusado diz que é inocente, mas tudo toma um rumo inesperado quando a mulher do próprio acusado aparece para testemunhar contra ele.
Esta semana, foram divulgadas fotos dos atores e uma descrição de cada um dos personagens. Aqui estão eles:
Kim Cattral é Emily French, uma viúva rica, glamourosa e entediada. Habituada a fazer o que quer, ela desliza através das altas rodas londrinas, entregando-se à champanhe, boates barulhentas, conversas sem sentido e, claro, seu passatempo preferido: homens mais jovens. É a vítima assassinada da história.
Toby Jones é John Mayhew, um advogado cansado e castigado pela falta de dinheiro e pela culpa. Sua vida é vazia e sem sentido. O caso de Leonard muda tudo para Mayhew e sua conexão com o jovem faz com que ele lute com todas as forças para provar a inocência do acusado.
Andrea Riseborough é Romaine Heilger, esposa austríaca de Leonard, sobrevivente da Primeira Guerra Mundial que, após emergir das profundezas do banho de sangue europeu, parece não ter medo de nada. Solitária, ela está destinada a ser o centro das atenções, mais cedo ou mais tarde.
Billy Howle é Leonard Vole, acusado do brutal assassinato de Emily French. Jovem, desesperado e desiludido, tudo parece conspirar contra ele. Salvá-lo da condenação parece estar nas mãos de uma só pessoa.
Monica Dolan é Janet McIntyre, a dedicada e possessiva empregada de Emily French, que sempre foi capaz de antecipar-se às necessidades práticas e emocionais de sua patroa, sugerindo uma relação passional que ultrapassa a relação de patrão-empregado. O universo cuidadosamente controlado de Janet é desafiado com a chegada de Leonard Vole…
Hayley Carmichael é Alice, companheira emocionalmente reprimida de Mayhew que tem o mesmo vigor das refeições sem graça que prepara para ele jantar. Assombrada pela memória de seu filho que morreu na guerra, seus poucos e preciosos momentos de felicidade são vividos no quarto do rapaz que ficou intacto desde sua partida.
Hudson é o gato de Emily French. E essa é a única informação que temos sobre ele. 🙂
Publicado originalmente em 1925, Testemunha de Acusação tornou-se um dos contos mais conhecidos da Rainha do Crime por ter sido adaptado para o cinema em 1957, pelas mãos do genial diretor Billy Wilder e tendo Tyrone Power como Leonard Vole e Marlene Dietrich como sua esposa.
A adaptação para a BBC foi feita pela roteirista Sarah Phelps, a direção é de Julian Jarrold e a produção de Colin Wratten. Só não nos pergunte quando poderemos assistir. Porque isso ainda é um mistério para nós. Por enquanto, você pode ler o livro que, além de Testemunha de Acusação, traz mais dez histórias de mistério.
Arma usada por Verlaine para atirar em Rimbaud é leiloada
A arma mais famosa da literatura francesa, o revólver com o qual o poeta Paul Verlaine tentou matar seu amante, o também escritor Arthur Rimbaud, em 1873, em Bruxelas, foi arrematado por 434.500 euros nesta quarta-feira, 30 de novembro, em Paris, na casa de leilões Christie’s. A pistola, uma Lefaucheux de seis tiros, calibre sete milímetros e coronha de madeira, estava avaliada entre 50 e 60 mil euros.
“O revólver encontrou um comprador por 434.500 euros, gastos inclusos”, informou o encarregado em comunicação da Christie’s.
Na biografia de Rimbaud, escrita por Jean-Baptiste Baronian, e publicada na Coleção L&PM Pocket, o autor descreve todos os passos da história que envolve essa pistola e os tiros que aconteceram em um hotel onde estava também a mãe de Verlaine . Colocamos aqui alguns trechos:
Por volta do meio-dia, Verlaine entra de súbito no quarto. Parece nervoso. Evidentemente andou bebendo. Sem mais preâmbulos, tira do bolso uma pistola protegida por um estojo de couro envernizado e mostra-a com orgulho a Rimbaud. Trata-se, declara, de um revólver de excelente qualidade, um sete milímetros com seis balas. Mostra também uma caixa com cinquenta cartuchos. Enquanto isso, leva Rimbaud para almoçar na Maison des Braeurs, na Grand-Place.
(…)
Quando Rimbaud e Verlaine voltam para o hotel, uma hora e meia depois, é mais uma vez para brigar. O mesmo triste e lamentável refrão, que Rimbaud interrompe bruscamente. Como se tivesse sido ferido em seu amor-próprio, ele se precipita para o quarto da sra. Verlaine e exige dela vinte francos: o preço de uma passagem de trem de terceira classe de Bruxelas para Paris. (…) Verlaine agarra Rimbaud pelos ombros e empurra-o de volta para o quarto deles, que tranca a chave.
(…)
A reação de Verlaine é insensata: ele agarra sua pistola, uma rivolvita, segundo o termo que utiliza, e atira duas vezes em Rimbe. A primeira bala o acerta no antebraço esquerdo. A segunda passa de raspão e acaba no assoalho. Após soltar gemidos de dor, Rimbaud desmorona junto ao pé da cama. Ele segura o pulso, de onde jorra sangue, se retorce e, com uma voz suplicante, pede socorro. Percebe então confusamente que estão batendo na porta com toda a força. No minuto seguinte, vê a sra. Verlaine inclinando-se sobre ele e examinando seu braço. Ela assegura que o ferimento não é grave, mas que seria bom ser examinado por um médico.
Verlaine acabaria condenado a dois anos de prisão. Já a arma, foi retida pela polícia reteve e depois devolvida à loja de armas Montigny. Quando o estabelecimento fechou, em 1981, o revólver foi cedido a Jacques Ruth, um oficial de justiça belga, amante de armas.
O revólver ficou guardado em um armário até o começo dos anos 2000, quando Jacques Ruth assistiu a um filme sobre o romance entre Rimbaud e Verlaine, “Eclipse de uma paixão”, com Leonardo DiCaprio. Foi quando ele percebeu que possuía uma relíquia.
Ruth entrou em contato com um conservador da Biblioteca Real da Bélgica, Bernard Bousmanne, que foi curador de uma exposição dedicada a Rimbaud em 2004, em Bruxelas. “Pensei que fosse uma brincadeira. Mas todos os elementos coincidiam – o modelo, a data e o local de fabricação. Solicitamos, inclusive, análises balísticas à Escola Militar de Bruxelas. Foram definitivos”, disse Bousmanne a meios de comunicação belgas.
O conservador foi curador de outra mostra dedicada a Verlaine em 2015 em Mons, onde a arma foi exibida pela primeira vez ao público. A cidade natal de Rimbaud, Charleville-Mézières (nordeste da França), lançou uma subscrição pública para tentar adquirir o revólver e, assim, enriquecer a coleção do museu dedicado ao poeta. Mas quem arrematou a arma histórica acabou sendo um comprador de nacionalidade que fez seus lances por telefone. Um desconhecido milionário, ao que tudo indica.
A L&PM publica Uma temporada no inferno seguido de Correspondência, incluindo três textos inéditos no Brasil de Paul Verlaine: dois prefácios e uma crônica biográfica sobre Rimbaud, fragmentos que mostram uma profunda admiração estética pela poesia de Rimbaud, que Verlaine qualificava como “perfeita” e “genial”.





























