Arquivos da categoria: Sem categoria

O cartaz do novo filme de Woody Allen

Ainda nem nos despedimos do apaixonante Meia-noite em Paris (que estreou nesta mesma época no ano passado) e Woody Allen já anunciou a data do lançamento de mais um filme. Os italianos serão os primeiros a ver To Rome with love com Roberto Benigni e Penelope Cruz, Allec Baldwin, Ellen Page e Jesse Eisenberg no elenco, no dia 20 de abril (sim, daqui a pouco!). O cartaz oficial do filme foi divulgado ontem pela produtora:

Inspirado no Decamerão de Boccaccio, To Rome With Love conta diversas histórias que se passam na capital italiana. Mas, na verdade, parece só um pretexto para explorar as ruas, a arquitetura e os símbolos de uma das cidades mais lindas e românticas do mundo. Pra sentir um gostinho do que vem por aí, veja algumas cenas do filme e de making of (em italiano):

Tchékhov, Goethe e Shakespeare em Curitiba

Todo ano, o Festival de Teatro de Curitiba reúne peças de todo o Brasil nos palcos da capital paranaense. A programação 2012 traz textos baseados em autores publicados por aqui como Tchékhov, Goethe e Shakespeare. Aí vão alguns deles, com a respectiva descrição disponível no site do festival.

Salada Russa – “União de duas peças cômicas de Anton Tchékhov, O Urso e Os Males do Tabaco, que têm como característica uma abordagem sutil do riso, tratando de questões profundas com comicidade e inteligência, proporcionando ao expectador a reflexão e o riso.” – Dias 30 e 31 de março no Teatro José Maria.

Como a gente gosta – “Rosalinda se disfarça de homem e foge da corte para a floresta onde encontra seu enamorado Orlando, fazendo-o imaginar que ela (travestida de homem) fosse de verdade sua amada. Lições de como curar a febre do amor, inspiradas na obra As you like it, de Shakespeare.” – Dias 3, 4 e 5 de abril na Praça Osório.

Werther – “Monólogo adaptado no romance de Goethe, Werther traz à tona os sofrimentos e anseios pulsantes e ardidos do jovem protagonista, que não enxerga mais motivos razoáveis na vida sem ser correspondido na paixão que tanto alimenta por Carlota. Um espetáculo ambiguamente cru e encantador sobre a dor vívida que persiste.” – Dias 3 e 4 de abril no Teatro Lala Schneider.

Licht+licht – “A nova produção da Cia de Ópera Seca, que faz sua estreia nacional no Festival de Teatro de Curitiba, mostra Goethe em seu leito de morte ao pronunciar suas últimas palavras: “Licht, mehr Licht” (Luz, mais Luz). Em seu delírio, o autor alemão vê seus personagens (Fausto/Mephisto, Werther/Willelm Meister e Margarida/Charlotte) em relações bem diferentes das imaginadas por ele. Depois de “Travesties”, de Tom Stoppard, sucesso no Festival de Curitiba em 2009, esta é a segunda direção de Caetano Vilela para a Cia. de Ópera Seca, que traz também para esta edição um espetáculo do núcleo inglês, capitaneado por Gerald Thomas.” – Dias 4 e 5 de abril no Teatro Guairinha.

Monalisa em dose dupla

Uma novidade anunciada pelo Museu do Prado, na Espanha, promete revolucionar o mundo das artes: uma pintura muito semelhante à Monalisa de Leonardo da Vinci foi encontrada no depósito do museu, em Barcelona, e a autoria da obra é atribuída a um dos ajudantes do pintor italiano, que provavelmente fez a cópia ao mesmo tempo em que Da Vinci pintava sua Gioconda.

A tela retrata a mesma mulher pintada por Da Vinci, com a mesma pose e o mesmo sorriso enigmático, só que mais jovem, com o rosto mais claro e roupas em cores mais vivas. Após um cuidadoso processo de restauração, foram removidas várias camadas de tinta escura do fundo do quadro, revelando uma paisagem de colinas e rios quase igual à pintura original.

A descoberta vai ajudar a entender melhor um dos quadros mais famosos do mundo, desde detalhes sobre como ele foi feito até as intervenções que o alteraram de alguma forma ao longo do tempo. Acredita-se, por exemplo, que o aspecto envelhecido da mulher representada no célebre quadro de Da Vinci pode ser resultado da ação do verniz na tela e não da vontade do pintor.

Quer saber mais sobre o quadro mais famoso do mundo? A dica é ler “Roubaram a Mona Lisa!” um livro que relata, de forma envolvente e dinâmica, o maior roubo de arte da história.

E não é que ele ficou parecido com Ginsberg?

Em dezembro do ano passado, escrevi aqui mesmo, neste blog, o texto “Socorro! Harry Potter virou poeta beat” em que eu expressava todo o meu preconceito e descontentamento com a escolha do ator Daniel Radcliffe (Harry Potter) para o papel de Allen Ginsberg no filme Kill Your Darlings. Pois eis que hoje, 28 de março, foram divulgadas as primeiras fotos do moço no papel do autor de Uivo. E… preciso dizer que ele não apenas me parece bem convincente, como está deveras parecido com Ginsberg. Ponto para os que discordaram de mim na época. Só que agora, claro, ainda falta vê-lo em ação. Mas isso vai ficar pra 2013, quando o filme estrear. Daí volto a me manifestar. (Paula Taitelbaum)

E não é que ele está parecido mesmo?

Parece que Harry Potter ficou mesmo para trás

O ator Jack Hudson faz o papel de Kerouac

Dane Dehaan é Lucien Carr

Kill Your Darlings conta a história de como Ginsberg e Kerouac se aproximaram, através do amigo em comum e editor, Lucien Carr. A trama gira em torno de um assassinato cometido por Carr em Nova York no ano de 1944. Além de Radcliffe, o filme apresenta o ator Jack Huston como Kerouac e Dane Dehaan como Carr. O longa é dirigido pelo iniciante John Krokidas.

Millôr Fernandes (1923 – 2012)

Ivan Pinheiro Machado

Primeiro, eu fazia parte da imensa legião dos admiradores de Millôr. O mágico das palavras e do traço. Depois fui seu editor, seu amigo e passei a admirá-lo mais ainda. Foi meu padrinho de casamento no começo da década de 80. Foi a única vez que o vi engravatado. Millôr falava muito e dizia coisas brilhantes. E se calava para ouvir seu interlocutor atentamente. Era delicado, gentil e amigo. Muitos de seus bilhetes acabavam com a saudação, “fra-paternalmente, o Millôr”. O Paulo Lima e eu tivemos o privilégio de uma convivência de quase 40 anos com Millôr Fernandes.  Ele era bem mais velho do que nós. E a partir de um certo tempo passamos a temer este momento. E Millôr se foi ontem às 21 horas, aos 88 anos, depois de uma longa agonia. Seu filho, Ivan Fernandes, me disse que no final ele se foi suavemente, sem sofrimento. Esta é a dura e terrível realidade da vida; ela acaba. Leva os queridos e ficamos nós. Com esta dor no peito, este nó na garganta e esta saudade do homem, do amigo e do imenso artista que se foi.

Segundo informou a família de Millôr, o velório está marcado para quinta-feira, dia 29 de março, das 10h às 15h no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju.

Zuenir Ventura escreve sobre o novo livro de Flávio Tavares

Um golpe no golpe

Por Zuenir Ventura*

Sempre que surgem descontentamentos nos meios militares, mesmo sem consequências graves como agora, espera-se, é bom olhar para três momentos dramáticos de nossa história política recente: suicídio de Vargas em 1954; renúncia de Jânio em 1961; queda de Jango em 1964. A segunda dessas crises está sendo contada no livro “1961 — o golpe derrotado“, em que Flávio Tavares relata o que chama de “Os treze dias que mudaram o Brasil”, quando um movimento liderado por Leonel Brizola, então governador do Rio Grande Sul, resistiu à pressão dos ministros militares que tentavam impedir a posse do vice-presidente João Goulart. Com estilo literário e rigor jornalístico, num ritmo de thriller policial, o livro é o relato de quem viu tudo como repórter e viveu como protagonista, já que o autor, armado de um 38, tinha como missão “grudar-se em Brizola”, para cobrir os acontecimentos e para o que desse e viesse. O resultado é uma mistura de gestos heroicos, lances patéticos e números engraçados, como o do trote telefônico que Flávio passou no general José Machado e em Dom Vicente Scherer. Exímio imitador do sotaque alemão, ele ligou para o comandante do III Exército como se fosse o arcebispo, e para este como se fosse o general, um propondo ao outro resistir ao golpe. Sem esse acordo, é possível que o desfecho da crise fosse diferente, assim como o adiamento do Gre-Nal ajudou a manter a unidade dos resistentes, divididos entre gremistas e colorados. O jogo punha em risco a coesão de que tanto precisavam naquele domingo.

Enquanto isso, em Paris, eu servia de intérprete de um Jango indeciso, sem saber se voltava para resistir ou se aguardava por lá. Foi quando um colega parisiense me entregou em uma nota: “O contato de Goulart com a imprensa é um empregado de Carlos Lacerda, seu maior inimigo.” Eu era correspondente da Tribuna da Imprensa. Não podia errar na tradução.

Quando, em vez dos tanques, apareceu no prédio o general Machado para conversar com o governador rebelado, houve apreensão. “Foi o momento mais difícil de minha vida”, confessaria Brizola a Flávio em 1979, em Lisboa. “Eu esperava tudo e qualquer coisa; que ele viesse me abraçar ou me prender”. Machado fora anunciar que o III Exército tinha decidido dar posse ao vice-presidente.

Em meio a tantas peripécias que não cabem neste espaço, chama a atenção o papel do rádio no movimento. Toda a mobilização e todas as proclamações foram feitas através da Cadeia da Legalidade, transmitida do porão do Palácio. “O radinho de pilha começava a popularizar-se, fazendo a palavra de Brizola chegar ao inalcançável”, conta o autor, e não há como não lembrar o fenômeno das redes sociais nas várias “Primaveras” no mundo de hoje. A imagem de alguém com o transistor colado ao ouvido era tão comum quanto a do celular agora.

* Zuenir Ventura é escritor e jornalista. Este texto foi publicado originalmente no Jornal O Globo em 21 de março de 2012. 

Zuenir Ventura participou do lançamento do novo livro de Flávio Tavares, dia 20 de março, na Livraria Argumento

“Um trem para a Suíça” de David Coimbra: uma importante reedição

David Coimbra é um dos melhores textos da imprensa brasileira. Sua base é o jornal Zero Hora de Porto Alegre, mas seus livros têm amplo trânsito pelo Brasil inteiro. Inclusive seu romance histórico Canibais serviu como base para uma produção da TV Globo em 2010. Cronista, romancista, David é um estudioso de história e acaba de entregar para a L&PM seu projeto mais ambicioso: o primeiro volume de uma espécie de “história do mundo”, ainda sem título definitivo. Neste livro ele consegue juntar emoção, erudição, bom humor e muita informação. Aguardem.

Enquanto este novo livro não vem, a L&PM está reeditando seu trabalho mais recente, Um trem para a Suíça. Um delicioso conjunto de crônicas sobre o cotidiano e suas muitas viagens pelo mundo inteiro. David tem muito leitores e é consagrado no sul do país. Fica a dica de um grande escritor que o Brasil inteiro deve conhecer. (IPM)

O papel de Marilyn Monroe na vida de Yves Montand

É impossível falar da vida do ator e cantor italiano Yves Montand, sem falar de Marilyn Monroe. Aliás, parece ser assim com todos os homens que passaram pela vida de Marilyn. Em parte, pela inevitável exposição midiática de um relacionamento com a maior e mais cobiçada estrela do cinema, mas principalmente pelo efeito furacão que a passagem dela pela vida de um homem causava. É por essas e outras que no filme do diretor Christophe Ruggia sobre a vida de Yves Montand, o nome da atriz que fará o papel de Marilyn é uma das novidades mais esperadas.

O produtor Jean-Louis Livi anunciou que está em dúvida entre Naomi Watts e Scarlett Johansson. E é nesta hora que a gente comemora, pois ambas fazem jus ao papel de Marilyn, tanto pelo físico exuberante quando pela elegância na atuação – dois atributos imprescindíveis numa atriz que vai interpretar a musa.

Naomie Watts e Scarlett

Naomi ou Scarlett: qual das duas faria a melhor Marilyn?

Yves Montand atuou ao lado de Marilyn no filme Adorável pecadora e a convivência nos sets de filmagem rendeu um rápido porém intenso romance. Na biografia de Marilyn Monroe (Coleção L&PM Pocket) está descrito como tudo aconteceu:

Yves Montand e Marilyn Monroe em "Adorável pecadora", de George Cukor

Paradoxalmente, a filmagem de Adorável pecadora sucede melhor do que de costume. É claro que Monroe é fiel à sua lenda (atrasos, incapacidade de decorar um texto), mas, no conjunto, bem menos do que nos filmes anteriores. Os técnicos do set, bem como os atores, ficam impressionados com seu profissionalismo. Yves Montand tem algo a ver com isso. Marilyn admira-o como ator e aprecia o homem que lhe lembra fisicamente Miller, sendo melhor e sobretudo mais  jovial. Gosta de suas origens modestas que o aproximam dela, do seu toquezinho irresistível de exotismo. Seu humor não a deixa indiferente, tanto quanto seu sentido de autodepreciação. (…) O casal que ele forma com Simone Signoret lhe parece exemplar. Signoret é uma mulher respeitada como atriz e como esposa. Um modelo para a mal-amada que se projeta na sua posição. Como ela seria feliz, acredita, com um homem como aquele, mistura de DiMaggio e Miller. Como ele saberia protegê-la. (…) Os dois atores ensaiam cada vez mais juntos. Ela o ajuda a trabalhar a pronúncia em inglês, ele lhe ensina a dominar seus medos e a não se deixar aspirar por eles, sem exitar no entanto em ameaçá-la: foi buscá-la à força certa manhã em que ela se recusou a aparecer no set.

Com o Oscar no bolso, festejada por toda parte, Simone Signoret é obrigada a voltar para a Europa por razões profissionais. Ela, Simone, já sabe. Ela compreendeu. Tudo. A desistência de Miller, o desespero de Marilyn, as fraquezas de seu marido. Que homem resistiria à deusa loura, àquela criança que sem maquiagem lhe lembra “a mais bela das camponesas” da Île-de-France”? Não há de ser Yves. Ela se prepara. Suportará o deslize e permanecerá digna. Contanto que ele volte. Para secar suas lágrimas, tem os cigarros e seu velho amigo álcool. Então Simone beija os dois lados do rosto de Marilyn e lhe cede o lugar. Arthur Miller segue-a no mesmo passo. Foge para a Irlanda para se encontrar com Huston e retomar a escrita de Os desajustados. “Ele é louco”, teria confiado Montand a uma amiga. “Vai embora me deixando Marilyn nos braços.” Miller é cego, poderia-se pensar, ou inconsciente? Nenhum dos dois. O dramaturgo é apenas um homem que dá tacitamente a outro a mulher que ama, uma vez que não é mais capaz de atender à demanda dela. Tanto Signoret quanto Miller se sacrificam da mesma maneira. (…)

Diante da cama de Marilyn nua debaixo dos lençois de seda, Yves Montand sente a cabeça girar e, como ele mesmo confessará, não se faz muitas perguntas. Desta vez, nada de beijos anódinos de cinema, Marilyn lhe oferece os lábios com gosto de sonho e o corpo ardente. Uma noite, duas noites e depois todas as outras. Hollywood inteira é rapidamente posta a par da ligação dos dois. (…) Ela está feliz, apaixonada de verdade, e se exibe orgulhosamente, à luz do dia, com Yves Montand. Ele, perturbado, enfeitiçado, não sabe como vai fazer para se desembaraçar quando tudo chegar ao fim. Pois vai chegar ao fim. Se não fosse por Simone, seria diferente, ele se lançaria de cabeça naquela aventura, recolheria nos braços por dois ou três anos aquele furacão de inocência e sexo. (…)

O mundo inteiro está a par. Adultério internacional. Em Paris, a imprensa assedia Simone, que enfrenta tudo com uma dolorosa nobreza. De volta aos Estados Unidos, Miller finge que não sabe de nada. (…) Quando a filmagem de Adorável pecadora é concluída e ela [Marilyn] vê, impotente, Montand lhe escapar por entre os dedos e voltar para a sua França natal, bem como para a esposa legítima, Marilyn leva um tombo. Tudo desmorona mais uma vez. Signoret tem o Oscar e Montand. Já ela não tem mais nada além de remédios e o falso reconforto do álcool.

Enquanto não temos mais notícias sobre a esteia do filme, dá tempo de ler a biografia de Marilyn Monroe, que reserva um capítulo inteiro para contar os detalhes sobre a relação da musa com Yves Montand. Como todo o resto do livro, vale muito a leitura!