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O Outro Van Gogh no teatro

Estreou na semana passada, no Rio, a peça “O Outro Van Gogh”. Nela, o ator Fernando Eiras, no primeiro monólogo de sua carreira, apresenta um espetáculo baseado nas centenas de cartas trocadas entre Vincent Van Gogh e seu irmão Théo entre os anos de 1872 e 1890. Com texto de Mauricio Arruda Mendonça e direção de Paulo de Moraes, a peça é centrada na figura de Théo e no período em que ele esteve internado em um sanatório com transtornos psicológicos causados pela sífilis. No espetáculo, Eiras interpreta Théo em meio a seu colapso psicológico, no qual conversa com o irmão morto, relembrando a forte ligação dos dois, desde a infância até o trágico fim do pintor. Abaixo, um vídeo com trechos do monólogo.

Serviço:

O que: O Outro Van Gogh
Quando: 28 de junho a 26 de agosto
Classificação etária: 14 anos
Ingressos: Quinta e sexta, R$ 40,00/ Sábado e Domingo, R$ 60,00
Onde: Teatro Poeira, Rua São João Batista, 104 – Botafogo, Rio de Janeiro / Fone: (21) 2537.8053

A Coleção L&PM Pocket publica Cartas a Théo em uma edição ampliada, anotada e ilustrada. O livro traz ainda um glossário, identificando os quase 200 nomes citados por Vincent em sua correspondência, várias ilustrações com fac-símiles das cartas e o célebre texto do pintor Paul Gauguin, onde é descrito o episódio em que Van Gogh, num acesso de loucura, corta a orelha.

Jô Soares ganha edição do livro On the Road com a capa do filme

Ontem à noite (na verdade, hoje de madrugada), Jô Soares entrevistou a atriz Alice Braga em seu programa e ganhou dela a nova edição de On the Road com a capa de Na Estrada. No filme, Alice vive Terry, uma catadora de algodão mexicana que se envolve com Sal Paradise. O esperado filme com direção de Walter Salles é baseado na obra de Jack Kerouac e estreia hoje – 13 de julho – no Brasil. Alice é a única brasileira no elenco.

Rolling Stones há 50 anos

Para ler ao som de “Factory girl”, dos Rolling Stones

Foi em 12 de julho de 1962, há exatos 50 anos, no clube Marquee, em Londres, que os Rolling Stones se apresentaram pela primeira vez. Da formação atual, apenas Mick Jagger e Keith Richards estavam lá e Brian Jones, Dick Taylor, Ian Stewart e Tony Chapman completavam o grupo.

Mick, desde aquela época, sempre foi a maior estrela dos Stones e anos depois ele se tornaria um dos queridinhos de Andy Warhol e viraria personagem de vários retratos e quadros do criador da pop art. No livro America, que chega em breve às livrarias pela L&PM recheado com algumas das melhores fotos de Andy Warhol, Mick Jagger ganhou uma página inteira:

Mick Jagger em foto de Andy Warhol que está no livro América

Uma das sessões de fotos que Andy fez com os Rolling Stones aconteceu no dia 29 de setembro de 1977, como está registrado nos Diários de Andy Warhol:

Quinta-feira, 29 de setembro, 1977
(…)
Mick chegou 20 minutos atrasado e realmente de bom humor – eu estava fotografando os Stones. Aí todo mundo começou a chegar – Ron Wood, Earl McGrath e Keith Richards, que eu acho queé apenas a pessoa mas adorável, eu o adoro. Eu disse que fui a primeira pessoa a conhecer a mulher dele, Anita Pallenberg. Nos anos 60.

O dia que Galeano visitou Neruda

Fui a Isla Negra, à casa que foi, que é, de Pablo Neruda.

Era proibido entrar. Uma cerca de madeira rodeava a casa. Lá as pessoas tinham gravado seus recados para o poeta. Não tinham deixado nenhum pedacinho de madeira descoberta. Todos falavam com ele como se  estivesse vivo. Com lápis ou pontas de pregos, cada um tinha encontrado sua maneira de dizer-lhe: obrigado.

Eu também encontrei, sem palavras, a minha maneira. E entrei sem entrar. E em silêncio ficamos conversando vinhos, o poeta e eu, caladamente falando de mares e amares e de alguma poção infalível contra a calvície. Compartilhamos camarões ao pil-pil e uma prodigiosa torta de jaibas e outras dessas maravilhas que alegram a alma e a pança, que são, como ele sabe muito bem, dois nomes para a mesma coisa.

Várias vezes erguemos taças de bom vinho, e um vento salgado golpeava nossas caras, e tudo foi uma cerimônia de maldição da ditadura, aquela lança negra cravada em seu torço, aquela puta dor enorme, e foi também uma cerimônia de celebração da vida, bela e efêmera como os altares de flores e os amores passageiros.

(Trecho de O livro dos abraços, de Eduardo Galeano, que escolhemos para homenagear Pablo Neruda no dia de seu aniversário. O poeta nasceu em 12 de julho de 1904)

A poesia de Affonso Romano de Sant’Anna

Affonso Romano de Sant'Anna

Com 50 anos de vida literária e textos e poemas traduzidos para várias línguas, Affonso Romano de Sant’Anna é, sem sombra de dúvidas, um dos grandes nomes da literatura brasileira. Foi um dos organizadores, em 1963, da Semana Nacional de Poesia de Vanguarda de Belo Horizonte, que ajudou a traçar novos rumos para a poesia nacional, e foi um dos responsáveis pela entrada da chamada “poesia marginal” na universidade. Nos anos 70, em plena ditadura militar, organizou encontros entre poetas brasileiros e estrangeiros e, na década de 90, lançou a revista “Poesia Sempre” de circulação internacional, que ajudou a divulgar mundo a fora a poesia feita aqui no Brasil.

A L&PM publica os poemas de Affonso Romano Sant’Anna em dois volumes na Coleção L&PM Pocket. E quem quiser conhecer melhor a vida e a obra desde grande nome das letras brasileiras pode participar do encontro “O que é a poesia?” promovido pela Casa das Rosas com o apoio da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, no dia 29 de julho, que tem o poeta como convidado principal. Aí vai o serviço completo:

O que: “O que é a poesia?” com Affonso Romano de Sant’Anna
Quando: 29/07 (domingo) das 16h às 18h
Onde: Casa das Rosas (Av. Paulistam 37, proximo à Estação Brigadeiro)
Mais informações: www.casadasrosas-sp.org.br

Maquiavel ou o poder a qualquer custo

“Imagine que você seja um príncipe, dotado de poder absoluto, governando uma cidade-estado, como Florença ou Nápoles, na Itália do século XVI. Você dará uma ordem e ela será atendida. Se quiser mandar alguém para a cadeia por ter falado algo contra você, ou por suspeitar de que houve uma conspiração para matá-lo, você pode fazê-lo. (…) Segundo Nicolau Maquiavel (1469-1527), às vezes é melhor mentir, quebrar promessas e até matar os inimigos. Um príncipe não precisaria se preocupar em manter sua palavra. Como dizia ele, um príncipe eficaz tem de “aprender a não ser bom”. O mais importante era manter-se no poder, e quase todas as formas de fazer isso eram aceitáveis. O príncipe, livro no qual ele fala sobre essas coisas, teve fama (e infâmia) mesmo antes de ser publicado em 1532. Algumas pessoas o descreveram como maligno ou, na melhor das hipóteses, como o manual dos facínoras; outras o consideraram o relato mais preciso já escrito sobre o que acontece na política. Muitos políticos atuais leram o livro, embora pouquíssimos admitam, revelando, talvez, que estão colocando em prática os princípios da obra.” (Trecho de Uma breve história da filosofiade Nigel Warburton) 

A estátua de Maquiavel na Uffizi Gallery em Florença

Uma breve história da filosofia é um livro imperdível para quem quer entender melhor os grandes pensadores da história. E para aqueles que, a partir da sua leitura, se sentirem estimulados a mergulhar mais fundo em determinados filósofos, a Coleção L&PM Pocket tem muitas opções, incluindo Maquiavel, de quem publica O príncipe e A arte da guerra. Em tempos de julgamentos (e, felizmente, cassações) no Senado, vale conhecer melhor estas obras.

Virginia Woolf e o anjo do lar

Em janeiro de 1931, Virginia Woolf escreveu um texto que foi lido para a Sociedade Nacional de Auxílio às Mulheres. Convidada para falar sobre as suas experiências profissionais, a escritora discorreu sobre o “Anjo do Lar”, uma sombra que, segundo ela, havia em todas as mulheres. No texto, Virginia contou que, ao começar a escrever suas primeiras resenhas como jornalista, havia sido atormentada pelo “Anjo do Lar”, tanto que preferiu matá-lo. Este texto é um dos sete ensaios que está no livro que acaba de ser lançado na Série Pocket Plus L&PM, Profissões para mulheres e outros artigos femininas. Ao ler a descrição do Anjo do Lar, percebemos que ele há muito já voou para longe. Mas se fez isso, provavelmente foi graças a mulheres como Virginia Woolf.

“E, quando eu estava escrevendo aquela resenha, descobri que, se fosse resenhar livros, ia ter de combater um certo fantasma. E o fantasma era uma mulher, e quando a conheci melhor, dei a ela o nome da heroína de um famoso poema, “O Anjo do Lar”. Era ela que costumava aparecer entre mim e o papel enquanto eu fazia as resenhas. Era ela que me incomodava, tomava meu tempo e me atormentava tanto que no fim matei essa mulher. Vocês, que são de uma geração mais jovem e mais feliz, talvez não tenham ouvido falar dela – talvez não saibam o que quero dizer com o Anjo do Lar. Vou tentar resumir. Ela era extremamente simpática. Imensamente encantadora. Totalmente altruísta. Excelente nas difíceis artes do convívio familiar. Sacrificava-se todos os dias. Se o almoço era frango, ela ficava com o pé; se havia ar encanado, era ali que ia se sentar – em suma, seu feitio era nunca ter opinião ou vontade própria, e preferia sempre concordar com as opiniões e vontades dos outros. E acima de tudo – nem preciso dizer – ela era pura. Sua pureza era tida como sua maior beleza – enrubescer era seu grande encanto. Naqueles dias – os últimos da rainha Vitória – toda casa tinha seu Anjo. E, quando fui escrever, topei com ela já nas primeiras palavras. Suas asas fizeram sombra na página; ouvi o farfalhar de suas saias no quarto. Quer dizer, na hora em que peguei a caneta para resenhar aquele romance de um homem famoso, ela logo apareceu atrás de mim e sussurrou: “Querida, você é uma moça. Está escrevendo sobre um livro que foi escrito por um homem. Seja afável; seja meiga; lisonjeie; engane; use todas as artes e manhas de nosso sexo. Nunca deixe ninguém perceber que você tem opinião própria. E principalmente seja pura.” (Trecho de “Profissões para mulheres”, primeiro artigo do livro – Tradução de Denise Bottmann)

Virginia Woolf também é um dos nomes da Série Biografias L&PM. E, breve, chegará à Coleção L&PM Pocket, Mrs. Dalloway.

Proust na estrada

“A obra do escritor não é senão uma espécie de instrumento óptico que ele oferece ao leitor a fim de lhe permitir discernir o que, sem aquele livro, ele talvez não tivesse visto em si mesmo.” A frase é de Marcel Proust, escritor francês nascido em 10 de julho de 1871, em meio aos bombardeios da Guerra Franco-Prussiana. E talvez ela dê uma pista dos motivos que fazem com que, geração após geração, Proust continue sendo cultuado entre os leitores do mundo inteiro. Muitos são aqueles que dizem ter encontrado, nas palavras “proustianas”, uma espécie de espelho da alma. Jack Kerouac, por exemplo, costumava carregar consigo um exemplar de “No caminho de Swann”. Dizia que era uma espécie de talismã. Em seu livro On the road, ele cita Proust algumas vezes:    

“Ela estava parada na penumbra do nosso quarto e sala com um sorriso esquisito. Falei milhares de coisas para ela quando de repente senti uma quietude estranha no quarto e vi um livro gasto em cima do rádio. Sabia que era o eternamente sagrado e crepuscular Proust, de Dean.”   

“Mas é claro, Sal, que em breve já poderei falar tanto quanto sempre e, na verdade, tenho muitas coisas para te dizer e com essa minha cabecinha pancada, tenho lido e relido esse Proust doidão, o trajeto inteiro através da nação, sacando milhares de coisas que nunca tenho tempo para te contar…”   

Em Na estrada, adaptação de On the road para o cinema, com direção de Walter Salles, um exemplar de “No caminho de Swann”, primeiro dos sete volumes de “Em busca do tempo perdido”, aparece em cena com frequência.   

Kristen Stewart lê Proust em uma das cenas de "Na estrada", filme baseado no livro de Jack Kerouac

Coincidência ou não, este desenho feito pelo próprio Proust mostra que ele também tinha amor pela estrada:   

Um desenho apressado feito por Marcel Proust

A Coleção L&PM Pocket publica Um amor de Swann, a segunda e autônoma parte de No caminho de Swann  

Paraty é uma cidade poética

Paraty é a soma de casas históricas, pedras irregulares, cores vibrantes, águas calmas. E se isso não bastasse para dar vontade de versejar, há ainda um príncipe (D. João de Orleans e Bragança – descendente de D. Pedro) que ali vive cercado de uma natureza abençoada que cheira a cachaça dourada, coco maduro e peixe fresco. Em época de Flip – a festa literária – quando o movimento deixa as ruas congestionadas de gente, a cidadezinha fica mais internacional e pulsante do que nunca. Para os que vivem do turismo, é um prato cheio. Já para os que só estão por lá em busca de sossego, é uma espécie de pesadelo. O evento não dura muito, somente cinco dias, mas o suficiente para que a literatura penetre por todos os poros das pedras polidas nas ruelas. Este ano, na décima edição da Flip, novamente grandes escritores do mundo, autores de diferentes etnias e sotaques, ali se reuniram como numa grande fraternidade. O colombiano Juan Gabriel Vásquez, autor de Os informantes e História Secreta de Costaguana (editados pela L&PM), foi um dos convidados. E assim como seus colegas de letras, ele apaixonou-se por Paraty. Paraty, que tem um pé em Paradise, Paradies, Paradis, Paradijs e todas as outras formas e idiomas de se chegar ao “paraíso”. (Paula Taitelbaum)

As águas de Paraty

O céu de Paraty

Árvore de livros em Paraty

Painéis da Flip com Millôr Fernandes em primeiro plano

A conferência com a participação de Juan Gabriel Vásquez (no centro e no telão)

Fotos: Nanni Rios

O Largo do Millôr dá a largada para o próximo pôr-do-sol

No final da tarde de sexta-feira, 6 de julho, o Largo do Millôr, no Arpoador, foi inaugurado com a presença da família do grande escritor, pensador, dramaturgo, tradutor e desenhista. Ivan, filho do mestre, nos enviou a foto abaixo, acompanhada de um texto emocionante.

“Minha mulher Monica (sem acento, como comprova o fato de estar de pé), eu, meu tio Hélio Fernandes (com acento e como comprova o fato de estar sentado, ele o único jornalista vivo a ter cobrido a Constituinte de 1946), minha irmã Paulinha, meu filho, João Gabriel, o único da família a estar devidamente vestido para o evento e, coroando a foto, emoldurado pelas fitas de descerramento da placa do Largo, o número 7. Alguém sabe o que significa o número 7? Numerologicamente, na Bíblia, na Cabala, no Candomblé? Eu não tenho a menor ideia e – sem qualquer ironia – gostaria, muito, de saber.  A tarde de inverno, acho, foi encomendada por meu pai. O mar, calmo, sereno, misto de azul e verde, transparente. De causar inveja ao Caribe.  Enfim, melhor, pelos menos para mim (suspeitíssimo, sei) impossível. Muito além dos meus maiores devaneios. Uma grande homenagem a quem devo agradecer, principalmente, a Luís Gravatá. Que desejou permanecer anônimo e eu, infame, revelo a responsabilidade dele. Mea máxima culpa… ” (Ivan Fernandes, filho de Millôr Fernandes)

Agora o Largo está lá, na ponta da Praia de Ipanema, eternizando Millôr e oferecendo o artigo primeiro e único “Para uma Constituição mais humana”: O PÔR-DO-SOL É DE QUEM OLHA.